Herois do Olimpo - a Profecia. escrita por whitesparrow, Equipe Os Imortais


Capítulo 12
XII - O Segredo do Morto


Notas iniciais do capítulo

Bom Campistas, A Rany não pôde nos prestigiar novamente...
E eu nem sei por que, mas também nem perguntei KK'
Mas como eu sou um cara muito legal e o melhor amigo dela eu farei esse favor, e assim ela me deve uma !HEHE ( #RanyBest)
Bom espero que gostem !



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Annamar Grace.

Tentei fazer tudo normalmente. Até gastei o tempo necessário que um humano leva para descer a imensa escada de inumeros degraus. Eu precisava colocar os pensamentos em ordem. Eu precisava saber o que fazer, o que falar e como agir. Eu não poderia colocar nada a perder.

Quando saí para a varanda, parei na soleira da porta e deixa-a bater atras de mim. Eu tenho que ser forte, pensei a fim de me incentivar. Você sempre foi. Não custa nada ser durona por mais alguns minutos. Reaja Annamar Grace! Como sua mãe disse: força corre em suas veias.

Eu ocupei minha mente por alguns instantes em observar as três construções de diferentes tamanhos. A construção azul dos garotos ficava na ponta direita. Ainda era o prédio azul de sempre, mas a cor parecia desgastada. O prédio branco era onde se localizava o quarto dos professores em um andar, dois andares no meio para as salas de aula e os outros quatro andares eram para as crianças com menos de nove anos. A construção ainda era o mesmo branco neve de sempre. Tremi só de pensar que sempre morei no ultimo quarto do ultimo andar. Pelo menos eu conseguia ver o Internato inteiro lá de cima – inclusive meu visitante ao lado do prédio feminino e a floresta magica densa. O prédio das garotas era a construção mais meiga que eu já vira. Ainda era toda pintada de rosa, mas as garotas haviam feito parapeitos novos nas janelas, onde havia flores e as trepadeiras moviam-se com mais agilidade e formavam uma escada muito mais segura que as anteriores – de ambos os lado do predio. Assim como o prédio dos garotos, a construção tinha apenas três andares, e a maioria dos quartos já estavam desocupados.

Novamente aquela sensação de estar sendo vigiada me atingiu. Pensar que estavamos no ultimo andar, e que tinhamos uma vista panoramica para todo o terreno, fez meu coração parar uma batida. Os titãs poderiam nos ver lá dentro – eles sempre arrumavam um jeito. Até o momento em que entrei, eu não duvidava que eles estivessem nos vigiando.

A chuva começou.

Desci os degraus da varanda, e comecei a andar para o lado do prédio feminino. Assim que passei pela porta rosa claro, mudei minha postura. Agora eu estava na defensiva – pronta para atacar e defender.

Não os notar era quase impossivel.

Lá estava Gallen Aquiles... Usando aquele ridiculo peitoral de ouro. A espada pendia ao seu lado. Com um galho longo e fino, ele cavulcava a terra umida, que começava a receber os primeiros toques da chuva. Ele não parecia tão mal, mas eu sabia que estava. Sua calça estava chamuscada em alguns lugares, e também havia vários buracos. Seu cabelo estava sujo e aos poucos estava ficando molhado. Seus olhos dourados brilhavam intensamente... E aquilo me fez querer bater nele até seus olhos saltarem das orbitas.

— Olhe quem chegou Quill. – disse o homem ao lado do garoto. Quill, o idiota de olhos dourados me encarou. O sorriso arrogante cruzando seu rosto. Olhei para o homem ao lado dele com mais atenção e percebi quem era.

Sorri — Sério que Esse é seu apelido ? QUILL ?!

Ele revirou os olhos.

— Epimeteu! O que te tras por aqui? – eu disse falsamente surpresa. Ele riu por baixo do folego e passou a mão pelo cabelo castanho mesclado com grisalho. Ele estava moldado com gel, como se estivesse indo para uma reunião de negocios.

— Gostei da roupa. – Ele disse apontando para minha camisola. Ergui uma sobrancelha, descrente. – Mas não estamos aqui para falar disso.

— É claro que não estão. – eu disse. Um silencio formou-se. A tensão estava pairando sobre nós assim como as nuvens tempestuosas. – Então... Por anda Réia?

— Acredito que não seja de sua conta. – o garoto Quill deu um passo a frente, raspando a espada no chão.

