Herois do Olimpo - a Profecia. escrita por whitesparrow, Equipe Os Imortais


Capítulo 11
XI - Fúria


Notas iniciais do capítulo

Bom.. hoje quem esta postando é o Matt.
Digamos que a Rany tava meio enrolada o que eu duvido muito pq deve ser preguiça mesmo KKKK.
Até então prazer em conhecê-los e boa leitura !!



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Annamar Grace.

Certo, uma luta a noite a beira do sono não era uma bela opção. Eu preferiria voltar ao quarto e dormir, mas isso vai contra todas as regras de qualquer deus.

Mateus deu um passo à frente parecendo bastante decidido a entrar na briga, mas eu sabia que ele só queria mesmo um pouco de diversão após tanto tédio. Aos poucos, a fumaça foi abaixando. O sereno começou a se dissipar. O céu estava carregado de nuvens escuras, então eu sabia que logo uma grande tempestade viria. Tanto por Poseidon quanto por Zeus.

Lentamente, um garoto trajando um peitoral feito de ouro divino empunhando uma espada que era metade ouro imperial e metade bronze celestial, veio caminhando até nós. Seus olhos dourados, tão vivos quanto os de Cronos, entravam em contraste com o cabelo negro.

Ele sorriu.

— Ora, ora! Conseguiram defender o meu ataque. Até que vocês não são tão patéticos e fracos como eu pensei. Eu os parabenizo. – disse ele em um tom arrogante e irônico.

— Quem é você? – Mateus perguntou.

— Por que você acha que eu devo lhe dizer meu nome, semideus? – o garoto disse.

— Porque é educado se apresentar. – Mateus retrucou.

— Pessoas mortas não precisam saber nomes. – ele disse. – Mas, para deixar vocês informados, eu sou o primeiro meio-sangue de uma nova raça.

— Espere um minuto! Vamos lutar com você? – eu disse incrédula. Ele me encarou, tentando descobrir o quão perigosa eu era. – Você não me parece tão ameaçador assim.

— Posso não ser para você, mas para ele, eu sou um grande desafio. – ele apontou para Mateus. – Sou o primeiro de muitos a serem criados.

— E você seria...? – perguntei.

— O que acha que sou? Olhe nos meus olhos. Eu sou aquilo que você pode chamar de semititã. – Mateus puxou seu colar de contas do pescoço e no centro de todas elas havia uma cruz negra, que começou a crescer e tomar forma, logo já não era mais uma cruz mas sim, uma espada de duas lâminas feita de ferro Styx.

– E então atacou.

O garoto – que até agora eu desconhecia o nome – bloqueou o ataque de Mateus rapidamente, como se o braço e a espada fossem apenas um. A colisão das espadas criou uma onda de ar forte que me arrastou alguns centímetros. Eles se moveram para trás.

— Certo! Mostre-me ate onde pode chegar. – o semititã desafiou.

Mateus estreitou os olhos, dando alguns passos para trás. O garoto o imitou, movendo os olhos dourados a todo o momento do chão para a sua espada. Talvez fosse apenas sorte, ou eu entendera momentaneamente ou talvez fizesse apenas parte dos meus poderes de deusa. O semititã atacou rápido demais para que Mateus percebesse. Eu fiz a única coisa que veio em mente: eu criei uma barreira. Comum e bastante útil, Mateus tirou proveito disso e girou, tentando ataca-lo nas costas. Infelizmente, o garoto era rápido demais e desviou com facilidade. Em um piscar de olhos ele havia sumido. Alguns segundos, eu diria, passaram-se quando ele surgiu atrás de Mateus, a alguns metros. Mesmo aquela distancia, era possível ver a raiva do filho de Hades. O semititã deu um sorriso esnobe, como se a diversão estivesse apenas começando.

— Perfeito. Parece que agora somos algum tipo de brinquedo inútil. – murmurei nervosa. – Mas acredito que dois possam jogar isso. – estralei os dedos.

Ainda na minha base – até então provisória –, observei o semititã atacar Mateus, mas ele parecia bastante ciente da brincadeira, e deu um tapa em seu bracelete, se defendendo do golpe com a gauntlet. Mas o semititã girou, dando as costas para Mateus, mostrando-nos mais um de seus truques, e acertou a espada no outro braço. Mateus deu um passo para trás, mas não se preocupou com a ferida – ela era a de menos. O importante era observar...

