- Sabe Jass, eu prefiro mais o terceiro ano do que o segundo sabe, podemos escolher algumas matérias – me disse Cho, enquanto descíamos para o café, de manhã bem cedo, o castelo estava vaziu a essa hora.

  - É, parece ser bem melhor! – sorri – Acho que vou querer fazer Artimancia e Trato de Criaturas Mágicas.

  - Adivinhação é bem legal também – disse sem muita convicção enquanto entrávamos no Salão Principal em plena manhã de sábado – a professora parece meio bituta no começo mas você se acostuma.

  Sentamos à mesa da Corvinal, enquanto me servia de cereal com leite, alguém atrás de mim me cutucou:

  - Bom dia Jass – disse Mione sorrindo.

  - Bom dia Mione.

  - Sabe aquela visita na casa do Hagrid? Esquece, Olívio chamou Harry logo de manhã cedo para treinar, eu e Rony vamos assistir ao treino, você vem?

  - Ah, claro! –respondi meio sem jeito e achando o Wood um doido – como rapidinho.

  Terminei de comer e não esperei para ver se Luna trazia algo para mim, então eu fui com Mione e Rony a caminho do campo de Quadribol, dava para ver a equipe da Grifinória parada conversando com... A equipe da Sonserina. Nós nos entreolhamos e apertamos o passo, coisa boa dali não iria sair. Ao ficarmos ao lado de Harry, Rony percebeu algo:

  - São Nimbus 2001! – isso fez como que todos da Grifinória e eu se assustassem – como as conseguiram?

  - Presente do pai do Draco – informou Marcos Flint, capitão do time da Sonserina.

  - Isso que dizer que...

  - Sim Jass, entrei para o time da Sonserina, sou o novo apanhador – disse Draco se gabando – enquanto isso, vocês continuam montando nesses lixos.

  - Pelo menos, nenhum da equipe da Grifinória teve que pagar para entrar – defendeu Hermione, com razão – todos entraram porque tem talento.

  - Olha como fala comigo sua – Malfoy fez uma cara de nojo horrenda – sujeitinha de sangue-ruim!

  Todos prenderam a respiração por um segundo, Mione pareceu extremamente ofendida e Harry ficou confuso. Eu e Rony sacamos as varinhas:

  - Você vai pagar por isso Malfoy! – ameaçou Rony apontando a varinha para Draco – Cara de Lesma!

  O feitiço saiu pela culatra e atingiu Rony que voou e caiu sobre a grama ainda um pouco molhada com o orvalho, todos da Sonserina riram, eu e toda a equipe da Grifinória fomos ver como Rony estava:

  - Ron, você está bem?! – perguntou Mione, preocupada – Fala alguma coisa!

  - Calma Hermione, não queira que ele abra a boca tão cedo.

 - Porque Jass?

  Nem tive que responder, Rony vomitou uma lesma que começou a se locomover. Todo mundo ficou com nojo. Hermione e Harry pegaram Rony pelos braços “vamos levá-lo para o Hagrid”:

  - Ok, eu já vou – os três começaram a se dirigir para a cabana do Hagrid, enquanto eu me aproximava de Malfoy – acha que vai sair dessa ileso só porque a varinha de Rony está com um certo defeito?

  - Hum, acho...? – respondeu debochado, fazendo os companheiros rirem.

  Eu sorri e apontei a varinha para ele, o mesmo levantou uma sombrancelha e riu:

  - Acho que não é só Ron que vai começar a vomitar lesmas do nada – sorri maliciosamente – Cara de Lesma!

  Malfoy foi atirado para longe  e também começou a vomitar lesmas. Guardei a varinha e enquanto os grifinórios riam eu corri para a cabana de Hagrid. Quando cheguei, foi Mione que abriu a porta e me mandou entrar:

  - Continuando – disse enquanto me sentava ao lado de Rony depois de dar oi ao Hagrid – ele me chamou de sangue-ruim – sua cara ficou triste e ela se virou.

