The Third Winchester escrita por Eleanor Blake


Capítulo 10
An angel?


Notas iniciais do capítulo

Gente,o que estão achando?



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Seis terríveis anos passaram por mim como um raio, eu me tornara fria e calculista a ponto de subir rápido na carreira por não dar pra trás quando via um crânio total ou parcialmente aberto, na verdade aquilo pra mim era lindo, operar uma pessoa de um problema cerebral grave e depois de dois, três meses ela estar perfeitamente recuperada era uma das poucas coisas que evocavam minha felicidade, que me faziam me sentir útil perante o mundo, reconhecida pelo que eu sabia fazer.

Vi era minha companheira de todas as horas, era um amor, mais perigosamente violenta quando queria. A minha sorte é que ela me obedecia, mas não por que me temia, mas por gostar de me ter por perto, ela era o mais próximo que eu tive de amigo ou algo realmente próximo de mim que não fossem bisturis e ferramentas cirúrgicas.

Saí de Saint Judes depois de um dia exaustivo de consultas esperando voltar pra casa e pro que eu chamo de normalidade quando ele apareceu. Olhei pra frente sentindo algo estranho, quase como se eu suasse e meu coração fosse mais rápido. Tentei não ligar e saí andando até meu carro tentando não olhá-lo. Ele me transmitia uma estranha sensação quando eu o olhava, convivíamos há nove meses e até agora não tínhamos conversado sobre nada.

Olhei de novo enquanto abria o carro, agora chovia torrencialmente aqui em Judes, cada pedaço mínimo do céu derramava água em nossas cabeças. Dei partida e fui saindo quando escutei um sonoro “mais que merda!” e olhei pro ponto de ônibus, ele corria debilmente atrás do ônibus que seguia sem parar.

-Oi, tá tudo bem?-perguntei descendo o vidro.

-Ah, eu perdi o ônibus-ele respondeu com uma voz de trovão, estava possesso pelo visto.

-Calma, entra aí que eu te dou uma carona.

Ele entrou no carro sem graça por estar molhado, eu ri quando o vi tremer, mais não por achar engraçado mais simplesmente por não encaixar aquela cara de criança irritada naquele tamanho e força descomunais.

-Do que você está rindo?-ele perguntou curioso.

-Nada importante, sabe, não sei o seu nome.

-Ah,me desculpe,sou Emmet, não o do livro, sou o original- ele brincou.

-Certo Emmet original, sou Annice, também sou original, mais me diga o que você faz em Saint Judes?

-Sou cirurgião cardiologista, sabe, já que estamos falando nisso, eu quero dizer que admiro e muito seu trabalho, assisti várias cirurgias suas e te achei muito gostosa... Quer dizer, talentosa!-ele disse sem graça.

-Certo então.

Ficamos em silêncio por todo o trajeto até minha casa, depois fui me tocar putz!Esqueci dele!

-Como sabe onde eu moro?- ele perguntou desconfiado.

-Eu moro do seu lado então?Eu não sabia, é que me esqueci de te levar e vim pra casa- expliquei.

-Tudo bem então, tchau vizinha!-disse ele saindo do carro.

Entrei em casa sorrindo comigo mesma, fazia tempo que não me sentia assim. Violet me recebeu mais alegre do que nunca e eu a peguei pelas patas e rodopiei, me sentia boba, me sentia bem.

 Subi pro quarto e deitei na cama, a imagem de Emmet me veio à mente, seus braços fortes, sua voz de trovão, encaixados num lindo rosto de querubim que suportava lindos olhos verdes e um sorriso que tiraria o fôlego até da pessoa mais frígida. Percebi um estranho movimento de meus braços e vi pra onde minhas mãos estavam direcionadas, eu me sentia pulsar por dentro numa imensa necessidade que senti ao vê-lo, queria tocá-lo e que ele me tocasse. Tirei minhas roupas devagar, imaginando como ele o faria, em como suas mãos correriam fortes e firmes por meu corpo. Passei as mãos por todo o meu corpo me sentindo arquear pedindo por mais, corri as mãos mais fortes descendo-as procurando alcançar meu ponto mais sensível, consegui. Passei repetidamente meus dedos por ali, investindo de modo preciso até cair derrotada. Dormi depois disso sussurrando seu nome como uma adolescente boba.

