Maré Vermelha escrita por Re_mione


Capítulo 13
CAPÍTULO XIII – SENSAÇÕES CLANDESTINAS


Notas iniciais do capítulo

Pessoal... esse capítulo acompanha trilha sonora, sugiro que no momento em que aparecer o link, acessem e terminem de ler a fic ouvindo a música... acho que faz toda a diferença no clima do capítulo! Espero que gostem! Bjus. =)



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Em meio a aulas de direção, alguns poucos dias de sol na praia, cinema, compras em Port Angeles, filmes na frente da TV, jantares com Charlie, caçadas na floresta, campeonatos de vídeo-game e olhar as estrelas na rede da varanda... os Cullen passaram todo o verão em Forks, Edward e Carlisle foram e voltaram diariamente de Olympia desde que o mês de férias de ambos tinha acabado, mas não houve quem demovesse Renesmee da idéia de ficar na cidade até o fim do verão, mas este finalmente chegara e era preciso retornar.

- Gostaria de não ter que voltar, Forks é minha casa, não tenho vontade de sair daqui Jake... Detesto essa vida de tempos em tempos termos que nos mudar!

- Olympia é tão próximo Nessie, você pode vir sempre que quiser!

- Não é a minha casa Jacob, foi aqui que eu nasci, aqui está meu avô e meus amigos mais queridos, aqueles com quem eu posso ser eu mesma!

- Quando o ano escolar começar você verá seus amigos, conhecerá novos e essa sensação de nostalgia passará!

- Jacob Black, às vezes eu não te entendo, em alguns momentos é tão sensível e sempre capaz de se por no lugar dos outros, mas sempre que se trata de mim, especialmente de uns tempos pra cá parece que tipo... sei lá, emburreceu!

- No meu entender eu estou tentando lhe fazer sentir-se melhor! Ou você preferia que eu concordasse com tudo e te deixasse ainda mais “depre”! E quer saber, faço minhas as suas palavras... parece mais fácil alcançar o Sol do que alcançar você! O que espera de mim afinal?

- EMPATIA! De vez em quando seria bom!

- Como você pode me acusar de não ter empatia, justamente por você Renesmee!

- É, mas não tem... quando me acusa de ser volúvel, por exemplo... nunca passou por essa sua cabeça dura que foi o jeito que encontrei para me proteger, de não me apegar, afinal, para sua informação eu não posso gostar de ninguém, não tenho esse direito! – Ela gritava as últimas palavras. – Não por um humano pelo menos, a não ser que ele aceite ser transformado! E essa definitivamente não é o tipo de proposta que a gente pode sair fazendo para as pessoas por aí!

- Ness...

- Eu ainda não acabei... as amigas humanas que tenho não posso compartilhar os meus segredos ou as minhas angústias... tudo sempre em partes ou em meias verdades, isso quando não são mentiras mesmo! Você pensa que é fácil? Que estar aqui em Forks é só nostalgia? – E apesar de parecer que ela passaria aquele dia todo falando, seus olhos encheram-se de lágrimas e um nó na garganta conteve seu desabafo.

Estavam sentados lado a lado, nos degraus em frente à casa de Jacob, ela firmou seu olhar no horizonte, pois sabia que se o encarasse o pranto correria.

- Então se essa é mais uma de suas manipulações egóicas para se defender da dor de partir... pode esquecer... não vou brigar com você mesmo que queira. – Jake disse, enquanto virava-se de frente para ela e tirando-lhe o cabelo dos olhos com delicadeza e colocando-o atrás de sua orelha, continuou. – Desculpe, se nem sempre consigo corresponder as suas expectativas, sei que não é fácil estar no seu lugar, mas entenda nem sempre poderei compreender tudo, até porque estou implicado nessa situação, também sofro com a separação e sinto ciúmes de seus amigos e de quando você se diverte quando não está comigo.

- Ok! Desculpe também se estou sendo uma amiga tipo... exigente demais!

- Não posso desculpar aquilo que mais gosto em você!

- Gosta que eu seja exigente?

- Você não é exigente, é intensa, é vibrante... adoro isso em você e... não acho que exija mais do que merece. – E dizendo isso, levantou-se e estendeu-lhe uma das mãos. – Vamos caminhar um pouco, venha se despedir da praia.

Nessie apanhou a mão de Jake e ele puxou-a para junto de si num abraço envolvente, descansou seu rosto sobre os cabelos dela, fechando seus olhos e inalou o perfume lenta e profundamente, ficando assim preenchido por aquele cheiro para que quando ela se fosse, um pouco ainda ficasse com ele.