  - Ele não fez isso! – exclamou Hagrid.

  - Eu ainda não entendi o que isso significa... – disse Harry realmente confuso.

  - Significa sangue-sujo! – começou Mione irritada – “sangue-ruim” é...

  - A pior ofensa que alguém que não tem a família inteira bruxa, os nascidos trouxa assim como a Mione, pode receber – terminei vendo que Mione estava abalada.

  Os olhos de Mione estavam cheios de lágrimas, Hagrid foi animar Mione e conseguiu! Ficamos por um tempo na cabana de Hagrid até Rony para de vomitar. Voltamos para o castelo somente para o almoço (sim, Rony demorou para parar de vomitar), entramos no saguão de entrada e McGonagoll falou de nossas detenções: Rony iria limpar a sala de troféus, Harry iria ajudar o prof. Lockhart com as cartas dos fãs e eu iria limpar o corujal:

  - Posso ficar na sala de toruféus ou com o corujal? – pediu Harry.

  - Claro que não, sr. Potter! O prof. Lockhart fez questão que fosse você! Oito horas em ponto os três.

  - Certo, profa. McGonagoll! – respondemos em uníssono e seguimos para o almoço.

  Me alimentei bem, afinal meu café da manhã foi um fiasco. Leo não parava de falar comigo até que uma menina loira de olhos esbugalhados sentou à minha frente:

  - Você é a animaga, né? Jass Hebstropher? – perguntou com uma voz sonhadora.

  - Ahn, sim – respondi confusa – e você?

  - Sou Luna Lovegood, entrei em Hogwarts esse ano.

  - Prazer.

  - Depois você pode me mostrar a sua forma animaga? Sabe, gosto bastante de animagos, são intrigantes, mas o único que vi até agora foi a Minerva.

  - Claro, quando você quiser – quando ela abriu a boca para falar – menos agora – então ela fechou a boca e abriu uma revista O Pasquim.

  - Nunca li essa revista...

  - Só tem bobagens – comentou Leo.

  Luna olhou feio para ele:

  - Meu pai é o diretor – disse dura.

  - Desculpe, só expressei a minha opinião!

  - Ora, tomasse mais cuidado!

  - Podem nem começar essa discussão vocês dois! Luna, depois me empresta para eu dar uma olhada?

  - Quando quiser – respondeu sorrindo vitoriosa antes de voltar a ler.

  Continuei a comer, o que achei estranho foi Talita não ter aparecido. Leo me emprestou um livro de poções que ele havia acabado de terminar de ler e fui para os jardins, onde vi Talita lendo um dos livros de Lockhart, corri até ela:

  - Que emice é essa Taly? Está parecendo eu!

  - Oi Jass! – respondeu ela sorrindo – Desculpe, é que eu sou super-fã do Lockhart então quero terminar de ler a coleção dele para ter mais atenção que a Granger durante as aulas dele.

  - Boa sorte! Mesmo assim, não acho que Lockhart mereça tanto esforço, ele é um idiota.

  - Eu não acho, o acho muito corajoso, inteligente e... Lindo – suspirou.

  - Ok ok, fique com os seus sonhos, eu vou ler algo que preste – ela me olhou com um olhar de censura.

  Fui até uma árvore as margens do Lago Lula-Gigante, sentei-me e comecei a ler o livro que Leo me emprestou. Tinha somente receitas de poções, típico! Depois de terminar de ler, ouvi uma voz arrastada se aproximiando:

  - Jass! Quero ter uma palavrinha com você!

  - Vai falando, olha a minha cara de quem liga.

  - Não deveria ter feito aquilo, posso acaba com a sua vida aqui dentro!

  - Acabe – olho pra ele – ainda estou irritada com você então nem ligo para o que irá fazer ou deixar de fazer, continua um bocó aos meus olhos – meus olhos ficam vermelhos.

