Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 41
Sua.


Notas iniciais do capítulo

Voltei!
Divirtam-se!



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Pov. Jay

Ao entrar em meu quarto, fechei a porta e joguei-me na cama, tirando a carta de dentro do envelope. Desdobrei o papel com exagerado cuidado, encontrando a bela e simples caligrafia de Edmundo.

Querida Jay,

Queria poder dizer que está tudo bem por aqui, mas não está. O Castigo está chegando até aqui, por sorte não está se espalhando com rapidez, acho que Pedro deve ter dito na carta que escreveu à Lúcia, para que Lilliandil ou Coriakin venha para cá com o mensageiro, para cuidar dos doentes por que os mesmos não aguentariam a viagem até Cair Parável. Tirian disse que tem alguns conhecimentos medicinais e que poderia ajudar, mas não estamos loucos o suficiente para deixar os doentes nas mãos dele (que ele não me ouça)! Bem, eu, de modos gerais, estou bem, mas estaria melhor se estivesse com você. Não, nem pense em vir para cá! Você deve se manter segura até eu voltar, prometa. Mal vejo a hora de retornar para poder ficar ao seu lado, estou com muitas saudades, mas infelizmente precisaremos nos afastar mais para o recrutamento e não temos previsão de quando voltaremos, para minha loucura. E de Caspian também, tenho muito apreço por ele, mas ele está se tornando insuportável, nunca ouvi ninguém falar tanto de minha irmã! E... Bom, desculpe estar enrolando tanto, mas... Quer dizer, eu não queria lhe dizer isso por carta, mas acho que levaria um longo tempo para eu conseguir dizer pessoalmente, e não pode esperar. O que quero dizer... O que eu preciso dizer... É que eu desconheço os limites de meus sentimentos por você. A verdade é essa. Todos estamos aflitos com esses tempos de guerra, por isso não posso esperar tanto, a possibilidade de perdê-la novamente me assombra dia e noite, por isso não posso perder tempo. Quero ficar ao seu lado para sempre, Jay, mas para isso, preciso saber se você quer ficar ao meu, como minha rainha.

Com saudades, amor e nervosismo,

Ed.”

Eu não senti mais o coração em meu peito. Não conseguia puxar a respiração que prendia desde que começara a ler. Não podia acreditar...

-Por Aslam! - quase gritei, sentindo o sorriso machucar as bochechas. Então senti o coração frenético acelerando cada vez mais, fazendo as batidas ecoarem por meus ouvidos.

Não podia acreditar... Edmundo... Ed ele... O meu Ed... Por Aslam... Ele está me pedindo em casamento!

POV. Rany

Jay saiu em disparada do quarto de Susana, dando uma desculpa qualquer. Com certeza ela queria ler sua carta sozinha, todas queríamos, para falar a verdade, e pouco antes de eu sair de fininho, Jill voltou lá para entregar mais uma carta à Lúcia, de Pedro, e avisou que se quiséssemos era necessário responder logo, pois o mensageiro partiria ainda hoje. Logo até Lúcia saiu, deixando Susana sozinha para suspirar lendo a carta de Caspian, e para suspirarmos pelas nossas, embora eu soubesse que Lúcia não suspiraria pela carta do irmão, mas ela não revelou o remetente da primeira carta, que não era Julian com certeza.

Sentei na cama, pondo um dos travesseiros em meu colo, finalmente abrindo a carta de Pedro.

“Rany,

Bem, acho que foi preciso eu estar tão longe de sua doçura para realmente me dar conta do quanto a amo. Nunca senti isso por ninguém, então logo me desculpo caso faça algo errado, por não saber como me comportar, ou, também, se por acaso comportar-me como bobo, por que com você o Grande Rei se torna apenas um homem indefeso. Isso pode parecer clichê, mas é mais que a verdade. Me arrependo por não ter demonstrado antes, e ter, de certa forma, perdido grande tempo sem estar ao seu lado. Não sei exatamente quando, nem importa quanto tempo passe, eu sempre voltarei para você. Prefiro não preocupar-lhe com os acontecimentos por aqui, mas garanto que estou bem, embora com saudades. Não demorarei a escrever e aguardo uma resposta sua, espero que esteja tudo bem em Cair Parável.