— Fica quieto garoto. Adultos conversando. – eu disse, erguendo uma mão, e voltei a encarar Epimeteu. – Vai me dizer?

— Digamos que Réia está trabalhando em algo que vai desvalorizar o lado de vocês e vangloriar o nosso. – Epimeteu disse enquando brincava com seu anel de rubi.

Eu cruzei os braços e o estudei. A chuva agora era um chuvisco mais forte e gelado. Eu sentia todo o meu corpo congelar, mas não estava disposta a entrar no Internato... Não quando eu tinha alguém tão fraco como Epimeteu para me dizer o que esperar.

— Nos desvalorizar? – eu refleti sobre aquilo. – Muito ou pouco?

Ele analisou as perguntas em todos os angulos, pois demorou um pouco mais de cinco minutos para responder.

— Isso depende. Se as aqueles que precisamos se unirem ao nosso exercito... Bem... Acredito que uma luta agora para vocês, será uma grande perca de tempo. Vocês perderão de todos os modos. – ele disse com a voz grave e sombria. Seus olhos tinham sombras de cansaço, mas eu sabia que ele faria qualquer coisa para ver Reia feliz. Era aquilo ou enfrentar a ira da titã.

Eu estreitei os olhos e sorri.

— Eu acredito no contrario. Não importa, realmente, quem vai lutar ao lado de vocês. – eu disse. – É como dizem. Qualidade é melhor do que quantidade.

— Talvez você esteja certa... Ou errada. – Quill disse, estudando sua espada cuidadosamente. Eu ergui uma sobrancelha.

— O que ele quis dizer com isso? – perguntei, encarando Epimeteu. Ele sorriu e me deu as costas. O garoto o seguiu. Irritada, comecei a segui-lo também. Eu agi por impulso. Não percebi meu erro.


Não fomos longe. Epimeteu parou há apenas alguns metros da margem da floresta. Quando nossos pés tocaram o interior da mata, a chuva aumentou, banhando o patio verde brilhante e o marcando com gotas marrons. Vez ou outra as arvorés deixavam algumas gotas nos tocar, mas eu não me importei. Contanto que nossa conversa terminasse logo, e que, enquanto ela durasse, eu pudesse ficar de olho na janela do nosso quarto, eu estava de acordo.

Quill se encostou em uma arvore, tirou uma faca de bronze celestial do bolso e passou a raspa - la. Epimeteu estava de frente comigo, me avaliando, como se pensasse que eu explodiria meio mundo a qualquer momento. Ele deu alguns passos em minha direção e parou ao meu lado, mas ele estava de frente ao Internato, encarando a chuva. O imitei. Virei para a outra direção e passei a observar a chuva também.

— Você não está vendo as coisas como deve Annamar. – ele disse, colocando suas mãos em cada um de meus ombros. Ele me fez dar um passo a frente.

— Minha visão é excelente, obrigada. – eu disse irritada.

— Não. Não esse tipo de visão. Você deve ver as coisas com os olhos de uma guerreira. Os olhos de alguém como Atena... Ou Artemis... Talvez Thalia. – ele disse.

— Eu só espero que vocês não me tirem nenhum semideus. Mas, caso isso aconteça, é melhor começar a levar minhas ameaças a sério. – eu disse olhando de esguelha. Ele era mais alto do que eu me lembrava. Um pouco mais que uma cabeça.

Ele riu, mas era possivel sentir seu corpo tremer e seu riso vacilar.

— Eu sempre levei Annamar, mas agora... Agora a situação é diferente. – ele disse por baixo da respiração. – Encare os fatos, é o que te peço. Vocês não possuem chance alguma contra nós. Somos melhores e mais treinados... Nossos meio-sangues são quase tão poderosos como os deuses.

— Quase. Sua precisão foi exata.Talvez sejam quase tão bons quanto nossos pais... Mas não como nós. – eu adverti. – Estamos evoluídos 17 anos Epimeteu. Nada do que você me disser vai fazer com que eu desista do lado dos deuses e vá para o seu.

— Não. Talvez não consigamos conquistar vocês, mas há alguém que tem uma brecha. Alguém que não tem um lado... Mas poderia facilmente ter. Basta uma chantagem ali, ideias erradas e conversas distorcidas aqui... Desejos quase impossiveis... – ele sussurrou a ultima parte no meu ouvido. Um calafrio percorreu minha espinha. Eu queria me afastar, mas era impossivel. Eu estava congelada no lugar. – Parece um sonho não é? É por isso que eu digo... Não confie em qualquer um. Estude ele... Aprenda sobre ele... Entenda ele e entenda suas metas, medos, sonhos... Tudo Annamar Grace. Isso não é mais um joguinho. Isso é uma guerra. – ele continuou enquanto apertava meus ombros.

