Aizen estava preocupado. Como era sábado ninguém ia a Seireitei e teria que ficar com ela sozinha. Seria desconfortável de certa forma. A tratava como filha e agora estava tendo sonhos indecentes. Ficou pensando se ela (de alguma forma) também se sentia daquela maneira. Chegou a conclusão que não, senão ela teria ficado sem graça.

  – Já está acordado, Sousuke-kun? – ela perguntou sonolenta, fixando os olhos vermelhos por causa do sono nele.

  – Hai. E você também deveria de levantar. – respondeu meio sério, o que não a deixou feliz.

  – Por que está tão sério? – jogou o cobertor de lado e sentou-se. Olhava-o interrogativa, não entendia o porquê ele falar daquele jeito com ela.

  – Por nada. E não estou sério. – levantou-se e adentrou a cozinha.

  Kazume ainda não se conformava e, levantou-se do futon e correu atrás dele. Encostou-se no batente da porta. Ouviu-o suspirar e aproximou-se devagar. O segurou pelos braços e o girou, obrigando-o a ficar de frente para ela.

  Aizen comoveu-se ao fitar os olhos dela cheio de lágrimas. Ela tinha razão: ele a tratou com frieza e não merecia isso. Limpou com o polegar uma lágrima que insistia em rolar.

  Surpreendeu-se quando ela o abraçou escondendo o rosto em seu peito. Sabia que ela gostava dele, mas não de outro jeito. Aquilo no fundo doeu.

  – Desculpe-me, Kazume-san... – pediu ainda comovido.

  – Não faça mais isso, Sousuke-kun. – soltou-o e limpou os olhos. – Hoje não irá ao esquadrão?

  – Iie. – ia falar mais alguma coisa, mas ela saiu o puxando cozinha afora. – Aonde...?

  – Vai se arrumar! Iremos passear! – entrou no banheiro e depois de alguns minutos estava de volta. Seus cabelos estavam presos em uma trança de lado, usava uma yukata rosa-claro com um obi amarelo vivo passando em volta de sua cintura. – Ainda não se arrumou? – fingiu que estava brava. – Ande Sousuke-kun se não vamos perder o dia!

  – Ainda é cedo! – teve que rir da afobação da menina. – Está bem, está bem, estou indo! – entrou no banheiro e foi se trocar. Voltou vestindo uma yukata azul-escuro com o obi preto.

  – Vamos logo! – o puxou pela mão e saíram de casa.

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  A tarde ali estava linda. O céu manchado pelo crepúsculo deixava o local romântico. Estavam sentados na beirada do “precipício” do Soukyoku. Aizen enganara-se, o dia com ela foi um dos melhores de sua vida, mas aquele sentimento o perturbava e era irritante.

  – Sousuke-kun...? – o olhou curiosa. – Você... Gosta de alguém? – envergonhou-se.

  O moreno fingiu pensar para não falar bobeira. Do jeito em que estava iria acabar falando. Finalmente veio a única palavra que poderia falar.

  – Não...

  – Sério?! – animou-se e deitou-se apoiando a cabeça no colo dele. – Promete que me conta? – tinha um largo sorriso nos lábios enquanto o olhava.

  – Tudo bem... “Ah, Kazume-san... Você só me faz perguntas difíceis...” – pensou a olhando de cima.

  Não via a hora de ela crescer e deixar de ser uma criança. Logo, logo ela iria se formar e entraria para algum esquadrão. O que o deixava aliviado. Quando se deu conta, Kazume estava ressonando. Será que era tão reconfortante ficar assim com ele? Isso sempre acontecia...

  Nesses anos que se passaram, notou que Kazume estava mais segura. O jeito natural de ser dela era evidente. Seria uma garota que não se importaria tanto assim com as opiniões dos outros, mas tinha certeza que se magoaria facilmente. Seu coração pesou ao pensar isso.

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  A colocou deitada no futon e sentou-se ao lado. Aquilo sempre o admirava. Não sabia como ela conseguia dormir como uma pedra e tão rápido assim. Ela estava tão tranquila que por um instante teve certeza que não conseguiria controlar seus sentimentos.

  Levantou-se e foi olhar o céu onde uma pálida lua brilhava. Finalmente admitiu para si mesmo que a amava.

CONTINUA...