  Draco pareceu confuso, acho que ele não esperava essa reação. Ele fez uma cara de “esquece” e foi embora, estranho, ele não é de ser assim. Voltei ao castelo e me deparei com Harry, Mione e Rony indo ao Salão Principal:

  - Onde esteve Jass? – perguntou Harry.

  - Nos jardins, perto do Lago Lula-Gigante.

  - Você deveria ter ido na biblioteca! Hermione não quis nos ajudar com a lição que McGonagoll passou – reclamou Rony.

  - Certa ela! Vocês dois devem aprender a fazer as lições sozinhos!

  Eles abaixaram a cabeça e finalmente chegamos ao Salão Principal. Comi peito de peru ao molho de ervas com batata a dorê e de sobremesa um pudim de leite, não iria precisar mais que isso. Fui para o corujal e percebi que grande parte das corujas tinha saído para caçar, mesmo assim Edwiges e Luna ainda estavam lá, elas me viram e piaram me dando as boas vindas. Vi que separaram uma pá, uma vassoura, feno e um saco. Felizmente, sempre limpava minha casa uma vez por semana, o corujal não daria nem para o cheiro!

  Comecei e terminei em vinte minutos. Tinha que levar o saco para a sala do Filch, saquei a varinha então a girei e sacudi:

  - Wingardium Leviosa!

  Assim, cheguei à sala de Filch depois de mais vinte minutos. Eram sete e quarenta, Harry ainda estaria na detenção?

  Me transfigurei e voei até a sala de Lockhart, voltei ao normal e bati na porta, Harry que atendeu:

  - Oi Jass! – disse sorrindo e depois sussurrou – me salva!

  - Boa noite, professor – disse sorrindo, tentando não rir da cara de desapontamento de Harry.

  - Olá Jass! O que deseja?

  - Queria saber se poderia ficar aqui um pouco, sabe, acabei a minha detenção e estou sem sono... – menti.

  - Ah, sim, sem problema algum!

  Harry foi sentar-se onde estava sentado antes e eu puxei uma cadeira. Fiquei os observando e conversando com eles por algumas horas, Harry parecia desesperado para ir embora, eu também estava, o Lockhart era muito chato!

  Venha... Venha para mim... Me deixe rasgá-lo... Me deixe rompê-lo... Me deixe matá-lo...

  - Quê?! – eu e Harry perguntamos em uníssono.

  “- Eu sei! – disse Lockhart – Seis meses inteiros encabeçando a lista dos livros mais vendidos! Bati todos os recordes!”

  - Não! – disse Harry assustado.

  - Que voz foi aquela? – pergunto, arrepiada.

  “- Perdão – disse Lockhart – Que voz?

  - Aquela, a voz que disse, o senhor não ouviu?”

  Lockhart olhou para nós confuso:

  - Vocês estão bem? Do que estão falando? Será o sono? Olhe só a hora! Estamos aqui a mais de quatro horas! Melhor irem dormir, boa noite.

  Saímos da sala de Lockhart e começamos a andar em direção da torre oeste:

  - É, mais de quatro horas talvez tenha nos feito delirar – zoei e Harry riu.

  - Mas sinceramente – disse voltando a ficando sério –tenho certeza de que não foi loucura, estava vindo das paredes...

  - Para mim veio do seu colar!

  - Sério?! Que estranho!

  - É, e ouvir vozes mesmo no mundo mágico não é bom sinal, meu pai sempre falava isso – disse com uma pontada no peito quando mencionei meu pai.

  - Depois resolvemos isso, já chegamos.

  Dei boa noite ao Harry, respondi a pergunta da aldavra e entrei no Salão Comunal. Leo estava dormindo novamente em um sofá. Fui até ele e o acordei:

  - Vamos subir, seu doido.

  - Ok, já estou indo, obrigado Jass.

  - Não se esqueça de subir mesmo – então subi as escadas, para uma longa (e merecida) noite de sono.