— Acha que não sei o que estou enfrentando? Acha que não sei que essa batalha ainda vai demorar a acontecer? Acha que não sei os riscos? Acha que não sei? – eu disse com minha voz subindo três oitavas.

— Mas é claro que você sabe. – ele disse, relaxando as mãos. A chuva aumentava. – Que tipo de deusa você seria se não soubesse o futuro? – ele cochichou. Quill riu, como se aquilo fosse engraçado.

— Uma deusa muito melhor do que vários titãs por aí. – eu disse nervosa. – Eu sei tudo Epimeteu. Tudo. Sei que isso é apenas um teste de força. Essa não é a guerra. Muito pelo contrario. Ela não esta nada próxima não é? O que esta por vir é apenas uma batalha para nos testar... Estudar-nos. Vocês estão se unindo com algo maior... Eu sei. E o que é? – eu disse, girando nos calcanhares. O encarei.

— O que queremos é um pouco mais difícil do que esperávamos. Talvez demore anos até que consigamos. Mas, é como minha adorável esposa fez, ela deixou a esperança como ultima a morrer. O que é impenetrável pode se tornar algo mais manipulável. Podemos usar algumas coisas a nosso favor.

Eu entendi tudo quase imediatamente.

— Ele nunca vai passar para o lado de vocês. – eu disse, mas parecia que eu estava tentando me convencer disso também.

Epimeteu riu.

— Não vou subestimá-lo. – ele sorriu de lado. – Aprendi com você. Mas... Se eu fosse você, ficaria de olho. Ele pode parecer confiável agora, mas depois... Ele pode se tornar seu inimigo Annamar. Ele não tem um lado. Ele é forte, é poderoso, inalcansável... Impenetrável... Superior a muitos outros filhos dos Deuses. Você sabe disso. Assim como sabe que o destino dele esta em suas mãos. Você pode treiná-lo... Ou pode... Mudar o rumo das coisas. – ele disse, pegando minha mão, que estava novamente fechada em punho ao meu lado. Ele a abriu e depositou a faca de bronze do garoto Quill.

— Mas o que...? – eu me interrompi. Minha garganta secou e o medo me pegou. Ele me virou novamente, erguendo meu rosto para que eu encarasse novamente a janela do nosso quarto. Ele descansou as mãos nos meus ombros.

— Você realmente vai se arriscar? Já pensou se tudo o que ele disse for mentira? Estou te alertando Annamar Grace. O destino do garoto esta equilibrado na ponta de uma faca. Ao mais simples sopro do vento, ele pode cair para qualquer lado. E talvez... Bem, talvez essa seja uma armadilha. – ele disse por fim. Suas mãos deslizaram pelos meus braços e sumiram.

O silencio era perturbador. Virei abruptamente e nenhum dos dois estava lá. A chuva agora estava forte. Muito forte. Caminhei lentamente ate a margem da floresta e observei a janela do nosso quarto. Talvez fosse um pouco mais que 4hrs da manha. Por alguns minutos, deixei aquilo se desenrolar em minha mente.

Por um lado, Epimeteu estava certo. Treinar Mateus agora seria um grande problema. Eu não sabia até quando ele ficaria ao nosso lado. Quanto tempo ele se prenderia a pequenas coisas e missões, como ajudar os deuses. Ele odiava aquilo, e eu sabia como era.

Mas por outro lado, ele estava enganado. Havíamos conversado... Debatido sobre isso uma vez. Ele não precisava estar ajudando os deuses. Contanto que fizesse o que era certo, aquilo não o tornaria nem bom nem ruim, apenas justo.

Epimeteu plantou a duvida em minha cabeça, e eu me senti derrotada. Apertei a faca de bronze celestial e os nós dos meus dedos ficaram brancos. Eu tinha que fazer alguma coisa.


Eu já havia quebrado as regras algumas vezes aquela noite, mas eu estava preocupada e confusa demais para me importar.

