O Rei das Trevas escrita por Cdz 10


Capítulo 35
Capítulo 035: Quatro rápidos nocautes




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/134683/chapter/35

Capítulo 035: Quatro rápidos nocautes.

       Um silêncio profundo e tenso toma conta do interior do Aposento de Reunião, localizado no sexto andar do Castelo dos Logrus. O líder Ternetts continua recostado em sua cadeira na extremidade da grande mesa, segurando o mapa, que mostra a cidade de Lunn e os seus arredores, bem próximo de seu rosto. Os demais Logrus ali presentes, Shinn, Jok, Ghoor, Lenyh e Krak não dizem absolutamente nenhuma palavra. Apenas de vez em quando eles se olham uns aos outros de lado. Assim o local fica por mais alguns segundos até que Ternetts começa a se mexer em sua cadeira, abaixa o mapa, pousando-o com uma certa violência sobre a sua mesa.

            Ternetts: Bem, parece que não me esqueci de dizer nada.

            Ele ergue a sua cabeça encarando a porta de entrada.

            Ternetts: Não temos mais nada a fazer por enquanto a não ser esperar pelo regresso de Huytwik. Todos aqui se lembram exatamente dos locais os quais irão investigar, não se lembram?

Todos se apressam a responderem com um rápido movimento positivo com a cabeça.

Ternetts: Ótimo! Uma vez que Huytwik estiver de volta, então, deveremos ir à procura dos parentes de Shinn e depois ao encontro de todos os conhecidos de vocês. Temos que formar essas equipes de busca o mais rápido possível.

Neste momento, como se pedisse autorização para se pronunciar, o Logru Shinn ergue lentamente o seu braço direito até mais ou menos a altura de sua cabeça. O líder rapidamente olha para ele.

Ternetts: Sim?

Shinn: Se me permite, senhor Ternetts, eu gostaria de lhe fazer uma pergunta.

Ternetts: Faça.

Shinn: Bem, é que... sabe, o Rattara foi ver os Logrus sobre os quais Huytwik falou e é provável que ele goste deles e, então, irá partir direto para a cidade de Roul. Quanto ao senhor Herrz, são grandes as chances também de ele gostar dos Logrus sobre os quais o senhor mesmo falou e, assim, ele deverá partir direto para o Porto Turístico. Kiu foi dividir a sua equipe com Ryumann e depois ele irá para a região central da cidade de Lunn... mas e quanto ao Ryumann? Ele tem que voltar para reunir-se com a minha equipe para que então possamos ir investigar a região oeste da cidade... se Huytwik chegar antes dele e sairmos à procura dos meus familiares, o Ryumann não irá nos encontrar aqui...

Ternetts: Hum! Não precisa se preocupar quanto ao Ryumann. As recomendações que lhe dei é que ele deveria regressar para aguardar a o seu time ficar pronto, Shinn e, então, os dois poderem partir juntos. O Ryumann já estará com a sua equipe definida, portanto, não há necessidade de que ele vá conosco, não precisamos esperar por ele. Caso chegue aqui e não encontre ninguém, ele será sábio o bastante para esperar a volta do seu time. Agora, em relação ao Huytwik, como esses Logrus novos que iremos procurar também farão parte de sua equipe... é importante que ele venha junto, por isso é que vamos esperar apenas por ele.

Shinn abaixa um pouco a sua cabeça e se apressa a falar.

Shinn: Ah, está certo, então, senhor Ternetts. Desculpe-me.

Ternetts não diz mais nada e volta a encarar a porta de entrada do Aposento de Reunião. Todos ali, apesar de respeitarem bastante o seu líder, desejam ao máximo que Huytwik regresse. De alguma forma, eles não conseguem se sentir à vontade na presença de Ternetts tão nervoso do jeito que está.

A tensão permanece por mais cinco minutos, tempo este em que Ternetts volta a passar os olhos pelo mapa, mas sem retirá-lo da mesa. Então, duas leves batidas tocam a porta pelo lado de fora. Todos os Logrus da sala se viram rapidamente. A voz do lado de fora identifica o recém-chegado.

Voz: Sou eu, Huytwik. Estou entrando...

