Castlecalibur ou Soulvania (reeditado) escrita por TriceSorel
Rafael tentava dormir, mas pressentia que algo estranho estava acontecendo em Castlevania. Primeiro Siegfried voltara a agir como Nightmare depois de alguns anos sem ter nenhuma recaída. Depois aquele vampiro estranho que aparecera com a Soul Calibur. Depois Mathias estava agindo tão estranhamente... Ouviu um uivo profano e ficou com medo de dormir sozinho. Correu para o quarto de Amy.
- Amy!! Você já dormiu? – perguntou ele, entrando no quarto da menina.
- Já... – respondeu ela que, cansada da rave, dormia com a roupa de festa e tudo.
- Você ouviu esse uivo horripilante?
- Não...
- Papai vai ficar aqui para te proteger! Não precisa ficar com medinho... deve ter sido só um cachorro guaipeca faminto por aí...
- Anhé...
O uivo novamente ressoou pela noite, mais maligno que da primeira vez. Rafael entrou para debaixo das cobertas, escondeu a cabeça e começou a tremer.
- Ah, qualé, velho, você escolheu o quarto da Barbie porque quis, esse quarto maneiro é o meu quarto, tá ligado?
- É, mas papai veio aqui pra proteger a filhinha que não consegue dormir! – justificou Rafael, feliz. – Vou contar uma história pra você dormir.
- Ah, não! De novo?!
- Era uma vez um belo príncipe chamado Rafael! – Amy tapou a cabeça com o travesseiro no intuito de dormir. Rafael seguiu contando sua história de ninar favorita sobre o príncipe Rafael. – Ele vivia em um lindo palacete na França e era o melhor espadachim que o mundo já ouvira falar!
Depois de meia hora de lenga-lenga, Amy colocou alguns travesseiros para fazer volume na cama e saiu de fininho, deixando Rafael contando sua linda história para as paredes. Saiu caminhando pelos corredores, insone. Caminhando pelos corredores e observando os quadros nas paredes, a menina não percebeu por onde ia e bateu-se com uma pessoa que ela já conhecia de outros jogos.
- Ah, me desculpe Amy, eu estava distraído. – justificou Siegfried.
- Não consegue dormir? – perguntou a menina.
- Não. Tive um sonho ruim com o Azure Knight.
- Não diga...
- E você? Também teve um pesadelo?
- Não, mas se continuasse no meu quarto ia ter um pesadelo com o príncipe Rafael...
- Ah, não é aquele príncipe francês que morava num palacete e era o melhor espadachim que o mundo já conheceu? – perguntou Siegfried, empolgado.
- Esse mesmo... – respondeu Amy, sem emoção.
- O Rafa me contou essa história quando eu era criança! Desde então meu sonho era conhecer o príncipe Rafael e me tornar tão bom espadachim quanto ele!!!
Pausa dramática.
- O meu pai inventou essa história, Siegfried. – dedurou Amy.
- Ah!! Quer dizer que o príncipe Rafael não existe?!! – surpreendeu-se Siegfried, que havia crescido inspirado por essa fantástica lenda que só ele e Amy conheciam. – Droga. Agora você vai dizer que Papai Noel também não existe...
- Não. Era o meu pai disfarçado...
- Por isso que eu nunca ganhava o que pedia sob o pretexto de não ter sido um bom menino... – deduziu Siegfried, sabiamente.
- Bom... mas já que estamos acordados, vamos dar uma volta pelo castelo.
- Tá bom. Eu tô com medo de voltar a dormir, mesmo... tem um lobo uivando enlouquecido nas proximidades do castelo.
Amy e Siegfried se puseram a caminhar pelos sombrios corredores de Castlevania, quando sem querer pararam em frente ao laboratório de Mathias, que estava com a porta aberta porque Walter nunca a fechava depois de entrar. Os dois discutiam. Ambos decidiram ficar ouvindo a conversa, porque adoravam fofoca e assuntos alheios.