Abri a porta do quarto lentamente com a chave que estava pendurada no meu pescoço. Fechei a porta atrás de mim rapidamente. Respirei algumas vezes profundamente, tentando organizar os pensamentos. Decidida, caminhei em passos lentos até a cama de Mateus. Ele dormia tranqüilamente e aquilo me pareceu normal. Mas não discuti. Depois de uma luta daquelas, dormir como uma pedra era bastante comum.

Quando eu estava perto o suficiente para ver seu rosto na escuridão, ergui a faca, segurando com as duas mãos. Mas então ele suspirou e se remexeu. Ele parecia tão indefeso dormindo daquele jeito, que me senti culpada por querer matá-lo. Pelos deuses, pensei, o que estou fazendo?

Deixei a faca cair no chão. Demorou alguns minutos ate eu desmoronar também... Querendo chorar. Estávamos mortos – essa era a sentença final. Com alguma sorte poucos de nós escaparia... Gregos e Romanos.

Abracei minhas pernas como sempre fazia quando era criança e ficava com medo das coisas que eu via no escuro. Aquela faca brilhava ameaçadoramente, me convidando a testá-la. Ela estava afiada o suficiente para ser enterrada com facilidade até o cabo.

Uma voz me trouxe de volta a realidade. Por alguns segundos, soube que era a voz de minha mãe. Mas depois, percebi que era eu mesma tentando me convencer. Após uma longa conversa interna, cheguei à conclusão de que não poderia matá-lo. Isso me tornaria igual aos titãs, e isso era tudo o que eu não queria. Por fim, decidi que iria treiná-lo – do jeito que Gallen Aquiles disse. Conclui que isso provavelmente nos deixaria mais próximos – quem sabe amigos – e talvez, na guerra de verdade, isso poderia valer alguma coisa. Talvez ele tivesse algo naquele coração duro que poderia fazê-lo ficar e lutar conosco.


Eu não consegui dormir. Na verdade, eu até esperava por isso.

Annabeth me encontrou de manhã na varanda. Estava chovendo horrores, mas eu não me importei. Achei que seria um otimo momento para colocar os pensamentos em ordem.

— Você está horrivel. – Annabeth riu, puxando a cadeira para mais perto e se sentando. Eu a olhei.

— Eu sei. – eu disse, encostando minha cabaça na parede. Seu sorriso sumiu e ela me examinou de vários angulos.

— O que houve Mar? – ela disse o apelido idiota pela segunda vez naquela semana. Suspirei, vencida. Se eu não pudesse confiar em Annabeth para isso, eu não poderia confiar em outra garota.

Contei-lhe a história toda. Desde o inicio da luta, até as conversas de Epimeteu e o quase assassinato. Eu ainda me sentia um pouco culpada por querer matá-lo.

— Eu acho que você deveria treiná-lo. – ela disse encarando a chuva. A olhei, erguendo uma sobrancelha. – Quer dizer, foi o que Epimeteu disse. Talvez ele esteja tentando nos alertar. Essa talvez seja a armadilha.

— Annabeth, não estou te entendendo.

— É simples Annamar. – ela se virou, empolgada. – Se você não treina-lo, ele pode ser facilmente convencido de nos dar as costas. E mesmo que não seja, bem... Ah! ele é meio dificil de entender... eu acredito que se continuarmos assim , teremos quase que um ponto morto na batalha.

— Batalha? – perguntei. – Como você sabe que vai ser apenas uma batalha? – sorri.

— Convenhamos Grace. Acha mesmo que eles irão começar uma guerra agora? Eu não sei se os deuses entenderam, mas, essa não vai ser a guerra. – ela sorriu, mas logo sua expressão ficou séria. – Gaia vai voltar. Eu sonhei com ela.

— Como é? – perguntei espantada. Isso não era possivel!

— Réia é só um obstaculo. É por isso que você tem que treinar Mateus. Eu não sei o que mais você deve fazer. – ela estava ansiosa. – Eu sei lá... Virei à melhor amiga dele, a pessoa em que ele mais pode confiar. Fortifique esses laços familiares... Eu não sei Annamar. Mas você não pode perder ele para o lado inimigo, está me escutando? Não pode! – a esse ponto, ela já estava agarrando meus braços e me chacoalhando.

Eu me afastei do aperto dela, sentindo-me meio enjoada.

— Eu sei, eu sei. – eu disse. – Eu já estou trabalhando nisso. – eu disse, apontando para cima.

— É, cuidar dele é legal. Talvez ajude mesmo. – ela disse, dando de ombros.

