Ichiban no Takaramono escrita por Nightnyu


Capítulo 1
Tesouro mais Precioso


Notas iniciais do capítulo

A música "Ichiban no Takaramono" pertence ao anime Angel Beats: http://www.youtube.com/watch?v=OLDptTV-h14



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Kao wo awashitara kenka shite bakari
Sore mo ii omoide datta

Sempre que nos víamos tudo que fizemos foi brigar.
Mas aquilo eram também lembranças maravilhosas.


Kimi ga oshiete kuretan da Mou kowaku nai
Donna fujiyuu demo shiawase wa tsukameru Dakara

Você me ensinou muito, eu não estou mais assustado.
Não importa quão difícil, eu posso agarrar a felicidade, então...



Os gritos quase ensurdecedores das pessoas chegavam aos meus ouvidos como bombas. Muitos na minha situação sentiriam medo, mas esse sentimento era a última coisa que poderia surgir no meu ser naquele momento. Medo...  eu já não o sinto há muito tempo.



___ Flashback - Primeiro outono ___


A garota mexia suas pernas tranquilamente sob o balanço, enquanto o vento balançava seus longos cabelos castanhos. Ela estava sozinha naquele parque praticamente abandonado. A cor alaranjada do céu no fim de tarde combinava muito bem com as folhas douradas esvoaçantes do outono. ''Um momento de paz absoluta'', era o que a pequena pensava. Um momento perfeito para cantar. Logo, a voz suave e melódica tomou conta do parque. As árvores, em silêncio, pareciam estar apenas apreciando a doce canção, cuja letra falava sobre um inocente amor de criança.


- Parece até que você está apaixonada. - A canção desapareceu. Os olhos surpresos da pequena encontraram-se com o brilho dourado das orbes do rapaz. As maçãs do rosto de boneca tornaram-se rosadas.

- T-Talvez eu esteja. - Com as pernas, ela tomou um maior impulso, e o vento tornou-se mais intenso conforme o balanço ia e vinha mais rápido e alto. - O que está fazendo aqui? - Ele sentou-se no balanço ao lado, com um discreto sorriso formando-se nos lábios sem cor.

- Queria ouvir a sua voz. - Ele respondeu como se fosse algo natural. Surpresa, a pequena acabou deixando as sandálias escorregarem pelos seus pés e caírem na terra, mas não fez questão de pegá-las. Sem jeito, ela torceu com suavidade os pezinhos, parando de impulsionar o balanço.

- Espero que você não esteja brincando, Sesshoumaru. - O balanço finalmente ficou imóvel. Ela aproveitou para ajeitar os fios bagunçados, uma distração para não precisar olhá-lo nos olhos novamente.

- Eu não brincaria com isso, Rin. - Ele se levantou, caminhando em direção às sandálias azuis. Pegou-as com cuidado e retirou o pouco de terra que as cobriam. Voltou-se para a garota, ainda sentada no balanço. - Eu gosto mesmo da sua voz. - Com um dos joelhos apoiado no chão, de frente à pequena, ele colocou as sandálias de volta aos seus respectivos pés, sob o olhar envergonhado da garota. Sem ter o que dizer, e com o coração acelerado, ela apenas retomou a canção. Agora sim o momento estava perfeito.


___ Flashback ___



Hitori demo yuku yo Tatoe tsurakute mo
Kimi to mita yume wa Kanarazu motteku yo
Kimi to ga yokatta Hoka no dare mo demo nai
Demo mezameta asa Kimi wa inain da ne

Eu vou por mim mesmo, mesmo que isso pareça doloroso,
Eu vou sempre continuar o sonho que eu tive com você.
Estar com você era tão maravilhoso, não havia mais ninguém.
Mas quando eu acordei de manhã, você não estava lá.


Zutto asondereru Sonna ki ga shiteta
Ki ga shite itadake Wakatteru
Umarete kita koto mou koukai wa shinai
Matsuri no ato mitai Sabishii kedo sorosoro ikou

Eu senti que poderíamos brincar para sempre.
Mas eu sei que isso é só o que eu acreditava.
Não me arrependo mais de ter nascido.
Como o sentimento depois de um festival, é triste, mas vamos avançar pouco a pouco.



Meus olhos voltaram-se para as simples sandálias azuis, já um pouco apertadas em meus pés. Eu poderia escolher um milhão de sandálias, mas nenhuma jamais será tão importante quanto esta. Eu preciso usá-la dessa vez, mais do que em qualquer outra ocasião.



___ Flashback - Segundo outono ___


Dia dos Namorados. Dentro da mochila, uma caixa contendo chocolates caseiros em formato de coração substituia os livros e cadernos. Embora estivesse indo ao colégio, ela não precisaria de material escolar para fazer sua tão sonhada declaração. Naquele dia ela sairia mais cedo e iria voando até o colégio dele, esperá-lo quanto tempo fosse necessário.