Ele abre lentamente a porta, entra na sala, fecha-a, e se apressa a sentar na mesma cadeira em que ele estava sentado antes de sair junto com Rattara. Ternetts dirige seu olhar a ele quase que imediatamente.

Ternetts: Bem... creio que se Rattara não voltou com você, ele deve ter ficado satisfeito e já partiu rumo à cidade de Roul, certo?

Huytwik rapidamente afirma com a sua cabeça.

Huytwik: Sim, senhor Ternetts. Eu sabia que ele não iria se decepcionar. O senhor Rattara gostou bastante. É como eu havia dito anteriormente, aqueles Logrus são muito bons no que diz respeito à inteligência, são excelentes para montarem estratégias. O senhor Rattara explicou a situação toda e depois fez quase que um questionário para eles sobre quais seriam as melhores hipóteses de locais onde os Bours poderiam estar, depois sobre como seriam as melhores formas de capturá-los... enfim, ele ficou satisfeito e concordou comigo, são inteligentes mesmo.

Ternetts: Espero que suas estratégias sejam realmente boas e consigam ajudar a capturar aquele Bour fugitivo, caso ele se encontre mesmo lá na cidade de Roul.

Huytwik concorda novamente com a cabeça e, mais uma vez, o lugar fica tomado por um profundo silêncio, mas ele não dura mais do que alguns poucos segundos, sendo quebrado pela voz do líder.

Ternetts: Bem, Huytwik, deixe-me lhe dar uma rápida atualização do que discutimos aqui...

Ternetts começa então a contar a Huytwik sobre o que foi falado na reunião durante o período em que ele estivera fora mostrando os Logrus a Rattara. Huytwik, assim, fica sabendo como irão procurar os novos Logrus, começando pelos parentes de Shinn, pelos conhecidos de todos ali presentes e, por fim, caso não se chegue ao número necessário, analisando as fichas de Logrus que não são conhecidos por nenhum deles. O líder fala bem rápido e não demora nem cinco minutos para explicar tudo. Todos ficam totalmente calados, apenas ouvindo. Quando Ternetts termina, Huytwik concorda rapidamente com a cabeça.

Huytwik: Eu compreendo, senhor Ternetts. Bem, então, já que eu estou aqui... já podemos partir para vermos os tais familiares do Shinn?

Ternetts: Claro. Vamos o mais rápido possível, não podemos perder mais tempo. Creio que se Herrz também não voltou ainda, ele deve ter ficado satisfeito com os Logrus sobre os quais eu falei e já deve ter partido para o Porto Turístico... muito bem, então. Vamos indo.

Ternetts se ergue de sua cadeira, sendo imitado instantaneamente por todos os outros seis Logrus. Ambos saem rapidamente da sala e começam a se dirigir para a escadaria que dá caminho ao saguão de entrada e, conseqüentemente, à saída do castelo.

Enquanto isso, na região oeste da cidade de Roul, os dois Bours, Krink e Diell, permanecem sentados na base do grande e belo Furor, ambos olhando na direção do céu, ainda sentindo-se muito pensativos, duvidosos e preocupados. Neste momento, o coração do pequeno Diell está tomado por preocupações diversas e todas muito tristes: seus pais, a discussão que acabara de ter com o seu companheiro em relação ao Deus Raikus e também sobre o que eles dois iriam fazer dali em diante.

Desde que havia chegado até aquele local, Krink estava se sentindo bastante ofegante, cansado, e quase todas as partes de seu corpo estavam tomadas de uma intensa dor. Entretanto, neste instante, vários minutos após o término da conversa que tivera com Diell, o seu corpo já está bem melhor, ele se sente mais revigorado quanto à respiração, sem contar que a dor agora é muito mais fraca do que antes e a tonteira o abandonara completamente. Ele se vira para Diell e lhe dá um pequeno toque em seu ombro esquerdo. O jovem se vira rapidamente, como se tivesse o seu pensamento despertado, algo que acaba lhe dando um susto.

Diell: O que foi, Krink? Alguém está vindo?

Krink: Não, não, fique despreocupado, ainda estamos sozinhos aqui.

Diell: Ah, sim...

Krink: Bem, mas, sinceramente, eu acho que nós dois tivemos muita sorte de ninguém ter nos visto, exceto aqueles três Ports que eu matei.

