The Invisible Wall escrita por MayonakaTV


Capítulo 1
Congratulations, I Hate You


Notas iniciais do capítulo

Título baseado na música de mesmo nome, da banda Alesana.



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Nada além de um lençol branco no chão frio. Ninguém por perto além dos dois amantes.
O rosto suado, a respiração pesada. As mãos que tocavam-lhe a pele nas pontas dos dedos, enquanto o menor se entregava em gemidos baixos, arrastados.
Cerrou os olhos com força, arqueando o corpo por reflexo e deixando escapar um urro de prazer quando os dedos alcançaram-lhe a entrada apertada.
O peitoral que se forçava contra o seu, o cheiro atordoante que saía dos cabelos negros de seu amado.

Nada poderia tirá-lo daquele sonho.

- Teru...?

- ... hn?

- Em que mundo você está? Temos ensaio, agora!

Nada... a não ser a pressa de Yuuji Kamijo.

Abriu os olhos e deparou-se com o loiro de lentes a encará-lo. Um movimento brusco proveniente do susto fê-lo cair da cadeira com a guitarra, de pernas para cima, arrancando risos de Kamijo, Hizaki e Yuki. Masashi, centrado em tocar qualquer coisa nas cordas de seu baixo, ignorou a cena.

Teru olhou ao redor, tentando se encontrar. Estava num salão de ensaio, cercado de amplificadores, junto a seus quatro companheiros de banda. Então, uma pontada incomodou seu baixo-ventre. Levantou-se às pressas, desajeitado. Só teve tempo de lançar um "já volto!" com voz chorosa, largando a guitarra no chão antes de correr deseperadamente para o banheiro. Trancou a porta, jogando-se de costas na parede fria e olhando para o próprio corpo. As bochechas queimaram de vergonha, ganhando um violento tom rubro. Entre as pernas, a saliência na calça de couro denunciava a ereção indesejada.

"Aconteceu de novo."

 Baixou o tecido negro juntamente com a roupa íntima até metade das coxas, segurou o membro dolorido com a mão direita e, mesmo com um horrível sentimento de culpa, começou a esfregá-lo. Precisava de alívio, rápido.

Tudo começou com Philia. "Nada mais justo que um visual novo para uma nova fase do Versailles", era o que dizia Kamijo. Ele não discordava, estava até empolgado com a ideia de mudar, mas...

... por que as roupas tinham de ser justamente da grife daquele cara?

"- O Versailles amadureceu. Queremos mostrar um lado mais crescido, mais... obscuro.

- Eu sei, Kamijo, eu sei! Mas por que logo naquele lugar...?

- Ora, Teru. Quem entende mais de trevas do que ele?"

E assim, Teru foi levado à força para a tão falada grife que produziria as novas roupas da banda. À força porque, quando fora chamado, se agarrou aos pés da cama para não ter que ir junto. Hizaki teve que puxá-lo pelas pernas por metade da casa, sem entender o motivo da birra, e travar as portas do carro após enfiá-lo no banco de trás. A viagem foi uma tortura... e quando se deu conta estava sendo arrastado para o hall daquele prédio monstruoso que chamavam de Moi-même-Moitié.

A espera foi terrível. Ele teve de ficar ali, de pé - de pé em termos, afinal, todo seu corpo tremulava mais que não sabia o quê -, aguardando a chegada da estranha criatura que, se não fosse pela ideia absurda de Kamijo, não teriam que encontrar cara a cara.

O pequeno não soube dizer quanto tempo passou sentado naquele sofá de veludo vinho. Só rezava para que o homem estivesse muito ocupado a ponto de não atendê-los para que pudessem ir embora logo. Até serem ouvidos saltos ecoando no piso, para seu completo desespero. Os cinco pares de olhos se voltaram para a porta onde, ao lado da secretária, estava parada a silhueta esguia do guitarrista da prodigiosa Moi dix Mois e dono daquela tão conceituada grife.

Fios negros, brilhantes e revoltos artificialmente à base de muita pomada para cabelo. Rosto fino e delicado, branco como cera, onde os contornos do batom negro davam aos lábios finos o ilusório formato de um coração. Aquele de quem ninguém sabia o verdadeiro nome; e que detestava falar em público, tendo sempre um porta-voz à sua disposição. Aquele cujos olhos delineados pelas inúmeras camadas de lápis de olho eram de um azul tão penetrante que parecia atravessar a alma de quem os olhasse diretamente.

