The Third Winchester escrita por Eleanor Blake


Capítulo 35
Sangue e fim


Notas iniciais do capítulo

Oi gente,demorei mais agora estou aqui postando mais uma vez.Espero que curtam esse capítulo,por que eu amei escrevê-lo.



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Beijei o peito de Dean e me encaixei entre seus braços. Minha cabeça gritava coisas que eu lutava pra não escutar, meu coração me conduzia até ele, me fazendo arfar com cada mísero toque seu.

–O que farão daqui em diante?-eu perguntei tentando não parecer muito interessada.

–Eles eu não sei, realmente não faço idéia. Eu vou ficar bem aqui e curtir minha noiva- ele disse beijando meu pescoço.

Olhei pro relógio que marcava nove da manhã. Soltei-me dos braços dele e saí correndo até meu quarto.

–Merda!Por que eu não olhei pra droga do relógio?- eu praguejei vestindo a calcinha.

–Onde você pensa que vai com toda essa pressa?-Dean perguntou entrando no quarto.

–Meu plantão começa em quarenta minutos, e, se com essa bagunça eu não estiver lá eu vou me ferrar- eu expliquei puxando a calça.

Peguei o espartilho azul e saí apertando as cordas enquanto andava pela casa. Parei quando olhei pra minha mão e vi minha aliança.

–Ai Dean, desculpa por isso, eu não queria, mais tenho compromissos a cumprir por aqui- eu me virei cabisbaixa.

Dean sorriu de lado e me abraçou por trás amarrando as tiras. Por que ele fazia aquilo comigo?Como ele fazia aquilo comigo?Aquele cheiro, as batidas de seu coração e seu peito subindo e descendo contra minhas costas me faziam arfar. Se eu fosse um pouco mais irresponsável eu já teria entregado os pontos e ficado por ali.

–N... Não faz isso!Eu preciso sair, é sério- eu disse indo em direção a geladeira.

–Não estou fazendo nada, mais queria estar- ele disse sorrindo de lado.

Peguei um sanduíche pronto dentro da geladeira e saí comendo pelo caminho enquanto subia em direção ao banheiro. Escovei os dentes e já saí correndo em direção a porta. Dean já estava lá fora vestido e escovando os dentes com uma caneca na mão ao lado de seu carro.

–Vai sair?- eu perguntei abrindo a porta de meu carro.

–Vou com você, eu serei seu ajudante ou coisa parecida. Aí pelo menos não tiro o olho de você e descubro alguma coisa- ele disse entrando em seu carro.

Enquanto eu acelerava pra não chegar atrasada eu mantinha os olhos no Impala pelo retrovisor o máximo que podia. A sensação de tê-lo por perto era reconfortante e muito estranha.

O hospital como eu imaginava estava cercado de repórteres em todos os cantos. Tentei entrar no estacionamento e eles acabaram por cercar meu carro como um enxame enfurecido.

Respirei fundo e buzinei pisando no acelerador. Se eles não saíssem eu passaria por cima deles.

Quando eles entenderam meu recado eles saíram de perto e eu pude estacionar mais tranquilamente. Saí do carro e praticamente corri até a entrada de funcionários com Dean atrás de mim.

–Ele está comigo- eu anunciei entrando na ala médica.

Coloquei o jaleco e John Wayans me esperava apoiado no batente que dava acesso ao hospital.

–Acho que alguém aqui me deve explicações- ele disse friamente.

–Entendo... Vamos conversar em outro lugar está bem, e, aliás, esta é uma pessoa que pode nos ajudar nesse caso- eu disse apontado pra Dean.

Dean o cumprimentou com um curto aceno de cabeça e entramos no elevador em direção à sala do velho homem. Ali haviam laudos e um livro velho com escritos em latim. Depois de alguns instantes eu traduzi o título como “estudos do sobrenatural”.

–Então, quero respostas aqui, respostas que não encontrei por mim mesmo- John disse olhando incisivamente em meus olhos.

–Interessante seu gosto pela leitura, um livro em latim não é?- eu comecei.

–Aonde você quer chegar?- ele perguntou desconfiado.