- Rin, não fique tão nervosa, é apenas... o momento mais desesperador da sua adolescência... - Ela sussurrou para si mesma, e o que era para ser um consolo, só serviu para aumentar a ansiedade. Quando o sinal tocou, ela pegou sua mochila e preparou-se para ir até o colégio de Sesshoumaru. Havia acordado cedo e ficado longas horas na frente do espelho, decidindo qual penteado ficaria melhor, mas por fim optou pelo seu habitual cabelo solto. Iria se declarar como a Rin que sempre fora.

Mas no portão do colégio, algo inesperado abalou os planos da pequena. Encostado em um muro, lá estava ele, o dono dos compridos cabelos prateados. O rosto sereno logo demonstrou sinais de nervosismo quando notou a presença da garota.


- Que surpresa... - A voz da pequena saiu quase imperceptível, quando ela se aproximou dele. Como ele era bem alto, ela precisou inclinar o rosto para encará-lo, embora naquele momento ela estivesse muito nervosa para tal. - Eu estava planejando ir para o seu colégio agora mesmo... - Ela comentou. Dessa vez foi ele quem desviou o olhar, sem jeito.

- Mesmo? Bem... eu queria conversar com você sobre um assunt... - Ele foi interrompido por uma caixa vermelha que surgiu bem próxima ao seu rosto.

- B-Bem, é pra v-você... - Ela sussurrou, querendo bater em si mesma por estar com a voz falhando tanto. Todos os anos ela dava chocolates a ele, mas eram chocolates comuns, de amizade, que ela também dava para suas amigas. Mas daquela vez, os chocolates eram especiais. Ele ficou em silêncio e retirou a caixa das mãos dela, com um sorriso de agradecimento nos lábios. Mas ao abrir a caixa, outra surpresa. Entre os chocolates em formato de coração (os primeiros que ele havia recebido dela com esse formato), havia um ''Eu te amo'' escrito com uma bela caligrafia, que ele logo reconheceu como sendo dela.


Rin estava tão nervosa que precisou acumular toda a coragem que ainda restava em seu corpo para inclinar o rosto e encará-lo novamente. Ela não sabia se era por causa da luz ou se ela estava vendo coisas, mas poderia jurar que o rosto dele estava extremamente corado, mesmo que a expressão facial continuasse a mesma de sempre. Ela não sabia se isso era bom ou um mau sinal. Fechando a caixa, ele abriu a mochila e hesitou um pouco antes de retirar um gato de pelúcia de tamanho médio, que segurava com as patas um coração no qual estava escrito ''Eu te amo'' com letras vermelhas. Nenhuma palavra surgiu depois disso, mas apenas aquela ação foi o suficiente para que lágrimas cristalinas escapassem dos olhos da pequena, acompanhadas de um belo sorriso.



___ Flashback ___


Doko made mo yuku yo Koko de shitta koto
Shiawase to iu yume wo kanaete miseru yo
Kimi to hanarete mo Donna ni tooku natte mo
Atarashii asa ni Atashi wa ikiru yo

Eu vou ir a qualquer lugar, você sabe disso.
Eu vou te mostrar que eu posso conceder o seu sonho de felicidade.
Mesmo se eu estou separado de você, não importa o quão distante,
Eu vou ser carregado com o novo amanhecer.

Hitori demo yuku yo Shinitaku natte mo
Koe ga kikoeru yo Shinde wa ikenai to
Tatoe tsurakute mo Sabishisa ni naite mo
Kokoro no oku ni wa Nukumori wo kanjiru yo

Eu vou por mim, mesmo se eu estou com medo de morrer,
Eu consigo ouvir sua voz, não devo morrer.
Mesmo que pareça doloroso, mesmo se eu estou chorando de tristeza,
No fundo do meu coração eu sinto o seu calor.



Enquanto eu aguardava a hora marcada, meus dedos percorriam as orelhas do felino de pelúcia. Não importa a gravidade da minha dor, acredito que esse simples presente tem o poder de retirar qualquer mal da minha alma. Bem, exceto um.



___ Flashback - Terceiro Outono ___


Era o aniversário de cinco anos de namoro deles. Mais um Dia dos Namorados. Quando ouviu leves batidas na porta, Rin olhou-se rapidamente no espelho, dando uma última conferida no vestido rodado. Estava perfeito. Abriu a porta, com um sorriso infantil no rosto. Ele corou ao vê-la. Depois de cinco anos de namoro, os sentimentos de ambos tornaram-se mais intensos.

- Vamos? - Ele segurou a pequena mão, acariciando-a com o polegar.

- Sim. - Ela respondeu, antes de beijá-lo docemente.


