Dead Heart escrita por Koneko-chan


Capítulo 2
Against All Odds


Notas iniciais do capítulo

Pronto o/ Capítulo 1. Finalmente vou ter tempo pra terminar de escrever essa fic, é feriado municipal aqui ^^

kissus
enjoy



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– against all odds –

Aquela noite parecia normal para qualquer um que se atrevesse a olhar para o céu estrelado de fundo negro. Mas quando uma explosão cortou o silêncio da madrugada, tudo pareceu mais mortífero e impassível.

O relógio no celular de Lock Ambrose despertou dez minutos atrasado naquela manhã. Ainda sim, a princípio ele ignorou. Cinco minutos depois, tendo perdido o sono, arrastou-se da cama devagar e foi para o banheiro da suíte tomar um banho.

Tudo estava normal. Até aí.

Ele saiu do banho e se secou, olhando-se no espelho. O físico dele era fantástico para alguém que não se exercitava com muita frequência e seus cabelos castanhos de comprimento médio lhe caíam levemente sobre o rosto, dando-lhe um ar maroto. Seu cenho se franziu quando ele notou que não ouvia o som do noticiário matinal. Ora essa, seu pai não acordara ainda? Ele sempre colocava no noticiário matinal quando se levantava.

Lock deu de ombros e foi terminar de se arrumar. Seu pai era militar e colecionador de armas, trabalhava numa base há alguns quilômetros dali. Lock não podia esperar nada muito diferente para seu futuro, mas até que ele não se importava, pois gostava de armas. Seus videogames favoritos eram os de tiro em primeira pessoa, afinal de contas. E era em parte um alívio ter o futuro decidido, ele acharia péssimo ter que se matar de estudar para entrar em uma universidade boa e tudo mais. Esse não era um desafio que ele estava pronto para acatar.

Ele vestiu qualquer coisa e colocou sua mochila nas costas, mas quando chegou à cozinha, franziu o cenho. A mesa não estava posta e seus pais não estavam ali. Que estranho. Ele ia se virar para bater à porta do quarto deles, mas seus olhos posaram no relógio e ele viu que estava muito atrasado.

– Ah, que merda – falou, abrindo a geladeira, pegando uma maçã e correndo para a porta de entrada.

A cidade parecia tão silenciosa enquanto ele pegava o caminho rumo ao colégio, que Lock pensou que talvez estivesse acontecendo alguma coisa. Ele tentou ignorar a sensação, olhando para os lados receosamente. Não demorou a chegar ao colégio, mas ao chegar ao pátio principal, deu de cara com uma cena inimaginável.

Na noite anterior o Festival Pine Apple deveria acontecer e metade dos estudantes do último ano estaria na escola para o evento anual. O único problema era que metade dos estudantes do último ano estava, de fato, lá. Todos os cartazes, a comida, os estandes, tudo continuava no mesmo lugar como se a noite anterior tivesse sido um desastre. E realmente parecia ter sido. Franzindo o cenho, Lock aproximou-se de um dos professores, confuso.

– Sr. McMillian, o que é que está haven...

Lock não chegou a completar a frase, pois o professor acabou atacando-o. Não do jeito que as pessoas normalmente fazem, entretanto. Ele se lançou como querendo arrancar um pedaço do braço do garoto. Lock desviou, assustado.

– Que porra é isso?!

Ele se distanciou, mas foi atacado por um estudante. Lock desviou de novo e sua mochila escorregou de suas costas, parando na dobra de seu braço. Ele jogou-a de novo nas costas com os olhos arregalados.

As pessoas começaram a caminhar na direção do garoto, lentamente, mas com movimentos bruscos e desesperados. Lock, olhando nos olhos das pessoas, notava que não eram mais as mesmas. Seus olhos estavam fora de foco, quase como se não estivessem conscientes.

Mais um dos zumbis partiu para atacar Lock, e então ele tomou uma decisão repentina – repentina demais, talvez, mas que teve grande impacto em seu futuro. Enfiou rapidamente a mão dentro da mochila e de lá tirou uma M35 – bem velha, apesar de o pai ter-lhe dado no natal anterior. Era bom que os ensinamentos do velho militar lhe fossem úteis agora, mas o tanto que praticara no verão provavelmente adiantaria de algo.

O que se ouviu afinal foi um tiro.

O barulho de seus tênis em contato com o azulejo do chão da escola ecoava na quietude dos corredores. Estava naquilo praticamente a noite toda. Ela fora convidada para o festival por um amigo e, nesse instante, esse amigo a perseguia, totalmente fora de si. Ela sabia que aquilo aconteceria, só não sabia quando. Por que tinha que ser tão cedo?

