Dead Heart escrita por Koneko-chan


Capítulo 6
Nothing Left to Lose




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– Nothing Left to Lose –

Heart estava pálida e com uma aparência cansada. As dúvidas que rodavam a mente de Lock continuavam enquanto ele se mantinha sentado ao lado dela, observando-a.

– Você está melhor agora? – perguntou-lhe depois de alguns minutos.

Ela soltou um riso seco.

– Sim – respondeu. – Quer dizer, depois da água oxigenada, se continuasse doendo, seria muita sacanagem.

Ele sorriu.

– É mesmo.

O celular de Heart tocou e ela foi verificar. Depois de alguns segundos olhando para a  tela, constatou:

– Nelly está bem. Agora que temos o carro, quando vamos buscá-la?

– Quando você melhorar.

Ela arregalou os olhos e voltou-se para ele, sentando-se num átimo.

– O quê? Eu já disse que estou melhor. Não vou deixá-la sozinha nem mais um minuto!

– Heart – ele suspirou. – Você foi ferida por um zumbi, é melhor esperarmos pelo menos até amanhã e se...

– Lock! Não! – ela bradou, perdendo a paciência. – Você viu! Eles estão mais fortes hoje! Daqui para frente isso só vai piorar e talvez nos machuquemos mais se formos amanhã!

Ele franziu o cenho.

– Como sabe disso tudo?

Eles se encararam por um momento até que ela desviou o olhar.

– Eu... Eu não sei, é uma suposição.

– Se é uma suposição, não temos como ter certeza, ok? – ele retrucou. – E você está maluca se acha que eu vou te deixar sair daqui com esses machucados!

– Por quê? – ela perguntou, olhando-o novamente. – Por que você se importa tanto comigo? Mal nos conhecemos, não é?!

– Eu me importo porque você é a única aqui comigo! Eu já não tenho mais ninguém, minha mãe virou zumbi e eu nem sei sobre o meu pai! Você ainda tem sua irmã, mas eu não tenho ninguém!

Heart bufou e se encostou à parede, parecendo contrariada por algum motivo.

– Meus pais também devem ser zumbis agora se serve de consolo.

Alguns minutos de silêncio seguiram depois disso. Nenhum deles se atreveu a quebrá-lo por um tempo, até que Lock foi o corajoso de fazê-lo.

– Acho que nunca falamos sobre nossas vidas antes do que aconteceu. Quer conversar sobre isso?

Ela riu secamente, quase num múrmuro.

– Pode ser.

– Primeiro as damas.

Um pouco de cabelo escorregou de trás da orelha dela, cobrindo-lhe o rosto de modo que Lock não podia ver que, apesar do sorriso que morava em seus lábios, ela estava triste.

– Minha vida não é a coisa mais interessante do mundo. Aliás, era. Bom, eu tenho algum distúrbio depressivo que os psicólogos não conseguem descobrir qual é. Eu estava fazendo tratamento.

– Sério? – Lock perguntou, surpreso. – Nossa, você não parece ter nada disso.

Ela jogou a cabeça para trás, rindo.

– Agora. Essa é uma das características do que eu tenho: apresento os sintomas só durante um período de tempo. Eles vão e voltam. Os meus médicos, que agora devem ser zumbis, estavam considerando a possibilidade de eu ter DAS*, mas não tem nada a ver com a estação do ano e meus sintomas são diferentes.

– Ahh – Lock murmurou, sem saber o que comentar.

– Eu dei uma fugida anteontem da última seção do tratamento porque queria ir no festival que ia ter na sua escola. Um amigo tinha me convidado, disse que eu tinha que esquecer um pouco o que aconteceu no verão...

– O que aconteceu?

Ela engoliu em seco e baixou o olhar.

– No verão passado eu... conheci um garoto. Um garoto incrível mesmo. Ele era diferente de todos os que eu já conheci. Foi numa festa. Mas eu não sei o que ele viu em mim, sabe? Eu estava naquela festa quase que forçadamente, tinha tido um episódio depressivo sério no dia anterior. Eu tinha tentado me matar. Por isso, naquela noite eu estava um caco. Realmente não sei o que ele viu em mim.

– Eu acho que sei – murmurou Lock, de modo que ela não ouvisse. Ele aumentou a voz. – Mas que parte disso é ruim?

– Vou chegar lá. Nós passamos um tempo ótimo juntos, foi fantástico. Mas quando chegou ao último dia de verão... ele foi embora. E nem se despediu.

Um pequeno silêncio de pesar percorreu o ambiente. Lock não sabia o que dizer e Heart havia terminado a história. Ela decidiu comentar algo depois de um tempo.

