– Rachel ?- ouvi a voz de Jesse e abi os olhos lentamente , o quarto estava sendo iluminado apenas pela luz que vinha do abajur.

– Jesse, o que houve?

– Nada eu só fui dar uma olhada em nossa pequena , ela é linda, está dormindo feito um anjo – ele andou em direção a cama e se sentou ao meu lado- Só queria saber se vocês duas estão bem e se ficarão bem sem mim.

– Por que está falando isso? – perguntei segurando suas mãos entre as minhas

– Apenas , por que não sei o dia de amanhã não sei se ainda estarei aqui , queria apenas poder vê-las pela última vez, eu te amo – ele tirou sua mão e encostou sua testa na minha – agora feche os olhos , e eu o obedeci , fiquei por uns minutos com os olhos fechados quando abri novamente ele não estava mais lá.

– Jesse? – gritei saindo pelo corredor- Jesse? – abri a porta do quaro de minha filha e não havia mais nada lá, nem móveis, nem ela deitada em seu quarto dormindo , nada, apenas as paredes vazias.

– Rachel – ouvi meu nome ecoar pela casa

– Jesse? É você? Cadê nossa pequena?

– Rachel – ouvi meu nome soar cada vez mais ato

– Jesse? É você? – disse descendo as escadas.

– Rachel, Rachel acorde – a casa começou a sumir de minha mente e eu gritava só que ninguém podia me ouvir – Rachel – abri os olhos assustada vendo o rosto de meu pai me encarando- Querida teve um pesadelo? Está quase na hora de você ir para a escola – ele disse abrindo a cortina, havia um mês e meio que Jesse estava em coma e apenas duas semanas que estava indo para a escola, disse para meus pais que não iria adiantar nada eu voltar a escola, não prestava atenção em nada que acontecia ao meu redor, nos professores, nas matérias, nem no New Directions , nada conseguia me distrair.

– Pai não vou a escola hoje, quero ver Jesse- disse levantando da cama

– Rachel tem certeza?Você já faltou muito na escola , pode perder muitas matérias e acabar indo mal nas provas.

– Pai me perdoe mais agora minha prioridade é o Jesse, ele é a minha nova família

– Está bem querida, tome um banho e eu te deixo lá no hospital – ele abriu a porta e saiu do meu quarto , entrei no banheiro e liguei o chuveiro, a água estava morna, ensaboei minha barriga e pude sentir minha filha se mexer.

– Vamos ver o papai – disse a massageando

Quando acabei de me arrumar desci as escadas e fui até a cozinha , onde meu café da manhã estava sobre a mesa, me sentei e comi , quando acabei meu pai me deu uma carona até o hospital, mandei uma mensagem para Mercedes e Kurt falando que não iria para a escola, andei por um corredor e parei na recepção , por sorte já estava na hora da visita, fiz minha fixa e entrei no quarto 413 onde Jesse estava, quando entrei vi a cena da qual já estava acostumada, Jesse deitado com aparelhos em sua volta, me sentei na cadeira ao lado e segurei sua mão.

– Oi amor – disse sorrindo olhando para seu rosto, arrumei a mexa de cacho que estava em sua testa – estou com saudades Jesse, nós duas , as vezes penso que você não vai mais voltar , que vai nos deixar sozinhas , só que tenho esperança, pois sei que você é forte Jesse, que vai conseguir sair dessa e vamos morar juntos- segurei sua mão e a apertei- as vezes a noite olho para as estrelas e imagino você junto comigo, está sendo difícil enfrentar cada dia sem ouvir sua voz, só que tenho nossa pequena dentro de mim que me da forças- sorri lembrando da minha última consulta – na minha última consulta Kurt foi comigo, fizemos outro ultrassom, ela esta bem , crescendo cada dia mais, queria se mostrar de qualquer jeito não ficava quieta, não me arrependo de nada Jesse, sempre quis lhe falar isso, você foi a melhor coisa que já aconteceu comigo, você entrou na minha vida sem nenhum motivo no começo, só que hoje eu vejo o quanto você mudou minha vida e para melhor, pois agora eu sei o que é amar alguém involuntariamente como eu amo você e nosso anjinho, sei o que é querer fazer de tudo para ter uma pessoa ao seu lado, e é isso Jesse, quero você ao meu lado para ouvir sua voz novamente, seu cheiro, seu toque, sua risada e até suas implicâncias, sinto falta de tudo em você- abaixei a cabeça e senti um chute forte em minha barriga , segurei a mão de Jesse e a coloquei em minha barriga – ela também sente sua falta, esta sentindo? – ele não me respondeu ficou lá quieto, ouvi a porta abrindo e me virei , um médico entrou e quando me viu sorriu.

– Olá senhorita

– Bom dia doutor

– Me desculpe mais o horário de visita acabou se quiser pode esperar e entrar no próximo não demorará muito.

– Doutor eu queria saber o estado de Jesse, houve alguma mudança?

