Crônicas Lunares escrita por no-chan


Capítulo 7
Cap. 2 Estranha Lua Cheia (parte III)


Notas iniciais do capítulo

Meninas, mil desculpas por ter sumido!!
Eu sei que não há perdão, mas eu peço desculpas mesmo assim!!
Eu estava tão fora do ar que nem no Nyah eu estava entrando, mas hj eu levei um tuco da Filha de Perséfone!! hahahaah Um tuco atrasado, pq a MP foi do dia 03!
Mas sim, esse capítulo é para todas vocês que me cobram por MP viu. Não fazem ideia como fico grata por ainda acreditarem em mim.
Muito obrigado mesmo!
Falo mais lá em baixo.



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Astérion abraçava a pequena ninfa com todo o carinho que seu coração podia demonstrar em seus braços. Sua filha! Essa linda garotinha de cabelos platinados era sua filha! Como Hécate pôde esconder isso dele?!

Ele a olhou novamente apertando a flor de cinco pétalas na mão. Não tinha dúvidas que era verdade. Ao olhar fundo nos olhos daquela criança ele pôde ver o mesmo brilho estrelado que sempre esteve presente nos olhos de sua amada deusa, assim como aquela pele alva tinha a mesma emanação sobrenatural que a macia pele de Hécate possuía. Ainda por cima, quase que apagada na pele alva, uma marca prateada na forma de uma lua crescente estava estampada em sua testa.

Não havia dúvida que Nephelle era descendente de Hécate, mas aquele cabelo platinado não poderia vir dela. Um cabelo loiro tão claro que parecia incolor... a mesma cor que vinha acompanhando a linhagem da família real de Creta a tantas gerações. Por Zeus... Creta acabara de ganhar uma herdeira da noite para o dia!

Nephelle estava tão feliz no abraço de seu pai que esqueceu completamente o mundo ao seu redor. Era tão aconchegante o abraço desse humano, tão quente e convidativo! Por um segundo, a dor de ter que deixar o submundo sumiu por completo e ela se sentiu em um lar.

“Astérion! O que está acontecendo aqui?!”

Nephelle sentiu seu pai exaltar-se no susto e olhar para as portas do quarto de onde uma senhora elegante lhe dirigia um olhar inquisitivo. Uma mulher bonita para a idade, com longos cabelos loiros entrançados cuidadosamente até a cintura e uma túnica azul celeste admirável. A senhora lhe parecia familiar... seu rosto parecia com...

“Minha mãe!” disse seu pai com certa incerteza e se levantou da cama fazendo um sinal para Letha que ainda se mantinha ao lado da cama. “O que posso fazer pela senhora?”

“Não me venha com distrações, Astérion!” cortou a mulher, que agora sabia ser sua avó, com rispidez “Quem é essa criança?!”

Vendo a fúria da rainha aumentar, Letha rapidamente deu a volta na cama e pegou Nephelle no colo que se aconchegou em seus braços sem tirar os olhos da cena. As demais servas estavam paralisadas enquanto o príncipe parecia realmente hesitar em responder a pergunta feita. Também pudera! Como explicaria à rainha, defensora da linhagem pura, que o príncipe herdeiro tinha uma filha com... deus sabe lá quem! “Oh, Astérion, você está com problemas...” pensou Letha receosa.

“Mamãe... é complicado explicar agora. Porque não conversamos depois?” disse o príncipe tentando amenizar os ânimos. Tinha gente demais naquele quarto, não conseguiria explicar sobre Hécate sem parecer um louco! Oh, maldita Hécate! Ela iria pagar caro por isso!

“Não pretendo esperar uma resposta, Astérion! Eu quero saber quem é essa criança e porque você a estava abraçando!” gritou a mulher muito irritada encarando Letha e Nephelle. “Isso não é apropriado para um príncipe herdeiro. Boatos podem ser criados com menos do que isso, quanto mais acolher uma pirralha encontrada na floresta!”

“Mamãe!”

“Eu não sou uma pirralha!” gritou a pequena ninfa se desvencilhando dos braços de Letha, que a encarava assustada, e ficando de pé na cama com segurança e altivez. “Meu nome é Nephelle, a ninfa da noite. Sou a terceira filha de Hécate, a deusa da magia e não permitirei que me trade dessa forma!”