Eles se encararam por alguns segundos, e o outro garoto ergueu uma das sobrancelhas e sorriu.

— Você parece cansado. Quer parar? – ele desafiou. – Acredite, eu posso continuar a noite inteira aqui.

Mateus simplesmente parecia explodir em fúria. Rapidamente, ele tentou desferir um golpe no semititã, mas como o esperado, o garoto bloqueou, como se aquilo fosse à coisa mais fácil do mundo. Novamente as espadas produziram um ar quente devastador, afastando eles um do outro alguns metros. Certo, aquilo arruinaria meu cabelo.

As primeiras gotas de suor apareceram no rosto de Mateus, e eu sabia que era minha hora de intervir. Mateus deu dois passos a frente, mas de repente, eu já estava em sua frente, impedindo sua passagem.

— Já chega Mateus. Você para por aqui. Eu assumo.

— De jeito nenhum. Eu comecei essa luta, e eu a terminarei. – ele disse irritado.

— Infelizmente, sua opinião não conta muito por agora. – eu disse. Dei as costas a ele e andei em direção ao garoto. Ele gritou atrás de mim e provavelmente me seguiu.

— Então, você vai me encarar? – o semititã disse parecendo bastante divertido. Eu parei.

— Claro. Quer dizer, a não ser que você tenha vergonha de perder para uma garota. – desafiei. Ele sorriu, parecendo surpreso.

— Se eu fosse você, sairia da minha frente. As ordens são bem claras: o filho de Hades morto ou vivo. – ele disse. – E eu realmente prefiro morto. A diversão será maior.

— Acredito que eu também possa jogar esse jogo. – eu disse girando o anel em meu dedo. Mateus parou ao meu lado, irritado.

— Eu também acho. Mas infelizmente não comigo. – ele sorriu.

Eu fiquei estática. Mateus não ficou muito diferente, mas ele ainda observava cada movimento aleatorio do inimigo.

— O que quer dizer com isso? – perguntei.

— Ora, vamos lá. Você realmente acredita que eu viria sozinho para cá, com um filho de Hades e uma deusa, armados? – ele perguntou indignado, mas ainda sorrindo.

De qualquer forma, eu nunca havia parado para pensar no assunto. Nunca me ocorrera que o garoto estivesse acompanhado. E então a ficha caiu. Aquela luta era de Mateus, não a minha. O meu inimigo estava sentado no banco de cimento apreciando o jogo dos garotos.

Eu não percebi que estava ali, ainda parada no meio do campo de batalha. O garoto de fato levava sua posição a serio, então, ele me atacou. Eu não fiz nada. Exatamente isso. Eu não movi um músculo sequer. Eu sabia que, quando a lamina me atingisse, eu seria ferida gravemente, mas eu não ligaria. Havia muito que pensar. Felizmente, Mateus teve a audácia de se colocar na minha frente e me defender.

— A luta é entre nós dois. Ela não tem nada haver com isso. – Mateus disse.

— Oh, você resolveu voltar? – o garoto disse com um sorriso maior. – Certo. Vamos deixar você bancar o corajoso e proteger sua cunhada. Afinal, heróis são assim, não é mesmo? – ele riu.

Eu não me movi. Eu apenas fiquei ali como uma estatua. Meus olhos vagaram pelo pátio e pelo canto do olho vi Mateus mudar. Seu corpo tremeu e uma áurea negra começou a brilhar ao seu redor. O reconhecimento de Hades. Sua benção.

— Era isso que eu estava buscando. – o garoto disse para si mesmo. Desviei meus olhos para o banco de cimento. Estava vazio. Olhei para as arvores e sua silhueta desapareceu por entre elas. E então, a luta de verdade começou.

Mateus a todo o momento atacava enquanto o semititã defendia. Quanto mais os pingos de suor aumentavam, mais Mateus aumentava a velocidade que atacava. Em algum momento da luta, a espada era um borrão escuro. Irritado, o semititã pulou para trás e se preparou para atacar. Rapidamente, Mateus desviou-se para o lado, agarrou seu braço e desferiu um golpe contra seu peitoral.

— Impossível! . – o semititã disse com a respiração entrecortada.

