The Invisible Wall escrita por MayonakaTV


Capítulo 2
You, me, whatever.


Notas iniciais do capítulo

Depois de um ano, voltei pra tirar a fic das trevas. Tá meio podre, mas sabem como é, meus textos tem que ter uma parte chata... Mas vai chegar a algum lugar, yakusoku suru. Como diria Jack The Ripper, vamos por partes. :3 qqq
Com What Ever (um pouquinho alterada), do The Rasmus. Brigadão, Lauri. q



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Mil folhas de papel espalhadas, tanto sobre a mesa quanto no chão. Uma caneta que não parava de mover-se nos espaços em branco, criando belíssimas imagens de vestidos e outras peças, traçando o peso do gótico e a doçura das rendas numa perfeita sincronia.


Disaster strikes, I tried to write

Describe the things I hold inside


Sem mais nem menos, parou. Percorreu os olhos pela folha, balançando a cabeça em negação. Não estava bom. Largou a caneta, entrelaçando os dedos de ambas as mãos sobre o esboço. Um suspiro baixo escapou dos lábios pintados de preto, enquanto a cabeça pendia para trás e os olhos se encontravam com a tintura branca do teto.


"Garoto esquisito."


O que havia de errado com... Anotou o nome num canto da folha. Teru. O que aquele rapaz tinha...? Parecia tão incomodado na conversa do outro dia. Não que aquilo pudesse ser chamado de conversa, mas mesmo assim, era um contato entre pessoas e... Droga, estava devaneando de novo.

Era impossível que ele estivesse despenteado. Estaria com uma alface no dente? Não, jamais. E, mesmo que estivesse ninguém veria, afinal Mana não era uma pessoa de sorriso aberto. Sorriso... Há quanto tempo não dava um?


But this pride of mine still keeps me distant


Não que realmente se importasse.


Revirou os olhos, esparramando-se na confortável cadeira azul-marinho. Fosse como fosse, aquele garoto lhe parecia bonzinho demais, e aquilo sem dúvida o irritava. Tinha jeito de problema. “Ele cheira a antipatia” pensou Mana, torcendo sutilmente o nariz. “E é recíproco”.


What ever I say

What ever I write

What ever I do

I`m not getting through - to you

Devido a isso, era bom que Teru cuidasse do tecido com sua vida... E, acima de tudo, que tratasse de ser digno de usar uma roupa da Moi-même-Moitié produzida pelas mãos do próprio Mana-Sama.


O olhar correu do relógio de parede para alguns pacotes. Pegou o celular, buscou um número na agenda e esperou que uma empolgada voz atendesse.


– Kamijo deeesu! ~ ♪


O estilista limitou-se a sorrir de canto.


“Você não muda, Kamijo.”


– Mana. Pode vir buscá-las.


Desligou. Não havia necessidade de estender a conversa, muito menos com Kamijo. Seus laços com ele eram antigos o suficiente para que o outro aceitasse aquela atitude sem taxá-lo de mal-educado.


Antigos até demais.





– Eu sou um guitarrista incrível. – Dizia Teru a si mesmo diante do grande espelho do salão de ensaios. – Eu sou um guitarrista incrível. Eu sou um guita-- - Fora interrompido com um cascudo. - Ai! Masashi, isso dói!


– Ninguém mais aguenta te ouvir repetindo isso!


– Mas me encoraja a tocar bem!


– Com ou sem esses mantras que torram a paciência de todo mundo – Interveio Kamijo ao adentrar a sala, balançando o celular na mão direita. – Você toca maravilhosamente. Mana acabou de ligar, as roupas estão prontas! Vamos buscá-las, Teru.


“... Vamos?”


Disorder looms above this rooms

I`m trapped inside this silent tomb

– Mas por que eu? – Desesperou-se o guitarrista. – Chama o Hizaki! Olha o Yuki ali brincando com as baquetas como se fosse um retardado! Chama ele!


– Deixe de ser preguiçoso! Eu quero que você venha comigo e pronto.


– Não é preguiça! É que...


Interrompeu-se, olhando para o chão.


– É que..?


Teru supirou profundamente, retraindo os ombros e soprando um desmotivado “vamos”. Ter de explicar a Kamijo e aos outros o verdadeiro motivo de não querer se envolver a nada que estivesse relacionado a Mana era uma tarefa para a qual ele ainda não estava preparado. Medo de parecer ridículo, talvez.


“Deixa ficar como está.”


I`m trapped again by my own resistance

Kamijo não pôde deixar de perceber o desconforto do amigo no banco do passageiro. O olhar vago, a respiração barulhenta e aquela sensação de tédio que contagiou o corpo do loiro. Teru estava tomado por aquela estranheza há boas semanas, mais precisamente, desde que anunciara a escolha do visual para o novo trabalho. Seria por não ter gostado das vestimentas, e estar um tanto inseguro quanto a mudar? Pensou em perguntar mas, antes que o fizesse, chegaram a seu destino. Parara o carro na esquina oposta à grife e, analisando o ambiente ao redor, disse:


– Vou procurar um lugar para estacionar. Vá na frente.