- Onde você estava com a cabeça quando escreveu essa merda para o Leon? – gritou Walter. – Você sabe o que ele vai fazer quando descobrir que você é o Drácula?!
- Mas ele não entendeu, ele achou que estava escrito Dr. Ácula, e agora acha que eu sou médico! – tentou explicar Mathias.
- Mesmo assim! Ele viu sua mordida no pescoço, ele viu você com a taça de sangue na mão, ele já percebeu que você não sai mais de dia e passa a noite acordado, e já deve ter percebido que seus caninos estão mais afiados! Logo ele vai deduzir que Dr. Ácula é, na verdade, Drácula!
Amy e Siegfried espantaram-se com tal revelação. Então seu anfitrião era, na verdade, o famoso Lorde Drácula, que assombrava o povoado de Valáquia?
- Pelo olho solitário de Odin! – exclamou Siegfried. – Temos que contar isso ao Leon! – disse ele a Amy.
- Que metido que você é, Sieg! Deixe que os dois se acertem... – comentou Amy.
- Mas se ele vai atrás do Drácula, nada mais justo que ele saiba sua verdadeira identidade, ainda mais sendo ele seu melhor amigo! – justificou o alemão.
- Tem razão... me convenceu. Vamos contar ao Leon.
Nesse momento Walter se virou e viu os dois intrusos na porta.
- Vocês dois!! O que estão fazendo aí?! – perguntou.
- Nada... só tomando um ar... – mentiu Siegfried mentirosamente.
- O que vocês ouviram da conversa? – quis saber Walter.
- Nada de mais! Só algo sobre o Mathias ser o Lorde Drácula... – respondeu Siegfried.
- É, mas a gente não ia contar para o Leon! – mentiu Amy.
- E não vão poder mesmo, estando mortos! – e Walter avançou em direção aos dois.
- Walter, não! – e Mathias tentou impedir o colega, mas Walter já havia se transformado em um enorme morcego.
- AAHH! Siegfried!! Cadê a sua Soul Calibur?
- Não sei!! Pegaram ela essa noite!
- Ela está comigo, germânico mortal! – respondeu Walter, mostrando a espada sagrada.
- Devolva! Eu custei mais de quadro edições do jogo pra conseguir pegar essa espada, você não pode tomá-la de mim assim!
- Posso e vou matar os dois com ela!
Walter perseguiu o casal até o saguão, onde derrubou Amy.
- Vai morrer, pirralha! – disse, levantando a espada em direção à Amy.
A menina deu um grito estridente agudo e fechou os olhos, pressentindo que esses seriam seus últimos instantes. Contudo, ouviu um barulho de chicote estalando no ar e a lâmina não encostou em sua alva pele. Abriu os olhos e viu que Leon estava em pé entre ela e o vampiro que voava.
- Para trás, besta do apocalipse! Eu sabia, Wiltom, que você era um vampiro! Na verdade eu suspeitava isso desde o momento em que o vi sugando o sangue de um transeunte no centro de Valáquia e depois se metamorfoseando em um grande morcego e voltando para o castelo! E agora isso só comprova minha suspeita! Você é o cúmplice do Drácula, Wilmar Bernhuppert!
- É uma pena que você não vai viver para contar isso pra ninguém! Eu vou matar os três!!! – e Walter deu um golpe no chão com a Soul Calibur fazendo com que Amy e Leon voassem contra a parede e caíssem inconsciente. – Venci.
- Não cante vitória ante da hora, enquanto ainda tiver um homem em pé! – bradou Siegfried, juntando chicote mágico de Leon. – Eu não vou falhar, nem que tenha que sacrificar a minha vida! Chega de pesadelos! Nunca mais eu vou me curvar para as vontades dos outros! Minha vida não é para você tirá-la! – gritou ele, na mesma entonação que usava no vídeo-game [essas são as falas do personagem no jogo].
