Mamãe e papai haviam saído apenas de madrugada do hospital para irem ao colégio contra a vontade de minha mãe. Eu ficava olhando pela janela, o dia estava lindo nem parecia que ontem havia caído uma tempestade e eu estava lá presa naquela cama de hospital. Vovô sempre aparecia por lá para saber se eu estava bem ou precisava de alguma coisa, ele era quem me fazia companhia, mas não por muito tempo.

            - Oi demorei?

            - Digamos que um pouco.

            - Você se sente melhor? Ele disse chegando perto de mim.

            - Sim, com uma breve dor de cabeça.

            - Dentre um ou dois dias você poderá ir para casa e acabar o tratamento lá.

            - Isso é uma ótima notícia. Eu disse me alegrando rapidamente e pensando apenas mais dois dias. De repente a porta do meu quarto se abre, duas batidas na madeira foram ouvidas e junto um pedido de licença.

            - Luka?

            - Poço entrar? Eu olhei para o meu avô com cara de confusa, ele devia estar na aula como ele estava aqui?

            - Vou olhar alguns papeis e ver alguns pacientes. Meu avô disse dando-me um beijo na testa.

            - Está bem pai. Meu avô saiu do quarto, mas antes havia cumprimentado Luka. – O que você faz aqui?

            - Vim te visitar pensei que ficaria mais feliz com minha presença.

            - Me desculpe, mas estou antes de feliz assustada, como você...

            - Matando aula. Ele disse isso com uma voz tão... NORMAL, como se matar aula fosse uma coisa comum do dia a dia.

            - Como? Então como você soube que eu estava aqui?

            - Simples, fui para a escola com meu irmão como todo dia faço, vi que você não estava lá e perguntei para sua irmã, aquela baixinha de cabelos curtos...

            - Não fala assim da minha irmã. Eu disse com uma voz um pouco furiosa, sentando na cama.

            - Então, ela me disse que você estava doente e internada aqui, fiquei preocupado e bolei um plano, fingi que estava passando mal fui para a enfermaria e a enfermeira ligou para meu irmão ele me buscou eu contei tudo pra ele e me apoiou e fim.

            - A você diz tudo isso com uma tranqüilidade como se isso não fosse causar um péssimo resultado.

            - Na verdade sou tranqüilo assim mesmo, até em situações estremas. Ele disse se jogando na poltrona ao lado da cama.

            - Olha pra você um garoto de 13 anos matando aula, é a primeira vez que você faz isso?

            - Não faço isso desde quando eu estava na terceira série. Eu arregalei meus olhos e fiquei sem palavras. – To brincando é a primeira vez sim espero que minha consciência não pese depois. Eu ri da situação, percebi que ele me olhava com um lindo sorriso no rosto.

            - O que houve?

            - Nada estava apenas pensando na gente, como nos demos bem e hoje somos melhores amigos.

            - É às vezes penso nisso também.

            - Às vezes?

            - É só quando eu vejo um palhaço na televisão ou chegando na escola. Eu disse rindo e bagunçando o cabelo loiro dele.

            - Ta legal, todo mundo tem que ter um amigo palhaço.

            - De costume é apenas um, não dois.

            - Dois? Poxa você é diferente mesmo das outras meninas.

            - Mais do que você pensa. Estampei um sorriso no rosto e ele me devolveu com outro.

            - Somos melhores amigos e tão pouco sei de você.

            - Se eu for contar minha história toda ficaremos aqui dias.

            - Não importa temos o tempo todo, você não pode sair daqui enquanto não ter alta e sua companhia para mim é melhor do que qualquer aula. Senti meu rosto corar imediatamente, não conseguia olhar para o rosto dele direito, mas teria que ter.

            - É... Eu não posso te dizer muito Luka, minha vida é um diário que eu prefiro manter em segredo, as únicas coisas que você pode saber é o que todos já te disseram, que eu sou adotada.

            - Espero que um dia possa conhecer melhor essa pessoa tão magnífica que é você.

            - É eu também espero.

            Apesar de quebrar regras e infringir as leis que nos rodeiam, devemos abrir mãos das nossas leis e violá-las pelo menos uma vez, principalmente se for por causa de um amigo verdadeiro.