Com amor,

Pedro.”

Aslam! Assim eu não resisto! Como pode haver homem tão perfeito? Só sendo de outro mundo, mesmo, nunca conheci ninguém como Pedro na Arquelândia, nem encontraria, não há muitos bons rapazes por lá (que Julian não me ouça).

Sorrindo boba, deitei na cama abraçando a carta contra o peito, e pondo-me a pensar em meu amado Pedro e seus beijos...

POV. Lúcia.

Meu primeiro impulso ao sair do quarto de Susana foi seguir para o meu, mas meus olhos foram atraídos pela vista de uma das diversas sacadas do palácio, com vista para a belíssima praia. Senti a brisa balançando meus cabelos e depois de respirar fundo aquele ar, com o aroma da maresia, olhei para as duas cartas em minhas mãos.

A que estava a vista era a que tinha Rillian como remetente e, ao refletir por segundos, concluí que não estava pronta para lê-la, então decidi ganhar tempo lendo a carta de Pedro.

Lú,

Normalmente eu não ocuparia você com esses assuntos, o natural seria escrever para Susana, por ser a mais velha, mas ela deve estar distraída demais com a carta de Caspian e eu não quero preocupar Rany, então sobrou para você! Dê a todos notícias nossas por mim. A má notícia é que o Castigo está chegando por aqui e imagino que Lilliandil e Coriakin devem ter feito avanços em Cair Parável, por isso, um deles deverá vir junto com o mensageiro, para cuidar dos doentes aqui uma vez que eles não suportariam a viagem até aí, sem contar que desfalcaria nossa tropa se voltassem por que não poderiam ir sozinhos. A boa notícia é que estamos tendo um resultado maior do que o esperado no recrutamento, acho que você, Rany e Jay vão ficar felizes de saber que também recrutamos duas guerreiras, como vocês, Amanda, de Nárnia, e Rachel, da Arquelândia. A notícia está se espalhando e cada vez chegam mais candidatos. Outra feliz consequência disso é que nos mantêm ocupados com os treinos e nos faz esquecer um pouco a saudade que estamos sentindo. Ok, também serve para fazer o Cas mudar de assunto e parar de falar o quanto está preocupado com Susana, nosso sobrinho, e não vê a hora de voltar. Edmundo está quase amordaçando-o. Enfim, espero que esteja tudo bem por aí, estamos com muitas saudades. Ah, claro, já ia esquecendo, diga a Julian para se comportar, caso contraio, a Rhindon está bem polida.

Abraços,

Seu irmão preferido.”

Eu ri. Pedro e seus ciúmes. Dobrei o papel novamente e o guardei no envelope logo sendo atingida pelo nervosismo ao não ver outra saída senão ler a carta de Rillian. Eu o estimava muito, mas sabia que havia magoado-o e isso me machucava dia e noite. Ele não merece sofrer.

Não contei a ninguém, mas quando estava no País de Aslam, eu ouvia vozes, sentia toques em minha mão e rosto. A voz de Rillian era a que eu mais escutava, quando ele falava comigo na enfermaria do castelo, segurando minha mão, mesmo sem qualquer resposta minha. Descobri que Julian também passava horas ali, mas nunca falava muitas coisas, sempre segurava minha mão apertado, ou afagava meu rosto, e Rillian só falava comigo quando estava sozinho ali.

Ele dizia coisas lindas e até contava piadas. Um dia, ele se declarou.