Entrelaçaram as mãos e caminharam silenciosamente até a praia. O céu límpido como raramente costumava acontecer parecia vir reverenciá-los, as águas balançavam calmas e refletiam brilhantes a luz do sol.

- Fiz algo para você levar e lembrar-se de mim. – Então Jake puxou do bolso lateral da calça cargo que usava um CD e entregou-o a Nessie.

E na sua caligrafia estava escrito “Jake ao violão”

- Como eu pude dizer aqueles absurdos todos pra você? Desculpe Jake! Estou me sentindo tão idiota!

- Não me peça desculpas por dizer como se sente, é importante eu vou sempre querer saber.

- “Jake ao violão?” – Ela leu em voz alta num tom de interrogação.

- É, gravei um CD tocando violão pra você. Tive uma ajudinha de um cliente que tem um estúdio em Port Angeles e da Bella que me deu dicas de algumas de suas músicas preferidas. Não foi tudo que deu, afinal eu sou amador! Mas até que ficou legal! E agora não poderá mais dizer que nunca toquei pra você!

- É demais Jake, tudo de bom! Um presente personalizado, só podia vir de você! – Ela então deu um beijo no CD e depois jogou seus braços em volta do pescoço dele, e cochichou no seu ouvido. – Agora é minha vez...

E ainda presa a ele girou seu corpo deixando-o de costas pra ela e então, do seu bolso tirou um cordão de couro preto com uma letra R prateada e pendurou no pescoço dele.

- Pensei... já que você não tem namorada não teria problemas de usar e se  futuramente alguma surgir... pensei na desculpa também... você pode dizer que o R é de Raquel e Rebeca, aí ninguém vai pedir que tire!

Jacob virou-se para ela e olhando dentro dos seus olhos disse a única coisa que pôde naquele momento.

- Vou amar tê-la próxima ao meu coração! – Referindo-se ao presente que agora pendia-se próximo ao peito.

- Não é criativo como o seu presente mas... – Ele não permitiu que ela continuasse, colocou a ponta dos dedos da mão sobre os lábios dela e falou:

- É perfeito... - Então se abraçaram e ficaram ali por longos minutos.

http://letras.terra.com.br/madonna/72562/traducao.html

Voltaram a caminhar e conversar. Ficaram tão absortos que não perceberam as nuvens acinzentadas que cobriram o céu no final daquela tarde... estavam longe de casa quando sentiram os primeiros pingos.

- Ness... é melhor andarmos logo, vem vindo chuva por aí! – Jacob agora olhava para o céu escurecido.

- Você é feito de açúcar Jake? Derrete na água? – Aquelas perguntas, bem como o tom travesso que Nessie impôs a elas sugeriram as suas intenções.

Quando os grossos pingos começaram a cair, nenhum dos dois mudou o ritmo da caminhada, a chuva lavava a tarde deixando tudo molhado, ondas fortes agora quebravam, mas Ness não se entimidou da chuvarada estendeu os braços e olhou para o céu, parecia querer ficar banhada. Um sorriso brincou nos lábios de Jacob, encantado com a graça e espontaneidade da cena que via, ela puxou-o para beira-mar e espirrou-lhe água propositalmente num convite para brincar, chuva grossa, água gelada, inundados ambos ficaram. Ela o provocou e desatou a correr quando percebeu que o revide não seria piedoso, mas não foi suficientemente rápida na decisão e ele a alcançou! Içou-lhe no ar pela cintura e rodopiou-a para lhe lançar ao mar, mas sagazmente ela gritou:

- VOU PERDER O MEU CD NO MAR! – Ele hesitou e ela sorriu vencedora.

Ainda com ela presa nos braços ele murmurou em seu ouvido:

- Jogo sujo!

Ness lutou para se desvencilhar e poder olhá-lo de frente e então respondeu num sorriso irônico:

- Mas ninguém disse que seria limpo!

- Claro que não Ness, só eu que ainda insisto em acreditar que você continua...