Ficamos em silêncio. Estava agradável, e eu já sentia minhas palpebras fecharem quando...

— Oi? – a voz de Tayla me trouxe para a realidade.

— Oi querida. O que houve? – Annabeth perguntou, preocupada.

— Ahn, nada. Eu só... – ela se interrompeu, parecendo pensar nas palavras. Ela cruzou os braços e começou a chutar o nada. – Queria conversar com vocês. Posso?

— Claro! Sente-se aqui. – eu disse, apontando para a cadeira do outro lado. Mas ela a pegou e arrastou-a, até que ficasse de frente conosco. Dei de ombros.

— Então... O que é? – Annabeth perguntou se remoendo de curiosidade. Revirei os olhos e cruzei os braços. Tayla começou a balançar as pernas como uma criancinha e a mexer no ziper da sua blusa de frio verde.

— O que vocês fizeram quando... Tipo, descobriram que estavam gostando do Percy e do Nico? – ela perguntou timidamente.

A pergunta me pegou de surpresa, mas era completamente normal. Eu tentei me lembrar de 17 anos atras, mas minha memoria era terrível.

— Eu tive que começar a jogar indiretas. Percy sempre foi meio lerdo. – Annabeth disse se acomodando na cadeira, com um singelo sorriso. – Embora tenha sido bastante interessante ser jogada do lago de canoagem.

— Pelo amor de Zeus, Annabeth. Não começa. – eu disse.

— E você Annamar? – Tayla disse, ainda rindo da loira.

— Deixe-me ver. – comecei a pensar.

— Ela não lembra. – Annabeth me dedurou.

— Cala a boca! É claro que eu me lembro. – eu rebati. – Bem, foi na nossa primeira missão após a batalha com Gaia e um pouco antes da imortalidade. Ele tinha alguma coisa como 15 anos, e eu tinha 17 anos. Ele me pediu em namoro na nossa primeira missão, e, quase um ano depois, nos casamos. – eu disse naturalmente.

— Se casaram? – ela parecia estar tentando digerir isso.

— Exatamente. Quer dizer, claro que Annabeth e Percy namoraram quase dois anos, mas fazia parte da imortalidade.

— Vocês se arrependem? – ela quis saber.

— Nem um pouco. – Annabeth disse. Rimos. — Na verdade, foi à melhor coisa que já me aconteceu.

— E as crianças vieram só para confirmar isso. – eu disse séria.

Tayla nos obeservava com um sorriso feliz, mas eu sabia que ela só queria ter certeza de algumas coisas.

— Acho que você deveria falar com Rodrigo.

— O que? – ela me olhou espantada. – Como você sabe disso?

Encarei Annabeth perplexa, e ela riu. Olhou para Tayla.

— Ela é deusa da vida, Tayla. Você queria o que? – Annabeth perguntou, e Tayla acenou lentamente.

— De qualquer forma, eu não sei o que fazer. Nossos pais agora são casados... E tem uma filha. – ela disse com os olhos arregalados.

— Isso não é nada demais. São apenas detalhes. – eu disse.

— Annamar está certa. Percy e eu não nos importamos com isso. Não temos o DNA deles, de qualquer forma. São 23 cromossomos nulos. – Annabeth disse, dando de ombros.

— Puro sangue dourado e totalmente divino. – eu disse, me referindo aos genes dos deuses.

— Talvez vocês estejam certas. Talvez... – ela se interrompeu, pois a porta foi aberta com força, e bateu contra a parede.

Rodrigo e Vinicius saíram lentamente pela porta, com Mateus abraçado aos ombros deles, sendo quase que arrastado.

— Uma... Ajudinha... Cairia bem agora. – Rodrigo reclamou, sem folêgo. Seu rosto estava muito vermelho. Eu ri.

— Por favor! – Vinicius pediu.

Dei-me ao luxo de rir mais um pouco. Levantei da cadeira e fui até eles, dispensando os dois e apoiando Mateus em mim. Com mais facilidade que na noite passada, consegui leva-lo até a cadeira onde estava e senta-lo lá.

— Como conseguiu se trocar? – eu disse, apontando para a calça jeans escura, a camisa laranja do Acampamento e a jaqueta. Mas foi Vinicius quem respondeu.

— Por favor, não me lembre disso. Eu já vou estar traumatizado pelo resto da minha vida. – ele reclamou com os olhos arregalados. Rodrigo também balançou a cabeça, como se tentasse espantar os pensamentos.

