A Mulher da Casa escrita por sisfics


Capítulo 9
Capítulo Oito: Virando o Jogo. pt 2




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Isabella Pov

- Hey, Bells, chegamos. Quer fazer companhia para nós duas? - Alice entrou pela porta do meu quarto com um de seus grandes sorrisos, mas que logo murchou ao me ver - O que aconteceu?

Veio se sentar ao meu lado na cama, passou seu braço pelo meu ombro e segurou meu queixo.

- Vim aqui te convidar para ficar comigo e Rose na sala, mas já vi que é melhor nós duas passarmos um tempinho aqui com você. O que houve dessa vez?

- Nada demais, Allie. Não precisa se preocupar, eu só quero ficar um pouquinho sozinha.

- Ah, sem mentiras para mim. Sua cara está péssima.

- Obrigada. - soltamos uma risada fraca.

Rose também entrou pelo quarto, já devia estar ouvindo a conversa do corredor, então também se sentou e abriu bem os ouvidos.

- Não precisamos ter segredos entre nós. Se alguma coisa está te chateando, pode nos contar, podemos ajudar, ou simplesmente ser um ombro amigo. - sorri, mas de forma triste.

No fundo, queria mesmo desabafar, mas tocar naquele assunto parecia tão estranho. Mordi o lábio e deixei uma lágrima escapar quando me lembrei do seu beijo. A voz dura e amarga de Edward ecoando em meus ossos me expulsando de seu quarto. Eu não conseuia confiar nele, era esse o ponto.

- Vou contar o que aconteceu, mas vocês prometem não me julgar?

- Jamais faríamos isso. - Rose respondeu.

- Tudo bem. Er, estou assim porque briguei com Edward. - elas se enteolharam demonstrando ódio antes mesmo de saber o que tinha feito comigo - Mas acho que a culpa foi minha porque... - sequei mais uma lágrima - Porque eu deixei que ele me beijasse.

Alice imediatamente se ajeitou ficando mais perto e Rose enrugou o cenho talvez pensando ter ouvido errado. As duas ficaram em silêncio um tempo, se entreolhando, gaguejando por não saber o que perguntar, então Rose sacudiu as mãos e tomou coragem.

- Você disse 'beijar'? - assenti - Vocês se beijaram?

- Ontem à noite e hoje pela manhã também.

- Mas como foi? E porque?

- Bem, quando cheguei daquele jeito no Adam aquele dia, não quis dizer o porquê, mas é que eu estava sentindo muita falta da minha família e chorei muito na casa dos Cullen, acho que um pouco balançada com a história do aniversário da Rennesme, vocês sabem como me apeguei a ela. - assentiram sorrindo levemente como um apoio e um estímulo para continuar.

Eu era a pessoa mais canalha da face da Terra por estar mentindo tão descaradamente. Rose e Alice não mereciam, por isso prometi a mim mesma que logo contaria a verdade sobre minha história.

- E então? - Rose chamou.

- Bem, estava saindo da mansão, quando num momento de loucura fui até o quarto de Edward e o implorei para que devolvesse a foto do meu irmão que estava na minha carteira. Ontem, segunda, quando cheguei para trabalhar, aproveitei para fazer uma espécie de festinha para Nessie. Fiz uns bolos, suco. Edward chegou e me encontrou na cozinha, disse que queria falar comigo, mas Nessie voltou da escola e interrompeu. Nós cantamos aquele parabéns atrasado, comemos e teve uma guerra de comida. - ri lembrando da situação - Mas, bem, terminei no chão com Edward sobre mim. Ele percebeu a situação constrangedora e me soltou. Corri para o meu quarto, ele arrumou a cozinha e deixou a foto em cima da mesa. Então, a noite precisava respirar um pouco e fui até o deque. Ele foi atrás de mim, disse que queria me pedir desculpas por tudo que já fez comigo.

- Desculpas? - Alice interrompeu assustada.

Rose a empurrou para que me deixasse terminar.