E de repente ele parou de falar, algo naquele instante mudara, a chuva agora fina, continuava a cair e Jacob sentiu-se encharcado, ensopado, mas não da chuva... DELA. Ele só conseguia ver a água que escorria dos cabelos cacheados e pingava escorrendo pela sua pele molhada, morrendo no decote da sua blusa. A brisa vinda do mar causava arrepios e ele viu cada um dos pelos dos braços dela eriçarem, bem como sua pele estremecer levemente com o contato do ar frio. Um lado pequeno da sua consciência tentou desviar o olhar da transparência do tecido molhado que grudava no corpo de Nessie evidenciando seus mamilos rijos, mas ele nunca havia ficado tão consciente do corpo dela como naquele momento, cada parte do seu próprio corpo sentia a presença dela e secretamente ele sentiu-se enrijecer, um misto de medo e desejo lhe dominaram, sua respiração acelerou e por alguns segundos ele foi levado desse mundo.

Ela não sabia ao certo o que passava pela cabeça dele, mas notou que junto com sua repentina falta de vocabulário, um olhar quente e impetuoso que ela nunca vira naqueles olhos castanhos profundos, estava ali. E apesar de sentir-se um pouco constrangida, o que lhe rendeu certo rubor no rosto, clandestinamente uma discreta excitação percorreu-lhe o corpo.

E cada um tentando esconder do outro os sentimentos buscavam vacilantes as palavras.   

- Você dizia...

- Algo que... não faz mais sentido algum... – E era verdade, a palavra “ingênua”, decididamente não caberia mais naquele contexto. – Desculpe Ness, acho que “viajei”!

E na tentativa de quebrar o clima um tanto constrangedor que se instalou ela brincou:

- Espero que tenha sido para um lugar bonito!

- Você nem faz idéia o quanto... – E novamente aquele olhar desconcertante apareceu no rosto dele e a fez corar. Mas ele logo recobrou o foco e retomou o curso da conversa. – E por falar em viagem, você infelizmente tem uma hoje e não quero dar motivos para Edward... bem, você sabe... Agora vamos, você precisa se secar e podemos vestí-la com roupas da minha irmã.

No caminho de volta Nessie tentou aproximar-se de Jacob, mas ele estava apavorado consigo mesmo, desesperado em controlar seus sentimentos e acabou impondo um distanciamento que ela não estava acostumada.

*****   

O movimento de homens carregando malas para os carros era grande... mas Jasper era quem mais reclamava:

- Alguém pode me dizer por que a Alice continua insistir em sempre voltar com muito mais malas dos lugares do que ela já leva? E olha que ela nunca leva poucas... nunca para qualquer lugar que vá!

- É mesmo Alice... você podia maneirar... o Jazz começou a carregar o carro uns dez minutos antes do  que eu ou Edward e pelo jeito vai acabar depois!

- Mas qual o problema Emmet? Isso não o pode cansar! Além disso, mais de um terço das malas são dele mesmo!

- Claro... é você que compra as minhas roupas! – Jasper protestou. – Se fosse só por minha conta uma mala bastaria para o verão inteiro!

- Não quer mais que eu compre suas roupas... – Alice fazia um beicinho e cara de magoada.

- Claro que quero amor... adoro que escolha minhas roupas... mas você podia ser mais moderada com relação a quantidade, de vez em quando... só para variar! – E beijou os lábios da amada com ternura, quando ela sorriu de volta ele continuou... - Pensando bem, só para ver você sorrir carregaria todos esses carros com suas malas se esse fosse seu desejo!

- AHHHHH! Que romântico! – E todos os homens da casa falaram em uníssono, tirando sarro de Jasper.

Foi impossível evitar o chacoalhar dos corpos com as risadas.

Alice franziu seu narizinho arrebitado e com as mãos na cintura, retrucou: 

- Liga não Jazz eles são todos uns despeitados! Estão com inveja, por você ser o mais elegante da família!

As malas já nos carros, a casa praticamente fechada, apenas despediam-se de Charlie, Sue e Seth.

- Cuide-se querida, tome conta dessa moça, ela já está praticamente uma mulher, as preocupações mudam, mas nunca acabam! – Charlie aconselhou a filha.

- Fique tranquilo papai, ficarei atenta!

- E Bells, pense no que conversamos... acho que já está na hora de levar Nessie para René conhecê-la... parece que o desenvolvimento dela está finalmente desacelerando... não é isso que diz o doutor... ela não precisa saber que são mãe e filha...

- Eu sei papai... vou pensar... mas você sabe, ela não é como você... ela sempre iria querer saber mais do que o suficiente, já é bastante difícil dribrá-la nas raras ocasiões que eu e Edward vamos visitá-la... – Bella falava com pesar na voz, sentia muita falta da mãe, mas preferia não correr o risco de colocá-la em perigo.

- Acho que posso entender... bem, boa viagem!

- Ah... espero vocês em Olympia para o meu aniversário e o de Ness!

