A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela
Notas iniciais do capítulo
Capítulo escrito por: Live Gabriela Woiciekoski ^^ e narrado por Jamie Carter
O caminho de volta à cidade foi agonizante. Não só pelos gritos e gemidos de dor de meus companheiros, vê-los naquele estado... Steve caído sobre o cavalo tentando ao máximo mostrar que estava tudo bem, Campbell olhando para todos e também para seus ferimentos, que não eram poucos, Jhonson, Smith e Mark jogados dentro da carroça e Hammel atento e assustado para o caso de outro ataque. Não, não era isso que mais me incomodava mas sim o fato de aquela imagem não sair minha cabeça...
Quando a flecha passou perto do meu rosto logo fiz com que os cavalos puxassem aquela carroça com toda força e pressa, mas eu tinha que olhar... Tinha que ver se estavam nos seguindo, se alguém tinha ficado para trás. Por sorte o que vi não foi nada disso. Na minha mente, o que vi foi bem pior.
Um homem, de rosto quadrado, (deveria ter a idade de Campbell, apesar de eu não saber qual é) tinha o corpo forte e ríspido parado enquanto olhava em nossa direção com seus olhos claros e esverdeados. Seu nariz era grande e fino, a boca também fina e de tamanho normal . O vento batia em seus cabelos meio acinzentados que não eram muito compridos. Era o homem mais bonito que já tinha visto. O mais bonito e mais cruel. Ele, em nenhum momento tentou ajudar qualquer um de seus colegas, apenas ficou nos observando partir e antes que ficássemos longe demais para nos entreolharmos novamente ele apontou seu belo arco para a carroça, mas não atirou.
Não sei o que poderia ter passado em sua mente para ter tamanha piedade, pois pelo que vi na batalha, ele poderia muito bem ter atirado e me acertado.
Logo chegamos à cidade e lá paramos em uma estalagem, onde Mark e Steve foram entregues aos cuidados de um médico.
Steve levou alguns arranhões, mas o pior golpe foi uma flecha em sua coxa, a flecha parecia estar profunda. Mark além de vários cortes de espadas possuía três flechas no corpo, uma em sua costela direita, uma na barriga, perto da flecha anterior, e outra no braço. Provavelmente ele tentou defender o verdadeiro alvo do arqueiro. O coração.
Hammel e Campbell acompanharam Steve e Mark até a estalagem, Smith e Jhonson foram atrás. Mas um deles voltou.
Estava assustada demais para prestar atenção no que ele dizia, então respondi automaticamente até que o assuntou começou a me chamar atenção...
- Se eu te contar uma coisa você promete não fazer nada estúpido? - disse meu tutor.
- O que foi Ryan?
- Promete me ouvir e me obedecer?
- O que foi? Está me assustando.
- Jamie, eu sei da verdade, preciso que me escute e que não tente fugir, preciso que confie em mim. - o que sabe Campbell?
- Que verdade? Do que você esta falando?
- Jamie, eu vi você no rio, sei quem você é, melhor, sei o que você é.
Parei nesse momento, se eu respondesse e ele não estivesse falando do que eu achava que estava falando eu seria pega. Olhei para seu corpo até achar algo relevante para desviar o assunto.
- Você está sangrando. - disse de cabeça baixa, já pegando algumas ataduras que estavam jogadas pela carroça.
- Você não me ouviu? Eu disse que sei o que... - o interrompi:
- Eu ouvi! - gritei, já chorando. - Por favor... Por favor! Não me mate.
- Porque você está aqui? - ele parecia confuso, mas tentava e conseguia fazer sua voz ficar amigável.
- Foi tudo um engano, eu não deveria estar aqui. Eu não queria estar aqui! Mas se não ficar vão me matar. Se me descbrirem vão me matar! Eu não sei o que fazer, além disso, não tenho mais ninguém graças a vocês! Vocês não quiseram me ouvir, não ouviram o ferreiro! Agora ele está morto e provavelmente se continuarmos aqui eu também estarei. Todos estaremos!
Campbell parecia não ter palavras, mas não desviava os olhos azuis em nenhum momento.
- Você viu o que fizeram! Vão nos matar! Vão nos matar! - disse desesperada, finalmente eu podia dizer tudo o que queria, se Campbell fosse me matar naquele momento, que pelo menos ele me escutasse antes - Eu só quero ir embora!
- Você não pode. - ele finalmente resolveu falar - Não dá, não tem como. Se fugir, vão te caçar como traidor...a. Hey, mas não se preocupe, não contarei a ninguém o que sei. Como já disse nunca traímos um amigo... Ou amiga, nesse caso. - após um suspiro que revelava que ele não sabia o que fazer ele perguntou... - Como é seu nome?
- Você já sabe. - respondi soluçando.
- Tá bem, Jamie. - ele levantou meu rosto, fazendo com que eu parasse de fitar o chão da carroça e tirou meu capuz - Vamos dar um jeito nisso.
Fiz que sim com a cabeça. Não sabia bem se Capmbell saber da minha situação era uma coisa boa por finalmente poder contar com alguém ou se era algo ruim, afinal ele poderia mudar de idéia e me entregar a qualquer momento.
- Pegue mais ataduras e disfarce melhor seu corpo, coloque mais no busto, apertando bem, e enrole na barriga para ficar com o corpo mais quadrado. - disse ele apontando para uma caixa na qual deveria ter ataduras.
Quando fui levantar a roupa para me arrumar percebi que ele ainda estava olhando. Então fui em sua direção e parei bem de frente para ele, ia abracá-lo, mas Hammel apareceu.
- Ryan, Mark quer falar com você, ele não está nada bem.
Campbell fez que sim com a cabeça, se levantou e saiu da carroça, mas pude ouvir a conversa dos dois...
- O que estavam fazendo? - perguntou Hammel.
- Ah, novatos, sabe como é, ele estava reclamando de uns arranhões.
- Mas que marica!
- Sim. Hammel, quando vocês foram buscar os novatos como foi?
- Que eu me lembre, não teve nada demais... Ah espera, tinha um velho louco que não queria deixar o Carter vir conosco, estava me irritando, então tive que matá-lo.
Campbell demorou alguns segundos para voltar a falar.
- E como está o Steve?
- Como você acha?! Não falou com ninguém até agora, com excessão do médico, ele parece...
A partir daí eles já estavam longe demais para eu ouvir o resto da conversa. Nesse momento me vi sozinha dentro daquilo tudo, não só da carroça, mas de tudo mesmo. Pensei em pegar a carroça e ir embora, mas lembrei do que Campbell disse sobre ser caçada como traidora e sobre não trair os amigos, minha consciência pesou assim como a idéia de poder viver mais um pouco, isso impediu que eu fugisse. Então fiz o que meu tutor sugeriu, peguei as ataduras e comecei a enrolar em volta de mim mesma, várias, várias e várias vezes.
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