Minhas mãos tremiam quando peguei o telefone, mas eu precisava fazer aquilo.

-Rosalie? É Bella.

-Bella? – a voz incrédula ecoou em meus ouvidos.

-Você precisa me ajudar – fechei os olhos implorando para que ela entendesse.

-Da minha ajuda?Por que? – sua voz se tornou urgente – Aconteceu alguma coisa? Edward está bem?

Mordi o lábio.

-Está... Mas eu... –respirei fundo – Eu estou grávida.

-Você...? – ela se tornou terrivelmente gélida – Você ...voce não pode ter...traido meu irmão! 

-Não! – disse alto. Rapidamente, olhei assustada para trás. Edward ainda estava procurando Gustavo. Baixei a voz – Claro que não. Eu jamais faria isso. Eu tenho uma teoria para isso... Meu corpo muda. Então, certamente ele pode acomodar uma criança.

-E o que eu tenho haver com isso? – disse indiferentemente.

Engoli em seco.

-Edward quer tirar a criança. – disse – De dentro de mim. – especifiquei estupidamente. – Mas... Eu quero tê-la. Eu já a amo.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos.

-Quando vocês chegam? – perguntou finalmente.

Suspirei aliviada.

-Daqui á algumas horas.

Desta vez, sua voz emanava compaixão.

-Estarei no aeroporto.

-Obrigada, Rose.

Fiz menção de desligar mas ouvi-a me chamando.

-Não faça esforços! Você precisa se cuidar. – recomendou.

-Ficarei bem. Te vejo no aeroporto.

-Tudo bem.

Desliguei o telefone.

Rosalie havia me entendido. Havia concordado em me ajudar. E eu tinha a certeza de que precisaria dessa ajuda...  Edward nunca iria tirar esta criança de mim! Eu não iria deixar! Ah, não mesmo!

Mesmo com essa conquista, fiquei com medo do que meu marido poderia fazer ao nosso filho enquanto estivéssemos aqui. Uma pontada de náusea me invadiu quando o ouvi se aproximar.

Corri para o banheiro.

-Bella..? Ah, ... Como você se sente?  - perguntou enquanto segurava meus cabelos – Está com dor? Ah Bella...

-Não... – falei limpando a boca – Estou bem.

Antes que eu pudesse protestar, Edward me pegou em seus braços. Seus olhos eram um misto de angústia e preocupação.

-Edward, não precisa me carregar! Eu sei an-! – Ele me cortou.

-Não,Bella. Você não pode se esforçar. Chegaremos em pouco tempo, e logo essa coisa estará fora de sua barriga. Fique tranqüila – seus olhos arderam – Não vou deixar isso te machucar.

Encarei-o pasma. Como ele podia falar isso do meu filho?! Do nossofilho?!

Magoada, abaixei a cabeça e encarei minas mãos. Elas estavam em meu ventre.

Estávamos no avião á pouco tempo. Mesmo assim, dormi na meia hora que se passou, havia acabado de acordar.

Logo senti uma mão gelada em minha testa.

-Não está com febre... – sussurrou.  Logo olhou para mim. – Como se sente?

-E-eu não sei... – minha cabeça girava – Eu acho que... – não consegui terminar de falar. A ânsia cresceu rapidamente, fazendo-me correr para o banheiro.

Quando saí, Edward me esperava na porta. Ele pôs a mão em minha testa novamente.

-Está melhor? – perguntou.

Eu apenas assenti em resposta.

Voltamos para o banco do avião.

Após alguns minutos em silêncio, ele me fitou agoniado.

-Bella... Por favor, não esconda de mim o que você está sentindo.

Olhei inocentemente para ele.

-Está com dores? Ânsia? Alguma coisa?
-Eu não sei... – encostei minha cabeça em seu ombro – Estou com um pouco de tontura...
Ele balançou a cabeça.

-Tiraremos essa coisa de você antes que a machuque. Eu prometo.

Balançou a cabeça novamente e olhou para as nuvens.

-Você algum dia me perdoará por isso Bella? – sussurrou para si mesmo.

Meus olhos se encheram de lágrimas.

-Pare de falar assim... – falei sentida.

-O que? – disse distraidamente.

Furiosa, coloquei a mão em seu ombro.

-Pare de chamá-lo de “coisa”!

Ele me lançou um olhar torturado.

-E do que você quer que eu chame algo que futuramente poderá te machucar? – sussurrou mortificado.

Senti algo molhado se alastrar pelo meu rosto. Eu estava chorando.

Lentamente, tirei a mão de seu ombro.

-Chega, Edward... Já cansei disso... – falei magoada.

Ele limpou delicadamente uma pequena lágrima de minha bochecha.

-Bella... Isso é um monstro. Um monstro como eu!

Meus soluços eram altos e algumas pessoas curiosas se viraram para ver o que acontecia.

-Pare! Pare de me magoar desse jeito!

Ele fechou os olhos.

-Bella... – murmurou. Finalmente, Edward pareceu tomar consciência do que havia dito. – Bella, me desculpe... Eu não queria te magoar...

-Não quero mais falar sobre isso. – interrompi virando-me para o lado oposto ao dele.

O movimento brusco fez com que eu precisasse ir ao banheiro novamente.

Quando voltei, ele estava lá.

Seu olhar quase me fez chorar de novo.

-Me perdoe, Bella. Eu estou muito preocupado... Entenda isso... E, eu não consigo pensar antes de falar... Só falo idiotices mesmo...

-Shh... – pus um dedo em seus lábios – Sou eu quem tem que se desculpar... Dei um ataque, te magoei. Me desculpe.

Ele sorriu para mim

-Eu te amo.

-Eu te amo mais.

 Fiquei o resto da viagem abraçada á ele, mas, ao mesmo tempo temia a sua reação de quando descobrisse o que eu estava prestes a fazer.