— Amigos legais esses seus. – eu disse para Mateus, enquanto me sentava no chão. Ele me olhou descrente.

— Eu tive que pagar 10 dracmas para cada um deles, porque a minha treinadora não estava lá! . – ele disse.

— Meu dever é te treinar, não te trocar. – reclamei.

— É o bonus. – ele disse dando de ombros. Revirei os olhos e Annabeth riu.

— Então... Vão nos dizer por que Mateus está assim? – Rodrigo perguntou.

— Não. – eu disse dando um sorriso. – Não agora.

— Por quê? – Vinicius perguntou, exasperado.

— Não interessa! – eu disse zangada.

— Pelo amor de Poseidon! Vamos logo tomar o café da manhã? – Annabeth disse impaciente, se levantando.


A manhã passou rapidamente. Foi só no meio da tarde, lá pelas 16hrs15min, que a chuva deu uma trégua e estiou. Aproveitamos isso para visitar o tumulo da garota, Laura.

— Acha que ela levou aquilo para o caixão? – Mateus perguntou apoiado em mim. Meu ombro estava dormente, então eu não sentia a força que ele colocava ao se apoiar.

— Acredito que sim. Ela foi assassinada, e, bem... Como oraculo, ela deveria estar bem curiosa para saber o que significava. – eu disse.

Quando chegamos perto do tumulo, que ficava no fundo do prédio feminino, deixei Mateus escorado na macieira que servia como cobertura para o tumulo. Ele deu um jeito de não se molhar, o que me polpou bastante do uso dos poderes.

— As pessoas gostavam bastante dela, não é? – Rodrigo perguntou, agachando-se e tentando ler a placa de cobre com a identificação. Mas ele era um meio-sangue... Meio-sangues não conseguiam ler. Não essa linguagem.

— Argh! Gente morta! – Tayla disse, se afastando. Mateus revirou os olhos para ela.

— Certo... Então, podem tirar a tampa. – eu disse para Rodrigo e Vinicius.

Rodrigo parou o que estava fazendo e me encarou. Vinicius tentou parar de alcançar uma maçã e me olhou assustado, como se não acreditasse nas minhas palavras. Ergui uma sobrancelha e Mateus começou a rir, como se o medo deles lhe divertisse – o que era o caso.

— Isso foi uma piada, certo? – Vinicius perguntou, paralisado.

— Estou com cara de quem está brincando? – perguntei.

— Não. Mas eu estava rezando aos deuses para que sim. – Rodrigo disse.

— Agora! – eu disse, apontando para o tampo de marmore branco. Eles suspiraram e cada um pegou de um lado.

— Isso é legal! – Mateus disse sério.

— Isso é terrível! – Tayla protestou, escondendo-se atrás de Annabeth.

— Isso vai ser maravilhoso se eles terminarem logo. Estou querendo fazer umas buscas sobre essa garota. – Annabeth disse irritada.

— Contanto que consigamos o papel, já me sinto satisfeita. – eu disse entediada, mudando o peso de uma perna para a outra.

Como era de se esperar, Rodrigo e Vinicius dramatizaram a situação toda. Desde o levantar da tampa, até a abertura do caixão. Todos os ossos estavam perfeitamente alinhados e inteiros, como os de todos os outros oraculos haviam permanecido.

— O medalhão! – foi à primeira coisa que eu vi, mas fora Annabeth quem anunciou. Cuidadosamente, me agachei e estendi meus braços. Parecia que o mais simples movimento poderia partir os ossos em mil pedaços.

— Tente desabotuá-lo. Mantenha o medalhão inteiro. Ele é dos mortos agora. Além do mais, os ossos são bem frageis, já que ela era criança. Cuidado para não tirá-los do lugar. – Mateus disse, se inclinando para dar uma espiada lá dentro. – Eu já a vi no Mundo Inferior! Acho que no Elisio.

— É... Tive a mesma impressão. – eu disse, limitando-me a abrir o colar. Havia duas fotos dentro e um papelzinho dobrado. Provavelmente uma das fotos era de seus pais e outra de uma mulher que eu nunca havia visto na vida. Ela tinha o tom de pele claro e grandes olhos verdes. Por alguns segundos, ela me pareceu brevemente familiar. Os cabelos eram claros, oscilando entre o castanho claro e a cor mel. Eu sabia que era quebrar as regras, mas eu já estava fazendo isso com tanta frequencia, que nem me importei quando arrebentei o colar e o guardei no bolso do meu short, certificando-me antes, de que o papel amarelado estivesse lá dentro.