- Essa também foi minha reação, Allie. Estávamos próximos demais, não estava pensando direito e quando dei conta já estávamos nos beijando. Ficamos assim por muito tempo até que me dei conta de que só podia ser uma armação ou então uma forma de cobrar o favorzinho de ter devolvido a foto de Willian.

- Você fugiu? - assenti - E hoje de manhã?

Fechei os olhos e suspirei lembrando da sensação de seus lábios no meu pescoço.

- Aproveitei que não estava em casa e fui guardar umas roupas no quarto, mas ele chegou e me prendeu. Meninas, Edward disse que não quer que eu vá embora daquela casa, que não queria ter me feito pensar que o beijo de antes fosse uma brincadeira, e disse que estava cansado de jogar comigo e não o faria mais. E, antes de me beijar de novo, completou dizendo que não conseguia mais se afastar.

- Ele disse isso? - perguntaram juntas.

- Disse. Meu Deus, ele disse. Mas quando nos afastamos, respondi que não podia, que não o queria e ele me expulsou do quarto tão frio que... - me abracei engolindo as palavras.

Houve um silêncio imprenetável por alguns minutos, não encarei nenhuma das duas, pelo menos não até estar quase sufocada e me remexer.

- Então, pelo amor de Deus, nenhum conselho?

- Isso pegou a gente um pouco de surpresa. Poxa, jamais pensei que Edward fosse reagir assim à você.

- Jamais pensei que ele tivesse coração. - Rose sussurrou e ganhou um olhar repreensivo de Alice - O que foi? É verdade. O modo como ele sempre agiu, digo desde pequeno, desde que nós o conhecemos. Emmett mesmo já me disse que ele é assim com todos menos a irmã mais nova, então porque com Bella seria diferente?

- É por isso que fugi. Porque eu sei que é mentira.

- Não acredita que as pessoas possam mudar?

- Não de uma hora para outra, Alice. Não de uma hora para outra.

- O bom nessa história é que tem a foto do seu irmão de volta. Acredita que ele vá te deixar em paz?

- Não sei. - deixei mais uma lágrima cair e rapidamente a sequei.

Alice me olhou curiosa e tocou a mancha seca na minha bochecha

- Er, Bella, porque disse aquilo?

- O que?

- Que não o quer.

- Porque é a verdade.

- Se é, porque chora?

Não pude responder, pois não sabia a resposta. Eu não estava chorando por Willian, nem por medo, afinal nunca tive medo de Edward, sempre soube que qualquer que fosse a brincadeira eu suportaria. Então, porque me sentia assim?

Uns dias depois

- Oi, Bells. - Rennesme parou ao meu lado e encostou a cabeça na minha perna.

- Oi pequena. Cansada?

- Com fome. Tem biscoito?

- Já vou pegar. - terminei de secar o prato e o guardei no armário.

Atravessei a cozinha para buscar o pote de biscoito e lhe dei um.

- Mas só?

- Antes de jantar, só. - fez uma careta - Como foi a escola hoje?

- Chata. Minha professora estava doente. - deu uma mordida e parou para prestar atenção em meu rosto - Vo-che também estar?

- Não fale de boca cheia, Rennesme. Porque acha que estou doente? - engoliu de uma vez.

- Está com cara de cansada. Sabe o que seria uma ótima maneira de melhorar? Um bom passeio comigo. O parque de diversões foi tão bom, Bella. Você nunca foi a um, venha comigo e papai agora no final de semana. Por favor? - piscou seus longos cílios.

- Não, garotinha. Seu pai trabalha demais para ficar me arrastando de cidade em cidade. Estou bem.

- Mas quero que vá comigo. Que se divirta também.

- Eu me divirto.

- Quando? - apoiou a mão nos quadris e bufou.

- Quando vejo crianças abusadas agindo como gente grande. E agora, que tal banho e trabalhos de casa?

- Concordo com as duas. - Carlisle entrou na sala me surpreendendo pelo horário.

- Doutor? Boa tarde.