Mateus se curvou, cravou sua espada no chão e ficou de lado, passando a golpeá-lo com os punhos. Rapidamente, desferiu um golpe no queixo do semititã. Isso fez com que o mesmo ficasse mais irritado. Com a espada em punho e um pouco recuperado, o garoto saltou, mirando a cabeça do filho de Hades. E foi nesse exato momento que voltei a mim. Criei a barreira de proteção, mas ela não duraria por muito tempo. Eu estava ocupada em vigiar minhas costas. De qualquer forma, o semititã chutava e batia a espada contra a barreira, criando faíscas. Os ataques eram rápidos, e eu não conseguia acompanhá-los assim – ainda preocupada com o inimigo numero dois. E novamente ele sumiu, apenas para aparecer segundo depois de frente a Mateus. Com um golpe nas pernas, Mateus caiu. Sua espada deslizou para longe. Parecia cansado, mas ao mesmo tempo disposto a continuar. O semititã cravou a espada na grama, agarrou Mateus pelo rosto e o levantou.

— Entendeu a diferença, semideus? Somos mais fortes... Poderosos. Não há como discutir.

A pior parte é não saber o progenitor do semititã.

Ele descarregou uma quantidade significativa de energia em Mateus. Aquilo deveria deixá-lo mais cansado e ferido que o normal. Não se importando muito, o semititã o largou, deixando-o cair no chão. Do corpo de Mateus pequenas quantidades de fumaça saiam.

Com dificuldade e meio zonzo, Mateus se manteve de pé. O semititã o agarrou pelo pescoço e o suspendeu há alguns centímetros do chão. Mateus ergueu uma das mãos e agarrou o pescoço do semititã, que pareceu confuso por alguns segundos.

Senti a aurea em torno de Mateus mudar, de certa forma parecia mais densa e fria.

Seus olhos estavam fechados, mas ele agarrava com força o pescoço do semititã. Com espanto, percebi que ela ganhava uma densidade mais escura que o resto do corpo – chamas negras.

— Eu não admito ser derrotado, por alguém tão patético como você. – Mateus disse.

O garoto, que estava um tanto atordoado, conseguiu dizer:

— Patético? Eu?!... Olhe o seu estado semideus. Por acaso acha que tem alguma chance contra mim?! – Ele disse num tom de raiva. — Certo! Vou matá-lo de uma vez e terminar esse joguinho. Eu não tenho a noite toda.

O garoto arremessou Mateus para o alto e então uma onda de energia tomou seu corpo. Antes que ele voltasse ao chão, o semititã posicionou a mão de frente para o rosto de Mateus e então moveu os dedos. Aquilo fez com que rosto deMateus fosse retorcido e depois com um forte impulso de energia o lançou mais uma vez, mas dessa vez, em direção a floresta.

Ele ergueu a mão em direção a sua espada. Quando ela se arrastou até ele como um imã, o garoto começou a desferir golpes no ar e eu pude perceber que ondas de energia eram formadas e lançadas contra Mateus. A velocidade e a quantidade de golpes eram tão incríveis que eu mal pude registrá-los. Quando dei por mim já era tarde, porque todos aqueles ataques haviam o atingido.

Parte da floresta havia sido destruída, e em meio à arvores caídas, enxerguei Mateus completamente acabado. No entanto, aquela aura começava a me assustar e me fazia perguntar por qual motivo Hades lhe dava tanto poder.

Demorei alguns segundos até entender, em total horror.

Droga! Aquilo Já não era mais Hades.

Ele se levantou com dificuldade e ainda com os olhos fechados, urrou como um monstro:

— Roaaaaaaaaaaaarrrrrrrr!

Aquela aurea desconhecida aumentou de forma espantosa. Mateus abriu os olhos, e por alguns segundos, nossos olhos se encontraram. Ele abriu a boca. E quando disse, sua voz saiu em unissono como uma mais forte... Mais firme... Uma voz familiar.

— Annamar fique aí! Eu não morrerei tão fácil e não vou deixá-la morrer. A partir de agora, é meu dever protegê-la!

— Me proteger? – por alguns segundos, eu o encarei. Ele estava sério. – Certo. Você já está ficando louco. Me proteger? Isso só pode ser brincadeira. – murmurrei.

Ele sorriu para mim. E então, a cor de seus olhos começoram a oscilar entre verde e dourado, como se uma névoa dourada os habitasse. Mas isso durou apenas alguns segundos. Ele voltou a encarar o semititã:

— Não sei quem você é nem de onde veio, mas uma coisa é certa... Tenho que viver para enfrentá-lo de novo.