- Quanta frase decorada! Nem para mudar de uma edição para a outra... – comentou Walter, empunhando a Soul Calibur novamente. – Adeus, Herr Kartoffeln! – e ele desceu a espada com força. [Kartoffeln = batatas].
- É Schtauffen!!! – corrigiu o alemão, atacando Walter com o chicote de Leon de forma heróica e épica, em slow motion. Mas errou e acabou acertando a própria testa e caindo desmaiado.
- Que gente mais burra...
- Agora somos só nós dois... Walter! – falou uma voz firme, vindo do andar superior.
- Mathias? Você vai ter a capacidade de me enfrentar?
- Sim. Você arruinou com a minha vida, Walter!!! – e Mathias se colocou em frente ao vampiro que flutuava. – Matou meu melhor amigo, matou dois dos meus hóspedes...
- E agora que eu tenho a Soul Calibur e a Pedra Filosofal... também posso matar você, Mathias Cronqvist!
- Pois tente! – Mathias elevou-se no ar e empunhou a Soul Edge que ele conseguiu sabe-se lá onde.
- IÁÁÁÁ!! – gritou Walter, indo de encontro com Mathias.
- IÁÁÁÁ!! – gritou Mathias, indo de encontro com Walter.
Mas o lustre do teto caiu em cima de Walter e ele morreu.
- O quê? Mas como o lustre foi cair, a cordinha tava emperrada... – comentou Mathias para si mesmo.
- Ops... foi sem querer... – comentou Jean-Eugène. – Me desculpe, monsieur Cronqvist... eu estava com insônia e resolvi limpar o teto e, para isso, tive que me segurar no lustre. Mas ele ficou pesado demais e acabou desabando... sorte que consegui me segurar na escada a tempo. – e o velho apontou para a escada próxima ao local onde o lustre estava pendurado.
- Mas... o que você usou para limpar o luste?
- Uma aguinha da boa que o meu amigo Rinaldo Gandolfi me emprestou. Eu fui até a lojinha de conveniências dele comprar lustra-móveis e lembrei que fomos colegas na aula de capoeira há muitos e muitos anos atrás, em nossa juventude esquecida.
- Então você e o velho Gandolfi já se conheciam...? – intrigou-se Mathias, pegando a garrafinha das mãos do velho Jean-Eugène. – Argh, que nojo, isso é água-benta!!! – e ele devolveu a garrafinha.
- Lustra que é uma beleza! – justificou Jean-Eugène, mostrando o lustre brilhando novinho em folha.
- Por isso que o Walter morreu... não agüentou o cheiro de água benta.
- O quê? Que tragédia aconteceu nesse saguão enquanto eu limpava o lustre?! – surpreendeu-se o velho. – Ó, não! A pequena mademoiselle Amy!! Ela morreu? Essa não! Se ela morrer, o monsieur Rafael tem um siricutico nervoso, um ataque, um peripaque, um chilique, um treco, um troço, um...
- Já entendi! Peraí que eu resolvo...
Mathias se aproximou de Amy, Siegfried e Leon, que jaziam meio mortos num canto do saguão, e encostou a mão em suas frontes. Os três recobraram a consciência.
- Nossa! Então você é médico mesmo, como o monsieur Belmont havia dito antes.
- Não é bem isso... – comentou Mathias, levantando Leon que recobrava a consciência. – Eu... não sou médico. Eu sou o... Conde Drácula.
- O quê?! – falou Leon em um fio de voz.
Jean-Eugène saiu do saguão de fininho, seguido por Siegfried, que pegou a Soul Calibur e se mandou, e Amy, que pegou a Soul Edge e se mandou também. “Vou vender no E-Bay”, pensou ela, levando a espada para o seu quarto.
- Você... é o...
- Sim. Desculpe-me não ter contado antes, querido amigo... eu tentei, eu juro que tentei, mas tive medo de perder sua amizade.