- Boa tarde, Bells. - pegou sua filha no colo - Sabe acho mesmo você precisa de um descanso e também que um certo alguém aqui deve deixar de ser tão intrometida. - Nessie gargalhou ao ganhar cócegas - Fica a seu critério. Se quiser ir conosco, vou levar Nessie de novo lá amanhã.

- Tudo bem, doutor.

- Agora, deixe que eu cuido dessa nanica.

Os dois se retiraram, voltando apenas para o jantar. No meio da refeição, Carlisle se levantou e foi até o quarto de Edward para pedir que se juntasse a eles na mesa, mas voltou sozinho. E tinha sido assim todos os dias desde o beijo. Eu me sentia confortável, pelo menos era melhor do que o constrangimento. Ainda assim havia algo errado. E era dentro de mim.

No dia seguinte de manhã, fiz meus trabalhos usuais e pouco depois do almoço já podia descansar. Voltei para meu quarto, busquei o celular que piscava sobre a cômoda com uma mensagem e a li. Era de Alice perguntando se voltaria para o apartamento pois ela estava muito sozinha. Rosalie esperava Emmett chegar da faculdade para saírem juntos e o Adam's não estava aberto porque ele teve que ir até Seatle fazer o semestral check-up.

Queria tirar minha amiga daquela solidão, mas quando me sentei, a porta do quarto se abriu e a afobada criança de olhos verdes abriu seu grande sorriso.

- O que faz aqui, Nessie? Precisa de alguma coisa?

- Pode ajudar a arrumar meus cabelos?

- Claro, meu anjo.

- E porque ainda não está arrumada?

- Menina, você é insistente. - ela deu uma risada tão deliciosa que me convenceu a passear com ela.

Digitei uma explicação muito rapidamente e enviei. Alice respondeu em seguida que estaria bem comendo um balde de sorvete e assistindo qualquer comédia romântica, mas também colocou várias risadas no final e disse que ia apenas estudar.

- O que vai querer? - perguntei guardando o aparelho, ela se aproximou como um gatinho prestes a fazer uma traquinagem.

- Quero que fique bem bonita. Um domingo te vi sair da mansão com um vestido azul marinho que caiu muito bem. Poderia usá-lo novamente.

- Porque isso, Rennesme?

- Porque te quero ver mais bonita, não pode? - dei de ombros.

- Acho que sim. - abriu mais um grande sorriso e dançando saiu do quarto.

Fui para o banheiro, tomei uma ducha rápida, prendi meus cabelos num rabo-de-cavalo e vesti a roupa que ela havia escolhido. Calcei sapatilhas, busquei meu casaco e passei só uma cor nas bochechas para tirar a aparência de doente. Minhas amigas estavam me ensinando a ser mais vaidosa. Subi até o quarto de Rennesme, mas assim que entrei, ela pulou de sua cama e agarrou minha mão.

- Pensando bem, cabelo solto é melhor. Papai já está nos esperando na garagem.

- Ah, sim, mais uma mudança de plano. - fiz uma careta.

Ela me puxou pelo corredor, depois pulou cada degrau com entusiasmo. Fomos até a porta da garagem e ao entrarmos me surpreendi encontrando Edward encostado a porta do Mercedes de Jasper soltando a fumaça de um cigarro.

- Oh, finalmente, gar-

Seus olhos verdes me encaram com surpresa. Esses dias, não que estivéssemos reclusos, mas a presença e o olhar eram sempre evitados. Mas não agora, não com aquele formigamento nos meus dedos e aquela sensação estranha apertando meu peito. Não agora com seus lábios trêmulos sem resposta, nem seu mal jeito em não deixar que notasse o quanto me media.

- Bella, você está fria. - Nessie balançou meu braço.

- Er, onde está seu pai? - perguntei sem tirar os olhos dele.

- Papai? Acho que teve uma emergência no hospital.

- Você disse que ele nos levaria.

- Disse? Me enganei. É Edward que vai com a gente. Algum problema? - demorei bastante para responder, mas quando o fiz fui firme.

- Nenhum.