Diell: Sim, eu também acho.

Krink: Então... eu acho melhor irmos embora agora. Já contamos demais com esta sorte.

Diell: Mas e você? Já está se sentindo melhor para continuar?

Krink: Sim, eu não estou totalmente recuperado, mas já estou me sentindo melhor. Creio que já podemos seguir.

Após dizer isto, Krink faz uma leve força com as suas pernas e mãos e então, se ergue, ficando de pé, logo em seguida, limpando o seu corpo da sujeira com apalpadas. Diell repete o mesmo movimento.

Krink: Bem, Diell, você já entendeu exatamente o que vamos fazer, certo?

Diell afirma com a cabeça.

Krink: Está bem... temos que começar então com a primeira parte do plano... capturar alguém daqui do oeste mesmo. Para isso, precisamos sair daqui desta floresta de Furors e irmos até uma zona mais próxima do Pilar do Oeste, onde há mais habitantes.

Diell: Entendi.

Krink: Mas permaneça sempre atento, entendeu, Diell? Lembre-se de que não devemos deixar que alguém nos veja. Tenha sempre bastante cuidado para não fazer algum barulho desnecessário ou coisa parecida.

Diell: Pode deixar, Krink, confia em mim, eu prometo que não vou colocar tudo a perder.

Krink dá um pequeno sorriso em seu rosto e acena com a cabeça para seu companheiro.

Krink: Vamos lá.

Diell: Sim.

Os dois então começam a avançar para frente na floresta de Furors andando rapidamente, indo numa direção oposta à qual Krink havia enfrentado os três Ports há alguns instantes. Eles vão se desviando dos Furors e do mato colorido que ia se tornando cada vez mais elevado e denso e também sempre tomando cuidado para não provocarem muitos ruídos com os seus passos. Durante o caminho, ambos não percebem nada de anormal, apenas são assustados às vezes pelo farfalhar das diversas folhagens dali, algo, por sua vez, que é provocado por uma leve brisa que abate aquele local. Olhando mais para frente, Diell consegue ver o gigantesco pilar ficando cada vez mais próximo. Cerca de uns três minutos se passam quando ruídos diferentes do farfalhar de folhas começam a invadir os seus ouvidos. Krink estica a mão na direção de Diell o que o faz parar na mesma hora.

Krink: É a cidade. Estamos a poucos metros de sairmos daqui de dentro e irmos para a zona mais próxima do pilar. Redobre a sua atenção, Diell.

O pequeno engole um seco com força. Apesar de já estarem bem próximos, ainda há muitos Furors ao redor deles, e, isto, por sua vez, os impede que vejam a cidade propriamente. Krink, então, recomeça a andar para frente, porém, desta vez, numa velocidade muito menor e pisando na ponta dos seus pés, provocando ruídos mínimos nos momentos em que toca no solo. Observando isso, Diell passa a caminhar da mesma maneira, com bastante cautela. Ambos vão avançando, ainda desviando-se dos Furors, até que, à frente, os seus olhos começam a observar um chão diferenciado: é feito de algum material cinzento, algo totalmente oposto ao solo de mato colorido em que estavam. Krink, mais uma vez, estica a sua mão na direção do jovem, indicando um sinal para que ele parasse.

Krink: Está vendo aquele chão, Diell? Deve ser ali o ponto exato em que essa floresta de Furors termina.

Diell está com uma expressão de medo e nervosismo em seu rosto. Como se fosse incapaz de dizer alguma palavra, ele concorda com um simples aceno de sua cabeça.

Krink: Escute-me, Diell. Eu vou avançar mais um pouco e observar como aquele lugar ali é... vou ver se há muitas pessoas, se há algum tipo de loja... enfim, algo que possa acabar nos denunciando. Enquanto isso, você fica aqui um pouco mais para dentro da floresta, está bem? Se formos nós dois, pode acabar havendo uma movimentação maior no matagal e isso poderá despertar a atenção de alguém se houver seres próximos por ali. Entendeu?

Diell volta a afirmar com um movimento de sua cabeça.

Diell: Sim...

Krink: Bem... eu já volto, então.

