Gerard’s pov.

Eu saí de casa e fui imediatamente pro hospital onde Emy estava,pensando na pior das hipóteses que podiam ter acontecido com ela.A mulher ao telefone não me disse nada,além de que ela estava lá e que eu precisava comparecer ao hospital.

Quando cheguei na recepção,a primeira coisa que fiz foi dar o meu nome e esperar que ela me dissesse aonde Emy estava.

-Gee!- eu me virei,assim que ouvi aquela voz familiar.

-Emy!-eu disse,ao mesmo tempo que corri para abraçá-la.

Ela jogou os braços ao redor do meu pescoço,enquanto a peguei no colo,a abraçando com vontade.Me sentia aliviado de uma forma inexplicável,por saber que ela estava ali,bem na minha frente.

-Você está bem?Está machucada?- a examinei,assim que a devolvi ao chão.

-Eu estou bem,só com um pouquinho de dor de cabeça,por causa de toda essa confusão,mas estou bem.-ela me assegurou.

Eu a abracei novamente e a beijei.Queria me certificar de que eu aquilo estava mesmo acontecendo.

-Aonde você se meteu,garota?Quase me matou do coração,te procurei como um doido por essa cidade!Pensei que já estivesse morta!Por quê não me ligou esse tempo todo?

-Calma,amor!Vamos pra casa?Eu te explico tudo lá.Não dá pra conversarmos aqui.

Eu concordei.Fomos pra casa,no meio de todo aquele caos,ainda acontecendo.

Emy me contou em detalhes o que tinha acontecido,até quando nos encontramos no hospital.Eu só me sentia cada vez mais culpado.

-Não tem que se sentir assim.Podia ter acontecido com qualquer um!Quem iria prever uma coisa dessas?E o que importa é que estou aqui agora e está tudo bem.

-Mas podia não estar.É isso o que me deixa agoniado!Já pensou se você fica presa lá em cima,como muitos ficaram e não conseguiram sair?Eu ia morrer de remorso!Nunca iria me perdoar,Emy!Jamais vou te pedir pra fazer qualquer outra coisa por mim...meu Deus!-eu andava impaciente,de um canto a outro da sala.

-Tudo bem,eu entendo o que está sentindo.Mas já passou.E certamente eu não tinha que morrer agora.-ela riu.

-Você ainda ri?Não sabe o que eu passei,achando que você estava...ninguém sabia de você e eu não sabia o que tinha acontecido!Imagine você,no meu lugar!-eu me irritei.

-Ei,calma...desculpe,tá legal?Foi só pra te descontrair,você está muito tenso.Eu também vi e passei por coisas horríveis,mas já acabou...tá tudo bem com a gente.Eu também me preocupei com você,mas...no fundo,algo me dizia que você estava bem.Sabia que já estava em Jersey!Mas você não devia ter voltado!Se te acontecesse alguma coisa,hein?Eu ia te encher de tapas,mesmo que estivesse morto!

-Queria que eu ficasse de braços cruzados lá,enquanto você corria perigo aqui?Se ao menos conseguisse falar com você,pra saber que estava bem...mas não!

-Olha,vamos parar?Nós estamos brigando,quando deveríamos estar felizes por estarmos juntos agora!

Ela tinha razão.Brigar com ela numa hora daquelas,era tudo o que eu menos queria.Mas o fato é que eu ainda estava desesperado e o pensamento de que podia ter acontecido tudo ao contrário não me saía da cabeça.

Emy se levantou do sofá,caminhando em minha direção e me abraçou,apoiando seu rosto em meu peito.

-Eu só não consigo imaginar...

-Shhh...-ela me calou com o indicador sobre os meus lábios.-Não fala mais nada...eu sei tudo o que você pensou.Não importa mais.Foi um susto e já passou.Esquece isso,por enquanto?Por favor...-ela sussurrou pra mim.

Eu tentei fazer o que ela pediu.Mas não consegui dormir sem falar tudo o que eu queria.Tudo o que eu tinha visto,pensado e sentido naquele dia.Quando deixei Emy dormir,eram quase 3 da manhã.E mesmo assim,não dormi muito.As sirenes tocaram a noite inteira,fora os pesadelos que tive com as cenas daquele dia.Eram sempre pessoas se jogando dos andares mais altos,fumaças de metros de altura que cobriam tudo à sua frente,e várias pessoas feridas,correndo e gritando de um lado para o outro.

