A Força dos Otakus escrita por L Okihiro


Capítulo 16
Segundo dia de viagem


Notas iniciais do capítulo

Poisé, sem criatividade para o título do capítulo... Desculpa!



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- Quer me dizer o porquê de estarmos correndo? – Yue me pediu pela 19º vez. – Naoki. NAOKI. – Ela gritou.

Eu continuava a dirigir e olhar para o retrovisor, estava decidido a só parar quando estivéssemos a uma “distância segura”.

- Naoki, se você não falar comigo agora vou te fazer sofrer. – Ela falou em um tom mandão. Eu a ignorei quase que sem querer.

Em alguns segundos um vento frio varreu meu corpo, passei a tremer muito forte a ponto de o carro sair do meu controle, me concentrei em mantê-lo na linha. Meus braços estavam pálidos, os cabelos eriçados e a ponta dos dedos chegando a um tom de azul.

Olhei para a Yue, ela estava com sua caneta sacada e uma palavra escrita com linhas azuis e grossas pairava no ar: “Cold”.

Tentei pedir pra ela parar, mas tremia demais. Ela riscou a palavra no ar e ela desapareceu. Instantaneamente o calor voltou ao meu corpo.

Corri minhas mãos e coloquei o aquecedor do carro no máximo, inspirei o ar quente que saia e falei:

- Você está doida? Fazendo uma coisa dessas comigo? Eu podia ter batido o carro. – Ralhei com ela.

- Você não falava comigo, o que queria que eu fizesse? – Ela disse.

- Caramba, queria que você se tocasse, né? Pra eu estar desse jeito tinha que no mínimo ser algo sério!

Ela ficou calada por um tempo.

- Tsc! Você é muito chato por ficar calado, mas pelo menos assim aprende a não me subestimar. Fala de uma vez o que aconteceu.

Olhei pelo retrovisor interno do carro e hesitei por alguns segundos, mas logo contei toda a história. Enquanto contava via de relance seu rosto indo do interesse ao medo.

- Mas- Como você pode fazer isso? – Ela falou meio irritada, meio perplexa ao terminar de ouvir tudo.

- E o que você queria que eu fizesse? Ficasse parado? De jeito nenhum! Era um homem. Ele morreu por nada, o outro provavelmente ia morrer também. Não tem sentido eu simplesmente ficar parado!

- Mas não era para fazer o que fez. Você praticamente deixou estampado na cara deles que existimos. Agora vamos ser perseguidos. Idiota!

- Então eu devia tê-los deixado morrer?

Ela hesitou.

- Não, não devia. Mas sei lá, no mínimo, matava logo os policiais também!

- Você é louca? Não se mata uma pessoa assim do nada.

- Agora vai defendê-los? Decida-se Naoki, assim não dá.

- Não estou defendendo eles, o que eles estavam fazendo era errado, se eu os matasse também estaria errado. Eu não vou colocar sobre mim a responsabilidade por julgar os atos de ninguém.

- Aff, você é muito ingênuo! Caso, o senhor não tenha percebido nós estamos sendo atacados. Você jurou nos proteger, ISSO é responsabilidade sua. Vai querer aumenta-la pra qualquer um que encontrar na rua, é?

Dessa vez eu hesitei, ela estava me encarando.

- Eu sei que é minha responsabilidade, e vou cumpri-la.

- Eu não estou questionando isso. Eu acredito em você, Naoki. E estou aqui pra ajuda-lo no que eu puder e tentar ao máximo no que eu não puder. É só que, as consequências do que você fez, vão pesar demais em cima da gente. Já parou para pensar em como a gente vai conseguir chegar até o Estado Central?

Fiz ar de que ia falar, mas ela me interrompeu.

- Sabe de uma coisa? Não quero saber? Eu estou com sono e mal-humorada, então fica aí com teus problemas e me deixa dormir mais um pouco. – Ela falou e se encostou à porta do carro.

Fiz silêncio e deixei-a dormir.

O ruim de ficar sem nada para fazer ou estar fazendo algo que acaba se tornando mecânico, como dirigir em meio a uma rodovia calma.

Comecei a pensar em tudo que tinha feito e falado. Se não tudo, muita coisa que fiz foi por puro instinto, provavelmente se tivesse pensado mais um pouco nunca seguiria esses caminhos. Vai ver que foi por isso que acabei num carro rumando pra o Estado Central onde ia encontrar os líderes “terroristas” que tem assombrado seus próprios estados.

