POV Thalia Grace

Alguém havia contado para Quíron sobre a profecia. Pois é, eu ia bater em quem tinha contado. Foi uma vergonha total. Bem, primeiramente foi, mas depois pensei: foda-se, sempre soube que iria dar merda. Eu, Luke, Jullie e Grover, junto com os outros monitores estávamos conversando com Quíron e o Sr. D. no refeitório mesmo. Alguns outros campistas se escondiam atrás das árvores para ver o que estava acontecendo.  

Sr. D. ficava apenas nos olhando decepcionados. Não acho que seja porque tinhamos feito algo errado. Ele nem estava ligando pra isso. Mas acho que era porque quem iria morrer iria ser um de nós, e não o "Perry Johansson".   

- Crianças - disse Quíron (na cadeira de rodas, é claro) e eu revirei os olhos - vocês se meteram em uma coisa horrível... Nem era para essa profecia existir. Mas o que mais me deixou chateado, é que vocês fizeram isso por não ter mais o que fazer? - ele perguntou. Jullie abaixou a cabeça, se sentindo culpada.   

- Olha Quíron, a gente se arrepende muito. Já pedimos desculpas umas trocentas vezes! - falou Grover. Mas Quíron ainda parecia desapontado.   

- O problema não é esse, Luke. O problema é que quando uma profecia é feita, ela tem que ser cumprida. E nós não podemos mandar outras pessoas. Vai haver mortes, e é errado colocar a vida de alguém em risco. - disse ele. Beckendorf, que estava ao meu lado suspirou de tédio.   

- Isso significa que vamos ficar fora disso tudo, não é? - perguntou Silena, filha de Afrodite.   

- Por enquanto sim... - falou Quíron - E vocês acham que os outros três meio-sangues se referem à quem? - perguntou ele.   

- Não sei, tem muitos meio-sangues por fora... Quem sabe até não podem ser desastrados e acabam morrendo também?! - disse o Sr. D. e todos olhamos para ele. Ele nos olhou de volta e disse que era apenas um comentário pessoal, mas sabíamos o que ele queria dizer.   

- Sem contar que tem aquela história do Di Angelo e do Percy Jackson terem matado um monstro, ou sei lá o que. - falou Luke. Não sei o por que, mas ele não era fã do Nico Di Angelo.   

- Pois bem... Luke, Jullie, Grover e Thalia, permaneçam aqui. O resto pode ir para os seus chalés. E peçam pros outros saírem de trás das árvores - disse Quíron. Os outros saíram e logo uma multidão saiu de trás das árvores. Digamos que... quase que o acampamento inteiro que não tinha ido para sua residências familiares. Assim que ficaram saindo, Quíron falou um monte, e eu nem prestei atenção, embora depois eu tenha me sentido culpada por isso. Assim que ele terminou, Jullie olhou para mim esperando que eu falasse alguma coisa. Ela estava roxa, quase virando uma amora de tanta vergonha. Eu tinha que ajudar a coitada.

- E você vai mandar outras pessoas em nossos lugares? Olha, sinceramente, não acho isso justo porque diz que vai haver mortes e... 

- Não vamos mandar ninguém no lugar de vocês - interrompeu o Sr D., se levantando da mesa em que estava sentado - Vocês causaram isso, vocês irão seguir a diante com isso - terminou ele. Eu estava assustada. O Sr. D., falando esse tipo de coisa? Todos olhamos para Quíron esperando que ele falasse alguma coisa, mas ele apenas suspirou e concordou. Esse povo só suspira!

- Então... quando a gente vai partir? - perguntou Jullie.

- Já vão amanhã cedo. - falou Quíron.

- Vamos ter algum tipo de mapa, ajuda, ou coisa assim? - perguntou Luke.

- A própria profecia guiará vocês... - respondeu Quíron. Sr. D. apenas suspirou, deu meia volta e foi para a cozinha. Mané mesmo... Bom, depois houve um longo silêncio. Um loooooooongo silêncio. Quíron despensou a gente. Eu evitei ao máximo os olhares de reprovação dele enquanto a gente saía do refeitório. Tipo, eu considerava Quíron como um pai. Um verdadeiro pai. Mas eu havia vacilado com ele... Mas fazer o que, é a vida... 