Diell, obedecendo às ordens de seu companheiro, permanece parado, apenas observando Krink se distanciar lentamente, andando agachado e pisando no chão de uma maneira ainda mais cautelosa. A saída da floresta vai se aproximando de seu olhos a cada segundo e, desta forma, o solo cinzento característico da cidade ali fora, também vai se tornando cada vez mais visível. O seu coração começa a palpitar cada vez mais rápido.

Krink (pensando): Tomara que não tenha ninguém aqui por perto da saída... mas esses ruídos, com certeza é de seres falando... droga...

Ele continua avançando até que, finalmente, chega à última parte do matagal. Agora, o Bour está quase que totalmente agachado, e coloca apenas a parte de cima de sua cabeça para fora do matagal, de forma que seus olhos pudessem observar o ambiente ali fora.

Uma gigantesca construção escurecida, bastante larga, está localizada a cerca de dez metros à sua frente. Os seus olhos vão subindo pela construção, observando-a, e Krink percebe que ela se ergue até o céu, de tal maneira, que não é possível ver o seu topo extremamente pontudo.

Krink (pensando): Incrível! Esses pilares são ainda maiores do que eu imaginava! São realmente muito grandes!

Por alguns momentos ele permanece olhando para o céu, mas, logo em seguida, como se tivesse se lembrado de alguma coisa, rapidamente abaixa a cabeça, voltando a olhar para frente.

Krink (pensando): Droga! Eu não posso ficar perdendo tempo! Preciso analisar como está a movimentação desse local.

Bem próximo às paredes da grande construção, estão cerca de quatro seres, vestindo roupas bastante estranhas: dois deles trajam um tipo de jaqueta que parece ser feita com penas, algumas amareladas e outras esverdeadas, além de uma calça vermelha que chega até o peito do pé, porém, é rasgada na base, a roupa é bastante semelhante à  que é usada por índios atualmente, faltando apenas os ornamentos pintados pelo corpo e as penas no topo da cabeça. Esses dois seres têm a cor da pele um pouco alaranjada, misturando-se com um tom que se aproxima do bege. Um deles possui cabelos espetados e pretos, enquanto que o outro, também curtos, mas escorridos e loiros.

Os outros dois possuem a pele bastante escurecida, se aproximando muito do preto, com inúmeros chifres por todo o corpo. Eles estão trajando um tipo de sobretudo amarelo bastante chamativo, não só por causa da cor, mas também pelo ornamento que existe no centro da vestimenta: uma criatura bem grande, de boca escancarada, mostrando seus dentes extremamente longos e pontudos na extremidade. Esses dois possuem cabelos bastante longos e castanhos, indo até quase o início dos calcanhares.

Krink observa os quatro seres por alguns instantes.

Krink (pensando): Que seres estranhos... eu nunca vi alguém parecido com eles, não faço idéia a que raça eles fazem parte... bem, mas isso não importa.

O Bour desvia o olhar dos quatro seres que conversam naquele lugar e começa a olhar mais uma vez todo o ambiente ao redor. Mais para a direita, numa direção atrás do grande pilar, está um conjunto de lojas, dispostas uma do lado da outra e que, por sua vez, possuem portas altas e marrons, sendo estas portas, recobertas por um tipo de marquise triangular feita do mesmo material. Alguns seres estão na frente das portas destas lojas, olhando para a direção do pilar, naturalmente, tentando observar o que estava acontecendo. O ruído agora é bastante grande, como se uma grande quantidade de seres estivessem falando ao mesmo tempo. Krink continua a olhar para o ambiente, mas não consegue identificar a fonte de tantos barulhos.

Krink (pensando): Que estranho... parece que tem tantos seres por aqui, mas onde será que eles estão? Os únicos que eu estou conseguindo visualizar são os daquelas lojas e aqueles outros quatro que estão conversando na parede do pilar, fora eles eu não estou conseguindo achar ninguém.

Krink continua olhando o ambiente até que seus olhos voltam a pousar nos quatro seres. Ele começa a modificar a sua expressão facial, encarando-os com um ar de dúvida.