Letha sentiu seu sangue gelar. Aquela menina, aquela criança tinha acabado de gritar com a rainha de Creta! E ainda dizendo loucuras! A serva olhou para o príncipe com receio e o que viu lhe assustou ainda mais. Astérion parecia assustado com a intervenção, mas um sorriso divertido tomou seus lábios ao olhar a menina, assim como um brilho alegre em seus olhos. “Mas o que está acontecendo aqui?”

“O que você disse, menina?!”

“Mãe, não!” Astérion segurou a rainha antes que ela avançasse em Nephelle, o que pareceu deixá-la ainda mais furiosa. “Espere, mãe, me escute.”

“Escutar você?! Essa pirralha acabou de me afrontar e você espera que eu não lhe dê uma lição?!”

“Não a chame assim...” murmurou o príncipe tentando se controlar.

“Eu a chamo como bem entender! No mínimo é alguma bastarda abandonada que...”

“ELA É MINHA FILHA!”

O silêncio se instalou no quarto novamente. Astérion respirava fundo tentando controlar a raiva que se apoderava de seu corpo. A rainha estava estática. Pasma e paralisada a sua frente. Ele então soltou seus pulsos e virou-se respirando fundo para as demais servas. Com um simples movimento todas entenderam a ordem para se retirarem e não esperaram nem um segundo a mais. Letha foi a única que permaneceu e tocou os ombros de Nephelle protetoramente.

“A alguns anos atrás, eu acampava na floresta todas as luas crescentes, a senhora se lembra disso?” murmurou o príncipe ainda se recompondo e a mulher apenas meneou a cabeça. “Pois bem... durante esse meio tempo eu conheci Hécate...”

“Que povo barulhento! Porque não me deixam dormir?!”

Nephelle virou a cabeça de repente para Letha. A serva permanecia calada olhando receosa para seu pai e a mulher enquanto este lhe contava como conhecera sua mãe. A história seria interessante se ela mesma não estivesse escutando coisas!

“Então esse é seu pai? Não parece grande coisa.”

Nephelle tapou os ouvidos de uma vez. Aquela voz vinha de sua cabeça! Mas não bem dela. Parecia sentir de onde vinha, mas que resoava em sua mente. Olhou em volta assustada seguindo a onda de sensações e logo deu de cara com dois olhos prateados assim como os seus. Foi quando percebeu a quem os olhos pertenciam. “Sérpico?!”

“Eu?” O pequeno gato negro a olhava da almofada não muito distante. Ela conseguiu sentir irritação e confusão vindas dele... Espera. Vindo dele? Como ela poderia estar sentindo isso? Ou o ouvindo? “O que está acontecendo aqui? Não to entendendo nada!”

Nephelle estava confusa. Um novo pensamento parecia surgir do nada em sua mente numa voz que ela não conhecia. Sérpico estava ali, do mesmo modo que se lembrava, a não ser pelos olhos prateados que costumavam ser amarelos até... “Prateados? Tá brincando!” O fluxo de pensamentos logo estavam fluindo de um para o outro rápido demais. Perguntas, sentimentos e então... imagens. Nephelle se viu como Sérpico em frente a Cérberus e então desmaiando ao alçar voo com Hermes. Lembranças dele, não dela! Confuso demais!

Tonta, a ninfa sentiu seu corpo fraquejar novamente. Os braços de Letha sendo seu único apoio. “Onde está seu colar?” A voz de Sérpico, ou achava que fosse, lhe perguntou. Ela pôs a mão no pescoço em busca do presente de Perséfone, mas não estava lá! Podia sentir algo quente rodear seu pescoço, mas nada que pudesse tocar. “Presente de deuses! Hunf. Você tem que aprender a não aceitá-los!” “O que quer dizer com isso?”

“NÃO!” o grito de Letha ecoou no quarto! Nephelle logo viu a serva jogada sobre a cama com uma marca vermelha no rosto e olhos assustados. A mulher que a pouco ouvia a história de seu pai agora estava a sua frente. Louca e furiosa! E parecia ter jogado Letha longe quando tentou impedi-la de se aproximar.

“Espera que eu acredite que essa pirralha é sua filha e que ainda por cima é uma semi-deusa?!” gritou a rainha para Astérion que se apressou em acudir Letha.

“Sim, é isso que espero que aceite.” disse ele e era possível sentir a raiva contida em sua voz.