Mas, pensei, todos estavam reagindo por puro instinto, talvez eu tenha servido só como uma ferramenta pra despertar esse instinto nas outras pessoas... Ferramenta... Ferramenta de quem? D’A voz? Por sinal, o que era aquela voz?

Ela apareceu, sumiu e “Puft”, nossas vidas afundam.

Tsc, apesar de tudo eu mantinha minha euforia. Lancei o olhar para minha zampakutou perto do banco do passageiro onde Yue dormia. Acho que se devia ao fato de que, por mais que eu tentasse suprimir, eu sempre quis uma “chance” como essa. Um fogo queimava dentro de mim, e por causa dele pouco importava se eu era apenas uma ferramenta nas mãos de uma voz alucinógena que aparece do nada.

Provavelmente o mesmo fogo queimava em todos os outros, era a única forma de explicar o porquê de nós persistirmos nessa ideia mesmo depois do que vimos e sentimos.

Meus pensamentos aportaram na garota que havia morrido. Agora eu me sentia completamente responsável pela morte dela, porque de certa forma ela sempre participou do grupo do Leste. E eu era o líder do Leste, ou seja, eu a mandei pra morte no fim das contas. Eu estava prestes a mandar várias pessoas lutar. Que droga!

Pensei nas pessoas do Leste, meu pensamento estacionou em uma. Outra besteira, porque esta pessoa já não queria falar comigo. Sou um inútil até mesmo nisso...

Ou talvez ela simplesmente tenha se tocado que eu não sou boa companhia. É, podia ser isso. E talvez fosse até melhor assim...

Olhei para Yue, ela ainda dormia ou, potencialmente, fingia que dormia. Talvez eu também não devesse tê-la trazido, mas sou egoísta demais para conseguir fazer isso sozinho...

- Naoki, se você não parar de resmungar AGORA, eu juro como bato em você!  - Tomei um susto com a voz meio embolada da Yue. – E pare no próximo posto de gasolina porque eu preciso usar o banheiro e comer alguma coisa decente.

Dei uma risadinha de leve e ela completou:

- E se você ousar me trair eu dou um golpe de estado e assumo a posição de líder, ouviu?

- Ué, somos um Estado agora é? Eu quero ser primeiro-ministro então, nada de presidente...

Ela virou o rosto e me senti fuzilado pelo seu olhar.

- Eu também espanco quem fica com nerdice quando eu estou tentando dormir, ouviu?

- Sim, senhora. – Falei rápido.

- Senhora não, senhorita porque eu ainda não casei. – Disse ela enquanto voltava a encostar a cabeça no vidro do carro.

- Hiro ainda não pediu sua mão? Que leeeento!

Ela virou o rosto incrivelmente rápido.

- Silêncio! Agora! – Ela disse rangendo os dentes.

Imediatamente fiz silêncio e rumei para o próximo posto de gasolina.

~.~

O carro ainda tinha gasolina de sobra então decidimos não reabastecer. Enquanto a Yue usava o banheiro enquanto eu comprava umas coisinhas na Loja de Conveniências que estava até bem organizada para uma loja de um posto “semi-beira de estrada” (estávamos praticamente na próxima cidade).

Quando Yue voltou, eu já estava sentado a uma mesa mastigando salgadinho enquanto bebia um refrigerante. Ela olhou para mim, fez uma careta e disse:

- Quanta besteira! Assim você vai acabar se matando.

Dei de ombros:

- Pouca opção.

Ela riu (bom sinal):

- Ok, então. Comprou o que para mim? O mesmo?

- Não, algo “menos gorduroso”. Salgadinho e suco de laranja, gosta?

- Tá valendo... – Ela olhou para as prateleiras de comida, seguiu até uma observou os produtos por um tempo e se voltou pra mim.

- Me dá 5 pratas. – O tom pareceu bem imperativo, mas por mim tanto faz. O humor dela tinha melhorado, então...

Pus a quantia que ela pedia em cima da mesa.

- Nossa Shikamaru, que preguiça, hein? – O tom de voz foi meio controlado, mas ainda assim um tanto mandão.

Ela foi até a mesa, pegou o dinheiro, um dos produtos na prateleira e pagou no caixa. Colocou o troco em cima da mesa e abriu o salgadinho dela.

- Pelo menos o sabor é bom! – Ela deu de ombros.

