Filhas da Lua. escrita por JehNicolau


Capítulo 9
Despertar




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A única coisa que conseguia fazer era sentir o máximo do que podia a minha volta, para tentar me distrair da dor. Ouço corações humanos. Tento contar o total deles, mas nunca consigo passar do 13, a dor não deicha. Há também outros tipos de corações, esse eu consegui contar. São dois. O cheiro também ajuda. Há muita cerâmica e terra seca. É difícil respirar e por isso não houzo nem ao menos tentar me mecher ou dormir, seria fatal. Permaneço de olhos fechados me concentrado em respirar. É desesperador.Frio é algo que os lobisomens desconhecem, mas é o que estou sentindo agora. E isso nunca é um bom sinal.

-Vamos lá abra os olhos.-uma mulher pede.-Anda só abra os olhos.

Demora um pouco para meus olhos se acostumarem. Estou numa cabana de barro e a uma mulher me olhando impassível, uma lobisomen.

-Sou Adele. Me escute bem. O que estou prestes a fazer agora pode salvar sua vida, mas preciso que fique acordada. Em hipotese alguma você deve ficar inconsciente, entendeu?

Ela era uma mulher bonita, mas havia muita dureza em sua voz. Ela falou em uma lingua que eu não conhecia e um homem negro e forte entrou. Tinha pinturas pelo corpo e se ajoelhou ao lado de minha cabeça com um sorriso gentil.

-Vamos começar.

Ela tirou a coberta que estava sobre mim se levantou e fechou os olhos. Sentia seu coração bater, como si fosse se transformar, mas isso era algo impossível. Eu não podia sentir a lua. Mas foi o que aconteceu, ela si transformou e o humano ajoelhado agiu como si nada estivesse acontecendo. Ela se inclinou para mim, e me mordeu. Não só mordeu como começou a arrancar pedaços de mim. Eu gritava e urrava. Mas era só o que eu conseguia fazer. Não podia me mecher porque meu corpo não me obedecia.

Quando estava prestes a desmaiar, o homem segurou meu rosto e gritou algo que em resposta o lobo rugiu para ele. O homem me deu um soco no rosto que teve o mesmo impacto de um tapa de leve. Ele socou de novo até ouvir sua mão trincar. Se levantou, chutou meu rosto e caiu com o pé quebrado. Mas dessa vez me manti acordada.Tudo durou uma eternidade. Quando ela parou de me mastigar, começou a lamber durante horas. Mas estava havendo mudanças. Eu já conseguia respirar sem dificuldade e a dor diminuia cada vez mais.

Quando ela terminou três homens vieram e me carregaram para um canato na cabana enquanto algumas mulheres limpavam o sangue no chão. Dormi rapidamente e quando acordei uma mulher negra cantava baixinho ao meu lado. Quando me viu, sorriu e se levantou, voltando a Adele.

-Bem melhor..-disse ela depois me ezaminar.-Não vai demorar muito para você poder se alimentar.

Tentei dizer algo a ela mas minha garganta inchou deichando escapar um gemido.

-Agora descanse.

Quando ela saiu a mulher segurou minha cabeça e me deu um pouco de água. Ela conversava animadamente mas eu não entendia uma palavra do que ela dizia. Passava a maior parte do tempo dormindo e só acordava para tomar água. Só uma semana depois quando consegui me sentar sozinha foi que me deram comida. Primeiro tentaram me fazer comer uma sopa com legumes, mas foi Adele que os afastou e ali mesmo quebrou o percoço de uma galinha e jogou para mim. Foi a melhor refeição que tive em minha vida. Na semana seguinte já estava de pé.

Contei a Adele sobre a luta com Ester e ela me contou quando encontrou o vampiro que fugiu primeiro e de como seguiu seu rastro de volta e pegou Ester antes que ela acabasse comigo.

Adele vive nessa aldeia no Sudão com seu filho caçula Dib. Eles protegem os aldeiões dos Janjaweed. Um grupo mulçumano que ataca aldeias. A aldeia cresce cada vez mais e que os aldeiões estão felizes por me juntar a eles. Eles não tem medo de nós, eles nos tratam como deuses.

Dib ainda é jovem, não tem nem dois anos que ele começou a se transformar. Está sempre falando alto e me chamando de cadela. 

-Você é bem rápida e forte.-disse ele quando voltávamos de uma caçada.-Mas ainda assim é uma cadela. Só uma transformada. Diferente de mim e da minha família. Vocês são apenas cachorrinhos que devem obediência aos seus mestres. E onde está o seu afinal?

-Morto, a muito tempo.Não achava uma boa ideia contar que não era uma transformada..

-Você deve saber que á uma hierarquia entre nossa raça.-Adele disse certa noite.- O fato de eu não a insultar como Dib não significa que eu vá quebrar essa hierarquia.

-Na verdade não entendo muito sobre isso. Não houve ninguém para me ensinar sobre nossa raça. Meu...mestre não teve tempo de me ensinar nada.

-E você viveu todo esse tempo sozinha?-respondi que sim e ela sorriu.-Impressionante. São raros os transformados que sobrevivem tanto sem seus mestres. E mais raros ainda os que enfrentam vampiros e sobrevivem. Quem dirá dois vampiros.

-Então...Você pode me ensinar agora.

-Não sou sua mestre...

-Eu sei. Sempre fui livre, não será agora que irão me prender.

-Muito bem...-disse ela depois de rir.-Temos muitas leis. Apesar de não haver ninguém para faze-las cumprir, as obedecemos mesmo assim. Uma delas impede de matar um transformado que possua mestre.

-E os híbridos? Os filhos de humanos com lobisomens ou com transformados. 

-Isso não acontece. A partir do momento que uma humana é infectada ela perde a capacidade de ter filhos e os homens de ser fértil. Isso nunca acontece.

-E lobisomens com humanas?

-As mães morrem e os filhos são fracos demais e morrem em menos de 5 anos. As lobisomens são proibidas de gerar filhos com humanos. Caso isso aconteça ela terá que matar seu filho, ou os dois serão mortos por sua família.

-Porque?

-Queremos manter nossa raça o mais pura possível, para sairmos da instinção. Mas não é só isso que fazemos para nos mantermos vivos. Nós lutamos. Quando vampiros e lobisomens lutam não é nada bonito. A ultima foi á 112 anos atrás. Nos juntamos pela terceira vez para lutar contra os vampiros. Estávamos em vantagem, mas uma noite, vampiros rescem criados entraram na batalha e muitos morreram. Os que sobreviveram se despersaram e se esconderam. Até agora.

-Como assim?

-Hieraquia garota...Não si esqueça dela si não quiser perder a cabeça. Foi muita sorte a sua ter nos encontrato. Outro em nosso lugar a teria usado como escrava.

Ela se lavantou e se foi. Agora eu sabia...Eu era filha de uma humana com uma lobisomen. Minha mãe não me matou. Deveria me amar muito. Mas isso já não importa. Não si pode sentir falta de algo que nunca teve.


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