– Infelizmente não – ele disse anotando algo na prancheta

– Obrigada – disse saindo do quarto arrasada, me sentei em uma das cadeiras.

–Rachel – ouvi alguém me chamando e levantei a cabeça era Mercedes

– O que você esta fazendo aqui? Não era para estar na escola?

– Sim, só que hoje não fui, vim ficar com minha amiga – ela disse sorrindo- e ai noticias do Jesse?

– Está na mesma, infelizmente não houve nenhuma mudança

– Calma amiga ele vai melhorar você vai ver

– Eu sei – disse e dei um sorriso para ela.

– Rápido , Rápido – alguém gritou e vi um grupo de médicos correndo meu coração acelerou pensando que fosse algo com Jesse, logo entrou uma mulher em uma maca , foi a pior visão que havia visto, ela estava toda ensangüentada respirando por uma máscara, não conseguir ver com calam mais ela não me era estranha, conhecia aquela mulher de algum lugar, eles viraram um corredor e sumiram, não demorou muito um médico apareceu com uma criança chorando no colo, ela estava com um corte na testa e parecia desesperada, conhecia aquele rostinho , era Melody , andei até o médico que ficou me encarando.

– Melody – disse olhando para a criança.

– Conhece ela? – o médico perguntou me encarando

– Sim, o que houve?

– O carro onde ela e a mãe estavam entrou debaixo de um caminhão, por um milagre a criança escapou apenas com um arranhão só que a mãe infelizmente ficou presa nas ferragens- Melody chorava desesperadamente no colo do médico, ele parecia que não estava com muita paciência , estendi os braços e peguei Melody no colo , ela escondeu o rostinho em meu cabelo e me abraçou, foi de cortar o coração sentir as lagrimas daquela pequena escorrendo pelas minhas costas- A senhora é da família?

– Conhecida

– Não achamos ninguém da família para ficar com a criança, parece que ela não tem pai nem nada.

Flash Black on #

– Somos apenas eu e Melody – a mãe de Melody disse a pegando no colo – não sou casada e queria muito ter um filho por isso fiz inseminação artificial e ganhei Melody minha única família.

Flash Black off #

– Melody não tem pai, nem família , era apenas ela e a mãe.

– Doutor- uma enfermeira apareceu no final do corredor, ela andou até ele e parecia chateada – tentamos de tudo, só que ela perdeu muito sangue e teve uma parada cardíaca infelizmente ela não suportou, e agora o que faremos com a criança?- ela disse olhando para Melody que estava com a cabeça em meu ombro , ela parecia assustada.

– Infelizmente a criança terá que ser mandada para um orfanato, não possui parentes, era apenas ela e a mãe.

– O que? Melody ira para um orfanato? – perguntei indignada, não podia estar ouvindo aquilo.

– É as regras senhora, ela esta sozinha agora.

– Não eu ficarei com ela.

– Rachel você não pode – Mercedes disse se levantando da cadeira.

– Posso sim Mercedes, não vou deixar uma criança como Melody sozinha em um orfanato.

– Senhora me desculpe mais não posso permitir isso, são as regras e a senhora não é parente.

– Senhor por favor tente entender, sou uma conhecida da família , não posso deixar Melody sozinha.

– Me desculpe , mais a senhora tem que falar com o orfanato, eu não posso tomar essa decisão por você – ele estendeu o braço e eu entreguei Melody para ele, ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas e meu coração cortou – Cinthya ligue para o orfanato – ele disse e saiu andando com Melody em seu colo.

– Rachel você ficou louca? – Mercedes quase gritou .

– Não Mercedes, eu não estou louca.

– Você não pode adotar uma criança, você esta esperando uma filha, sozinha, sem o Jesse e ainda quer adotar outra?

– Mercedes não me de lição de moral agora esta bem? – eu sentei e fiquei pensando em Melody , ela não merecia isso, fiquei pensando em como ajudar com Mercedes ao meu lado quieta, quando olhei para o relógio já havia se passado uma hora, ouvi meu celular tocando e era a mãe de Jesse, disse que iria ir para o hospital, quando ela desligou liguei para meu pai.

– Pai?

– O que houve Rachel?

– Preciso de vocês aqui, agora, é muito importante

– Filha o que houve?

– Apenas venham eu preciso de vocês

– Daqui a pouco estamos ai

Desliguei o celular e vi Mercedes me encarando, ela revirou os olhos e cruzou o braço.

– Rachel o que você está fazendo não é certo

– Mercedes, por favor.

A mãe de Jesse chegou e entrou dentro do quarto após ela entrar meus pais chegaram .

– Rachel querida o que houve? –meu pai Jonathan perguntou- você esta bem? E o bebê?

– Eu estou bem pai, só que preciso da ajuda de vocês- eles se sentaram e eu contei toda a historia de Melody para eles, meu pai Jonathan estava com os olhos cheios de lágrimas – preciso que me ajudem, que adotem ela para eu tomar conta , eu quero cuidar dela, ela não merece ficar sozinha.