Os poucos meio-sangues que não tinham ido para suas residências humanas e felizes, estavam de plantão nas janelas de seus chalés. Povo curioso! A maioria correu para falar com a gente. Grover, que poderia explicar tudo, havia sumido. Ele sumia de repente e aparecia do nada, acho que ele tinha aulas particulares com o Criss Angel, sério.

Eu nem dei bola para os curiosos, apenas continuei andando com Luke me abraçando. A luz da lua contornava imensas nuvens carregadas de água. Essa missão tinha alguma coisa errada. Alguns trovões seguidos de raios ecoaram no acampamento e o mar que era visto de longe estava violento, e também era possível ouvir o barulho dos rios que cortavam o acampamento correndo rapidamente.

- Problemas no Olimpo... Esses deuses nunca sossegam! - falou Luke. Eu ri e concordei. Continuamos andando e eu senti uma sensação estranha. Apesar de isso acontecer o tempo todo, foi diferente.

- Bom, acho melhor você ir - falei para Luke - Amanhã o dia vai ser longo, muito longo...

- Também acho - ele falou. Nos despedimos com um selinho e ele se foi. Fui para o meu chalé, meio desconfortável. Não demorou muito para começar à chover. Tomei um banho rápido e fui me deitar. Observei o teto pouco decorado do meu chalé se misturando com o som da chuva e adormeci rápido.

(...)

Acordei com alguns raios de sol atravessando meu quarto. Apolo deveria estar tentando consertar as coisas, embora o tempo estivesse meio nublado. Me levantei e fui lavar o rosto. Tinha uma nova missão pela frente. Não que eu tivesse medo, eu já havia feito várias missões, mas essa parecia, hm, diferente. Um de nós iria para o Tartáro - porque éramos pestes, isso eu não vou mentir - e não voltaríamos mais. Troquei de roupa e arrumei tudo que tinha que arrumar: roupas, armas, meus refrigerantes escondidos e meu iPod. E alguns dracmas também. Dei uma ajeitada no meu cabelo e coloquei uma roupa básica. Bom, básica pra mim é jeans, all star e camisetas de bandas. Sai do meu chalé, e alguns campistas que já haviam acordado estavam treinando, outros desejaram boa sorte e o resto dormia nos bancos. Porque não ficaram dormindo em seus chalés? Que gente babaca...

Segui para o refeitório para me encontrar com os outros. A nossa brincadeira para nos tirar do tédio acabou sendo uma missão mortal. Sem contar que isso mexeu com os deuses e com alguns semi-deuses fora do acampamento. Assim que cheguei, Jullie e Grover já esperavam. 

- Aonde está Luke? - perguntei.

- Aonde você acha que está? - perguntou Jullie e não demorou nada para eu perceber que ele estava em uma reunião com o seu intestino. Cara, a gente podia passar em um supermercado depois e comprar um Activia pra ele, já que nada adiantava. E se não funcionasse, teríamos nosso dinheiro de volta! Guardei esse pensamento para mim, não queria brigar com Luke. Mas era verdade.

Eu não consegui comer, eu estava nervosa. Grover ficava cantarolando algumas coisas doidas e Jullie comia que nem uma mendiga doida. Passou um tempinho e Luke chegou. Dei bom dia, assim como os outros e esperamos Quíron e o Sr. D. Não que o Sr. D. fosse importante, mas ele estava muito mané ultimamente. Assim que eles chegaram, a gente conversou legal sobre algumas coisas, sobre os cuidados e blá blá. Nos desejaram boa sorte e logo depois, nós partimos.Chegamos ao topo da Colina Meio-Sangue pouco iluminada pelo sol. Descemos ela devagar.

- Bée, é agora. - falou Grover.

- Acreditam em pé direito? - perguntou Jullie. Sorri e todos saímos da Colina com o pé direito. A partir de agora, alguém faria falta naquele lugar.

(...)

O dia estava mais claro. Porém, o medo só aumentava. Até o momento, não tínhamos achado nada. E a gente tinha pegado uma trilha pela floresta, por preferência e conhecimento de Grover. E já estávamos bem longe do acampamento. E provavelmente, perdidos e poderíamos estar em Ohio já...

Haviam pedras enormes rodeando a gente, como se fossem cortonando uma colônia ou uma tribo... Ou uma armadilha.

Puta merda!

- Grover, onde nós estamos? - perguntei.

- Bom, estamos... bée...

