- Eu não quero ter esse filho. – Eu disse com a maior convicção do mundo.

- O que? - Ele estava muito incrédulo.

- É, eu não posso, minha vida não é estável e Ian precisa de mim, eu já considero esse bebê como um ser, mas não posso, eu não agüento mais. - É tão injusto essa criança nascer assim como abortar.

- Por que Bella? Eu vou te ajudar.

- As mesmas promessas de sempre? Vai ficar comigo, vai arriscar outro filho seu a sofrer? Eu me virei muito bem com o Ian, mas eu não posso fazer isso com outra criança, se ela vier ao mundo para sofrer é melhor nem vir.

- Eu não entendo. - Edward é pior que criança.

- Quer saber Edward? Eu não me recuperei da sua ausência, da sua perda, a cada manhã que eu abro os meus olhos eu sinto um peso, uma dor que me consome, mas então eu vejo o Ian e que ele precisa de mim. O amor e a devoção que ele me dedica, o carinho a proteção que ele procura em mim pra manter a falta que você faz. Eu não quero passar por isso de novo. Eu não quero de novo, tudo que me mantém é ele. Eu sobrevivo por ele. A única coisa que me prende nesta terra, a única marca de que um dia você realmente me amou.

- Eu... Sinto muito.

- Me dá licença. - Não quero ouvir mais nenhuma lástima dele.

- Não tire essa criança. Eu vou embora pra longe nem vai saber de mim, eu me mato se for necessário se isso for te fazer melhor, ou eu a levo pra longe se ter um filho meu é tão horrível pra você, mas não tire.

- Sai daqui, por favor.

Ele deu as costas sem dizer nada.Sentei na cama e agarrei uma almofada, chorando, eu não sei se consigo sobreviver; não desta vez. Uma hora depois, Rosalie apareceu, veio me ver.

Ela ficou lá comigo apenas me acalmando.

- Rose, eu to grávida de novo.

- Eu sei, eu escutei Emmet e Edward falando. Bella não tire essa criança, ela não tem culpa dos atos dos pais dela. Criança é uma benção.

- Eu estava descontrolada não vou tirar essa criança, relaxe; eu já amo ela.

- Essa sim é a Bella que eu conheço.

Descemos para o jantar, Esme me fez uma sopa reforçada, mas eu fiquei enjoada com o cheiro dela. Então eu tive que comer outra coisa. Edward se manteve calado, falando o menos possível.

Quando estávamos na sala conversando animadamente, eu decidi que era hora de contar a todos sobre o bebê. Ian estava dormindo então eu falaria amanhã apenas com ele.

- Pessoal, eu queria lhes contar uma coisa.

- O que foi?

- Não fiquem bravos comigo ok?

Carlisle riu, provavelmente já sabendo o que eu ia falar.

- Além da anemia eu estou grávida.

- Oh meu Deus. Por que ficaríamos bravos com você? Você é minha filha, mesmo que seja e outro companheiro.

- É que o pai dele é o Edward mesmo. – Eu sabia que estava vermelha.

- Edward! Pelo amor de Deus, você está noivo, como fez isso com a Bella de novo?

- Não estou noivo, Grace terminou comigo.

- Bem feito. – Jasper pronunciou.

- Eu sei gente que nós erramos de novo e tudo mais, mas eu tomei uma decisão. - Eu interrompi o desvio do assunto.

- Bella. – Edward tentou ser bravo.

- Vou para Seattle. Quero reativar os laços com meu pai a qualquer custo, quero ver a minha mãe, minha irmã, minha família, vocês são a família perfeita, mas eu não pertenço aqui, meus filhos sim, eu sei que é meio estranho, mas agora eu preciso crescer, e me decidir, eu não posso ficar brincando com a vida, está na hora de eu recomeçar e tem que ser longe daqui.

- Mas a anemia?

- Eu vou me cuidar eu prometo. Eu posso não ser um poço de responsabilidade, mas eu sei que é isso que eu preciso.

- Tudo bem minha filha, eu estou orgulhosa de você. – Esme me abraçou.

- Obrigada; vou pra casa arrumar minhas coisas.

- Durma aqui pelo menos.

- Amanhã será um longo dia pro Ian, preciso resolver algumas coisas agora.

- Posso te acompanhar? – Edward falou calmo, com a voz meio torcida.

- Arrã.

Fizemos o trajeto em silêncio e assim que ele parou o carro, ele suspirou.

- Você tem certeza que não quer que eu vá?

- Preciso ficar longe daqui, o problema não é você, quer dizer não inteiramente.

- É? - Ele poderia dizer que está tudo bem e ir de uma vez, seria tão mais fácil.

- Uma vez, você disse que precisava partir pra se entender; e mesmo doendo eu aceitei. Agora aceite também.

- Mas eu te...

- Eu sei, eu também, é esse o nosso jeito, a nossa vida, e isso é melhor pra nós quatro.

Ele estava chorando?

Toquei em seu rosto limpando as lágrimas delicadamente, selei nosso lábios por um instante.

- Eu te amo.

E sai daquele carro sem olhar pra trás.