Quando acordei de manhã,Emy estava no telefone,falando com alguém do colégio.Olhei pela janela e vi as ruas desertas,a não ser uns carros de polícia e ambulâncias passando vez ou outra.

Pensando no que aconteceu,parecia inacreditável.

-Está melhor?-ouvi Emy perguntar,enquanto me abraçava por trás.

Balancei a cabeça negativamente.

-Não sei dizer como estou.- respondi.

-É estranho...parece mentira!Está uma confusão enorme no país inteiro.Ninguém sabe o que pensar agora,ou o que fazer...

-Emy,você falou com seus pais?-eu simplesmente mudei de assunto.

-Falei com eles,de manhã cedo.Aliás falei com todo mundo!Sua mãe estava desesperada atrás de você...disse que você não deu mais notícias desde ontem à tarde.E falei com a escola também e eles decidiram fazer uma reunião pra saber o que iriam fazer diante de tudo isso,mas é inviável pra algumas pessoas irem até lá só pra isso,então,a direção está ligando pra avisar que vão suspender o funcionamento por duas semanas,talvez mais...

Me virei de frente pra ela,com uma idéia em mente...

-Que carinha é essa?-perguntei,ao vê-la mudar de expressão.

-Estou pensando nos meus alunos...quantas daquelas crianças,não perderam parentes nesse desastre...

A puxei de encontro a meu corpo e mexi em seu cabelo.

-Por que acha isso?

-Aonde você acha que os pais daquelas crianças que estudam em uma das escolas mais caras de Nova York,trabalhavam?

Não respondi.

-Vamos pra Jersey?-perguntei,segurando o rosto dela entre minhas mãos.

-O que?

-Vamos pra Jersey?A gente fica lá esse tempo em que você não vai precisar ir pra escola e descansa disso tudo!A gente não vai ficar bem se continuarmos aqui,vendo e ouvindo essas coisas.Precisamos esquecer isso,não é?Então vamos pra Jersey!

Soltei o rosto dela e fui até o armário,onde peguei uma mala e joguei em cima da cama.

-Gerard espera aí!Como assim,vamos pra Jersey?

-Vamos pra casa dos meus pais.E não faça essa cara de quem discorda,Emy!Essa cidade está um inferno,eu não consegui dormir a noite inteira!Fiquei escutando gritos de pessoas o tempo todo,durante a madrugada!Eu vou ter um colapso se ficar aqui!

Ela continuou parada,me olhando.

-Na casa dos seus pais?-ela perguntou.

-Sim.Você tem uma sugestão melhor?

-Não...mas...

-Então me ajuda,vamos!

O que incomodava Emy nessa história,era o fato dela sempre ter achado que minha mãe não ia com a cara dela.Mentira!Minha mãe gostava da Emy,só tinha um leve ciúme.Nada que prejudicasse o nosso relacionamento.E essa era uma boa oportunidade pra fazer Emy esquecer essa implicância que nunca existiu.

-Eu acho que te devo desculpas...-Emy disse,enquanto entrávamos no táxi.

-Pelo que?

-Eu não fiz o que você me pediu...eu não sabia se entrava ou não na torre,e quando eu tomei coragem uma senho...

-Não acredito que está mesmo me dizendo isso!Emy,ainda bem que você pensou duas vezes antes de subir lá,ainda bem que essa senhora estava pelas tabelas te pediu ajuda...eu tô pouco me lixando pra esses documentos.Você é mais importante pra mim!Documentos a gente faz outros mas e você?Hã?Quem ia fazer outra Emy,pra mim?

Ela sorriu pela forma como falei.

-E não acredito que ainda ia se atrever a subir na outra torre com a primeira pegando fogo...você é doida!E aliás,tenho que agradecer à velhinha...se não fosse ela ter impedido você...eu nem sei!

Emy ia dizer alguma coisa,mas se calou.Resolveu ligar pra mãe pra dizer que estava saindo da cidade por uns tempos e que estava tudo bem.

Quando chegamos em Jersey,minha mãe quase chorou de alívio.Abraçou a gente como jamais havia feito.E adorou saber que ficaríamos com ela,meu pai e Mikey por alguns dias.Ela se sentia mais segura,sabendo que estávamos por perto.