- Não se preocupe Bella, estaremos lá, arrastarei seu pai se for preciso! – Sue sabia o quanto Charlie era resistente a reuniões sociais, mesmo que fosse o aniversário da filha, deixar sua casa em Forks então, era algo que realmente lhe causava aversão.   

Bella sabia disso e era grata por Sue ter entrado na vida de Charlie, apesar dele ter passado a maior parte dela sozinho, agradava-a a idéia de que o pai agora tinha alguém por ele.

Ness já se despedira de todos e aguardava sentada no carro olhando pela janela, os olhos perdidos e a fisionomia triste.

Observando-a, Rosalie puxou Bella discretamente pelo braço e perguntou com um gesto de cabeça, apontando para sobrinha, ao que claramente se podia entender como um: “O que há com ela?” E depois puxou Bella ainda mais para longe para evitar que Nessie pudesse ouvir. – Não está parecendo que é só a partida!

- Acho que tem a ver com o Jake... – Bella respondeu aos sussuros.

- E você pode me dizer onde está o seu queridinho que não veio se despedir dela? – Rosalie inquiriu com raiva e seus olhos pareciam sair de órbita quando ela rosnou. – Isabella eu juro que arranco a cabeça daquele cachorro fora se ele a fizer sofrer!

- Tenha calma Rosie, só quem lê pensamentos por aqui é seu irmão! – Bella respondeu-lhe irônica.

- É, mas eu tenho uma excelente capacidade de dedução! – Rosie estreitou os olhos ao falar.

Bella então ouviu o carro de Jacob aproximar-se da estrada que levava até a propriedade.

- Avisei que estava sendo precipitada... – Ela concluiu.

- Sorte dele... – Rosalie remendou insatisfeita.

Jake desceu do carro, dono de uma graça sedutora que lhe era tão natural, andou até onde estavam reunidas a maior parte das pessoas para despedir-se, ficou ali envolvido por alguns minutos até Bella o puxar pelo braço, afastando-o um pouco.

- Espero você no nosso aniversário!

- Estarei lá Bella!  

- E sempre que você quiser... – Bella continuou, Edward havia concordado em acabar com as restrições das visitas a Nessie.

- Obrigado, sei que você se empenhou... agradeça a ele também!  Mas... onde ela está?

- Bella apontou com a cabeça para o carro... ele já seguia na direção quando ela segurou-o novamente e perguntou.

- Aconteceu alguma coisa?

- Sim e não... – Ele respondeu sinceramente.

- Ahhhh... então está explicada a cara de enterro!

- Hey, você sabe muito bem que para ela é difícil ter que ir embora... – Ele não pretendia justificar nada, apenas pensou que pudesse ser realmente a partida.

- Mas sei também que não é só isso! – E ao terminar de falar inclinou a cabeça na direção do carro, acenando para que ele fosse logo até ela.

 Nessie não mexeu um milímetro do lugar, continuou sentada no carro, de vidros fechados, olhando o vazio. Apenas lhe dirigiu o olhar quando ele apoiou os braços sobre o carro, encostou a testa sobre eles e falou:

- Vai me deixar do lado de fora?

- Pensei que fosse esse o lugar que quisesse estar... bem longe? – Descendo o vidro lhe respondeu com acidez.

- Ness, do que você está falando? Não me confunda?

- Ora Jake... você ficou tipo, todo esquisito depois que voltamos da praia hoje à tarde, praticamente me pôs pra fora da sua casa, o que quer que eu pense?!

- Que pense? Eu não sei. Quero que aja... que desça e venha me dar um abraço, sentirei saudade, nem sei ainda como vou fazer para lidar com a sua falta... fiquei mal acostumado de lhe ter por perto todo esse tempo. Por isso, não dificulte ainda mais as coisas para mim! – Ele falou num sussurro, quase uma suplica, os olhos castanhos marejados e o meio sorriso tristonho refletindo seus sentimentos.

- Eu odeio quando tento me fazer de difícil e aí você vem com esse seu jeito irresistível de cachorro abandonado e tipo... me quebra as pernas! – E antes que tivesse terminado a frase já havia descido e estava nos braços dele.

Ficaram ali abraçados por alguns minutos até que ela então entrou no carro e Edward partiu, mais a frente olhou para trás e tocou o vidro e só ele viu quando ela falou:

- Tchau...


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Notas finais do capítulo

E aí... o que acharam? Comentem... estou ansiosa para saber da opinião de vcs!



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