Obsession escrita por Li_VA, Lyra Black Pevensie


Capítulo 12
Capítulo 12




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     Dei duas batidas na porta, e ouvi um fraco ‘’Pode entrar.’’

     - Boa tarde flor da... Tarde. – falei. – Não teve o efeito que eu queria.

     Ela sorriu, e eu percebi como ela se ajeitou na cama para parecer mais acordada.

     - Boa tarde! Como está lá fora? – ela perguntou, quase frenética. Era sempre a primeira coisa que ela me perguntava.

     - Você está ficando muito... Paranóica.

     - Ficar dentro desse chalé me deixa louca. Eu quero sair. – disse. Essa era a segunda coisa que ela sempre falava. – Como está lá fora?

     - Ensolarado. Ventando. Pirralhos correndo de um lado para o outro.

     - Você já foi um pirralho.

     - É, mas eu não ficava por aí, correndo igual um imbecil. Eu estava meio ocupado salvando o mundo. – dei um sorriso afetado.

     Ela não sorriu de volta.

     - E valeu a pena? – perguntou.

     - Claro. Quero dizer... O mundo ainda existe.

     - Você sabe o que eu quis dizer. Se... Se acontecesse algo do mesmo tipo, você faria tudo de novo?

     Pensei na pergunta dela. Lembrei de quantas vezes eu quis que aquela profecia não fosse minha, e que eu não tivesse que decidir tudo. Lembrei de quando eu achei que ia morrer, e amaldiçoei os deuses por terem me escolhido.

     - Sim. Eu acho que eu gosto da aventura, da adrenalina. Mesmo se não desse certo no final, eu faria tudo de novo.

     - E valeu a pena? – perguntou. Não sabia porque ela estava tão interessada nisso.

     - Thalia, olhe pra mim. – falei, abrindo os braços. – Eu sou um deus. Depois de toda aquela merda, finalmente deu certo. Claro que valeu a pena.

     Ela olhou pela janela, pensativa.

     - Sabe, eu costumava ver você no Olimpo o tempo todo.

     - Mesmo?

     - É, eu sempre te via. Andando com aquele dragão seu, ou só passeando pelas ruas.

     - Ou com as ninfas. – lembrei.

     Ela se remexeu na cama.

     - Ou com as ninfas.

     - Eu sinto falta do Olimpo. – soltei.

     Ela voltou o olhar para mim: - Então você vai embora?

     Bufei: - Não, não posso. Queria saber porquê. Não que eu não goste daqui, mas... O Olimpo é minha casa. Eu sinto falta de estar lá.

     - Eu também. – ela murmurou.

     E me ocorreu que Thalia era uma caçadora, e que ela costumava visitar o Olimpo. Só que agora ela não era mais.

     - Sabe, isso me lembra... – comecei, encostando na janela – Porque você saiu?

     - Saí de onde?

     - Das caçadoras.

     - Ah, isso.

     - É. Eu nem sabia que era possível sair.

     - Nem eu. Na verdade, quando fui falar com ela, eu achei que ela não me deixaria sair. Mas ela disse que gostava muito de mim para me deixar presa com ela, se eu não queria.

     - Então por isso você saiu? Ficou chato?

     - Ah, não. Eu sinto até falta, às vezes. Mas...

     - Mas o quê? – perguntei.

     - Mas eu quebrei um dos juramentos que fiz.

     - Qual foi o juramento mesmo?

     Ela explodiu: - Ah, eu não sei, Percy! Eu não lembro, ok? Porque você quer tanto saber disso?!

     - Ok, desculpa, eu só...

     - Só nada! Eu já estou irritada o suficiente por estar presa nessa droga de quarto, e você não está ajudando!

    Levantei as mãos em sinal de rendição. Ela piscou uma vez, e passou a mão pelo cabelo.

     - Olha, desculpa, eu.. Eu estou cansada, minha cabeça dói, e... Eu acho que vou dormir um pouco.

    - Tudo bem, eu... Hã, eu vou sair... Vou deixar você... Dormir. – falei devagar, e baixo, como se fala com um animal  selvagem. – Quer que eu pegue um remédio pra dor de cabeça?

     - Não, eu só preciso descansar um pouco. Feche a porta quando sair. – ela falou, ainda meio irritada.