Havia pouca gente no posto e depois de alguns minutinhos ele estava praticamente vazio, com exceção a mim, Yue e uma tia no caixa rápido, na Loja de Conveniências... E possivelmente mais alguém no posto em si.

Comemos praticamente em silêncio, quando dois policiais entraram na loja. Uma delas era uma policial mulher. Cutuquei Yue por debaixo da mesa enquanto ela tomava seu suco de olhos fechados, em resposta ao meu movimento ela acenou com a cabeça de leve.

Os policiais cumprimentaram a moça do caixa pediram alguma coisa e sentaram numa mesa perto da nossa. Provavelmente pediram algo para comer porque logo depois ouvi o barulho do micro-ondas da loja esquentando algo.

Terminei meu salgadinho e em seguida o refrigerante, Yue ainda comia e para manter a tranquilidade decidimos (por sinais de olhar) ficar mais um pouco.

O policial suspirou alto e falou para sua colega de trabalho:

- Ai, ai! Que loucura, hein? Esse tipo de coisa não para ultimamente. E no fim só que isso nos dá é mais trabalho com o mesmo salário.

Ele não falou gritando, mas considerando que só havia 5 pessoas na loja e praticamente barulho nenhum, era quase meio difícil não ouvir.

- Melhor estar aqui do que trabalhar nos aeroportos. Eu soube que eles triplicaram o serviço para o pessoal de lá. Estão com medo de um novo atentado japonês. – Ela hesitou por um momento. – Por sinal, onde mesmo que foi o primeiro atentado? Eu conheço um monte de gente do Estado do Norte, sabe? Eles estavam dizendo que a informação que chegou lá foi que o atentado foi em um aeroporto daqui.

- Daqui? – O policial retrucou rápido com uma voz meio engasgada, como se tivesse falado antes mesmo pensar. – Definitivamente não, eu saberia.

- Foi o que eu disse para um amigo meu que trabalha na Policia Federal de lá. Por sinal, a notícia que recebi quando eu ainda estava no outro batalhão, logo quando essa loucura começou foi de que o negócio tinha sido no Estado do Oeste. Parece que o tal Semijanomuro Kai, – Ela e o parceiro soltaram uma risadinha tosca, lancei um olhar de puro desprezo para Yue e ela parecia sentir o mesmo. – tiveram apoio daquele grupo terrorista da Colômbia ou é do Acre, as FART ou algo assim. Sabe pra trazer a bomba até o aeroporto daqui e tal.

A balconista foi levar o pedido deles na mesa. O policial agradeceu com um muito tosco: “Obrigado, docinho”.

Por outro lado, a balconista parecia interessada na conversa deles e acabou falando:

- Ah, e tem mais uma história aí. Vocês souberam? – Ela falou com uma voz estridente.

Os policiais olharam para ela interessados.

- Parece que os tais “Esteitis” mandaram para cá soldados americanos de verdaaade! – Ela deu uma ênfase meio desnecessária no “de verdade” enquanto acenava positivamente com a cabeça. – E tão dizendo que apesar da retulância, turelância...

O policial interrompeu dizendo:

- Relutância, amorzinho.

Sinceramente aquele cara estava me irritando.

- É, tanto faz. - Disse a balconista já meio assustada com o policial. – O negócio é que os Estados Unidos tá querendo declarar guerra contra o Japão, meeesmo! – Ela fez com o “mesmo” o meeeeesmo que fez com o “de verdade”.

A policial grunhiu.

- Caramba... Tem cara de mais trabalho para nós, Pedro. – Ela falou pro colega policial.

- É mesmo, Marta. – Juro como parecia dois âncoras de um jornal qualquer conversando.

Os policiais começaram a comer quando Yue devolveu, ruidosamente, o copo de volta a mesa e abriu seu chocolate (o produto que ela havia comprado).

Ela levantou e eu a segui.

Vi de relance pelo canto do olho que a policial lançou um olhar de desinteresse para nós e voltou a comer. SORTE!

Entramos no carro e eu dei partida. A senhora Mello comia seu chocolate e sua face se mostrava bem pensativa e eu esperei nos distanciarmos do local para começarmos a falar.

- Os EUA estão mandando tropas para cá? – Eu falei. – Tipo, tropas mesmo? Isso é impossível, né? Eles nunca agiram tão abertamente assim. Pelo menos não com um país de maior repercussão como o nosso, né?

Yue se manteve calada por um instante, deu mais uma mordida no seu chocolate.