- Então... você...
- Pode me odiar... pode até me matar com o seu chicote mágico. Sem a sua amizade eu não tenho mais interesse nenhum em viver, ainda mais uma vida imortal longa e sofrida.
- Você é o... Drácula...
- Acabe logo com isso, Leon! Não agüento mais essa agonia...
- Então você... é o conde...
- Pare de repetir isso!!! – e Mathias alcançou o chicote para Leon.
- VOCÊ É O CONDE DRÁCULA!!!
- Eu sei...
- CARA, ME DÁ UM AUTÓGRAFO?!!
- O quê?!
- AAHH!! Eu sou amigo do Conde Drácula!!! O verdadeiro Conde Drácula!!! Vou ganhar milhões de seguidores no Twitter!
- Pelo vitruviano de da Vinci, o homem enlouqueceu!
- Mathias, por isso você escondeu o seu segredo!! Tinha medo dos paparazzi e de enfrentar a fama!! Mas não se preocupe, se você quiser, eu viro o seu empresário!
- Não fale besteiras, Leon! Isso é um assunto sério!
- Você será o Conde Drácula e eu posso usar o pseudônimo de... Van Helsing, o que você acha?
- Péssimo.
- Podemos até fingir que somos inimigos mortais, e que eu sou um caça-vampiros, vai dar muita publicidade! Vamos ficar ricos e famosos! E vão fazer jogos temáticos com a gente!
- Já tem jogos temáticos com a gente...
- Posso virar imortal também?
- Pode... o Walter morreu e não vai mais poder usar a Pedra Filosofal, mesmo.
- Cara,você é um gênio! Tenho muito orgulho de ser seu amigo!! – comentou Leon, subindo as escadas com seu amigo imortal Mathias.
E todos viveram felizes para sempre! Fim!
EPÍLOGO:
Amy voltou para o seu quarto, abriu a porta devagar para não acordar seu pai que provavelmente estava dormindo. Mas ela se enganara. Ele ainda estava contando a história do príncipe Rafael para as paredes sem se dar conta de que ela estivera fora do quarto todo esse tempo.
A menina voltou de fininho para a cama e entrou debaixo das cobertas no lugar onde antes estiveram os travesseiros.
- ...e o belo príncipe foi nomeado rei e virou o melhor rei que o mundo já conheceu! Fim! – terminou Rafael, com lágrimas nos olhos.
- Lindo, pai, agora volte para o quarto da Barbie e me deixe dormir e ter lindos sonhos com o príncipe Rafael...
- Já passou o medinho? Vai dormir mais tranqüila agora? – perguntou ele, cobrindo-a com o edredom.
- Muito.
- Então boa noite, florzinha!
E Rafael apagou a luz e foi para o seu quarto do outro lado do corredor.
- Fiz bem em escolher o quarto perto do dela... assim posso protegê-la de todo mal! – pensou consigo, entrando no quarto.
Foi quando notou que Siegfried estava deitado em sua cama, com um pijama do Ben10 e um ursinho de pelúcia com uma touquinha de dormir.
- Sieg? O que tá fazendo aqui?
- Na verdade eu fiquei com medo de dormir sozinho... começou a trovejar e tinha um lobo uivando...
- Tá, você pode dormir comigo essa noite. – permitiu Rafael, ajeitando-se nas cobertas.
- Rafa?
- Quê?
- Posso pedir mais uma coisinha?
- Pode.
- Conta a história do príncipe Rafael?
- Claro! Eu adoro essa história! Era uma vez um belo e nobre príncipe chamado Rafael! Ele vivia em um palacete na França...
E a história acalentou o coração do nosso herói até que ambos caíssem no sono e todos os atuais moradores de Castlevania vivessem felizes para sempre com a espada mágica Soul Calibur. Ah, a Soul Edge foi vendida no Ebay pela Amy e um tal de Algol a comprou.
FIM
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