Capítulo 1 –

Estava na beira de um lago, em um imenso campo cheio de lírios e violetas, aquele cheiro doce pairava no ar.

 Logo essa imagem desaparecia e eu sentia alguém mexendo em mim e me distribuindo beijos.

- Mamãe, acorda! - Ah, meu filho Ian.

- Calma meu amor. – Ele tem uma energia.

- Anda mamãe, papai chega de viajem hoje. – Sua voz denotava toda a felicidade que ele estava sentindo.

- Eu sei, eu sei.

- Quero buscá-lo no aeroporto.

Sentei-me na beirada da cama, esfreguei meus olhos e vi meu pequeno Ian, de pé, seus cabelos chocolates e os olhos castanhos, profundos, já o desenho de sua face igual ao do Edward. Por incrível que pareça ele já estava arrumado.

- Quem te arrumou?

- Karla. - Até me esqueço dela.

- Mamãe vá tomar seu banho logo. – Ele tentava me arrastar da cama.

- To indo, to indo.

Me joguei debaixo do chuveiro e tomei um banho rápido, me despertando um pouco. Coloquei uma roupa básica, passei apenas um gloss, peguei minha bolsa, as chaves, e algumas coisas do Ian.

- Ian, vamos?

- A senhora está linda mamãe.

Eu o peguei no colo e o abracei.

- Você também, meu amor. Quer tomar café na tia Tanya?

- Não, quero tomar café com o meu pai.

- Ok.

Mesmo com seis anos agora, ele compreende muito bem o divórcio, até melhor que eu; desde a primeira idéia eu avisei que ele ficaria comigo. No fundo no fundo eu nunca quis me separar, mas o Edward tem um espírito livre, ele não consegue se prender a ninguém, além do Ian é claro. Isso é uma pena, mas se ele fica mais feliz assim tudo bem, ainda tenho uma parte dele comigo que será eterna.

- Que foi mamãe?

- Nada não meu bem.

Saímos de casa, em total silêncio no carro, a felicidade dele pairava no ar. Ao entrar no aeroporto fiz a melhor cara que pude. Logo encontrei os Cullens. Emmet, Jasper, Esme, Carlisle.

- Bella, Ian. – Carlisle foi o primeiro a me cumprimentar. – Como vai minha querida? – Pelo menos não perdi a família maravilhosa que ele tem.

- Bem e você?

- Muito bem, e o garotão do vovô?

- To com muita saudade do meu papai.

- Todos estamos.

- Até a mamãe?

Sorri amarelo e disfarcei. Logo Esme me sufocou em um abraço. Emmet e depois Jasper.

Olhei na direção do portão de desembarque alguns passageiros começaram a atravessá-lo. E lá estava ele, lindo como sempre, seus cabelos desarrumados, ele vestia um jeans, camiseta simples e um tênis qualquer. Ian disparou entre a multidão e se jogou nos braços do pai.

Os dois se abraçaram fortemente e ele veio no colo do pai. Acenei de longe e logo ele veio me ver. Céus, que homem lindo.

- Oi Bella. – Ele me deu um meio abraço.

- Oi Ed... Ward. Como foi de viajem?

- Acho que bem. E você? O Ian?

- Estamos bem.

- Que bom, vem, vamos para casa dos meus pais.

- Acho melhor só o Ian ir, você deve estar cansado.

- Para de frescura Bella. – Ele sorriu torto, do jeito que me derrete.

- Papai, vem no carro da mamãe com a gente?

- Se importa? – Ele me olhou, procurando alguma negativa da minha parte.

- De maneira alguma. Vamos.

Fiz o trajeto bem mais que conhecido a casa dos Cullens, Edward ia atrás com Ian conversando, eu os assistia somente em silêncio. Que falta me fazia aqueles dois juntos.

- Chegamos. – Anunciei, rompendo o silêncio confortável.

Os dois desceram e logo entraram. Rosalie me recebeu na porta, com o melhor sorriso.

- Está com cara de boba ainda.

- Não posso deixar de fazê-la, e não é só pelo Edward, também ver o Ian, com aquele sorriso enorme, e a falta que o pai fez sendo suprida.

- Entendo. Vem entra.

- Pessoal vamos comer porque aposto que ninguém fez isso. – Esme anunciou na sala.

Sentei ao lado da Rosalie e começamos uma conversa.

- E os detalhes do casamento? – Apesar do meu trama em casamentos eu tinha que ficar feliz pela minha amiga.

- Finalmente semana que vem tudo pronto. – Seus olhos tinham um brilho maravilhoso.