– Nelly?! – gritou, querendo encontrar a irmã e tentar tirá-la dali o mais rápido possível. – Nelly, cadê você?!

Recusava-se a acreditar que a irmã agora também era um zumbi. De jeito nenhum, a garota era forte o suficiente. Além do mais, tinha aquilo... Ela não era um zumbi, de forma alguma, mas mesmo assim precisava salvá-la, afinal, se não se tornasse um zumbi, seria comida por um deles. E isso não era lá o destino que ela queria à pobre irmã mais nova.

Seu tênis escorregou quando ela fez a curva para entrar no corredor do refeitório, mas ela estendeu a mão e se apoiou, erguendo-se em cima da hora. O zumbi que a perseguia escorregou também, mas como seu raciocínio não era tão rápido, caiu no chão. A garota apertou o passo para conseguir despistá-lo, mas ao seguir pelo corredor, deu de cara com mais deles. Arregalou os olhos, entrando no refeitório e passando depressa pelas mesas enquanto os monstros corriam atrás dela e saltando por cima do balcão para esconder-se embaixo dele.

– Péssima ideia, péssima ideia, péssima ideia – murmurou rapidamente entredentes enquanto colocava as mãos na cabeça, pronta para contemplar o fim.

Mas para sua sorte, esse não seria seu fim.

– Realmente, essa foi uma péssima ideia – murmurou uma voz a sua frente.

Ela ergueu os olhos bem a tempo de ver um garoto que, parado à sua frente, em pé, apontava uma arma para os zumbis e disparou alguns tiros contra os mesmos. Ele estendeu a mão para a garota com cabelos aloirados e cheios de mechas coloridas desbotadas por tanto descolorir. O cabelo dela era horrível, mas ela era bonita num todo.

– Você está bem?

Ela aceitou a ajuda para levantar-se enquanto assentia, assustada. Ela olhou para os corpos dos zumbis caídos no chão.

– O que é aquilo? – perguntou.

– Acho que são zumbis – ele respondeu guardando a M35 na calça.

– E isso? – ela apontou para a calça dele.

– Huh? Uma arma.

– E isso? – ela fez um gesto amplo.

Ele franziu o cenho, sem entender. Ela suspirou e pensou como poderia explicar.

– Você estuda aqui, certo?

– Sim.

– Por que tem uma arma então?

– Eu sempre carrego comigo.

– Para ocasiões como essa? – ela perguntou ceticamente.

Ele olhou para o zumbi.

– Não exatamente.

– Ok – ela fez uma pausa. – Ah, e como você sabia que deveria atirar nele e ele morreria?

– Eu experimentei em um lá fora primeiro. E eu assisto muitos filmes sobre zumbis. E você faz perguntas demais, não pode simplesmente me agradecer por te salvar?

– Não vou agradecer.

– Ah, certo, primeira impressão sobre a garota que salvei: ela é orgulhosa. Qual o seu problema?

Ela parou e o observou por um momento, achando-o levemente familiar.

– Qual o seu nome?

– Segunda impressão: ela muda de assunto do nada. Ah, que legal, salvei uma louca. Sou Lock Ambrose, e você?

Ela ficou quieta por um minuto.

– Não precisa saber meu nome.

– Ah, agora eu não preciso saber. Eu quero saber. E além do mais, estamos sozinhos numa escola cheia de zumbis, temos que nos ajudar.

– Heart.

– Hein?

– Chame-me de Heart e está bom.

– Heart – ele ecoou, ceticamente. – Certo… Pode ser.

– Acho que temos balas o suficiente para nos tirar daqui, mas precisamos ir para a minha casa para que eu pegue a recarga e na pior das hipóteses, mais armas.

– Espera, sem chance, temos que salvar minha irmã – Heart disse.

– Você se perdeu dela?

– Ela se perdeu de mim.

– Então sinto muito – ele começou a andar até a porta da classe, mas Heart segurou seu pulso.

– Ei! Minha irmã deve estar em algum lugar da escola, sozinha, com medo e cercada desses monstros! Eu preciso salvá-la e se não for com a sua ajuda, farei isso sozinha!

Ele suspirou.

– Ou ela está viva ou virou mais um desses zumbis e tenho certeza de que você sabe disso.

– A questão não é essa. Ela está viva.

Ele bufou, olhando-a com impaciência.

– Você é um pé-no-saco, sabia?

– Isso é um sim? Você vai me ajudar?

Ele assentiu e pulou o balcão, indo em direção à saída. Heart suspirou de alívio e o seguiu.


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