Chegamos em casa, deixamos nossas coisas no sofá e fomos para o porão. Lá havia uma mesinha de lado, algumas poltronas, radio e muita, mas muita bagunça. Minha mãe fez esse "quarto" depois de que nós quase destruimos a sala depois de que nós vimos O Exorcista, a luz acabou no bairro no exato momento que o filme tinha acabado, ficamos com medo e derrubamos tudo que tinhamos na sala... Mikey e Ray se sentaram e Frank pegou na minha mão, me puxando para sentar também, claramente ele se jogou no meu colo. Frank e eu trocavamos pequenas caricias, sem percebermos que Mikey e Ray nos olhavam, na verdade haviamos esquecido que eles estavam lá. Só paramos quando Mikey pigarreou.

   -Olha, na contra vocês mas, poderiam fazer isso outra hora?

   -Claro maninho - Selei os labios de Frank, percebendo que ele e meu irmão estavam vermelhos, Ray estava sorrindo

   -É tão bonito ver vocês dois juntos - Por fim, Ray se pronunciou - É algo tão puro o sentimento de vocês

   Sorri com o pequeno comentario de Ray, senti que o resto fez o mesmo, Frank me abraçou e logo voltou a posição relaxada no meu colo. Começamos a conversar com o radio na maior altura. Era ótimo ficar com eles, todos eram pessoas tão importantes para mim, então um pensamento invade minha cabeça, juntamente com a música que começou a tocar no radio. Pedi licença para Frank e fui para o meu quarto, quando entrei me joguei no colchão, no momento que me encostei no travesseiro começei a chorar. Todas as vezes que pensava em pessoas importantes e aquela música tocava eu me recordava de minha avó, Helena, por mais que fizessem dois anos que ela havia falecido meu coração ainda apertava quando eu lembra dela. Tão doce, gentil, minha avó sempre esteve ali para mim, com seu sorriso doce e seu jeito meigo de me acalmar... E agora eu estava largado na cama chorando a perda de um das pessoas mais importante para mim. Uma batida suave na porta soou pelo meu quarto.

   -Esta aberta - Eu disse em meio aos soluços

   Não olhei quem tinha entrado, mas logo senti algo me puxando para me sentar e logo após me abraçando. Inalei o cheiro doce que inha de sua pele, só foi preciso daquilo para reconhecer Frank. Ele beijou minha nuca de um jeito suave.

   -O que foi meu amor? - Ele perguntou com a voz um pouco abafada.

   -Não foi nada Frank, não se preocupe...

   -Falar para eu não me preocupar é a mesma coisa de dizer para um alcolatra não beber. Você sabe que pode falar tudo para mim.

   -Eu estava pensando em minha avó - Logo admiti

   Ele não perguntou mais nada, somenti senti meus labios em contato com os dele. Então caimos na cama, mas nosso beijo continuava calma, ele pareceu ler minha mente, eu não queria fazer nada além de estar sendo consolado por ele. Continuamos nos beijando, só paravamos para pegar um pouco de ar, escutei algo atrás da porta, simplesmente ignorei o barulho e continuei o que fazia. Algumas lagrimas ainda insistiam em fugir dos meus enquanto nos beijavamos, me separei de Frank para poder respirar e, sem querer, soltei alguns soluços. Me levantei e logo após senti Frank me envolver em um abraço por minhas costas, ele encostou os labios em meu pescoço bem de leve, fazendo um arrepio percorrer por minha coluna.

   -Pare de chorar - Sua voz saiu muito abafada, parecia que havia um nó em sua garganta - Eu odeio ver você chorar, odeio ver você sofrer - ele beijou meu pescoço novamente.

   Me virei para olhar em seus olhar em seus olhos, dos quais estavam avermelhados intensamente, parecia que quem chorava era ele, seu rosto estampa uma dor imensa. Selei seus labios e começei a beijar e acariciar cada canto de seu rosto, foi quando a porta abriu violentamente, Mikey nos olhou com um ponto de interrogação estampado no rosto.

   -Vocês estão bem? Estão com os olhos vermelhos demais!

   -Não é nada - Não pude evitar a saida de um soluço por meus labios.

   -Pedi para Frank vir e ele não voltou, eu fiquei preocupado com vocês dois.

   -Está tudo bem Mikey - Frank sorriu tentando traquilizar Mikey

   -Tá bom, vamos voltar lá para o porão?

   -Ok - Me levantei segurando a mão de Frank.

   Descemos no porão rapidamente, nem Ray nem Mikey perguntaram o que aconteceu, Ray tentava me animar com piadas idiotas. Ficamos lá até dar umas oito horas, foi quando Frank e Ray foram embora. O buraco no meu coração voltou, subi apressadamente para meu quarto, tranquei a porta e peguei uma lamina, fiz o que havia prometido não fazer para Frank, cortei meu braço novamente, dessa vez cortes menores e mais superficiais, não queria que Frank soubesse. Logo que terminei eu fiz um curativo para poder esconde-lo e então me deitei para poder dormir. O mesmo sonho que me perseguia por dois dias voltou, dessa vez acordei sozinho e olhei para o relogio, quatro e meia, me virei e dormi de novo o resto do meu sono foi tranquilo.