- Diz que nós não estamos perdidos... - falei. Ele se virou e me olhou com uma cara de piedade. Comecei a xingar muito, e os outros pediram pra eu me acalmar. Como eu iria me acalmar?

Respirei fundo e tentei me controlar. Eu e meu estress não iriamos ajudar em nada juntos. Calma Thalia... De repente ouvi algo se mecher na floresta. Meu deuses, eu iria enlouquecer. Grover tentou farejar algo e ficou meio estranho.

- Gente... acho que tem algo errado... - falou ele.

- Você acha? - perguntei. É, eu estava grossa e chata, mas poxa, deveríamos ter ido pela parte em que pessoas inteligentes passam! O barulho se intensificou e parecia que tinha um grande peso. Todos olhamos ao nosso redor. Impossível. Acabamos de acordar e já vamos ser mortos? Agora ele era rápido. Não havia dúvidas que era um ou mais monstros. E eu estava certa. 

Dois gigantes monstros, parecidos com o Shrek apareceram. Só que estes eram piores. Tinham a cara de, hm, cães infernais, não que eu já tenha visto um de verdade. Eles eram escuros e tinham os olhos vermelhos, como se estivessem bêbados, sem contar que eram enormes. E os dentes, argh...

Todos nós ficamos juntos, e cada um colocou sua arma à mostra. E eles não perceberam. O legal é que eles não falavam, então dificultou tudo.

A primeira coisa que eu vi, foi um deles pegando uma das enormes pedras e jogando em nossa direção.

- ABAIXEM-SE! - gritei. Todos se abaixaram e a pedra atingiu o estômago do outro, que se localizava atrás de nós. Ficamos nervosos. 

- Ok... Hm, vocês destraem esse que eu vou matar o outro sem fôlego - sussurrou Luke. Pressionei Aegis, meu bracele, e ele se tornou um escudo. Não sei como, consegui acionar minha lança, e parti pra cima. O cara se assutou comigo. Aí, eu era assutadora mano!

Ok, Thalia, seu namorado está prestes matar um gigante, brinque depois! Ele se afastou um pouco e parecia muito assustado.

- Grover, me ajuda! - pediu Luke. Ele saiu atrás de Luke e ficamos eu e Jullie contra o grandão. 

- Ok, no três eu avanço por trás! - falou Jullie. Grover gritava que nem doido atacando o monstro de trás. Eu tive que rir. Bom, ai eu me aproximei mais do Berra 1 (tive que dar um nome...) na minha frente e fingi que ia atacá-lo, quando de repente uma faca atravessou seu peito. Jullie ferido o Berra 1. E o maldito não havia morrido. Ele se virou, pegou Jullie, que começou a se debater e a jogou contra uma árvore. Ela urrou de dor e ficou ali parada. O Berra 1 se virou e lançou um murro contra mim, e eu me defendi com Aegis. Ele começou à se enfurecer, e parecia ter perdido medo. E também pegou a minha lança, que havia caído. A feiticeira morta pelo próprio "feitiço"...

- Matamos, conseguimos! - disse Luke. Mas eu estava focada no monstro à minha frente. Eu iria morrer, era eu na profecia. Ele ia andando cada vez mais.

- Grover, vá ajudar Jullie! Eu fico com Thalia! - falou Luke. E assim como eu, Berra 1 olhou para Luke. Grover viu o que acontecia e correu. Mas antes que o monstro fosse morto, ele jogou a lança, que atingiu Luke. Berra 1 havia morrido.

- Não! - gritei. Corri até Luke, e meus olhos se encheram de lágrimas - Luke, fala comigo, não me deixa! - pedi. Eu olhei no fundo dos olhos de Luke, que ia perdendo a respiração aos poucos. As lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Assovios começaram à dar som ao lugar. Parecia que tinham mais monstros por ali.

- Thalia, precisamos ir! Não dá mais tempo! - disse Grover, segurando Jullie pela cintura que suspirava de dor.

- Não, eu não posso. Eu não posso deixar ele aqui - falei. 

- Não dá tempo! Por favor, Thalia! - pediu Jullie.

- Vai, vença - sussurrou Luke. Luke apenas sorriu para mim e se foi.

Mais uma parte da profecia havia sido cumprida. E assim como a alma dele, meu coração foi junto para os deuses sabem aonde.