Krink (pensando): Será que eles não seriam bons para... não... os disfarces deles até que seriam úteis, mas... seria bom achar algum tipo de roupa para usar na cabeça, seria ótimo para que nós pudéssemos disfarçar os nossos rostos. É melhor eu procurar outros.

Ele começa a mexer mais a sua cabeça, levantando-a um pouco e dirigindo-a mais para frente, porém, com bastante cuidado, mexendo seus olhos rapidamente de um lado para o outro para observar se alguém olha para ele, mas ninguém o faz: aquela zona próxima à saída da floresta dos Furors não tem nenhum ser, os mais próximos são apenas aqueles quatro. Seus olhos agora permanecem se mexendo, mas bem lentamente, tentando analisar de onde vem a fonte de ruídos. Não demora muito tempo até que ele consegue fazer isso: o seu olhar pousa numa direção mais à diagonal esquerda, onde ele vê uma pequena escadaria saindo do pilar e, sobre ela, uma grande quantidade de seres, porém, não consegue identificar quais são as suas raças. Krink permanece olhando por mais alguns segundos, franzindo ligeiramente os seus olhos e, depois, dirige o seu rosto novamente para os quatro seres. Ele chega a uma conclusão.

Krink (pensando): É isso! Eu estou de frente para a lateral do pilar... a entrada dele é mais ali para a esquerda... por isso que tem tão poucos seres aqui, todos estão concentrados lá na entrada. Droga... mas são muitos, o que é que eu faço? Não posso simplesmente chegar ali e capturar dois deles, iria chamar muita atenção... é bom ter vários seres porque assim fica mais difícil eles perceberem o sumiço de apenas dois, mas depende também da situação... isso só vale se eles ficarem mais ou menos dispersos uns dos outros, mas ficando todos juntos assim, com certeza vai complicar! Droga!

Nisto, os quatro seres continuam conversando entre si, até que chega um momento em que seus ouvidos, bem como os ouvidos de Krink, são invadidos por uma voz bem alta que o Bour consegue perceber que vem lá da entrada do pilar. Ele mexe a sua cabeça rapidamente, olhando mais uma vez naquela direção.

Voz: Muito bem, muito bem, vamos continuar com a nossa excursão! Já nos registramos com os Ghaands, agora vamos seguir em frente! Lembrem-se, a cidade de Roul é maravilhosa, portanto, ainda temos muitos pontos turísticos para conhecermos! Vamos indo, vamos indo!

O ser que fala, ligeiramente gordo, baixinho, com a pele bem amarela, totalmente careca e orelhas extremamente pontudas, está de pé no topo da pequena escadaria que dá entrada à uma imponente porta cinzenta, bastante larga e alta. Em seu topo, estão marcados com a cor dourada os dizeres “Pilar do Oeste de Roul: Conselho dos Ghaands”. À frente desta escadaria, ocupando também boa parte dela, está mais uma grande quantidade de seres, muito grande mesmo e dos mais variados tipos: roupas e mais roupas diferenciadas, várias cores de pele, tamanhos, formatos de corpo, enfim, se torna claro que há ali seres de raças muito diferentes umas das outras. Entretanto, esta cena não consegue ser vista com muita clareza por Krink, que não está ali e apenas vê tudo em diagonal, e um pouco mais para trás.

Logo que ouvem a voz do tal ser baixinho e gordo, os quatro seres param de conversar, e, então, um dos que veste a tal jaqueta que parece ser feita de penas, fala aos outros.

Ser: Pessoal, parece que já vão retomar a excursão. Vamos indo, nós não queremos nos atrasar... eu estou muito a fim de conhecer Roul, sempre ouvi coisas maravilhosas sobre esta cidade!

Os outros três seres apenas concordam com a cabeça e começam a contornar a parede da torre, indo lentamente para a esquerda, na direção da entrada. Krink os observa com os olhos franzidos.

Krink (pensando): Então é isso... há uma excursão de turistas aqui! Será extremamente complicado... eu poderia esperar eles começarem a ir embora e, como tem muitos seres, seria fácil pegar aqueles que ficassem por último, lá para trás, os demais dificilmente iriam perceber... entretanto... se eu for rápido lá para a entrada depois que eles começarem a sair, eu não terei certeza se haverá mais alguém lá... é provável de ter guardas ou até outros tipos de seres que não fazem parte da excursão. Assim, eu vou acabar me revelando. Então... eu acho que não vai ter outro jeito!

