Quando Voa a Borboleta escrita por Aki Nara
Natsuki se balançava furiosamente na escuridão do parque sentindo o vento refrescar a cara onde o pai o tinha esbofeteado. Ele baixou os olhos e lágrimas sentidas encharcaram-lhe a camisa. Tinha sido a primeira vez em dez anos de existência, o pai nunca teria batido nele se a mãe estivesse viva.
_ Vamos pra casa, Natsu! – o pai surgiu na frente dele.
Ele pulou tentando fugir, mas o pai foi mais rápido agarrando o filho pelos braços enquanto ele se debatia.
_ Chega! Por favor... – desmoronando ajoelhou-se diante do filho.
Os dois se abraçaram chorando sem vergonha de demonstrar o quanto sentiam falta da mulher e da mãe.
_ Sem sua mãe eu não sei o que fazer... Preciso de ajuda, Natsu. Preciso de nossa família.
Eles se sentaram lado a lado no balanço do parque para conversar.
_ Por que destrata sua irmã? Ela poderia ter se machucado muito hoje.
_ Seria bem feito!
_ Natsu! – o pai agarrou o braço do filho com medo que ele fugisse novamente.
_ Se não fosse por ela mamãe não teria morrido... – ele iniciou o choro novamente.
_ Não é culpa de Yuki, filho. Sua mãe estava muito doente, mas não escolheu morrer... Ela queria viver muito e conseguiu adiar a partida por mais cinco anos.
_ Lembra do que prometeu pra sua mãe? – Natsuki fez que sim com a cabeça. – O que ela lhe disse?
_ Que cuidasse dos dois como cuidaria dela.
_ Então, não preciso dizer mais nada. Você sabe o que fazer. Vamos pra casa! – o pai estendeu a mão e esperou por um bom tempo até Natsuki apertá-lo com força.
Yuki viu luz do quarto de Natsuki e resolveu entrar. O sótão era grande, mas a bagunça lá era maior. Ela afastou a roupa suja espalhada para um canto com os pés.
_ Eca! Que nojo. – resmungou enquanto empilhava as revistas dentro de um cesto.
Não havia sinal do irmão e, portanto, continuou a meia faxina para poder se deitar na cama desarrumada. Ela ficou curiosa para ver a revista pornográfica e começou a folhear.
_ Eicha! Que posição mais louca...
Ela sentiu gotas de água respingando em seu rosto e olhou para cima, Natsuki limpava o cabelo na toalha.
_ Já viu o bastante?
_ Errrr. Já – ela corou deixando a revista de lado. – Eu vi a luz acesa e vim papear...
_ Aham! – o irmão estendeu a toalha na cadeira e se deitou ao lado dela. – E o que é que está afligindo essa cabecinha?
Natsuki cutucou a testa dela com o indicador.
_ Eu tenho uma amiga que tá interessada num cara... – disse olhando de soslaio para o irmão.
_ E... – Natsuki se deitou de costa fechando os olhos com medo do que estava para escutar.
_ Ela tá em dúvida se é atração ou outra apaixonite.
_ Você não vai querer que eu te repasse a história da cegonha, né?
_ NÃO... A história da cegonha foi traumatizante. E a gente já teve aula de sexualidade, tá bom? – Yuki se apressou em dizer, desconfortável por ter apenas o irmão para conversar a respeito.
_ Certo... Menos uma coisa com que me preocupar. Corta essa de amiga, Yuyu. Você tá interessada em alguém, é isso?
_ É... – ela se levantou de supetão para sentar ereta.
_ E qual a diferença desse cara pros outros que você trouxe?
_ Eu me sinto diferente, entende?
_ Eu não quero entender... Mas, tipo que coisas? – Natsuki se sentou pra encarar sua irmãzinha que nunca havia lhe pedido conselhos dessa natureza.
_ Ainn... – Yuki gemeu angustiada.
_ Sonha em ser beijada, abraçada e amassada até os finalmente por essa pessoa?
Yuki riu sem querer. Natsuki tinha esse jeito escachado de encarar as coisas tornando-os quase ridículos.
_ Ah! E como a gente beija? – baixou os olhos corando até a raiz dos cabelos.
_ Tá doida? Não dou aulas práticas pra irmã caçula. Não quero esse rapaz por perto. Diz logo o nome dele porque mando o Haru dar um jeito nele amanhã mesmo.
_ Natsu! É assim que vocês afastam todos os garotos que se interessam por mim, sabia? – zangada Yuki cruzou os braços.
_ Sabia! Se eles não passam pelo crivo, não chegam até o pai. Escolha um pretendente a namorado melhor.
_ Hunf! É por isso que estou sem experiência e não sei o que fazer na hora “h”. Será que vou ter que beijar uma de minhas amigas?
_ Talvez o plano seja ver você ficar velha e caquética.
_ Mau! – Ela socou o irmão no braço rindo – mas eu te amo.
_ Linda. Gostosona – Natsuki abraçou a irmã enquanto a fazia rir de cócegas. – Quer dizer que eu te engordo e tenho que te dar pra outro te fazer crescer? Não, senhora.
_ Natsu! É sério. O que eu faço? – Yuki se encostoue no ombro do irmão.
_ É só não olhar com essa cara de pidona.
_ Você é impossível! – Yuki riu.
_ Prometa! – ele pegou o queixo cravando os olhos nela.
_ Hum... – disse a contragosto desvencilhando-se do irmão para falar da porta. – Eu vou tentar, mas não prometo nada.
Natsuki desabou na cama sentindo que uma grande nuvem negra estava se formando dentro daquela casa.
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