Festa dos Fundadores da Cidade escrita por Nana


Capítulo 5
Coberta por estrelas




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A Ferrari vermelha conversível, que brilhava destacando-se na noite, engoliu a estrada em grande velocidade, deixando as marcas dos pneus. Elena aproveitava o vento batendo em seu rosto, que lhe ajudava a sair do transe que se encontrava. Fechou os olhos e colocou a cabeça para trás, apoiando-a no banco do carro, tão confortável quanto seu próprio travesseiro. Quando abriu os olhos, teve a impressão que podia encostar no céu se esticasse os braços, como se fosse um manto estrelado que a cobria, protegendo-a de tudo e escondendo ela e Damon dos olhos de todos.

Damon virou o rosto para a amada e viu, pela primeira vez, uma Elena que parecia ter renascido naquela noite. Ela estava solta, livre, sem medir cada movimento seu. Estava agindo naturalmente e parecia mais confiante do que nunca e isso o encantava ainda mais, se é que isso era possível.

Sem resistir, ele pousou a mão direita em sua coxa e, agilmente, puxou o vestido dela com os dedos, até que sua mão estivesse em contato com a pele macia e quente que ele gostava tanto de sentir e não mais em contato com o tecido caro de suas vestes.

Ao vê-lo levantar seu vestido, não abaixou a cabeça ou tentou impedi-lo. Ela apenas riu e esta era a primeira risada sincera em muito tempo. Elena estava verdadeiramente feliz.

- Damon, você é terrível. Está se aproveitando de minhas fraquezas. – disse entre sorrisos, usando um tom sexy que há tanto não usava.

Ele a olhou e sorriu de volta, sarcasticamente.

- Oh, Elena, se você quiser eu posso me afastar de você. – ele sabia que estava sendo irresistível.

Ela não respondeu. Colocou sua mão em cima da mão dele e entrelaçou os dedos dos dois, para que ele permanecesse ali.

Elena gostava daquele jogo de sedução, da conquista. Lembrou-se da Elena que costumava ser antes de conhecer Stefan. Era audaciosa, sedutora, gostava de se sentir desejada.

Stefan colocou este lado dela em sono profundo, pois não tinha isso dentro de si. Era muito romântico, muito sensível, muito... conformado. Com Damon, isso dentro dela acordava ainda mais forte.

Damon podia sentir a provocação na voz dela e adorava cada instante. Elena era perfeita para ele. Encaixavam-se de mil maneiras, como um quebra cabeça que estava completo. Ele podia ser quem realmente era com Elena e sabia ela também era autêntica com ele. Tudo entre eles fluía harmoniosamente e não havia nada que pudesse ficar entre os dois enquanto estivessem juntos.

- Bom, chegamos. Está devidamente entregue. – ele recolheu a mão da perna dela e lhe afagou o rosto. – Boa noite, meu anjo.

- Boa noite, Damon.  – ela retribuiu o afago, desenhando com o dedo indicador os traços de seu rosto, enquanto fitava incessantemente seus olhos. – Obrigada por tudo. – ela se aproximou e encostou sua bochecha na dele e após alguns segundos a beijou e permaneceu com os lábios em seu rosto por um momento. Então se afastou e saiu do carro.

Viu Damon acelerar e quando olhou para trás, a Ferrari já tinha sumido na escuridão da noite, levando seu príncipe das trevas com ela.

Estranhamente, quando entrou em casa todos estavam dormindo. Parecia que tia Judith não se importava tanto assim com o horário que Elena chegava em casa. Desde que seus pais faleceram, tia Judith tinha feito um trabalho incrível para cuidar das meninas. Margaret com certeza a veria como mãe, pois era tão nova, tinha apenas quatro anos. Mas Elena já era mulher, jamais se esqueceria do trágico acidente que tirou dela sua família e por mais que tentasse, não conseguia ver tia Judith como tutora. A via como uma grande amiga, que desempenharia um papel muito importante na vida de sua irmã, mas não na dela. Ela estava sozinha e dependia dela mesma agora.

O grande relógio antigo da sala marcava 5:30 da manhã. Dali a pouco estaria claro e os primeiros raios de sol invadiriam Fell’s Church, iluminando todas as casas da cidade e seus moradores.

Ela tirou os sapatos, para não acordar ninguém, e subiu as escadas, indo em direção a seu quarto. Quando entrou nele, fechou a porta e dirigiu-se ao espelho e foi quando viu o estado deplorável que se encontrava. Seus cabelos estavam embaraçados e suados, o vestido estava sujo de terra e com alguns rasgos aqui e ali. Tinha arranhões nos braços e ferimentos nas pernas, principalmente nos joelhos e se perguntou como Damon a olhava com tanta fascinação de qualquer forma. O pensamento fez seu coração acelerar.