O garoto gargalhou, cravando sua espada na terra e avançando como um relâmpago contra Mateus. Seus punhos foram tomados por energia. O céu clareou e um relampago iluminou mais ainda o céu. A tempestade, pensei, está a caminho.

Mateus ficou em posição, cerrou os punhos e as chamas negras começaram a brotar de uma maneira monstruosa. Rapidamente, ele avaçou contra o semititã, e seus punhos se chocaram, causando um grande tremor. Ambos se encararam e pude perceber que haviam criado uma espécie de pilar de força no qual estavam no centro. Eles disputavam seus poderes. Parecia que morreriam se preciso, apenas para vencer. Mas então, do nada, o pilar se dissipou e toda aquela energia se espalhou pelo cenário que já estava um caos. As janelas do internato explodiram e, graças a Hipnos, nenhuma criança acordou. Pelo amor de Zeus! Eu prometi que não destruiria o internato de novo e esses dois me fazem isso?

Correndo, desesperada em minha direção, estava Annabeth. A encarei atordoada quando se postou ao meu lado, sem folego.

— Os outros... Onde estão? – perguntei.

— Dormindo... Graças a Hipnos. – ela disse, encarando a luta. – Quem é esse garoto?

— Hipnos não. – eu disse, encarando a floresta que se estendia atras de nós. Então a ficha caiu. – Eles estão os mantendo fora do jogo.

— O que? – Annabeth me encarou, confusa.

— Alguém fez isso. Alguém que quer manter os semideuses fora da luta.

— Mas estamos aqui Annamar. Não faz sentido. – ela disse.

— É claro que faz. Só podemos lutar com ele caso nos desafie. – eu disse, e pude ver que ela entendera. Encaramos a luta novamente. – E ele não vai fazer isso.

Os dois, semititã e semideus, estavam no centro de tudo. E quando comecei a ter esperanças, eles simplesmente sorriram um para o outro, como se tivessem acabado de dicidir que seriam rivais para o resto de suas vidas. No entanto, Mateus desmaiou. Ele simplesmente caiu, emitindo um baque surdo.

O semititã girou nos calcanhares de leve, puxou sua espada novamente e me encarou.

— Diga a ele que o deixarei viver por hora. Mas a você Annamar Grace, encarrego a missão de aprimorá-lo e deixá-lo mais forte para o nosso próximo confronto.

— Que emocionante! – eu disse séria e cruzei os braços.

Ele sorriu e olhou para o chão. Encarou Mateus por alguns segundos antes de dizer:

— A partir de hoje, eu considero você, Mateus Filho de Hades, o meu maior rival! – ainda sorrindo, ele me olhou. – E a propósito, meu nome é Gallen Aquiles.

E então, lançando mais um sorriso em nossa direção, ele correu para dentro da floresta – quero dizer, a grande parte que não foi queimada.


Com dificuldade, acordei Mateus do seu complexo de Bela Adormecida. Ele estava completamente machucado – o que me deixou bastante desanimada.

Annabeth e eu o ajudamos a ficar de pé tempo suficiente para que eu o segurasse. Entreguei sua espada e ela voltou a ser um anel. Passei o braço pela sua cintura e joguei o dele sobre meus ombros. Em resumo, eu estava basicamente carregando ele por inteiro para dentro do Internato. Ele riu quando demos o primeiro passo. Era obvio que ele estava achando toda aquela situação divertida, mesmo estando com tantos cortes que eu até perderá a conta.

— Cala.a.boca! – eu grunhi, dando outro passo com ele. – Annabeth! Você não vem?

— Já subo! Alguém tem que plantar e organizar essa floresta. Já pensou se o Reverendo Josué ou as crianças veem isso? – ela disse entediada. Certo! A promessa tinha que ser cumprida.

Eu soltei um resmungo irritado e Mateus riu mais ainda. Sangue escorreu do seu pescoço.

— Não sabe como isso é engraçado. – ele riu alto.

— Dá proxima vez, eu vou até pedir para Gallen Quill te matar. – eu disse soando irritada até para mim.

— Ah, então esse é o nome dele? – ele disse sério, mas ainda estava com um sorriso ridiculo no rosto.

— É, é. Esse é o nome. – eu disse tentando parecer indiferente. Demos mais centenas de passos com dificuldade até chegarmos à porta do prédio principal. – Bom, isso vai contra as regras, mas... Eu não vou te carregar até lá em cima.