–Quero te dar as respostas que você não encontrou por si só- eu respondi.

–Vocês pode me atualizar?- Dean se intrometeu.

Fui até a pequena TV e coloquei ali a fita da segurança pra rodar. Na semana que aqueles bebês adoeceram havia alguém lá dentro constantemente com eles. Dean engoliu em seco quando entendeu do que aquilo se tratava.

–Hum... Acredita no mundo sobrenatural?- Dean perguntou pra John.

–A essa altura da vida já não duvido de muita coisa filho.

O velho homem tirou de sua mesa o antigo livro e entregou-o a Dean.

–Esse é um antigo livro sobre demônios, e nele há muita coisa e coisa alguma. Agora quero saber a verdade Annice, com o que eu estou lidando aqui?- ele me perguntou.

– John, Dean vai chamar ajuda e eles virão aqui.Eles são de confiança e vão te explicar o que está acontecendo e como acabar com isso, mais preciso que confie em mim- eu pedi séria.

O velho mestre assentiu e Dean discou o número e começou a falar. Saí da sala e desci as escadas pesadamente buscando meu controle. Ficar tão perto deles de novo, olhar pra cada um deles, ainda mais nessa situação seria simplesmente doloroso.

Cheguei à recepção e revi os casos das crianças e entrei na sala de reuniões. Os pais dos bebês e alguns jornalistas selecionados estavam ali e queriam respostas.

–Boa tarde,sou a doutora Connors.Espero responder o que quiserem saber e estiver ao meu alcance responder- eu disse enquanto entrava.

As perguntas eram de fundo comum: como ocorreu, porquê ocorreu,e a explicação de como os bebês voltaram à vida. Nessa última questão eu engoli em seco antes de responder.

–Bem, seus filhos estavam num estado catatônico muito raro causado por um tipo de vírus que contagia criaturas em fase de construção imunológica, ou seja, filhotes, e, no caso dos seres humanos os bebês, nesse processo de catatonia há a tentativa de recuperação radical dos sistemas, onde o corpo desliga suas funções vitais drasticamente. É como que é conhecido como morte reversível generalizada, e ainda não há hipóteses científicas suficientes que esclareçam as razões de como ou por que ocorrem. Seus filhos serão mantidos sob observação constante até a idade de um ano, onde estima-se que os sistemas já tenham se estabelecido completamente. Espero que compreendam que não há ligação com os procedimentos do hospital em relação a seus filhos, esse fenômeno é raro e ligado a imunidade e não a procedimentos hospitalares.

Os pais e repórteres saíram depois de três horas seguidas de explicações estressantes que tive que dar. Apoiei-me numa antiga teoria da medicina não comprovada, uma simples hipótese que encobria totalmente o que realmente acontecia ali.

Saí da sala com enxaqueca e um mau humor terrível. Sentia-me aliviada e ao mesmo tempo totalmente culpada por mentir aos pais de meus pacientes. Isso era impróprio da conduta médica.

Fui até a capela do hospital e me sentei num dos bancos olhando em volta. Os vitrais eram repletos de anjos pintados com ar inocente e feições doces. Lamentava saber que aquilo era um embuste, e que anjos podiam e eram cruéis quando lhes convinha.

Levantei-me e subi pelo elevador até a sala de John. Todos eles estavam ali, e John parecia mais calmo do que eu julgava possível. Entrei na sala tentando aparentar indiferença a presença deles.

–Os pais e repórteres já foram esclarecidos acerca do acontecido. Esse será o maior caso de catatonia simultânea em nascituros que o mundo já viu- eu disse sorrindo de lado.

–Esperta como sua mãe. Muito bom minha querida, me deixa orgulhoso- John disse altivo.

–E agora, o que faremos?- eu perguntei a ele.

–Nós fingiremos que está tudo bem enquanto sua família resolve o caso- ele anunciou placidamente.

Engoli em seco e fechei os punhos pra me controlar. Ouvir depois de tanto tempo que eles eram minha família não poderia ter doído menos. As palavras ecoavam por minha cabeça me deixando enjoada.

–Sente-se bem Annice?- John perguntou.