Krink continua observando os quatro seres que permancem caminhando lentamente. Ele mexe a sua cabeça um pouco mais para a direita e olha para os vendedores das lojas que, agora, já não estão mais tão atentos ao pilar e sim conversando uns com os outros. Isto, por sua vez, acontece devido às últimas palavras do ser gordinho, afinal os vendedores também estavam curiosos para saber o que significava toda aquela movimentação na frente do pilar e, uma vez sabendo que se tratava de uma excursão, começaram a conversar. O Bour se volta uma vez mais para os quatro seres.

Krink (pensando): Os vendedores não estão mais prestando atenção... vai ter que ser agora!

Em uma velocidade extremamente rápida, Krink usa suas duas mãos para afastar o matagal que cobria a parte da frente de seu corpo e, logo em seguida, começa a correr na direção da parede do pilar, encarando fixamente com os olhos os quatro seres. Não se passam nem cinco segundos até que fique bem próximo desses quatro, que, por sua vez, apenas neste momento é que percebem a presença de alguém vindo em sua direção. Todos eles fazem uma expressão de susto.

Um dos seres com sobretudo amarelo: Mas o que é isso?!

Não há tempo para mais nada: Krink rapidamente desfere um poderoso soco no centro da barriga deste ser que falou e, como conseqüência deste golpe, uma grande quantidade de sangue sai de sua boca, além de um alto ruído de dor. Ele cai fortemente de joelhos no chão e, em menos de um segundo depois, os outros três assumem uma postura de combate e começam a direcionar socos na direção de Krink, mas, este age em uma velocidade ainda maior, golpeando dois dos seres restantes com cotoveladas no rosto, o que os faz caírem para trás, fortemente de costas ao chão e então, sobra apenas um que, ao ver os rápidos golpes do Bour, detém o seu próprio ataque, ficando parado, completamente surpreso com aquilo que acabara de presenciar. Krink parte para cima dele, mas, ao perceber a expressão de susto e medo em seu rosto, ele pára e apenas fica olhando para o ser com um leve sorriso malicioso em seu rosto.

Krink: É esperto! Percebeu que não vale à pena lutar contra mim, certo?

É como se Krink já soubesse o que o ser está pretendendo fazer: ele se vira de costas rapidamente, com a intenção de sair correndo na direção dos demais seres da excursão, mas, quando dá apenas um passo, Krink pega-o pelas costas da jaqueta com a sua mão esquerda, paralisando-o.

Krink: Acabou pra você!

O ser começa a abrir a boca a fim de soltar um grito de socorro, mas é uma atitude completamente inútil, já que não há tempo: Krink desfere, com a sua mão direita, um fortíssimo soco na nuca do ser, que, devido ao poderoso impacto do golpe, cospe uma quantidade absurda de sangue e então cai, completamente inconsciente, de cara no chão, ao lado dos seus outros três companheiros.

Krink observa os quatro seres caídos por poucos instantes até que volta a mexer a sua cabeça rapidamente para os lados. Não vê absolutamente ninguém, apenas os vendedores das lojas ao longe, que continuam conversando entre si. Ele olha mais uma vez para a esquerda, mas vê uma leve sombra se aproximando: alguém está vindo lá da entrada do pilar.

O Bour arregala os olhos, sente o seu coração palpitar, mas rapidamente volta a si. Ele se abaixa, em uma grande velocidade, empilha os quatro seres violentamente uns sobre os outros e, logo em seguida, os apanha com as duas mãos, começando a correr extremamente rápido de volta para a entrada de floresta de Furors. Em cerca de três segundos, ele termina o caminho, ficando mais uma vez escondido dentro do matagal, no exato momento em que dois seres chegam naquele local: um com cabelos azuis bastante longos, uma pele verde-escura e três olhos mais ou menos na altura da testa, enquanto que o outro é marrom, ligeiramente musculoso, com cabelos cor de violeta e extremamente curtos, tão curtos que alguém que o visse de longe poderia confundi-lo com um careca.

Krink fica observando-os por trás do alto matagal e percebe que os dois seres ficam parados ali por um instante.

