-Três vivas para o Primavera!-Gritou Verão pegando nas mãos de Outono e Primavera e erguendo-as numa comemoração enquanto o próprio ruivo sorria animadamente.-Bem que poderíamos comemorar com um pequeno sexo grup... Ai!-Gritou de dor quando Outono lhe deu um chute na canela discretamente.

Primavera soltou sua mão do Verão e correu para o Trono que agora lhe pertencia por três meses, sorrindo alegremente e fazendo aparecer em suas mãos uma rosa sem espinhos, com as pétalas cheias e o aroma forte, perfeita.

O loiro então, ainda sorrindo, levou seu olhar até Inverno, que estava do outro lado do Salão, de braços cruzados e uma expressão entediada, embora mantivesse os olhos sobre o menor.

-Hey, chama o chato do Inverno para cá.-Disse Verão, ainda massageando a canela enquanto Outono lhe dava alguns carões bem baixo para que Primavera não escutasse.-Aposto que ele tá louco pra falar comigo.

-Verão, deixe o senhor Inverno em paz...-Pediu Outono, mas Verão já se afastava do menor e ia em direção ao loiro, pegando-o do Trono e segurando-o pela cintura, o que fez com que Primavera acabasse deixando cair no chão sua rosa.-Hey, Primavera, o que acha de...

Mas antes do loiro dizer algo, antes de Outono mandar Verão não fazer aquilo – num pedido inútil, vale ressaltar –, antes sequer que o ruivo pudesse terminar o restante da frase, Primavera não estava mais em seus braços e sim nos de Inverno, que de alguma forma tinha atravessado todo o salão e que enquanto segurava Primavera com um dos braços, com o outro segurava uma foice feita apenas de gelo, cuja lâmina agora estava a milímetros do pescoço do Verão. Um movimento em falso e, literalmente, cabeças iam rolar.

-Esqueceu quem é a morte aqui, Sommer Geiteskrank?-Perguntou Inverno, numa seriedade quase que mortal.

Verão sorriu como se também quisesse brincar, mas permaneceu imóvel. Por ser o mais jovem das estações, ainda não tinha desenvolvido uma “arma”. Aliás, o único que conseguia realmente criar uma arma a partir das características de sua estação era Inverno. Outono vez ou outra também conseguia, mas ele preferia não usar força bruta.

-Erro meu, Kälte Grausamkeit.-Respondeu o ruivo, melhor quando Inverno fez a foice desaparecer em partículas de ar congelado, embora ainda mantivesse Primavera junto a si com um dos braços.

-Se você ousar tocar no meu Primavera novamente, não haverá tolerância para novos erros.-Disse o de cabelos brancos.

-Tudo bem.-Respondeu o ruivo, rindo e levantando as mãos num sinal de rendição.-O que é uma pena porque eu realmente estava planejando em todos nós fazermos uma pequena suruba bem... Ai! Porra, Outono, para com isso!

-Se você disser mais coisas feias diante do senhor Inverno, vou fazer sua perna ter gangrena de tanto bater nela!-Ameaçou o de cabelos castanhos, o que era raro e que por sua vez fez Verão olhar estranhamente primeiro para Inverno e então para Outono novamente, até que perguntou:

-Me diz... O que você vê nesse picolé branco?-Perguntou o ruivo, apontando para o albino, que por sua vez apenas bufou e acabou soltando Primavera e cruzando os braços. O loiro apenas olhava os amigos interagirem “amavelmente”.

-Não chame o senhor Inverno de picolé, por favor!-Defendeu Outono, ficando bem de frente para o ruivo, que curvou as costas um pouco para ficar da mesma altura do menor e mais velho.

-Estou ficando com ciúmes, sabia? Mas tudo bem, depois você vai me pagar, na cama.-Soltou um leve riso bastante malicioso enquanto Outono corava assustadoramente e lhe dava uma bofetada leve no rosto (que para o menor fora forte, mas o ruivo sentiu como sendo um pouco mais rude do que um beijo na bochecha).

-Não fique dizendo essas coisas na frente do senhor Inverno, por favor!

-Senhor Inverno aqui, senhor Inverno ali... Aonde está “meu querido e gostoso Verão” ?!

-Oras, eu...! Você é tão... Tão... Impertinente!-Exclamou o de cabelos castanhos, corando.

-Eu?! Impertinente?! Quem é você pra me chamar de impertinente?! Não sei nem o que é, mas não deve ser bom, e fique sabendo que você, Herbst Traurigkeit Sehnsucht Blätter, não me dá mais tesão algum nem quando faz essa cara de bravo!

-Eu já disse para parar de dizer essas coisas na frente do senhor Inverno!

E enquanto isso, do outro lado de salão, de frente para uma das enormes janelas que permitiam a vista para o céu, Inverno estava de braços cruzados juntamente com um Primavera que tinha recolhido a rosa do chão e que agora estava ao seu lado, ambos em silêncio.

Então o loiro fez uma pequena luz brilhar na rosa e a estendeu para Inverno, que a fitou antes de segurá-la com uma das mãos.

-Eu não sabia que cor você mais gostava, então eu adivinhei. Espero que tenha gostado.

A rosa, que antes era uma frondosa vermelha, agora era uma puramente branca, as folhas se destacando entre as pétalas extremamente claras, assim como a neve.

-Você gostou?-Perguntou o loiro, receoso.

Inverno permaneceu em silêncio por alguns segundos, apenas fitando a rosa, e então virou o rosto para o menor ao seu lado e, mesmo que bem pouco e um tanto desajeitado pela falta de prática, sorriu.

-Sim.-Respondeu.

E assim nasceu a rosa branca.                          Fim.