— E o que você vai fazer? Me atirar até lá? – ele perguntou. – Não se esqueça que agora eu te protejo e... – ele dizia, mas o interrompi com um beliscão.

— Fica quieto! – eu resmunguei. – Ninguém tem que saber disso. E feche os olhos.

— Por que ninguém tem que saber disso? E pra que eu deveria fechar os olhos? – Ele disse, fechando-os.

Respirei fundo algumas vezes e me concentrei no vento.

Meio segundo depois, abri os olhos e estavamos no quarto.

— Pode abrir! – eu disse, mas ainda o segurei. Continuamos andando até o banheiro. – Você precisa de um banho para que possamos colocar umas ataduras nesses ferimentos. Agora que você está sem seus poderes “cosmicos”, não parece tão durão assim. – eu disse.

— Muito engraçada! Eu acredito que as ataduras não serão necessarias. Nectar e ambrosia ajudarão. – ele disse quando chegamos ao banheiro. Demos mais alguns passos e o escorei na pia. Ele estralou o pescoço e depois encarou os braços. Eles estavam horriveis. – Talvez você esteja certa.

— Geralmente eu estou. – eu disse. – Agora, tome um banho. E quando terminar me chame. – eu falei e sai do banheiro, fechando a porta atras de mim.

Andei pelo quarto e tentando organizar os pensamentos. Eu precisava me ocupar com alguma coisa. Resolvi verificar os outros.

Como era de se esperar, Tayla babava. Parecia ser algo tipico dos filhos de Poseidon. Então, arrumei o cobertor debaixo do queixo dela e troquei o travesseiro molhado por um seco. Rodrigo dormia com alguns livros debaixo do travesseiro dele. Peguei todos e arrumei na mochila. Vinicius era, de fato, o que estava em piores condições. Seu braço e sua perna esquerda estavam pendurados para o lado de fora da cama. Ele estava coberto de cacos de vidros, graças à janela que Mateus e o garoto Quill quebraram. Cuidadosamente, tirei o cobertor e o coloquei no chão. Arrumei Vinicius na cama, limpando os pedacinhos de vidro que estavam nele e fiquei de frente para a janela, me concentrando. Fechei os olhos e murmurrei algumas palavras em grego antigo. Dois segundos depois, todas as janelas do Internato estavam perfeitas, como se nunca tivessem sido quebradas na vida. Joguei o cobertor em cima de Vinicius novamente e me sentei na beirada dela.

Escutei passos no corredor, mas não me importei. Annabeth entrou no quarto, abrindo a porta lentamente, se arrastando. Não me movi, apenas virei meu rosto.

— Cansada? – perguntei. Ele me olhou com um sorriso vencido.

— Não faz ideia. – ela disse enquanto se espreguiçava. – Ainda bem que com os poderes não precisamos tocar em nada. Sr. D. e Demeter deram um jeito nas arvores e elas cresceram rapidamente. Ninguém irá perceber que foram arrancadas ou ensineradas. – ela rolou os olhos, entediada. – Se não se importa, vou dormir. Boa noite Mar. – ela disse e se deitou no colchão que era meu. Ela dormiu tão rapido quanto qualquer outro meio sangue. Hipnos, pensei.

— Olá-á? Tem alguém para me buscar? – Mateus gritou.

Dei um rosnado baixo e me levantei da cama, irritada. Fui até a mochila dele e vasculhei a procura de alguma coisa que ele pudesse usar. Calças, calças e mais calças. Curtava trazer alguma bermuda? Fiquei tentada a pegar alguma coisa na mochila dos garotos, mas felizmente, achei uma. Era uma daquelas que você ganhava quando ia para o Acampamento. Eles davam sete pares dela e das camisetas todos os anos. Com um suspiro derrotado, peguei uma cueca com as pontas dos dedos. Levantei e fui em direção ao banheiro

Abri uma fresta da porta, gritei um “pega” rapidamente e as joguei. Ele riu. Fechei a porta de novo e me escorei na parede, de braços cruzados. Não demorou muito e ele bateu na porta. Novamente, completamente entediada, abri a porta. Ele estava escorado na parede, esperando que eu o ajudasse. Rolei os olhos e fiz todo o processo. Dessa vez, eu estava quase o arrastando. Eu sabia que ele estava fazendo aquilo de proposito, só para me irritar. Quando chegamos perto da cama que era de Annabeth, tirei seu braço dos meus ombros e o deixei cair nela.