- Fico feliz por você amiga. – Ela mudou o olhar e me lançou um totalmente duro.

- Cunhada. Não tem espaço pra mulher alguma nos Cullens.  – Ela disse fazendo pose.

-Esqueça isso Rose.

- Vocês ainda voltam relaxe.

Apenas sorri.

- Pessoal a noite quero levar vocês para jantar porque quero lhes contar uma coisa importante. – Edward disse.

- Que coisa papai? – Ian o olhava com admiração.

- Só no jantar meu filho. – Ele ficou triste, mas superou o que mais importava naquele momento era a presença do pai.

- Ok.

Ian passou a manhã inteira com o pai e assim que ele dormiu fui colocá-lo no quarto de Edward, que é onde ele sempre descansa.

Ele dormia feliz olhei para a mesa de cabeceira, tinha uma foto de nós três. Observei bem o porta-retrato, como eu queria aquilo de volta.

- Ele se cansou facilmente. – Edward disse na soleira da porta.

- Ele mal dormiu de tanta ansiedade em te ver de novo.

Ele sorriu torto, do meu jeito favorito.

- Hm, vou dar licença você deve querer ajeitar as suas coisas. – Já me prontifiquei levantando.

- Que nada, eu tenho um apartamento aqui, esqueceu?

Como esquecer? Se vários momentos, nós passamos juntos lá, cada eu te amo dito, toque, carinho.

- É. Eu preciso ir.

- Tão cedo?

- É, tenho várias coisas pra resolver.

- É, como vai a sua loja?

- Muito bem. E seus projetos?

- Vou trabalhar no escritório de um amigo, vou comprar metade das ações.

- Que bom. Agora eu preciso ir mesmo.

- Vai ao jantar né?

- Acho que não. Ian pode ir, ele é teu filho.

- Seria bom você ir, porque ele talvez precise de você, ele é inteligente, mas não vou abusar da sorte.

- Tudo bem.

- Estejam as sete no Le Montaine.

- Ok.

Peguei minha bolsa e falei com Esme.

- Passo aqui no meio da tarde pra pegar ele, ok?

- Já vai querida?

- Tenho que ver a loja, e além disso vocês devem querer matar as saudades dele. Não tenho o que fazer aqui.

Ela me abraçou e sussurrou.

- Sabe que uma vez Cullen, sempre Cullen não é?  Sua presença aqui será a mesma, é mais que minha nora, é como uma filha.

- Obrigada Esme. – Sai de lá antes que me vissem chorando.

Dirigi para casa e liguei para Claire, a gerente que tomasse conta de tudo.

Já no meu quarto, abri o closet e peguei minha caixa de lembranças.

Desde o início do nosso namoro, quando eu tinha 19, e logo eu fiquei grávida, fomos morar juntos. E depois casamos de um jeito torto, e no terceiro ano do Ian, ele quis se separar e foi viajar, fazer a vida em Londres. Até hoje me lembro das suas palavras.

- Eu só não consigo ficar preso a alguém por muito tempo, me sinto sufocado.

- Mas Edward, você disse que me amava. – Eu dizia em meio as lágrimas.

- Eu sei e eu amo, mas eu preciso crescer, amadurecer. Pra ser bom para vocês dois.

- Por que o divórcio? Diz que vai viajar a trabalho.

- Não sei quando volto. E você tem que ter a chance de ter alguém.

- Mas eu só quero você.

Ele me abraçou e naquele momento eu percebi que ele não me queria. Depois de tanto chorar, assim que acordamos, passei a ser o mais fria possível. Até que duas semanas depois ele foi. Ele me deixou, assim como ao Ian, meu único pedaço dele.

Adormeci ao lado da caixa.

Acordei as seis horas, com Rosalie em casa e Ian.

- Ele já está de banho tomado, a senhora que tem que ficar linda.

- Rose. Nem quero ir.

- Eu sei, mas vamos lá Bella. Linda. Ian vá assistir TV e não se suje.

- Tá bom Tia.

Rosalie me fez tomar um banho e escolheu uma roupa um tanto bonita, fez uma maquiagem leve e natural.

- Perfeita. Já troquei o Ian, me dá uma carona?

- Tudo bem.

Logo encontrei os Cullens no terraço.

- Papai vai demorar? – Era a terceira vez que Ian perguntava ao meu lado.

- Não sei meu filho, se acalme.

- Cheguei. – Edward disse, mas eu estava de costas para a entrada nem o vi. E nem me virei para vê-lo.