Edward me observou de canto-de-olho andar até ele, colocar sua irmã no banco traseiro e fechar a porta. Quando passei, pude sentir o cheiro de seu perfume, mas vesti a máscara mais fria e de maior desinteresse assim como ele fazia. Entramos juntos e já na estrada Nessie quis quebrar o silêncio.

- Obrigada por ter vindo, Bells. Sem você não teria a mesma graça.

Seu irmão segurou o volante com uma só mão, apoiou o cotovelo na porta e bagunçou o cabelo. Os fios mais dourados caindo sobre sua testa e os outros tons de cobre margeando o rosto me fez lembrar da sensação deliciosa que prender seus cabelos entre meus dedos causava.

- Acho que Edward está com ciúmes. - sussurrou.

- Hey, já estou te levando onde quer, não pode simplesmente calar a boca?

- Como diria Jasper: Conclusivo. - virei o rosto para a janela e segurei a risada, mas acho que Edward percebeu, pois ainda me observava de rabo-de-olho quando voltei ao normal.

Ficamos em silêncio longos minutos, o que era insuportável pois meus pensamentos não davam o descanso que eu precisava. Pensei que, com mais aquele remexer inquieto no banco de trás, Nessie sairia com algo que poderia amenizar o clima, ou mesmo me fazer rir da situação completamente excêntrica, mas foi o contrário.

- Bella, você está linda hoje. - mordi o lábio, meu rosto estava esquentando - Obrigado por ter vestido o que pedi. Adoro essa cor.

- Tudo bem. - sussurrei me sentindo mais desconfortável ainda.

- Não concorda, Edward? - agarrei a lateral do banco - Quando chegarmos lá, primeiro quero ver todos os lugares que não fui da última vez, depois brincamos em todo o resto de novo. Gosta de algodão-doce? Edward vai comprar para nós duas.

Ela continuou falando, contudo não consegui prestar atenção, pois sentia duas jóias queimarem por onde rastejavam. Meu rosto, meu pescoço, minhas mãos que já doíam pela força que estava exercendo, depois voltando para a estrada. Porque Edward estava me avaliando?

Soltei o ar e o banco. Não sei o porquê girei a cabeça para a direita o mais discreta possível. Minha intenção era não ser notada, mas a criança chamou meu nome e ele olhou para mim. Olhares cruzados, quase pude sentir seu gosto na minha boca, o toque lento em minha cintura. Meu coração disparou, ele estreitou os olhos e com dificuldade consegui fugir.

Nessie tagarelou mais um pouco, mas com os olhares repreensivos de Edward desistiu se acomodando com os braços cruzados e um bico maior que o mundo. Ficamos em silêncio até chegar ao estacionamento do parque em Port Angeles. Ele parou muito mal o Mercedes e desceu com pressa para correr até a entrada. Não nos esperou descer também. Rennesme estava com os olhos baixos quando peguei sua mão e tranquei o carro.

- Porque esse idiota tem que ser assim?

- Não fique triste. Seu irmão não está aborrecido com você, então não se preocupe.

- Ele está aborrecido é com você. Isso te preocupa?

- Como? - perguntei parando.

- Ainda não reparou?

- O que, Rennesme?

- Os olhos de Edward. Ele machuca quem ama, pode parecer estranho, mas é assim. E a gente só nota quando olha bem no fundo dos olhos dele. Já fez isso? - sim.

- De onde tirou isso?

- Ele é meu irmão. - deu de ombros e me puxou para que voltasse a caminhar.

Ouvi os murmurinhos, tive plena noção das luzes piscantes e vivas ao meu redor, mas minha mente ainda estava avaliando atentamente o que a criança ao meu lado dissera. Na verdade, algo dentro de mim explodiu com aquela nova informação, mas não entendi se era bom ou ruim.

- Finalmente. Essa demora toda para descer do carro? - seu rosnado chamou minha atenção.

Edward destacou dois tiquetes e os entregou a mim com uma nota de vinte dólares.