- Pode ser mentira. Temos que levar isso em consideração, fontes fajutas, informações falsas, esperanças sem fundo nenhum... Esse tipo de coisa acontece, pode ser apenas um engraçadinho contando histórias para ver se as pessoas acreditam... – Ela parecia falar mais para si mesmo do que comigo. – Se bem que...

Ela hesitou.

- Se bem que o quê, Yue? Não dá. Os EUA pode manchar a visão externa dele, isso seria mal para credibilidade no exterior, não seria? – Falei.

- Não sei mais se eles realmente ainda estão preocupados com isso. Eles declararam guerra aberta com o Japão, segundo aquela tia. E mesmo que ela estivesse enganada, sabemos que ele claramente apoiou o Brasil contra o Japão. Então ele meio que já tá se sujando...

- Ou renovando o medo dos outros países para com ele... Isso acontece. Ás vezes é até mesmo necessário.

- Isso aumentaria e muito a repressão do país para conosco e os japoneses mesmo, ou os “envolvidos”. – Ela falou. – Estou achando que precisamos acelerar o nosso passo ao máximo, definitivamente temos que chegar logo a essa reunião.

- Antes precisamos confirmar essas informações. Liga o notebook!

Ela fez o que pedi e ficou uns 10 minutos procurando.

- Dez sites confirmam a informação. – Ela correu até o chocolate dela e deu mais uma mordiscada. – E tem mais...

Olhei para ela rápido.

- O quê? – Falei com um tom de voz meio desesperado.

- Sabe aquele site que a gente costumava ver mangás antes de lançarem aqui e assistir animes?

- Sei, sei sim. – Respondi rápido.

- Saiu do ar. Os último posts ainda estão circulando. Falam sobre uma conspiração por parte dos EUA, falsos perigos e esperança.

- Bem o que a gente suspeitava. Alguma informação sobre a equipe que dirigia o site?

- Não... – Ela hesitou como se procurasse mais informações. – Nenhuma!

- Merda! – Falei.

Yue comeu seu chocolate rapidamente, mau sinal.

~.~

Nós tivemos um avanço bem considerável na distância percorrida, mas por causa do meu cansaço e uma chuva de dar dó, acabamos paramos no primeiro sinal de pousada que encontramos... Que na verdade era um motel de beira de estrada.

O lugar era relativamente grande. Havia uma entrada para carros, ao lado, uma saída. A placa deixava bem claro os preços, nem eram tão caros, mas para garantir nossa saúde Yue fez questão de alugarmos o quarto mais caro que estava vago e mandar uma faxineira limpar tudo e trocar lençóis, toalhas e tudo o mais na nossa frente.

Particularmente continuava a não me sentir confortável no lugar. Principalmente porque não era o lugar mais apropriado para dois amigos passarem a noite. Só havia uma cama, que ficava no meio do quarto e embaixo de um espelho de teto (como alguém inventa de colocar um espelho no teto? Oh God, why? Quer dizer, Kami-sama, nazedesu ka?). Ah, e também havia uma banheira que ficava de frente para cama, SEM DIVISÓRIAS, uma poltrona, e um armário.

Quando vimos o apartamento, Yue e eu coramos imediatamente. A tia da limpeza saiu, mas não sem antes enviar um sorriso muito safado para cima de nós dois.

Ela saiu fechando a porta, eu me voltei para ela e a tranquei.

- Eeeentão... – Falei. Sinceramente, não sou santo, e minha mente não parava de pensar em coisas, hã... Estranhas. Hiro ia me matar se soubesse disso, com certeza ia. – Se você quiser tomar banho, tipo, eu posso sair. – Gaguejava levemente.

Vi um sorriso malicioso dançar pelos lábios da Yue. Ela se virou para mim e disse com o dedo nos lábios:

- Ué, por que não, Naoki-kun? Eu não sou boa o suficiente? – A voz dela saiu deliciosamente melosa.

Ela pegou minha mão e colocou na cintura dela. Fiquei vermelho do pescoço ao último fio de cabelo.

- Até queria... – Ri internamente. – Mas em propriedade do Hiro eu não mexo.

Eu também sorri.

- Também sabe brincar, né Naoki-kun? Bom... Sair pode ser meio perigoso então só fica de costas eu confio em você.

Uma imagem dançou pela minha mente. Cérebro, seu desgraçado, se pensar nisso de novo juro que bebo até ter uma dor de cabeça daquelas de pedir para sair, pensei.