— Ops! – eu disse, fingindo inocencia. Ele riu, irritado.

Andei até onde Annabeth dormia e agarrei minha mochila. Me sentei no chão e comecei a casculhar dentro dela. Havia muitas coisas dentro graças ao feitiço de expansão dado por Afrodite e Hecate. Demorei alguns minutos até encontrar o frasco de nectar e o de ambrosia, e alguns curativos, algodão, esparadrapos e remedios mortais. Peguei tudo e joguei em cima de um dos criados mudos que estava perto da cama.

— Eu não vou tomar remedio. – Mateus disse enquanto pegava um frasco pequeno de plastico laranja, abria-o e cheirava. Ele afastou depressa, fazendo uma careta. – O que é isso?

— Algum remedio para dor no corpo. Hecate quem fez. Há algumas coisas sobre dragões no meio disso. – eu disse e o encarei. Ele colocou o frasco cuidadosamente em cima do criado. Eu ri.

— E esse daqui? – Era um pequeno frasco de vidro rosa. Ele abriu o frasquinho e cheirou, afastando-o também. – Que nojo! Isso daqui é feito do quê? Baba de Leão da Neméia?

— Não. O de baba de Leão é o frasco amarelo. Ele é bom para curar feridas internas. – eu expliquei. – O vidro rosa é Tylenol.

— Está explicado porque não gostei. – ele disse, e eu rolei os olhos, rindo. – O que vai fazer?

— Bom, eu vou passar essa pasta de unicornio. Ela é boa em cortes profundos. Depois disso vou te dar um pouco do remedio com a baba do Leão. Vai curar alguns cortes que eu acredito terem sido feitos ai dentro. – eu expliquei e Mateus fez uma careta.

Me sentei na beirada da cama e comecei a espremer a pasta em cima dos braços, do abdomem, dos ombros e das canelas. Ele estava horrivel, mas nada que uns dias se curando não resolvessem. Ele fez umas caretas de dor, mas o que eu poderia fazer? Ele tinha que ser um pouquinho paciente. A pasta brilhava em prata e dourado, mas não fazia muitos milagres como Jason havia me contado. Eles apenas secavam as feridas, mas elas ainda ficavam abertas e expostas, com a ameaça de voltar a sangrar em qualquer momento. Esfreguei novamente as pastas nas feridas e colei as ataduras. Peguei outro rolo de esparadrapo na mochila e coloquei em cima do criado. Ajudei Mateus a se sentar, e comecei a enrolar o peito com todo o rolo. O resto que sobrou enrolei uma das pernas e em um dos ombros que estava meio queimado. Peguei novamente a pomada e espremi o resto que tinha. Passei no rosto e no pescoço, esperando que o nectar a ambrosia terminassem de curar ali. Fazendo graça, colei alguns curativos com desenhos do Bob Esponja nas mãos e nos dedos.

— Hilario, Grace. – ele tirou sarro.

— Obrigada. – eu disse, terminando de colar o ultimo no pulso esquerdo. – Vamos lá! Agora está na hora da baba. – eu disse segurando um dos ombros dele e arrumando um monte de travesseiros nas costas. Quando terminei, ele se escorou e me pareceu bem melhor. Mas quando agarrei o frasco amarelo no criado e me sentei no chão, ele fez uma careta.

— Eu não estou muito a fim de tomar isso. – ele disse. – Eu já estou bem melhor, olha. Você estava certa sobre as ataduras. – ele disse com um sorriso. Mentiroso! Eu sabia que aquilo era só fachada, mas dei de ombros e me levantei.

— Tem certeza que não quer mesmo? – perguntei e ele concordou. Estreitei os olhos e o encarei. Ele me encarou de volta, me medindo. Ele percebeu o que eu ia fazer, mas não era tão rapido assim. Agarrei o rosto dele e espremi as bochechas, forçando-o abrir a boca. Tirei a tampa do frasco com os dentes e despejei metade do frasco. Coloquei o frasco em cima do criado mudo e rapidamente coloquei minhas duas mãos na boca dele, fazendo com que engolisse tudo.

Ele tossiu e limpou a garganta, tentando tirar o gosto horrivel (o qual prefiro não lembrar!). Coloquei a mão na sua testa.