– Bem, você imagina como eu fiquei. Se já era depressiva antes... – ela puxou algumas mexas de seu cabelo. – Fiquei depressiva e revoltada. Meu cabelo não era dessa cor.

Lock a fitou por alguns minutos, compreensivo.

– Eu conheci uma garota no verão também – ele comentou. Heart olhou-o. – Só que não consigo me lembrar de muita coisa, não sei por quê. Só sei que ela era incrível também. Não lembro como terminou... Mas foi num evento para o qual meu pai me arrastou, acho, que a conheci.

– E tanto ela quanto o cara com quem eu fiquei devem ser zumbis agora – Heart disse.

Ele pensou por um momento.

– É, provavelmente – concluiu por fim. – Eu queria ao menos me lembrar de seu rosto...

– Você gostava mesmo dela, Lock? – Heart perguntou de repente.

– Sim, gostava. É a única coisa de que me lembro. Foi a primeira garota de quem eu gostei de verdade.

O sol lá fora começava a se pôr. Outra mensagem de Nelly fez o celular tocar. Ela queria saber quando a irmã iria buscá-la. Heart respondeu que no dia seguinte, sem falta, estariam juntas novamente. Ocorrera um imprevisto, nada preocupante, e ela teria que adiar por mais um dia. Ela jogou o celular em cima de uma cadeira e ficou de joelhos no colchão, voltada para Lock. Parecia constrangida em parte, decidida a não olhá-lo nos olhos.

– Lock, eu preciso tentar uma coisa – murmurou.

– O quê? – ele perguntou, desencostando-se da parede.

Ela mordeu o lábio e se aproximou, colocando as mãos sobre os ombros dele. Seu chegou cada vez mais perto, até que a sensação morna dos lábios dele nos seus fosse sentida e apreciada. Por um momento, ele apenas sentiu, mas depois começou a retribuir. As mãos de Lock, fora de seu controle, deslizaram para a cintura dela e para suas costas. Não conseguia controlar, apenas sentir. E a sensação era familiar, calorosa, como chegar em casa após uma longa viagem. Como um déjà vu, mas ele não sabia onde já havia sentido aqueles beijos antes.

Heart colocou os braços ao redor do pescoço de Lock, abraçando-o e ignorando a leve dor que ainda habitava suas feridas. O que ela estava sentindo agora era inebriante o suficiente para que ela se esquecesse dos machucados. Mesmo assim, Lock tomava cuidado para que ela não se machucasse mais.

Os dedos de Lock deslizaram das costas de Heart até tocarem seu abdômen plano, roçando nas faixas do curativo. Ela tinha uma pele tão macia que ele deixou seus dedos trabalharem por si só, deixando-os escorregar por debaixo de sua blusa. Heart enroscou seus dedos nos cabelos Lock enquanto ondas de calor lhe inundavam, fazendo-a esquecer-se de tudo e concentrar-se apenas nele.

Lock inclinou seu corpo sobre o de Heart deitando-a no colchão e cobrindo o corpo dela com o seu.

Os dedos de Heart foram para clavícula de Lock e desceram, se aventurando sobre seu corpo até chegaram à base de sua camisa e arrancá-la. Enquanto ele voltava a acariciar sua barriga por debaixo da blusa até que as pontas de seus dedos encontraram a base do sutiã dela.

Heart o jogou para o lado, afundou seus joelhos no colchão, um de cada lado do corpo de Lock que agora mantinha as mãos na cintura de Heart enquanto a mesma se livrava de sua blusa e logo voltando se deitar sobre ele, apreciando o acomodamento de seus corpos, pressionando, empurrando, se misturando.

Agora Heart procurava pelo zíper da calça de Lock, incomodada porque suas mãos não conseguiam trabalhar rápido o suficiente. Ele riu um pouco por entre o beijo, tirando-a de cima de si e ajudando-a com o problema do zíper enquanto ela tirava o próprio jeans desbotado. Seus lábios logo se encontraram e novamente seus corpos se uniram.

As paredes pareceram dissolver-se e nada mais havia para circundá-los. Apesar de todas as circunstâncias, da nostalgia da situação, nada era sentido por aqueles dois exceto o calor um do outro. De repente, a escuridão preencheu o ambiente e depois de alguns minutos, apenas gemidos de prazer compunham a sinfonia do silêncio.


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Notas finais do capítulo

*DAS: Distúrbio Afetivo Sazonal, comum em países da Inglaterra, pois é normalmente mais aparente no outono ou inverno. Os sintomas podem desaparecer no verão ou na primavera, quando não tendem a apresentar uma fase maníaca. Fonte: Wikipédia.



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