Eu e Caled poderíamos estar ali a dias seguindo aquela luz dos anjos. Aquela caverna parecia ter cada vez mais galerias, com cada vez mais demônios idiotas. É como se alguém estivesse nos desafiando a prosseguir.

         Eu, já havia matado uns cem demônios, e Caled também. Nós dois estávamos cada vez mais cansados, e machucados.

         -Droga – eu murmurei vendo que a luz estava ficando cada vez mais fraca, Caled piscou os olhos, e franziu o cenho – O que isso quer dizer? – eu perguntei para ele murmurando, nenhum de nós tinha coragem pra levantar a voz.

         -Sah, acho que estamos chegando – ele respondeu, me abraçando, eu e ele forçamos nossas vistas, e continuamos a seguir a luz, que ficava cada vez mais fraca, como se o cristal estivesse em um lugar muito escuro, guardado pelas trevas.

         Eu e Caled andávamos rapidamente, mas com cuidado, o caminho ficava cada vez mais sutil, e não enxergar praticamente nada ajudava a situação.

         Se eu estava com medo antes, agora no escuro, o medo se misturava com ansiedade, e o pior, é que eu sabia que o tempo ali dentro era muito rápido, e que o meu tempo, e principalmente de Caled estava acabando.

         Eu sabia disso, porque há umas três horas, ele comentou sobre, eu me salvar e ele ficar, e eu soube, que tínhamos só algumas horas a mais ali. Além do mais, Caled parecia mais triste a cada momento, eu ainda sentia que ele estava realmente vivo, de algum jeito, mas que se não conseguíssemos...

         A luz estava quase totalmente extinta, e assim que eu vi isso, eu parei, e Caled também, como iríamos seguir? Foi quando vimos uma luz roxa com um azul brilhando ao longe.

         Era o cristal, eu sabia disso, e podia sentir. Eu também vi os demônios que estavam cuidando dele. Eram quatro demônios que pareciam anjos, eram uns das mais altas hierarquias, os anjos caídos. As asas deles eram negras, e tudo a sua volta era maligno. Eles eram mais inteligentes do que os outros demônios e também os mais poderosos.

         -Filhos da mãe – eu praguejei, e Caled já começou a xingar a família inteira deles, se eu não pudesse morrer, eu teria rido da cena.

         -Quem está aí? – eu ouvi algum deles praguejar com uma voz fria e cruel, de dar medo só de ouvir. Eu sei, eu e Caled deveríamos ter sido mais silenciosos. Mas eu só xinguei a mãe deles, Caled que começou a praguejar.

         Eu e Caled nos entreolhamos, eu peguei minhas facas, e Caled pegou duas 9mm, surgidas da  mala dele. Eu suspirei e me preparei para o pior.

         Certo, o demônio não parecia estar nos vendo, mas nós os víamos, nós tínhamos uma vantagem, contra umas quinhentas deles: eles conheciam aquele covil, eles sabiam que nós estávamos ali, e tinham poderes super ferrados contra a gente. Droga, a gente estava bem ferrado.

         -Nós vamos ir aí seu demônio idiota se continuar importunando seus superiores, e não vir até aqui, agora – falou outro deles indo em direção ás sombras, ficando á uns dois metros da gente.

         -Nós não vamos aí – falou Caled, e eles se entreolharam, e um deles pareceu farejar algo, e eu vi um sorriso malicioso passar por um deles.

         -Então nós vamos aí garotos da profecia – falou um deles, apontando uma flecha para um determinado ponto, longe de nós deles, apontando uma flecha para um determinado ponto, longe de nós, eu vi um sorriso malicioso passar por um deles, e foi aí que a coisa ficou estranha.

         A flecha acertou uma estrela com uma lua atrás de nós, e acendeu várias luzes de vários, cristais, estávamos em um altar, ou um Templo, era redondo, com várias inscrições em uma língua diferente. E desenhos bizarros.

         Uma voz suava por entre as paredes, e eu sabia que era a profecia dos demônios.

         A Princesa e o Imortal juntos irão estar,

         Virão para  o cristal dos anjos recuperar,

         Uma escolha difícil, pode um deles condenar.

         O que será que pode os impedir?

         Eu e Caled, era nós explicitamente, meu nome significava princesa, e o dele imortal. Nós dois estávamos mais que ferrados, não só pela profecia, mas também, porque agora, os quatro demônios nos olhavam e nos apontavam arcos e flechas.

         Eu joguei minha faca, e me desviei de uma flecha, Caled começou a atirar. Ás flechas pareciam vir em um jato incontido, e eu só estava me desviando por sorte.

         Eu não sabia mais o que fazer, quer dizer, eu estava tentando me aproximar do cristal sem morrer. Eu já tinha passado a linha do meio, estava perto da porta. Eu consegui chegar na porta e vi que Caled também consegui, ele estava logo atrás de mim.        

Ás flechas deles acabaram, as balas de Caled também. Os demônios resolveram atacar, eu já podia ver o cristal, eu estava bem perto. Dois começaram a vir em minha direção. Eu comecei a correr, aqueles demônios não podiam ser mortos, isso explicava minha faca no peito de um, e na garganta do outro que me perseguiam. O cristal era lindo, parecia um diamante, e tinha só o tamanho do meu punho.

         Caled estava do meu lado, e os demônios estavam me cercando. Eu vi o cristal a dois centímetros da minha mão. Eu agarrei a mão de Caled, e peguei o cristal em minha outra mão. Caled me abraçou por trás, e uma luz nos envolveu queimando os demônios, e nos fazendo fechar os olhos.

         Nós tínhamos conseguido, e os anjos estavam nos salvando.