“Não seja ridículo! Essa menina no mínimo deve ser filha dessa serva e você me vem inventar histórias mitológicas para que eu não mande matar as duas!” gritou a rainha e Astérion a olhou horrorizado. A rainha segurou o braço de Nephelle com força e praticamente a arrastou da cama até uma mesa próxima as cortinas onde algumas cartas estavam esparramadas. “Vamos ver até onde essa pirralha tem coragem de dizer que é filha de uma deusa!”

“MAMÃE!”

Nephelle olhou a rainha assustada. Ela segurava uma espécie de punhal parecido com o que sua mãe usava para seus rituais de sacrifícios. Fino, pontiagudo e mortal! O objeto metálico veio na direção de seu coração quando um chiado agudo soou e um sentimento beirando ao ódio chegou a sua mente. “Não toque nela!” Em instantes, Sérpico estava lá! Com as presas enfiadas na mão da rainha e as garras rasgando seu pulso.

“Ah! Gato maldito!” gritou ela soltando o braço de Nephelle e tentando retirar o gato de sua mão. Nephelle sentiu um gosto de ferro na boca e logo uma dor aguda no rosto. Sangue. A rainha raspara o punhal no focinho de Sérpico! A dor dele voou para ela, e a raiva também!

O quarto ficou escuro de repente. As poucas velas que iluminavam o local pareceram se encolher com a escuridão que emanou das sombras. Sérpico soltou a mão da rainha de uma vez e logo correu para detrás da ninfa que mantinha a cabeça baixa. Astérion sentiu o corpo paralisar assim como Letha. Aquela presença... Não. Não era Hécate. Então o quê...

A rainha virou-se para Nephelle novamente e foi em sua direção sem hesitar. Astérion correu para se colocar no meio das duas, mas... não precisou. As sombras se moveram sozinhas. Nephelle abriu os olhos agora negros e todas as sombras se moveram como uma só. Logo os braços e pernas da rainha estavam amarados por filamentos de trevas e seu corpo foi suspenso no ar!

“Ahhhh!! Astéron! Socorro!” gritou a rainha desesperada.

Letha sentiu as forças do corpo se esvaírem e desabou no chão. Astérion se aproximou receoso e olhou Nephelle. Seus olhos brilhavam como o céu estrelado durante a noite sombria Sim... exatamente como a mãe.

“Faça alguma coisa, Astérion!”

O príncipe de Creta olhou a rainha com frieza. Voltou-se para Nephelle e segurou o rosto da filha com carinho onde um pequeno corte sangrava. A ninfa moveu o rosto contra a palma de sua mão e fechou os olhos.

“Está tudo bem agora, Nephelle. Não vou deixar que ela a machuque. Pode soltá-la.” disse ele com uma voz sedosa e instantaneamente os filamentos sumiram e a rainha foi ao chão. O quarto voltou a luz natural e Nephelle abriu os olhos novamente prateados agora.

“Papai...” murmurou ela se aconchegando em seus braços.

“Uma aberração. Essa menina é uma aberração! Você precisa matá-la!” disse a rainha recuando até as cortinas da varanda.

Astérion se ergueu com Nephelle no colo e encarou a rainha por alguns segundos até falar novamente. Frio e ameaçador.

“Se Nephelle tivesse morrido agora, eu mesmo mataria a senhora, minha mãe. Nunca mais ouse levantar a mão contra minha filha ou juro, por Zeus, que não serei tão complacente como agora.” disse ele e se aproximou fazendo recuar ainda mais atordoada. “Avise a nobreza que amanhã será a minha coroação.”

“Não pode... ser rei... sem se casar.” gaguejou ela.

“Eis a primeira mudança que ocorrerá a partir de agora. Saia!”

A rainha não esperou uma segunda ordem. Recuou um pouco mais e logo abriu as cortinas se retirando as pressas do quarto pela varanda mesmo. Ele conseguiu ver o sol descendo no horizonte enquanto os últimos raios de sol lhe tocavam. Como no dia anterior, mas agora com sua filha nos braços.

“AAAHHHHH!!!”

“Nephelle?!” O grito da ninfa ecoou dolorido. Ela se encolhia e tentava se proteger de algo invisível. “Nephelle o que houve?! Letha!”

“A luz do sol, senhor! Tire ela da luz!” gritou a serva correndo para as cortinas e as fechando rapidamente. Nephelle se calou assim que a escuridão tomou o quarto. Era possível ver sua pele avermelhada e seus olhos arderem logo derramando lágrimas.

“O que foi isso?” murmurou Astérion assustado.