Eles dois se olham, até que o de pele verde começa a falar.

Ser verde: Escuta, onde é que estão Rykhu e os outros? Eu tenho certeza de que eles tinham vindo para cá antes...

O musculoso se apressa a responder.

Ser musculoso: Bem, tinha tantos seres que talvez eles tenham voltado e nós nem notamos... de qualquer maneira, se não estão aqui, só podem estar na excursão! Vamos, se não iremos ficar para trás!

O seu companheiro esverdeado afirma rapidamente com a cabeça e então os dois dão meia volta e seguem para a entrada do pilar, a fim de alcançarem os demais seres da excursão. Krink observara a cena bastante apreensivo e nervoso, mas agora, se sente bem mais aliviado e, por causa disso, solta um leve suspiro.

Krink (pensando): Puxa, ainda bem... fiquei com medo de que eles dois percebessem o sangue que esses quatro cuspiram no chão quando eu os derrotei... eu tive sorte, ainda bem mesmo que os seres dessa excursão são bastante desatentos...

Krink olha de lado para os quatro empilhados às suas costas.

Krink (pensando): Dá pra perceber isso só analisando as atitudes desses quatro aqui... demoraram tanto até perceber que eu estava indo na direção deles...

A atenção do Bour é, neste momento, despertada por um ruído vindo de suas costas. É um barulho semelhante a um baixo grito. Ele se vira rapidamente e vê o seu pequeno amigo Diell, com as duas mãos tapando a sua boca, seus olhos fixos nos quatro seres caídos.

Diell: Quatro... quatro! Você matou quatro deles, Krink?!

O Bour deixa de ficar agachado, erguendo-se e ficando de pé, começando então a caminhar na direção de Diell. Ao chegar nele, coloca as suas mãos sobre os seus ombros e flexiona ligeiramente os seus joelhos a fim de deixar o seu rosto bem próximo ao do jovem.

Krink: Vamos lá, Diell! Nós já tínhamos conversado sobre esse assunto! Precisamos acabar com esses quatro!

Diell: Bem, então... eles ainda não estão mortos?

Krink dirige rapidamente o seu olhar para os quatro e fica observando-os por alguns poucos segundos, mas depois disso, volta a encarar o rosto de Diell.

Krink: Sinceramente, eu não sei, mas isso não faz diferença, porque eles me viram, então... se não estiverem mortos, eu terei que assassiná-los!

Incontrolavelmente, Diell abaixa a sua cabeça e fica encarando o chão por alguns momentos. Podia até parecer bobagem para qualquer outro tipo de ser, mas, para Diell, cada um que era morto para que ele mesmo pudesse sobreviver, causava uma dor enorme dentro de si, um tipo de sofrimento com bastante agonia. Entretanto, em consideração a Krink, ele permanece apenas de cabeça abaixada e controla as lágrimas que querem sair de seus olhos.

Krink: Bem... eu ainda tenho um trabalho a fazer, Diell... é arriscado deixar esses quatro aqui... eu acho melhor esquartejar os seus corpos e espalhar as partes pelas áreas aqui da floresta de Furors, assim é difícil que alguém, algum dia, volte a encontrá-los!

Diell arregala os olhos, mas ainda de cabeça baixa: como que Krink conseguia falar algo assim com tanta naturalidade em sua voz?

Entretanto, o pequeno Bour se controla mais uma vez, e, logo depois, direciona o seu rosto para o de Krink.

Diell: E os disfarces, Krink? Eles... serão bons para nós?

Krink: Não são perfeitos, gostaria de achar algo para colocarmos sobre a nossa cabeça para ocultarmos de alguma forma os nossos rostos, porém, eles não têm um item assim... mas não se preocupe... eu tenho uma idéia.

Krink, ao falar isso, dá dois leves tapas sobre os ombros do jovem e lhe dá um pequeno sorriso, mas Diell não consegue retribuí-lo: ele apenas acena positivamente com a cabeça e volta a abaixar o seu rosto, afinal, para ele, naquele momento, não há nenhum motivo para sorrir.

Krink então se ergue, voltando a ficar de pé e começa a caminhar na direção dos quatro seres caídos.

  

       

     

             


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!