- Vamos, pegue. Não tenho a noite toda. - fiz o que pediu - Dinheiro caso sintam fome. Não tire os olhos dela. E não ande em brinquedos muito violentos, ela pode passar mal. Estejam aqui na porta às oito e meia. Não quero ter que entrar para buscar as duas.

- O que? - Nessie quase gritou.

- Oito e meia e sem atrasos. - tirou seu relógio de pulso e também me entregou - Caso aconteça alguma coisa, ela sabe meu celular de cabeça. Vou ficar por perto.

- Nem pensar. - ela segurou a barra de sua blusa e o puxou para perto - Você prometeu, Edward, seu bocó.

- Prometi que traria você ao parque no sábado. Foi o que eu fiz. Mas já que Isabella está aqui, não há porque gastar meu tempo com essa baboseira. - ela o soltou e abaixou a cabeça.

- Oito e meia. Eu odeio esperar. - rosnou olhando em meus olhos.

Se afastou ajeitando a camisa que a irmã puxara. Eu e Nessie assistimos ele entrar no Mercedes e arrancar com uma brutalidade desnecessária e até mesmo perigosa para aquele ambiente. Os ombros da pequena caíram como se assistisse ao grande fracasso da sua vida.

- Vamos entrar. - murmurou desanimada.

Sorri a puxando para dentro. Edward podia estragar a minha noite, mas não a de sua irmã.

[...]

Meus pés latejavam, alguns outros músculos reclamavam de cansaço, mas o sorriso não abandonava meu rosto. Arranquei mais um pedaço do algodão-doce e tentando não me sujar coloquei tudo na boca. Nessie gargalhou da careta que eu fazia. Cruzei as pernas, virei o rosto, imitando a mais perfeita cara de desprezo.

- Você comendo parece até criança. - a ouvi sussurrar.

Não pude suportar e comecei a gargalhar. Nossa risada foi confundida com os gritos da montanha-russa logo atrás de nós. A noite estava no final, o parque estava cheio, o céu incomumente estrelado. O mais importante de tudo é que consegui a proeza de fazer Nessie esquecer Edward por toda a noite. Nem um olhar triste, nenhuma frase sequer que atrapalhasse aquele momento.

Suspirei, lembrando da última vez que me diverti assim como uma criança. Eu era tão pequena que a lembrança veio incompleta então desisti. Nessie pulou do banco, com o rosto repleto de pequeno granulos de açúcar cor-de-rosa.

- Poxa, sabe o que acabei de lembrar?

- Que precisa de um guardanapo? - deu uma careta.

- Edward já deve estar vindo. Um último brinquedo, por favor? - entortou a cabeça e levou as mãozinhas ao rosto parecendo ainda mais fofa.

- Melhor não. Acabamos de comer um cachorro-quente, morangos com chocolate e agora esse algodão-doce. É melhor esperarmos seu irmão bem quietinhas.

- Ah, Bella, um brinquedo calmo. Deixe-me andar no carrossel?

Levantei o braço que carregava o relógio de Edward. Faltavam apenas dez minutos para hora que ele combinou.

- Devemos ir para a porta agora mesmo. São oito e vinte.

- Ora, ele sempre se atrasa e uma volta no carrossel não vai demorar mais que cinco minutinhos. Por favor, venha comigo. - seus grandes olhos verdes cintilaram.

- Tudo bem. Eu deixo você dar uma volta, mas será apenas uma e eu não vou junto. Vou ficar de fora controlando o tempo. - ela deu de ombros e pegou minha mão.

Fomos até o brinquedo, ela entrou na fila e eu fui para a grade em volta acompanhar.

Apoiei o queixo na mão, um tempo depois ela estava se sentando num cavalo verde e segurava na barra dourada. Suas covinhas eram vistas de longe, acenei e em seguida o brinquedo começou a rodar. Havia mesmo muitos pais, mães e outras crianças em volta. Olhei de novo no relógio. Eram oito e vinte e três, então tentei não me preocupar.