Olhei pra ele tentando não virar o rosto e fitar cada um deles. Minha garganta estava fechada e as palavras demoraram a se formar em minha mente.

–E... Eu estou bem sim. Eu só preciso descansar um pouco. Vou assinar minha dispensa e vou voltar pra faculdade. Não tenho mais serventia aqui- eu disse recuperando meu controle.

John assentiu e eu saí da sala a passos largos. Ouvi alguém atrás de mim. Dean estava ali.

–Você está bem?- ele perguntou passando a mão por meu rosto.

–Não.

Não suportei e me permiti abraçá-lo longamente. Minhas lágrimas corriam quentes por meu rosto. Tinha que tomar uma decisão que doeria em nós dois.

Tudo rodava dentro da minha cabeça. Tudo o que eu havia vivido; o que havia me acontecido e o que havia descoberto; os sentimentos que explodiam intensos e torturantes. Eu não poderia, não teria forças pra lidar com tudo aquilo. Na verdade, eu não teria forças pra lidar com o que minha mente me dava como solução. Mais teria que fazer; não por mim mesma, mais pelo amor de minha vida. Eu devia isso a ele, devia isso a nós. Não poderia conviver num mundo de mentiras,de dor e de profecias.Tinha que tirar Dean de perto de mim e teria que ser agora.

Baixei a cabeça e me soltei dele. Engoli em seco controlando o choro enquanto tirava minha aliança.

Abri a mão de Dean e depositei o pequeno anel ali. Em seu rosto havia medo, dor, confusão e tristeza.

–Não posso lidar com isso, não assim. Desculpe, mais não vou poder levar isso adiante- eu sussurrei quase inaldivelmente.

Dei um passo e me virei. A mão de Dean se fechou em meu braço.

–É realmente isso que você quer?- ele sussurrou.

–Não, mais não posso lidar com isso de modo racional Dean, não posso- eu disse me virando.

Eu me soltei de seu aperto e corri o mais rápido que podia. Desci pelo elevador e corri até o carro.

Acelerei e saí dali o mais rápido que podia. A cidade era penas um borrão ao meu lado enquanto imagens queimavam minha mente.

Entrei na rodovia e o velocímetro acusava que eu já tinha passado dos cento e noventa por hora. Não me importava, queria fugir dali, queria fugir de mim mesma.

Não percebi pra onde guiava, não percebi onde guiava. Meu celular tocava estridente ao meu lado quando vi que era tarde demais.

Não percebi que guiava na contra mão, e, quando fiz era tarde demais.

A cena não ficou lenta como todos diziam.Tudo foi muito rápido. O caminhão, o penhasco, a capotagem, o fogo, os gritos, e por último a escuridão.

Eu estava quase inconsciente enquanto escutava sirenes perto de mim mais ao mesmo tempo tão longe. O sangue que saía de minha cabeça era quente e viscoso, e o ar quase não entrava mais. Era certo que tinha chegado a minha hora. Sorri me lembrando da noite que tive com Dean, da aliança, do amor, dos olhos de Dean queimando os meus enquanto ele dizia que me amava.

Senti que me chamavam e que chegavam perto de mim, mais já não importava, nada mais importava.

–Anny!Anny eu vou te tirar daí!

E aquela voz. Meu ar já estava no fim enquanto o sangue tomava conta de tudo. Eu não sentia o meu corpo, eu já quase não ouvia.

Eu me senti sendo tirada de dentro dos restos do carro, me senti sendo presa em algum lugar e ao longe ouvi gritos que eu não conseguia mais entender. A escuridão me tomava por completo.

O ar acabou e eu ouvi uma pequena sirene apitar frenética. Uma golfada de sangue finalmente me sufocava enquanto meu corpo desistia. Quando senti a paz que me tomava eu entendi.

Tudo estava acabado, eu, Annice Winchester seria só mais uma sombra de um passado sem luz.






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Notas finais do capítulo

E aí gente,o que acharam?O próximo capítulo já está pronto,e vai depender da resposta que eu receber neste capítulo se o posto ou se o reformulo.
Vejo vocês em breve! O/



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