“Oh, pelos deuses. Agora eu entendo.” disse a serva pegando Nephelle e colocando na cama e cobrindo-a. “Mais cedo tentamos abrir as cortinas para ventilar e ela reagiu exatamente assim. Gritou enquanto dormia e sua pele criou pequenas bolhas vermelhas. Mas tudo sumiu quando fechamos tudo.”

Astérion se aproximou assustado. Realmente, nunca havia encontrado Hécate a luz do dia, mas isso nunca lhe passou pela cabeça! A luz do sol... Oh, pobre Nephelle. Como Hécate podia ser cruel o suficiente para mandá-la para esse mundo de luz?!

“Mestre Hades me avisou...” murmurou Nephelle. Os olhos cheios de lágrimas e um pequeno fungado.

“Hades? O rei do mundo inferior? Por acaso você...”

“Letha. Depois.” Cortou o príncipe delicadamente. “Vá cuidar do seu rosto, eu ficarei com ela.”

“Astérion, eu não quis...”

“Eu sei, só vá.”

Letha acenou com a cabeça envergonhada. Não queria ter ficado tão assustada daquela forma! Droga! Essa menina precisaria de toda a ajuda possível e Astérion também. Ela queria ajudá-los, mas não podia fazer nada agora. Saiu cabisbaixa e em silêncio.

“Você está bem, querida?” perguntou Astérion carinhosamente e Nephelle apenas confirmou com a cabeça. Sentiu um roçar em suas pernas e percebeu Sérpico tentando chamar sua atenção. O pobre gatinho tinha um corte exatamente no mesmo lugar que sua filha. Estranho. “Sabe, eu nunca vi um animal tão corajoso. Você tem sorte de tê-lo como guarda costas.”

“Ta vendo! Ouça seu pai!” Nephelle riu com o pensamento de Sérico que logo era colocado em seus braços por Astérion. O príncipe tratou o corte dos dois com cuidado e logo os aconchegou na cama apagando algumas velas. Em seguida deitou ao lado dela e começou acariciar seu cabelo.

“Vovó me odeia.” murmurou ela fazendo-o parar de repente.

“Não. Ela não odeia você. Ela só odeia não ter o controle sobre tudo. Não se preocupe. Ela vai entender com o tempo.” disse um pouco tenso, mas parecia acreditar no que dizia. Nephelle hesitou. “O que foi? Algum problema?”

“Não, é que... Por que a enfrentou por mim? Ela é sua mãe, papai. O senhor mal me conhece e eu já percebi que já vou trazer problemas.”

“Eu já amo você, Nephelle. É por isso.” disse ele simplesmente e quando ela foi questionar e ele a interrompeu. “Acho que eu sempre quis isso, uma família com sua mãe... Pena que ela não me amou tanto quanto achei que amasse.”

“Ela...”

“Shiiii. Está tudo bem. Descanse agora. Eu vou ficar aqui.” murmurou ele e voltou a acariciar seu cabelo cantarolando uma música que sua mãe costumava cantar quando ela era pequena. O corte no rosto ardia um pouco, mas não tanto como sua pele havia ardido na luz. Em segundos... estava dormindo.

Astérion viu a criança adormecer e um sorriso paterno espalhou-se em seu rosto. Ela era linda! Sua filha era linda! E poderosa como a mãe. Hécate... Ficou ali por mais algumas horas remoendo o que havia acontecido. De repente, sentiu o quarto ficar mais frio e uma névoa fina se espalhar sobre ele. Não sentiu medo, não costumava sentir medo da escuridão a anos. A única coisa que sentiu foi mágoa. O mesmo cheiro que tanto amava logo chegou a suas narinas. Um cheiro que não sentia a mais de seis anos.

“Hécate” murmurou ele olhando para a porta das varandas onde a luz da lua iluminava um vulto de longos cabelos negros.

“A quanto tempo, Astérion.”




Continua....


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Notas finais do capítulo

Pois bem... é, não acabou ainda. Foi mal. Peguei o que consegui escrever e escrevi um pouco mais, mas ainda não deu pra passar tudo.^^ Mas já arranjei uma escrava para digitar o capítulo três então estamos salvas!! hahahaha
Mas sim, o que acharam? Espero que tenham gostado! Esse capítulo foi bem tenso de escrever! Odeio a mãe do Astérion por sinal!
E sim!!! Estou formada.^^ Mais uma advogada no mundo!! Como se o inferno já não estivesse cheio!!! hahahahaahahahah Obrigado por me esperarem!! BjS!!!