— Agora eu entendendo o que todos dizem sobre a vida não ser justa. – ele reclamou.

— Fica quieto! – eu disse e me sentei ao lado dele. – Você está ardendo em febre. Quase 40º.

Estiquei os braços e peguei ambrosia e nectar. Passei um pedaço da ambrosia e ele mastigou varias vezes, tentando tirar o gosto ruim da boca. Depois virou o grande frasco de nectar de meio litro, bebendo ele pela metade. Por fim, escorregou um pouco na cama, deixando cair alguns travesseiros até se sentir satisfeito com a altura. Fui até o armario e peguei dois cobertores grossos. Joguei em cima dele.

— Quando estiver melhor, vou começar a te treinar. – eu disse, sentando-me na cama e abraçando as pernas.

— Por que você vai me treinar? – ele não pareceu surpreso, mas seu tom de voz o entregou. Contei sobre o que o garoto Quill havia dito e ele não mudou de postura ou expressão em nenhum momento. – Interessante. Eu espero que isso seja divertido, pelo menos.

— É, eu também espero que seja. – eu disse me levantando e fui em direção a janela. Logo iria amanhacer. Era alguma coisa como 3hrs da manhã. Era inacreditavel como em apenas uma hora atras eu estiva nesse quarto, nessa mesma posição.

Observei novamente o céu, e percebi que o sol não nasceria. A tempestade estava ficando pior. O céu não estava mais carregado de nuvens. O céu parecia ter apenas uma única nuvem imensa e completamente negra em cima de toda Nova York urbana e rural. Os relampagos estavam fortes, mas o trovoes e os raios estavam começando a aparecer aos poucos. Em alguns minutos, a chuva começou a cair. Estava fraca, mas logo pioraria.

— Vai chover muito. Aposto que vamos ter que ficar aqui mais um dia. – Mateus disse bastante cansado. Eu acenei.

Observei a floresta, vendo o belo trabalho de Annabeth, Dionisio e Demeter. Tudo estava como antes. O patio, a floresta e suas barreiras magicas, os bancos... Mas havia alguma coisa no meio do patio que não pertencia ao cenário. Reconheci rapidamente a pessoa com o sorriso firme e convencido. Ao seu lado, havia um garoto usando um peitoral de ouro imperial com varias riscos, buracos e derretimentos. Ele ainda estava com muitos ferimentos, mas eu não sabia se nesse lado eles eram melhores que os semideuses. Ao julgar pelo que via, ele parecia horrivel e estava ansioso para sentar. Mas, mesmo naquele estado, ele ainda conseguiu me lançar um sorriso arrogante e acenar alegremente.

Fechei a cortina.

— O que houve? – Mateus perguntou, tentando se levantar.

— Não é nada. – eu disse rapido demais. Ele ergue uma sobrancelha e parou de se mover. – A tempestade. Ela está forte. E, ahn... Os raios e trovões logo começarão a assustar os cavalos.

— Cavalos? – Mateus perguntou desconfiado. – Que cavalos?

— Os cavalos do estabulo. – eu disse. Isso não era mentira. – Há um estabulo para eles alguns metros abaixo do ginasio e da piscina coberta do Internato.

— E para que eles têm cavalos aqui?

— Para as crianças treinarem montaria... E se divertir. – eu expliquei. – Há uma pista bem grande ao fundo do Internato. Ela fica há alguns bons 2 km daqui.

— Eu vou com você. – ele disse, tentando sair da cama. – Sabe... Pra fazer companhia.

— Qual é! Não precisa! Sei me cuidar! – eu aleguei irritada. – Além do mais, você está machucado... E cavalos... Não gostam de pessoas com cheiro de defuntos. – Admito: era uma boa desculpa.

Ele pareceu pensar naquilo alguns instantes, até dar um suspiro vencido e se apertar nos cobertores.

— Só volte logo! – ele disse, quase dormindo. Concordei e ele fechou os olhos. Esperei alguns minutos e ele finalmente dormiu. Sai do quarto lentamente e peguei a chave. Tranquei a porta do lado de fora e prendi na minha corrente.

Agora eu só tinha que resolver alguns problemas.




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Notas finais do capítulo

Enfim por hoje é tudo campistas! Espero que tenham gostado
( A Rany diria isso )KKK '
Até breve '-'



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