     - Hã... Tá. – falei, saindo do quarto.

     Fechei a porta e olhei para o chalé. Era imponente, como um pequeno banco. Imponente como Zeus, imponente como Thalia. Eu não gostava muito de ficar ali, mas fazia isso por ela.

     E o que foi aquilo? Eu só fiz uma pergunta, e ela praticamente explodiu, com certeza teria me batido se estivesse boa.

     Franzi a testa. Tentei me lembrar do juramento que ela fez anos atrás. Não foi fácil, mas as palavras voltaram à minha mente: ‘’Eu me comprometo com a deusa Ártemis. Dou as costas para a companhia dos homens, aceito a virgindade eterna e me junto à Caçada.’’

     Não havia dúvidas de que ela fosse comprometida com Ártemis. E ela acabara de dizer que sentia falta da Caçada. O que só deixava uma coisa que poderia ter acontecido.

     Ela tinha se apaixonado.

               PDV Nicolas DiAngelo

     Eu estava sentado embaixo de uma árvore, sem absolutamente nada pra fazer, quando vi Percy saindo do chalé de Zeus, parecendo bem transtornado.

     Me levantei e fui até ele, que se virou num átimo quando me viu perto.

     - Percy? O que houve?

     - Nico. Você é amigo da Thalia, certo?

     - Sim, eu acho. Porquê?

     - Eu preciso saber de uma coisa. – falou, botando as duas mãos nos meus ombros, prendendo minha atenção.

     Peguei o braço dele e tirei de cima de mim: - Lá vem você com essa mão nervosa. Fala, o que foi?

     - A Thalia tá gostando de alguém?

     A pergunta me pegou de surpresa: - Gostando?

     - É, sabe, ela tá afim de alguem? – perguntou de novo.

     - Afim. Ela tem razão, você é um completo imbecil. – murmurei. – Não, Percy, ela não está ‘’afim’’ de ninguém. Ela está apaixonada por alguém.

     - Ok. – falou, bem calmo. – E quem é?

     Dei uma risada, ainda descrente na idiotice dele.

     - Desculpa, Percy, mas isso você vai ter que descobrir sozinho.

     - Eu... O... Mas... Nico!! – reclamou, vindo atrás de mim como uma criança mimada.

     - Você é um deus, use seus poderes de deus, ou sei lá o quê. Não espere ajuda de mim.

     - Você está gostando disso, não? – perguntou. Sorri.

     - Cara, eu sou filho de Hades. É normal que eu não seja muito legal.

     * * * * *

      Eu fui para a floresta, praticar um pouco. Provavelmente os campistas estavam treinando na arena, mas a maioria era muito medrosa pra praticar comigo. Quase sempre eu fazia par com Thalia, e como ela estava de repouso, eu acabei sozinho.

     Me embrenhei nas árvores, e saquei minha faca. Olhei para a lâmina preta como ébano por um segundo, e a apertei com força. Me lembrava minha mãe. Era a única lembrança que eu tinha dela: Um par de olhos negros acolhedores, e um rápido sorriso. Só. Nada mais.

     E lembrar da minha mãe inevitavelmente me lembrava de Bianca. Apertei a faca com mais força. Eu não culpava mais Percy, mas não estava nada feliz com os deuses. Não sei se era certo culpá-los, mas que se dane.

     Levantei a mão e num movimento rápido, atirei a faca num tronco de árvore. Ela girou duas vezes no ar e estava cravada no centro da árvore. Ouvi um ofegar.

     Olhei para o lado, e aquela menina dos olhos estranhos estava me encarando.

     - Você não devia estar treinando? – perguntei, indo retirar a faca da árvore.

     - É, mas... Hã, eu decidi não ir. E você? É isso que faz quando não está fazendo as pessoas sofrerem?

     - Sim. E o que você faz, quando não está espionando os outros? – perguntei, e a vi corar.

     - Eu não queria...

     - É, é, claro. – interrompi. Com um puxão mais forte, consegui remover a faca, e a botei no cinto. Cheguei perto dela, muito perto, e olhei no fundo de seus olhos. Eu podia me perder neles se não tivesse cuidado. – Mas adivinhe só: eu não dou a mínima.


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