Eles poderiam ter ido de carro até o local combinado, mas como não ficava longe, eles decidiram caminhar juntos. O lugar era o parque, que naquela época, já não estava abandonado. Aquele era um local muito importante para eles, desde a infância. E era justamente naquele belo lugar que Sesshoumaru planejava fazer um pedido especial.


- Tenho certeza que as árvores estarão belas este ano também. - Comentou Rin, enquanto olhava distraída para o céu, sendo guiada pelo namorado, que prestava atenção no caminho. Ele concordou, desejando silenciosamente que as árvores estivessem mais bonitas do que nunca naquele dia.


Mas quando já estavam se aproximando do parque, algo chamou a atenção de Sesshoumaru. Uma mulher, grávida, estava parada no meio da rua, aparentemente sentindo fortes dores na região abdominal. E um carro em alta velocidade estava se aproximando dela. Sem pensar duas vezes, ele soltou a mão da namorada e correu até a mulher, empurrando-a para evitar o acidente. Mas não teve tempo para se salvar, e o carro o atingiu fatalmente. A mulher, desesperada pelas dores e pelo acidente que havia acabado de presenciar, desmaiou. Rin, pálida e sem ação, observou toda a cena de longe, até que seu cérebro finalmente percebeu o que havia realmente acontecido. E ela gritou tanto que a bela voz parecia estar sendo destruída.

Com a visão turva pelo excesso de lágrimas, Rin se aproximou rapidamente do amado, enquanto ouvia ao longe pessoas que foram atraídas pelos gritos ligando para a ambulância e para a polícia. O motorista do carro havia fugido. Ver a bela pele clara de seu namorado em contraste com o vermelho vivo do sangue fez com ela perdesse as forças que a mantinham de pé, e ela caiu ao lado dele, envolvendo a mão manchada de sangue com suas pequenas mãos trêmulas.


- S-S-Sesshy... - A voz, falha pelos gritos, saiu rouca. Sesshoumaru abriu um pouco os olhos e encarou a face desesperada da namorada. Talvez ele soubesse o que estava para acontecer, pois juntou todas as forças ainda tinha em seu corpo para movimentar a mão ensanguentada e levá-la até o bolso da calça. Acompanhando tudo em um silêncio de medo, Rin sentiu ele colocar uma caixinha entre suas pequenas mãos antes dos olhos dourados se fecharem para sempre. Mais um grito de dor foi o suficiente para que a voz desaparecesse e que a jovem fosse contida por uma mulher desconhecida, enquanto homens de branco iam em direção às vítimas no chão.



 ___ Flashback ___


Megutte nagarete Toki wa utsuroida
Mou nani ga atta ka Omoidasenai kedo
Me wo tojite mireba Dare ka no waraigoe
Naze ka sore ga ima ichiban no takaramono

O tempo mudou, uma vez que subia e descia.
Eu não consigo lembrar mais do que aconteceu, mas,
Se eu tentar fechar meus olhos, eu consigo ouvir o riso de alguém.
De alguma forma, esse é agora o meu tesouro mais precioso.



- Rin, já está na hora! - Ouvi o chamado acompanhado por algumas batidas na porta. Respirei fundo antes de me levantar, dando uma última olhada para a minha aliança dourada. Ela me lembrava os seus olhos.


Hoje, quem me vê sob as luzes fortes deste palco, cantando com toda a capacidade que a minha voz me permite, pensa que não há mais nada que uma jovem talentosa possa querer. E realmente, não há. Aquilo que eu mais desejo não pode ser realizado, por mais que eu cante com toda a minha alma. Sesshoumaru, sei que você não pode estar comigo, mas eu estou aqui, cantando a música que fiz para você, no meu primeiro grande show no Dia dos Namorados. Quatro anos se passaram desde que você se foi. Enquanto não podemos nos encontrar para finalmente nos casarmos, eu continuarei sendo sua noiva, e continuarei a cantar, até que a minha voz desapareça para sempre. Certas coisas nunca mudam... Quando eu fecho os meus olhos, ainda posso ver as folhas douradas do outono. Nosso outono imutável. Hey, Sesshoumaru... será que o vento dessa estação pode levar minha música até você?

_____________


- A tia Rin canta muito bem! - Comentou uma pequena garotinha em voz alta, aparentando uns quatro anos de idade, enquanto assistia ao show da cantora Rin Taishou.

- Sem dúvidas. - Concordou a mãe, com os olhos marejados. - Isso é porque ela está cantando para alguém muito importante. Não é qualquer voz que é capaz de alcançar seu padrinho, Sesshoumaru, lá no céu...


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Notas finais do capítulo

Agradeço à todas as leitoras da comunidade pelo apoio e aos meus futuros leitores do site. Espero que gostem.

Obs: SESSHOUMARU E RIN FOREVER~



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