Contudo, qualquer pensamento bom foi para o espaço quando uma mão agarrou meu braço e me puxou para trás. Acabei me arranhando na grade e ainda cambaleei até parar de frente para ele. Edward manteve o aperto ferrenho que com certeza deixaria minha pele frágil roxa amanhã.

- O que é isso? - perguntei, algumas pessoas nos olhavam.

- Você é surda? Mandei ficarem lá fora me esperando.

- Surda, não. Mas você é louco. - puxei meu braço - Acaba de me machucar, seu imbecil.

- Ah, me desculpe, esqueci que você é feita de porcelana.

- Não aumente a voz comigo. - tirou o cigarro da boca, jogou no chão e pisou para apagar a chama.

- Tanto faz. Onde está Rennesme?

- No carrossel. - ele olhou através de mim e balançou a cabeça negativamente.

- Fizeram isso só para me irritar, não é?

- Olha aqui, se era algum problema me trazer, então falasse enquanto ainda estávamos na garagem. Se seu pai teve uma emergência, a culpa não foi minha. Se sua irmã não me falou que você nos traria, a culpa também não foi minha. Agora, não precisa descontar sua raivinha infantil sobre mim.

- Raivinha infantil? Ah, tudo bem.

- Então não é? Porque está se fingindo de tão ofendido? Nunca recebeu um não na vida? - tentei voltar a grade, mas ele me agarrou.

- O que disse? - estava me fazendo passar vergonha.

Até Nessie e as outras crianças no brinquedo já percebiam a discussão. Por isso, me aproximei e sussurrei:

- Sabe muito bem do que eu estou falando. O beijo. Não se faça de idiota.

- Aquele que você adorou? - provocou.

- Não, aquele que eu disse que nunca mais queria receber.

- Engraçado. Você disse, mas ainda não parou de olhar para a minha boca.

Merda, ele tinha total razão e eu não conseguia me controlar.

- Quanta idiotice. Está enganado.

- Será mesmo que estou? Porque aceitou entrar no carro quando viu que era eu e não meu pai que estava dirigindo?

- Ren-

- Não, não foi por causa de Rennesme. Porque me encarou daquele jeito? Porque treme quando chego perto? Porque tem medo de dizer a verdade?

- Disse toda a verdade que conheço. Não quero. Não posso em hipótese alguma ficar perto de você. Agora, por favor, não me culpe mais por não querer satisfazer seus mimos.

- Não são mimos. Nunca foram e se você abrisse uma brecha, uma oportunidade e me ouvisse, talvez me entendesse.

- Me solte. O brinquedo vai parar. Temos que ir. Não vai querer que sua irmã veja o herói dela arrancando o braço da babá.

- Não, aqui você não é babá e eu não sou patrão.

- Pensei que para você fosse assim o tempo todo.

- Sabe qual o seu problema? - sacudiu meu braço de leve, me puxando assim para mais perto - É que você pensa demais e sente de menos. Não sei o que te fez ficar assim, que pessoa no seu passado traiu tanto a sua confiança que te cegou para tudo. Dá para ver em seus olhos que você só está esperando a primeira oportunidade para ir embora correndo daqui. Acho que não confia nem em si mesma. Mas, Bella, uma hora você tem que acreditar em alguém, apesar de difícil. Eu também sou assim, mas eu confio em você.

Me chocou o que disse, não tive resposta por longos segundo, enquanto suas esmeraldas ainda me avaliavam temerosas.

- Confia em mim?

- Na verdade, o que estou tentando dizer é que não sei como essa droga foi acontecer, mas a única explicação é que estou apaixonado por você.

Não tive resposta até porque sua boca cobriu a minha num beijo terno e carinhoso. Não deti a vontade de me entregar e assim o fiz. Só nos interrompemos quando a voz de Nessie anunciou:

- Eu sabia que vocês estavam namorando.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora com o capítulo oito, mas tive problemas com o arquivo. O cap nove está começando a ser postado no orkut e assim que estiver completo por lá o posto aqui, mas vou deixar um spoiler. Beijos e não esqueçam de deixar reviews.