– Rachel não podemos fazer isso – meu pai Eduard disse me olhando.

– Eu falei para ela – Mercedes disse , eu a encarei e ela voltou olhar para o chão.

– E se fosse eu? Eu que estivesse morta no lugar da mãe de Melody? E minha filha não estivesse mais ninguém nesse mundo ? nem pai nem avós? Apenas um conhecido, ou ninguém.

– Rachel é diferente- meu pai Eduard disse

– Talvez seja, mais eu não quero deixar essa menina sozinha, eu começo a trabalhar , faço qualquer coisa, só que eu fico pensando se fosse minha filha no lugar de Melody, existem tantas pessoas más por ai, não sabemos mais quem é bom e quem não é, vocês sabem que hoje é difícil de adotar crianças que possuem mais de um ano de idade , as pessoas não querem mais isso, preferem fazer inseminação do que adotar, acreditem , eu quero ajudar ela, por favor pais, vocês não sabem o quanto me doeu vendo ela daquele jeito, tão pequena, sou capaz de fazer qualquer coisa.

– Vamos ver o que podemos fazer por ela Rachel – meu pai Jonathan disse , eu apenas sorri, meus olhos começaram a arder e pude senti-los lacrimejarem- Já voltamos, ele disse e saíram, a mãe de Jesse saiu do quarto e andou até a minha direção me abraçando.

– Rachel, eu sinto falta dele – ela sussurrou no meu ouvido e meu coração doeu- Como você está querida?

– Vou indo, não esta sendo fácil

– Eu sei , e minha netinha?

– Está bem, a médica disse que não há nada de errado com ela.

– Você já comeu?- ela perguntou sorrindo

– Não , estou sem fome – disse me sentando, estava cada vez mais difícil ficar em pé

– Você precisa comer algo – ela disse estendendo a mão para que eu a segurasse

– Não precisa

– Querida eu estou preocupada com a minha neta , vamos – eu segurei sua mão e ela sorriu – sua amiga pode vir também.

– Vamos Mercedes – disse e Mercedes se levantou nos acompanhamos, fomos até a lanchonete que havia dentro do hospital, ela pediu três pratos, o meu foi o mais diferente, havia muita salada e um grande pedaço de hambúrguer vegetariano, não estava com fome na verdade ainda estava pensando em Melody, quando acabei voltamos para o corredor onde estava o quarto de Jesse, meus pais estavam sentados conversando.

– Rachel?- meu pai Jonathan disse se levantando – Conversamos com o médico e entramos em contato com o orfanato, a menina é linda Rachel, o orfanato nos disse que ela ficara por uma semana podemos ir visitar ela todos os dias só que a guarda provisória não será fácil teremos que mexer com varias coisas Rachel, mais vamos fazer de tudo para que essa menininha tenha uma boa família, a nossa família.

– Eu não posso adotar ela ? Queria que ela fizesse parte da minha nova família.

– Infelizmente não querida pois você ainda é de menor, mais não se preocupe Rachel tudo dará certo- meu pai me abraçou e eu respirei fundo, tudo iria dar certo

– Preciso ver Jesse – disse indo até a recepção a mulher falou que ainda não estava na hora da visita, só que eu disse que era esposa dele e que precisava vê-lo , ela liberou e eu entrei – Jesse – sussurrei quando abri a porta do quarto, sentei ao lado dele e segurei sua mão- Você lembra da Melody? A conhecemos no consultório lembra? Então amor ela esta órfã, meus pais estão tentando conseguir a guarda dela, para que ela faça parte da família, da nossa família, sinto sua falta Jesse e tenho medo de que você demore muito e que eu vá embora, sinto sua falta, preciso tanto de você perto de mim, quero que você esteja no dia do nascimento de nossa pequena Jesse, seja forte, por mim, me escute pelo menos dessa vez Jesse, seja forte, não desista, você consegue, sempre foi guerreiro, sempre correu atrás dos seus sonhos, não desista, porque desistir não estava no dicionário do meu Jesse, Quero você do meu lado novamente , para me proteger , para quando eu sentir medo te chamar e você me ajudar, para todas as manhas poder acordar e ver o porque ainda sorrio , quero você de volta Jesse – quando falei seu nome minha filha se mexeu, e começou a ficar agitada, peguei sua mão e a coloquei sobre minha barriga onde estava vindo o chute – nossa filha Jesse, ela também sente sua falta – fiquei olhando para sua mão sobre minha barriga e a apertei mais contra minha barriga, senti algo e olhei para sua mão , seu dedo polegar fez um pequeno movimento, meus olhos se encheram de lágrima – é nossa filha Jesse , nossa pequena – disse com as lágrimas escorrendo e olhei para seu rosto onde uma pequena lágrima escorria – Doutor – gritei ainda encarando o rosto de Jesse onde caia mais lagrimas – Doutor – gritei e a mãe de Jesse apareceu na porta com o médico ao seu lado.