Acordei no outro dia me sentindo estranha, com vontade de me arrumar. Por meses nós ficamos num vai num vai irritante, mais que me fez conhecê-lo melhor,vi que ele não era só músculo e medicina como eu pensava,tinha um cara super simpático e alguém que potencialmente poderia se tornar o homem de minha vida. Não tínhamos segredos um pro outro e ele sempre disse que queria que fosse assim.

Tomei um bom banho e coloquei meu espartilho de renda preto bordado por cima de uma calça jeans preta bem justa e um salto alto. Saí do meu quarto; pronta e “vestida pra matar”, e é o que eu pretendia fazer.

Entrei decidida no carro, eu o queria e pretendia tê-lo. Saí do carro depois de imaginar coisas que só uma adolescente faria em seu dia mais criativo. Eu entrei no hospital com muitos olhares insinuantes e comentários invejosos; entrei no vestiário e ele estava lá com as mãos na cabeça sentado de forma desleixada. Quando percebeu minha presença ele simplesmente me encarou e sorriu largamente.

 Eu me aproximei devagar abrindo seu jaleco lentamente e ele já me pegava pela cintura de forma firme e sedutora, admito que ele tenha pegada, abri sua camisa esperando ver seu peitoral, mais o que eu vi não me agradou nada, ele tinha uma estrela de Davi tatuada no peito, tal quais meus irmãos tinham para não serem possuídos. O empurrei com toda minha força.

-É caçador?Como pode esconder isso de mim?Como pode mentir pra mim?-eu perguntei num sussurro.

-Anny, calma, não era a hora, eu queria te deixar fora disso...

-Fora?Não seja sínico, não temos mais nada, sai de perto de mim!- agora eu gritei.

Saí sem rumo pela recepção desmarcando tudo que eu tinha no dia. Não queria esperar, somente ir pra algum lugar onde não me sentisse traída, onde não me sentisse enganada.

Corri sem parada até a praça da cidade onde me sentei e tentei por os pensamentos em ordem em meio a lágrimas de raiva, solidão e medo. Não podia confiar em ninguém e acho que é assim que devia ser pra sempre.

-Você é um anjo?- ouvi uma voz me perguntar.

Levantei minha cabeça confusa até que vi uma garotinha linda parada me encarando. Ela era loira com lindos olhos azuis como o céu, seus lábios eram rosados e seus cabelos pendiam em lindos cachos até o meio de suas costas, uma verdadeira boneca.

-Não sou um anjo- respondi.

-Não chore não, anjos não merecem chorar-ela disse limpando uma lágrima minha.

-Não sou um anjo- repeti firme.

Ela me ignorou praticamente me ignorando,quando olhei de novo vi uma mulher se aproximar,mãe dela talvez.

-Ai Leslie, me desculpe, ela não tinha a intenção de incomodar você- a mulher me disse.

Sorri e elas duas saíram somente me deixando absorta nas palavras da garota, o que ela viu pra imaginar isso?Ouvi um baque e o barulho de algo estraçalhando drasticamente, ouvi um grito e aí olhei pra cena e não gostei do que vi enquanto corria na direção de Leslie e de sua mãe.

O carro a tinha pego em cheio, Leslie somente olhou tudo sem se machucar. Quando ela me viu começou a gritar “salva e mamãe!” desesperadamente pra mim enquanto me abraçava. Liguei pra ambulância e corri com as duas pro hospital.

Corri o mais que podia dentro do hospital com a garota ao meu lado, sua mãe estava inconsciente e parecia que seu quadro era muito sério. Olhei as chapas e me assustei com o que vi. Não tinham muitos problemas no corpo, mais quanto à cabeça o negócio era sério, seu córtex estava comprometido violentamente por uma concussão, uma bolsa de sangue estava crescendo começando a impedir a circulação de sangue ali.

-Não dá pra operar- um médico disse- é fundo demais.

Estava quase concordando quando me lembrei da garotinha que estava lá fora sozinha com medo de perder a mãe, ela tinha me pedido pra salvar a mãe dela e era isso que eu faria.