Passou as mãos nos cabelos desgrenhados, puxando-os para trás e viu a marca em seu pescoço. Apesar de já estar cicatrizando, a ferida ainda estava aberta e suja de sangue seco. Pôde ver as veias em volta estouradas e um hematoma se formava. Ela passou os dedos delicadamente sobre o machucado e sorriu, se lembrando da noite inesquecível que tivera.

O único problema seria escondê-lo de Stefan, mas estava segura que quando acordasse, não teria mais quase nada em seu pescoço, pois o sangue de Damon faria seu trabalho, deixando uma cicatrização perfeita.

Tirou o vestido e o deixou no chão mesmo. Foi até o banheiro e ligou o chuveiro. Tirou as jóias que estava usando e as guardou em uma caixinha em cima da pia. Tomou um banho relaxante e revigorante e quando terminou, enxugou-se cuidadosamente com a toalha, para não piorar nenhum de seus machucados e então separou um pouco de algodão e água oxigenada para os curativos.

Depois de limpá-los bem, colocou uma gaze em todos e os prendeu com esparadrapo. Nunca lhe tinha ocorrido como ter uma caixinha de primeiros socorros poderia ser útil e ficou satisfeita por seguir os conselhos de sua mãe mesmo depois de sua morte. Decidiu não passar nada na mordida. Era Damon ali, no corpo dela, então deixaria que cicatrizasse naturalmente.

Vestiu uma de suas camisolas de seda, com rendas bordadas, pegou seu diário e uma caneta, então se sentou no banco perto da janela, onde gostava de escrever. Elena olhou para fora. O dia já estava dando seus primeiros sinais. O céu tinha raios alaranjados, prontos para afastar a escuridão da noite. Ela estava cansada, mas ainda tinha disposição para escrever, então começou:

“Querido diário,

Eu tive a noite mais espetacular da minha vida. Quando eu comecei a me arrumar para a festa mais cedo, achei que estaria enfrentando o pior dos mundos. Claro que enganar Stefan foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz em toda minha vida. Não aguento mais toda essa situação, as mentiras, os perigos que estou enfrentando. Se alguém no mundo merece o melhor de mim, esta pessoa é Stefan. O que eu mais gostaria era de contar a verdade para ele e para todos, mas eu nem saberia por onde começar. Não conseguiria olhar nos olhos dele e dizer que o amo, mas também amo seu irmão. Tenho medo da reação dele se eu dissesse que quero ficar com Damon. Eu teria que olhar dentro dos seus doces olhos e ver o mundo se desmoronar dentro dele, por minha causa. Não posso nem pensar sobre isso que os calafrios já invadem meu corpo.

Mas, ah, diário... tudo isso foi apagado da minha mente quando eu estava nas mãos de Damon naquela dança, ele guiando meu corpo junto ao dele, rodopiando comigo pelo salão.  A forma como ele me olhou e me tocou e mesmo que eu tenha me machucado indo ao seu encontro, tudo valeu a pena quando eu o toquei naquela torre. Tão lindo, sereno e tão meu. Eu faria tudo outra vez se fosse necessário. Nunca tinha me sentido assim antes. Eu posso ser exatamente quem eu sou e Damon me amará da mesma forma ou até mais. Nunca senti que eu poderia ser 100% sincera com ninguém ou mostrar todas as Elenas que existem em mim, mas com ele eu posso e o faço inconscientemente.

Damon é a pessoa que mais me conhece, a única que enxerga dentro de mim e que vê realmente o que tem dentro do meu coração, sabe do que eu sou feita. Ele me aceita com todos os defeitos, com todas as qualidades e me faz sentir poderosa, amada, desejada. Nunca pensei que um dia me renderia a ele. Dei a Damon não só meu coração, mas também dei meu sangue. Eu sangrei por ele e isso para os vampiros é a verdadeira forma de demonstrar amor.

Agora estamos ligados pela eternidade. Eu nunca esquecerei a sensação das minhas veias dilaceradas pelas suas presas e quando ele gloriosamente bebeu da minha vitalidade e eu bebi o seu poder. Nunca estivemos tão conectados, tão unidos. Eu não vejo a hora de vê-lo novamente”

Elena fechou seu diário e o guardou. Deitou-se na cama e abraçou o travesseiro, desejando que Damon estivesse com ela. Fechou os olhos e em poucos minutos o sono a tinha levado para o mundo dos sonhos.


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