— Ahn... Annamar... Nós não podemos ficar com o medalhão. Ele é... – Annabeth começou dizer, mas eu já havia me levantado e saido dali. Comecei a sentir meu coração acelerar e meu estomago embrulhar. Droga!

— Annamar! – Mateus me gritou, mas eu já estava longe. Eu esperava que Annabeth o trouxesse depois.


Pela primeira vez desde que cheguei, eu consegui dormir. Mas antes disso... Antes de apagar, eu fui ao escritorio do Reverendo Josué, e informei-lhe sobre o papel. Ele ficou radiante, mas ao ver meu estado deploravel, dispensou-me, alegando que eu deveria dormir. E eu fiz isso.

Eu sonhei. Do mesmo jeito como eu sonhava há 17 anos atras.


Eu estava no Olimpo, observando um daqueles longos e nada excitantes Conselhos Olimpianos. Eles debatiam algo sobre o meu infrigir de regras e nossa atual posição. Ao que percebi, estavamos atrasados nas buscas. Reparei que Apollo não estava lá, e por algum motivo, aquilo me preocupou. Então a visão se dissolveu, deixando no vazio.

A principio, nada aconteceu. Alimentei a esperança de que, finalmente, eu não teria nenhum pressagio augorento. Talvez o sonho com os deuses só estivesse me avisando sobre o fato de que deveriamos nos apressar. Mas isso mudou quando comecei a escutar vozes. Parecia a voz de Storm, completamente aterrorizada. E então, seu grito cortou o sussurrar de vozes. Rapidamente sumiu, dando lugar a uma visão perturbadora.

O ambiente era uma sala vermelha, com espelhos pendurados de todos os lados e angulos diferentes. No centro da sala havia uma maca com uma garota deitada, como se estivesse sendo estudada e analisada. Seu cabelo avermelhado estava sujo, sua pele estava arranhada e havia muitos cortes. Eu demorei alguns minutos para perceber que estava diante de Isabela, a filha de Artemis. Ela estava usando um vestido hospitalar sujo e rasgado. Analisando-a e fazendo anotações em pranchetas, havia uma harpia e uma dracanae, ambas uniformizadas com moletons azuis escuros.

— Hirma, leve o relatorio a sssssenhora Réia. Diga que há algumas coisssssas que poderemos usssssar no corpo da nosssssa messssstra. – a dracanae sibilou, pegando um canetão preto e arrastando pelos ombros de Isabela.

— Tomará que algumas partes ela nos deixe comer. – Hirma, a harpia, anotou algo no seu papel.

— Ssssserá que ela já acharam um corpo para... O Rei? – a dracanae disse, parecendo escolher bem as palavras.

A harpia olhou para os lados, como se estivesse com medo de que alguém as escutasse.

— Fiquei sabendo que não, Holly. Ele está tendo dificuldades. Ele está... Testando os corpos de vários meios-sangues. Bem, é complicado. Alguns não são tão faceis de manipular, mas ele ainda está à procura... Tentando encontrar um corpo forte e de fácil alojamento. – ela disse aos sussurros. – Mas parece que encontraram um. O problema é que ele está sendo protegido.

— Ssssseria otimo para Gallen cassssso eles conseguisssssem. Mas com um deus protegendo... Duvido muito. O Rei é forte... Muito forte. Mas há deussssses bem poderosssssos. – Holly disse, marcando a testa de Isabela. – A mãe desssssa garota messsssmo. Ela é uma guerreira. Admito issssso messsssmo eu odiando quassssse todos os deussssses.

— De qualquer forma, Gallen ainda esta indeciso. Quero dizer, vamos ver até onde esse garoto esco... – Hirma se interrompeu. Seus olhos se arregalaram e ela largou a prancheta.

— O que foi? – Holly perguntou, olhou confusa para ela. Seus olhos varreram a sala e finalmente pousaram nos meus. Eles quase saltaram das orbitas quando ela me viu. Ela correu desesperadamente para um botão vermelho proximo a porta. Colocou a boca proxima a ele. O alarme soou. – Atenção! Há um intrussssso aqui! Repito: há um intrussssso aqui.

E então eu acordei.



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Notas finais do capítulo

Bom por hoje é isso ...
Espero que tenham gostado e até sexta ou sábado que vem !
'-'



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