O sangue de Teru gelou, suas pernas produziam movimentos convulsivos e suas mãos suavam frio.

Era ele.

Mana.

Mas essa não foi a parte em que o corpo mais lhe fugira do controle, e sim quando os lábios tingidos se abriram para dizer "bom dia". Aquela voz preciosa, revelada a tão poucos, deixaria qualquer um sem chão, e se a pessoa que a ouvisse fosse alguém que a odiava, seria ainda mais arrebatadora.

Sim, Teru odiava aquela voz. Aquela presença. Aquela pessoa. E o pior de tudo, era que não sabia o porquê. Encontraram-se por acaso num evento de bandas, fora ódio à primeira vista e estava bom do jeito que estava já que, após algumas análises do comportamento daquele homem, viu que tinha razão em não aprová-lo. Por que tantas frescuras, tantas exigências? Por que ele tinha de ser tão arrogante, tão frio, tão enclausurado em seu próprio mundo?

Como alguém daquele porte podia ter uma legião de fãs?

O pequeno sentiu-se mal a manhã toda. Não soube dizer como aguentara ficar ali, ouvindo a monótona conversa entre Kamijo e Mana, que quase não falava nada. Ao invés disso, vez ou outra lançava-lhe terríveis olhares por trás da mesa onde estava sentado. A manhã parecia avançar na velocidade da luz apagada, em todas as vezes que olhou para o relógio de parede, viu que apenas um minuto ou dois haviam se passado. Ainda não eram nem oito horas! Por que tinham de estar ali tão cedo?

"Mana é um homem ocupado, Teru. Pela manhã, as coisas devem estar menos tensas para que possamos conversar."

MENTIRA! Mana tinha algum problema com horários. Mudava de humor de acordo com a posição do sol! Seria bipolar ou algo do tipo?

De qualquer forma, Teru só conseguiu relaxar quando voltou para casa. Olhou-se no espelho, estava mais pálido que de costume. Jogou-se na cama, esperando que tudo acabasse logo. Que as roupas ficassem prontas de uma vez, e ele nunca mais precisasse encontrar aquela pessoa orgulhosa.

Na mesma noite, teve um desagradável sonho erótico. Onde ele estava num local escuro, empoeirado, provavelmente alguma casa abandonada no subúrbio. No chão, um lençol branco e, sobre ele, Teru se entregava a um homem. Era Mana.

Qual o motivo daquilo? Ele nem era homossexual.

E muito menos gostava de Mana.

Sua mente estava lhe pregando peças... e seu corpo também estava. Havia tido uma ereção, e suas roupas de baixo estavam molhadas.

"Ah, droga!"

Para tristeza do pequeno guitarrista do Versailles, aquela foi só a primeira vez. Depois daquela noite, passou inúmeras outras tendo o mesmo sonho tenebroso, acordando durante a madrugada e precisando trocar o pijama e os lençóis. A partir daí, as visões passaram a atormentá-lo durante o dia, fazendo-o ter devaneios em seus minutos de ócio e até mesmo durante os ensaios.

E foi exatamente o que aconteceu, pela enésima vez.

Nada havia mudado. Ele ainda odiava Mana. Ainda tinha medo da presença do guitarrista.

E, naquele minuto, estava ofegando, com as mãos sujas por um orgasmo que tivera pensando naquele homem.

- Teru? - chamou uma voz que acompanhou três batidas na porta.

- Hn, Hizaki...?

- Está tudo bem aí dentro?

- Eeh, está sim!

- Então vamos. Kamijo não aguenta mais esperar você.

- Já vou...

Porém, não foi. Após limpar as mãos e a borda do vaso sanitário que havia sujado com o prazer que não queria ter tido, sentou-se no chão do banheiro e ali ficou, pensativo, com a cabeça entre os joelhos.

"Por que isso está acontecendo comigo...?"


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Notas finais do capítulo

Bonjour, Chanson! ~w
Depois de muito tempo, revivendo aqui no Nyah! Não se preocupem que, em breve, todas as outras fics estarão devidamente atualizadas e os reviews respondidos. Espero que gostem de mais essa coisinha aqui. Principalmente você, Camis! x3



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