Destruction zone surrounds my home

Os olhos sem lentes ganharam um brilho choroso. “Por que não pode me deixar quietinho longe dele, Kami?” pensou Teru. Incapaz de fazer tal pergunta em voz alta, apenas tirou o cinto, abriu a porta e desceu do veículo, atravessando a rua de cabeça baixa.


“Droga...”


Parou perante a porta de vidro, encarando-a como se fosse seu pior inimigo. Na verdade, seu inimigo estava lá dentro.

Não é fácil quando temos de lidar com emoções que não entendemos. Quando se odeia alguém porque se sente que essa pessoa deve ser odiada. “Acontece com todo mundo.” A mão trêmula empurrou o vidro gelado, e as pernas o conduziram para dentro do salão de recepção. “Só não podia estar acontecendo comigo.”

The future seems to stay unknown

O olhar caiu sobre a recepcionista que, ocupada e atrapalhada, desdobrava-se atender a ligação de um cliente, anotar tudo numa folha de papel ao mesmo tempo em que digitava outros pedidos no teclado do computador. Levantando o olhar para ele, a moça sorriu. Apesar de todo o trabalho que já estava tendo com sabe-se lá quantos clientes da grife, ainda encontrava simpatia suficiente para atender mais um. O peito de Teru encheu-se de culpa, estava sendo muito egoísta ao deixar seu inexplicável ódio por Mana afetar sua “vida em família”. E se houvesse mais uma troca de visual, se as roupas precisassem de ajustes e ele tivesse que levar ou pegar mais coisas? Como o faria sem auto-controle? Aquilo poderia vir a se tornar um problema sério. Se ele estava ali para pegar as peças, era só o que faria. Não seria nada mais que um favor para todos. Estava fazendo aquilo pelo bem da banda de que fazia parte.

All alone in need of some assistance

Aproximou-se do balcão, informando a jovem sobre o que tinha vindo pegar.


– Mana-Sama deixou tudo pronto para vocês! Venha comigo, por favor. – Disse-lhe a sorridente jovem do balcão, levantando-se e caminhando em direção à próxima sala.


What ever I say

What ever I write

What ever I do

I`m not getting through - to you

Ótimo! Se Mana já havia preparado tudo para ser levado rapidamente, significava que não daria as caras. Sentou-se no sofá ali existente, lembrando-se do sofá que havia na sala de Mana e se perguntando quantos outros ainda haveriam espalhados pelo prédio. Não demorou para que a moça voltasse com as conhecidas sacolas negras onde o grande logotipo em branco se destacava. Entregou-as ao guitarrista que, agradecido, fez-lhe uma mesura.


– Precisa de mais alguma coisa, Teru-Sama?


– Não, obrigado! Agradeça ao Mana-Sama por nós todos.


Triunfante, preparou-se para deixar a sala com um enorme sorriso de alívio estampado nos lábios mas, mal dera dois passos, ouviu uma conhecida voz a lhe intimar.


– Ei.


"Não pode ser..."


Here comes the fear again

The walls are closing in

Olhou para os lados, na esperança de ter sido confundido com alguém.


– Você mesmo... – Uma pausa e o nome fora praticamente cuspido dos lábios do maior. – ... Teru.


Feels like I`m choking

Can`t find the words to say


"Não... Não... Não, não e não!"


Uma gota de suor frio rolou pela testa do menor. O pescoço enrijecera, tornando difícil e extremamente doloroso o ato de virar aos poucos a cabeça em direção àquela voz.



I`m drowning in despair


Mana estava encostado ao batente da porta, encarando-o friamente. Seu coração disparou, a garganta secou e todo o ar ao redor pareceu sumir. Perdeu as forças nos dedos que seguravam as sacolas, deixando-as cair ao chão. As plataformas do mais velho começaram a bater no piso, passo a passo, levando-o para mais perto do rapaz paralisado. Arqueou levemente a sobrancelha esquerda, tornando-se mais arrogante do que nunca. Sua silhueta parecendo ser maior do que já era, fazendo com que Teru se sentisse diminuído, fraco e incapaz de se defender. Os lábios finos se entreabriram e as palavras vindas dele acertaram o rapaz com um choque de realidade.


– Você tem algum problema comigo?


A sala foi invadida por uma cortina de fumaça esbranquiçada que só Teru podia ver. Um mal-estar o atacou de súbito, sua pressão despencou e as palavras ficaram presas em sua garganta.



"Eu te..."


And the smoke fills the air...


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Notas finais do capítulo

No terceiro as coisas começam a ganhar uma corzinha.
Comentários, críticas e sugestões? O quadrinho de baixo espera por isso! :3