-Não é não, preciso de uma sala preparada em cinco minutos sem atrasos!-coordenei um enfermeiro.

-Annice, é arriscado demais- o médico tentou me persuadir.

-Sei o que estou fazendo, espero que entenda que preciso salvar essa mulher.

Saí em direção ao corredor de espera, Leslie estava ali tremendo e chorando sem parar. Olhei em seus olhos e eles estavam desesperados, com uma agonia que não se encaixava ali.

-Leslie presta atenção, sua mãe tem que fazer uma cirurgia séria e que pode envolver riscos, mais se correr tudo bem vocês ficaram juntas em breve tá bom?

-Só se for você, acho que um anjo consegue salvar a minha mãe, principalmente se ele for você.

Sorri pra ela saindo dali com uma responsabilidade imensa nas mãos, entrei na sala já me preparando pra tudo. Não tinha como voltar agora.

Entrei na sala de cirurgia e vi tudo preparado, olhei em volta e estava tudo perfeito. Fazia seis anos que eu não rezava mais hoje eu pedi desesperadamente aos céus pra que Ele me ajudasse com isso da melhor forma que pudesse. Andei até a mulher devagar e comecei a cirurgia apoiada na confiança que aquela garotinha, pois em mim, eu não podia decepcioná-la, não agora.

E NA ALA WINCHESTER...

-Peguei!Sam me ajuda aqui- gritava Dean segurando um demônio pelo pescoço.

Não tinha pegado nada,quando ele se virou o demônio foi mais rápido e enfiou uma faca em suas costelas profundamente,Dean gritou enquanto Sam matava o demônio.

-Dean!-gritou Sam

Jennifer, Sam, Jô, Bob, Hellen e Nataniel entraram nos carros desesperados. Sam dirigia alucinado pela estrada enquanto Jennifer sustentava a cabeça de Dean que estava desacordado.

-Que merda, não tem uma merda de um hospital quando eu preciso!-berrava Sam.

-Calma, eu vi uma placa ali, estamos agora em Judes, tem um hospital lá, vamos!

Enquanto Sam dirigia e todos o seguiam, eles nem imaginavam com quem iriam encontrar...

DE VOLTA A MIM...

-Vamos- eu dizia enquanto inseria a agulha de drenagem devagar.

Eu inseri aquela agulha com dificuldade, o sangue já coagulado dificultava tudo,peguei um irrigador e fui abrindo caminho até onde podia,inseri mais fundo a agulha e vi o sangue sendo drenado e as funções de lá voltando ao normal. Eu tinha conseguido!

Saí quase aos pulos pro corredor, e quando vi Leslie eu a peguei no colo e girei com ela alegremente, nunca tinha me sentido tão viva!

Ouvi uns gritos meio deslocados e olhei um cara numa maca, mais não podia acreditar nos acompanhantes, eram eles!Acharam-me!

Senti um impulso de correr quando a imagem de Dean na maca me fez despertar daquilo tudo, por mais que tínhamos assuntos pendentes ele ainda era meu irmão e eu não o deixaria naquele estado.

M e aproximei e pude ver choque no rosto de cada um deles, tentei não ligar e fazer meu trabalho o melhor possível. Cheguei perto da maca e vi Dean com um talho imenso nas costas. Bem, meu expediente não tinha terminado.

Fiz exames rápidos e vi o tamanho da facada nas costelas que Dean tinha levado nenhum órgão atingido, mais haviam algumas costelas quebradas e músculos lacerados. Não era nada grave, mais exigia uma cirurgia cansativa de se fazer.

Entrei novamente na sala e comecei o procedimento, admito que vê-lo assim não me deixou bem, não estava preocupada com o procedimento, mais sim em como ele tinha feito aquilo. Eu já sabia a resposta, só não estava pronta pra respondê-la ainda.

Terminei o procedimento em duas horas, remendá-lo não foi tarefa fácil mais ao menos estava vivo.

Saí da sala pedindo que alguém desse a notícia de que ele estava bem. Não sabia como eu reagiria a isso depois de tanto tempo.


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