Her Last Song escrita por Lully Cvic


Capítulo 27
Capítulo 27




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Eu terminei os shows que faltavam da turnê e tirei algumas semanas de férias pra logo começar a gravação do segundo álbum.Era muita correria,muita animação e eu estava eufórico!Nos intervalos da gravação,participávamos de programas de rádio e televisão,dávamos entrevistas por todo o país.

Estávamos em Ohio,passando o tempo no bar do hotel,descansando pelo dia longo que havíamos enfrentado.Frank estava atendendo algumas fãs e Ray tentava desenrolar algo com a menina da recepção.Matt estava ao telefone com o pai enquanto eu e Mikey decidimos subir pra arrumar as malas e sossegar um pouco.

Assim que terminamos,paramos pra conversar sobre a banda e tudo o que estava acontecendo,sobre Alicia,as fãs e sobre a Emy,claro.Era um assunto que eu nunca conseguia deixar de lembrar.Também falamos da vovó...saudades daquelas delícias que ela fazia pra gente.

Foi quando meu celular tocou.Mikey o atendeu por estar mais perto.

-Mãe?-ele perguntou,assim que viu o número no visor.

-O quê?-ele gritou logo em seguida.

Eu me levantei da cama e corri pra perto dele pra saber o que estava acontecendo.Mas não conseguia escutar nada e Mikey não falava uma palavra sequer.Só mantinha a cara apavorada e escutava em silêncio o que minha mãe dizia no outro lado da linha.Poucos minutos depois ele desligou.

-O que foi,Mikey?Fala de uma vez!Por que está desse jeito?O que aconteceu?

Ele olhava pro nada.Calado.

-Ela...ela...

-Ela o que?Quem é ela?

-Ela morreu,Gerard!-ele disse,com os olhos marejados,me olhando assustado.

O choque de ouvir aquela palavra foi tão grande,que eu perdi os sentidos por alguns segundos.Nem pensar,eu consegui direito.

Mikey começou a chorar silenciosamente e me abraçou.Então,me acordou pra realidade.Emy...

Senti uma dor tão grande e forte no peito,que tudo o que senti foi tristeza e uma onda de angústia tomar conta de mim.

-Eu não acredito...-Mikey disse com voz abafada pelo choro em meu ombro.-A nossa avó,Gee...a nossa vó!

Quando ouvi aquilo,ao mesmo tempo que senti um alívio por ele não estar falando da minha namorada,me senti 10 vezes pior,por ter sido a minha avó.Abracei Mikey de volta e chorei.Pouco.Porque a raiva que eu senti,não me deixou ficar sensível a ponto de derramar mais algumas lágrimas.

Maldito era aquele mundo,que estava me tirando as pessoas que eu mais amava!Afastei Mikey de mim e liguei pra mamãe,queria ouvir dela que aquilo era verdade.

-Mãe!Que porra é essa?-eu gritei,irritado.

-Gee...eu...eu sinto muito,filho.Mas nós fizemos o possível e não conseguimos...

A voz embargada da minha mãe do outro lado da linha,fez a minha raiva recuar.

-O que aconteceu?

-Ela sofreu um infarto ontem de madrugada e a Gloria,a empregada dela,a levou a tempo pro hospital,mas durante a cirurgia,ela...não resistiu.

Eu fiquei calado,digerindo cada palavra.

-Gee...volta logo pra casa!Por favor...

Eu iria,mesmo que ela não pedisse.Meu ponto fraco,era ver minha mãe sofrendo e ela precisava tanto de mim,quanto eu dela naquele momento.

Desliguei o telefone e pedi à Debby,nossa assessora,que falasse com o resto da banda,que Mikey e eu precisaríamos voltar à Jersey e nos reencontraríamos em dois dias em Nova York.

Pegamos o primeiro vôo disponível pra Newark e em algumas horas estávamos em casa.Toda a família estava reunida,os preparativos do enterro estavam quase terminados.Tudo havia acontecido tão rápido...O fuso horário me deixou um pouco desnorteado.Era manhã em Jersey e poucas horas eram duas da manhã em Ohio...o enterro seria à tarde e até lá tudo o que eu faria,era ouvir choros e lamentações,além de ver todo um filme da minha vida,passar diante dos meus olhos,onde a principal personagem,era a dona Elena.

Ver a minha avó,que havia sido tudo pra mim,desde que eu nasci,ser enterrada,trancada em um caixão,engolida pela terra...seria doloroso demais.Aquela imagem,eu jamais iria esquecer.Como não esqueci do dia em que ela me deu o meu primeiro gibi...eu estava de cama,seriamente doente.As tortas de pêssego nos Natais que ela fazia só porque eu gostava,dos gorros de tricô pra usar no inverno,das saídas da escola todas as sextas,onde ela sempre me buscava pra me levar pra casa dela para passar o fim de semana...as fantasias do Halloween,as primeiras aulas de teatro,os primeiros desenhos,as aulas de canto...a van.Tudo o que eu era,eu devia à ela.

Me debrucei por cima do caixão e a abracei,beijando sua testa.

-Eu te amo,Elena!E isso é pra sempre!Obrigado... por tudo,vó!

Passei a mão por seu cabelo grisalho e  levemente ondulado.Olhei pro seu rosto.Tão sereno...e podia jurar que seus lábios demonstravam um sorriso quase imperceptível.Fiquei feliz por isso.Ela estava bem.Eu sabia disso.

Logo depois a levaram para o cemitério e o padre fez algumas citações bonitas enquanto ela era sepultada.Me agachei na grama,pra ficar mais perto dela e pus uma rosa chá,sua preferida,sobre a tampa de madeira.

Todos fizeram o mesmo gesto,o padre se calou e aos poucos,todos foram se cumprimentando e se afastando.Logo começou a chuviscar.Mikey não parava de chorar,meus pais o levaram para dentro da capela e eu me sentei ali,de frente pro túmulo da minha avó,pensando coisas que não confortariam a minha dor,mas deixaria ela saber o quanto eu a amava.


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Notas finais do capítulo

Alguém arrisca a dizer o que ele pensou?É fácil! =)