Alguém assoviou para mim. Não olhei para trás, com vergonha de quem eu encontraria.

-Linda e arrogante? Não faz assim que eu me apaixono. E alguém aqui vai ficar com ciúmes.

Reconheci a voz de Damon e virei para trás bem a tempo de ver Stefan dando uma cotovelada nas costelas do irmão mais velho. Ele tentou disfarçar o gesto e eu reprimi um sorriso, enquanto Damon dava gargalhadas e dizia.

-Não vou nem revidar isso, Stefan. Ver a sua cara agora não tem preço. – Virando para mim. – Cuidado, seu namorado é um cão raivoso, se chegar muito perto ele morde, e você sabe que é verdade.

-Vai embora, Damon! – disse um Stefan extremamente constrangido.

-Ah, eu vou... E Elena, antes que eu me esqueça, não ligue para a Caroline essa noite, ok?

-Por que não? Espere, como você a conhece?

-Porque é irritante quando atrapalham meus encontros.

-Você e a Caroline têm um encontro? – Joguei a cabeça para trás e caí na gargalhada – Boa sorte com ela. Tenho pena dos seus ouvidos.

-Ela não vai falar muito se tiver a boca ocupada... – ele deu um sorriso malicioso e foi embora.

Eu ainda estava rindo quando olhei para Stefan. Ele já tinha voltado à cor normal dele e sorria.

-O que foi? – perguntei, sem jeito.

-Gosto da sua risada. – olhei para baixo, tímida. Ele se aproximou de mim e levantou meu rosto, como na noite anterior. – Mas não gosto quando você para me olhar.

Fiquei encarando ele por alguns segundos e, percebendo que eu não diria nada, ele continuou:

-Vem, vamos comer. Você não tomou café da manhã. – pegou minha mão e saiu me arrastando.

-Como é que você... – mas parei no meio da frase. – Caroline!

Ele riu.

-Como você acha que o Damon conseguiu um encontro com ela?

-Ela ainda me paga. – resmunguei.

-Parece até que está brava por passar um tempo comigo. Olha, Elena, se você quiser que eu te deixe sozinha...

-Não, não é isso.

-Não?

-Não, claro que não. É só que ela me deixa envergonhada fazendo essas coisas, parece que eu, que eu...

-Parece que você vai desmaiar se não comer logo.

Chegamos à cantina do colégio. Eu me sentei em uma mesa enquanto ele buscava algo para comermos.

Ele trouxe dois cafés e uns bolinhos e se sentou do meu lado.

-Então, sobre Caroline estar passando relatórios sobre você. Eu meio que pedi isso a ela.

Eu o encarei e ele continuou.

-Elena, eu gosto de você. Muito. Não por quem você me lembra – percebi que ele evitou dizer o nome da ex-namorada – mas por quem você é. Gostei do seu jeito desde quando você tentou me consolar. Gostei de conversar com você e bom, não sei você, mas eu gostei muito de ontem à noite. E eu quero conhecer você melhor. Caroline só está me ajudando a ter oportunidades de ficar perto de você, para eu poder fazer isso. E para poder te surpreender um pouco, também.

Olhei para ele.

-Isso é a coisa mais estranha e mais fofa que alguém já fez por mim. – Sorri.

Ele sorriu de volta.

-É, mas vamos combinar que de normal eu não tenho nada mesmo, não é?

-Bem, não. Mas isso não importa. Também gosto de você, Stefan.

-Isso é bom. Muito bom. – ele disse chegando mais perto. – Então você não vai se importar com isso, ou vai?

E me beijou.

Não, não vou. Nem um pouco, pensei.