Ela sacou a sua caneta. Ela escrever bem rápido e em letras escuras no ar: “Dark”.

A palavra atingiu meus olhos e imediatamente tudo ficou escuro.

- Isso é só para ter certeza. – Ela disse em tom de deboche, tenho certeza como ela se divertiu demais naquele momento.

Ela pegou minha mão e me dirigiu até a cama. Lá ela me empurrou “levemente”. O lençol não cheirava a recém-limpo, mas pelo menos não senti nenhum “líquido estranho”...

- Pronto! Você fica aí enquanto eu tomo banho e troco de roupa, depois trocamos de lugar e você faz o que quiser comi- Ops, - Ela soltou uma sonora risadinha. – Toma seu banho e se troca.

~.~

Depois que todos estávamos prontos, nos deitamos juntos na cama. Eu falei em dormir no chão, mas ela negou.

Agora eu e ela nos encarávamos. Nenhum dos dois tinha sono. Eu sentia o cheiro de pasta de dente de menta quando ela falava e podia observar cada detalhe dela. É, Yue era linda, meu amigo Hiro tinha tirado sorte grande. Mas meio que dava para esperar isso dele.

De repente suas pupilas dilataram e ela pulou da cama. Apanhou o notebook não tão longe e começou a digitar.

Também sentei na cama e perguntei:

- O que foi? – Minha voz saiu mais embromada do que pensara.

- Amanhã... Se nós conseguirmos chegar amanhã até essa cidade aqui. – Ela apontou um pontinho em vermelho no mapa do Google Maps. – Estaremos beeeem mais próximos do Estado Central, só basta seguir para o centro do país numa única grande rodovia. – Ela hesitou mais um pouco. – E será a última cidade do litoral que encontraremos na viagem de ida.

Eu gostava do mar. A imensidão do mar me acalmava, me fazia pensar melhor... Uma das coisas que eu mais gostava de fazer era andar na beirinha da praia, de modo que sempre que a água salgada avançava meus pés afundavam na areia.

A recordação me fez sentir bem.

- Que tal pararmos na praia? – Eu falei olhando para o fundo do quarto e depois a encarei...

Ela olhou para o computador de novo e digitou de novo.

- Ok, dá para ser. Mas para isso temos que chegar nessa cidade até às 15h de amanhã, assim podemos até mesmo passar a noite lá. Como tem praia deve ter umas pousadas mais decentes. E já que vamos fazer assim devemos ir dormir logo.

Ela apagou a luz e eu me envolvi em memórias antigas e pensamentos.

Sonhei. Dificilmente me recordo dos sonhos que tenho. Na verdade acabo esquecendo eles até a metade do dia seguinte a noite do sonho, mas desse eu lembrei.

No sonho, ele voltava. Minha mãe ficava feliz, o convidada para ir para a nossa casa e tudo mais. Eles conversavam e eu os seguia, mas sempre sem falar nada. Depois de muito tempo conversando (ao menos pareceu para mim muito tempo), ele perguntava sobre mim.

Mamãe dizia que eu estava viajando. Que eu demoraria a voltar, mas ia adorar revê-lo. Ela lembrava o quanto nos dávamos bem quando crianças e o tempo que eu fiquei triste quando o “perdi”.

Eu lembrava tudo isso, em claros detalhes, mas mesmo no sonho meu coração pesava e minhas pernas tremiam só de pensar em me aproximar dele. Algo diferente tinha acontecido com ele. Algo que não era bom.

Acabei acordando com a Yue me chamando.

Minha cabeça ainda girava um pouco e eu estava morto de sono. Ela me fez levantar e tomar banho enquanto ela dava uma volta por aí por fora. Sequer cheguei a pensar em questionar ela.

Descobri que uma banheira é extremamente confortável para dormir, principalmente quando ainda se está frio e a água está morna.

Quer dizer, não foi tão legal quando a Yue teve que me acordar pela segunda vez e dessa vez eu estava pelado e ensaboado.

Apesar de estar com vergonha, ela ainda conseguiu ralhar comigo. Depois colocou a fenda de “Dark” em seus próprios olhos e ficou gritando comigo enquanto eu terminava meu banho trocava de roupa.

Finalmente, depois de alguns vários minutos, pagamos a conta bem salgadinha e saímos daquele lugar.


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Notas finais do capítulo

Poisé, algums lutas no próximo capítulo. Esse foi mais lelorero... Enfim, espero que gostem. Se der postem reviews e me deixem feliiiiz