Obviamente ele deve ter concluído que eu não tinha escutado, ou não lembrava, por isso não sabia de seus sentimentos, e ainda por cima teve todas as suas esperanças destruídas quando Pedro fez aquele escândalo fazendo todos saberem que Julian e eu havíamos trocado beijos. Foi só um beijo, mas é impossível fazer Pedro entender isso.

Desde então sinto remorso por tê-lo magoado sem sequer ter tido a chance de conversar com ele. Foi lembrando disso, que desdobrei a carta.

“Lúcia,

Imagino que deve estar surpresa por receber uma carta minha, ou pelo menos eu espero que esteja. Não sei se você lembra, não deu tempo de conversar com você pessoalmente, quando você voltou, antes de Julian passar à minha frente, mas eu conversava com você. Acho que você não escutava, mas lhe contei de meus sentimentos um dia. O que também me machuca muito é a dúvida se ouviu ou não, afinal, se não ouviu, é inocente, mas se ouviu... Bem... O que quero dizer, na verdade, é o quanto seu jeito doce e maturo me encantou. Seria muita hipocrisia de minha parte dizer que não sofri e sofro por perdê-la, mas, mesmo doendo, eu insisto em aceitar que você está feliz ao lado dele. Agradeço a Pedro por ter me escolhido para vir com ele. Espero não estar lhe fazendo mal ao dizer tudo isso, nem que se sinta culpada por mim, se quer me ver feliz, então seja feliz. Por mim, mas principalmente por você. Enquanto eu estiver vendo esse sorriso maravilhoso estampado em seu rosto, eu estarei feliz, mesmo que não tenha sido eu a provocá-lo. Espero que possamos ser bons amigos.

Abraços,

Rillian.”

Soltei a respiração que mantivera presa. Senti o peso do mundo saindo de meus ombros, com outras palavras ele dizia que seguiria em frente. Fiquei feliz por ele, e logo tratei de ir ao meu quarto, escrever as respostas, sem medo.

POV. Ranyelle.

Quando terminei de escrever, saí imediatamente para entregar a carta ao mensageiro e acabei topando com Susana, Lúcia e Jay cercando o pobre rapaz para lhe entregar as respostas.

-Já mandei chamar Lilliandil e Coriakin para decidirmos qual dos dois partirá. - ouvi Susana dizer quando eu me aproximava.

-Rany, chegou na hora! - disse Jay, animada. Sorri entregando minha carta ao mensageiro, ele se despediu com uma reverência e partiu para buscar outras cartas, aguardando quem voltaria com ele para o acampamento. Todas estavam sorrindo, mas Jay me surpreendia, ela estava quase pulando, e eu não fui a única a perceber.

-Nossa, o Edmundo pode ter dito para deixar a Jay assim? - perguntou Lúcia à Susana, como se Jay não estivesse ali. Ela apenas sorriu largamente de um jeito que eu nunca mais a tinha visto fazer. Um sorriso iluminado.

-Aposto como ela vai nos contar. - falei sugestiva. - Ande, Jay, diga logo!

-Bem... Edmundo disse que está sentindo saudades minha e que não vê a hora de voltar para ficar ao meu lado, mas...

Ela parou, nos deixando ainda mais ansiosas.

-“Mas” o que? - perguntou Susana.

-Mas ele disse que, para isso ele precisava saber... Se eu queria ficar ao seu lado... - ela corou, olhando para o chão. - Como sua rainha.

Por muito pouco não caí para trás. Houve um silêncio profundo antes de começarmos a comemorar alegremente! Eu mal podia acreditar! Mas nossa comemoração ficara para depois, já que Lilliandil e Coriakin chegaram.

Coriakin afirmou que não tinha mais idade para esse tipo de viagem, por tanto, ficou decidido que Lilliandil iria para o acampamento com o mensageiro. Mais tarde, quando ela ficou pronta, partiu para lá munida com os remédios que produziu com Coriakin.

POV. Rillian.

Vi quando o mensageiro chegou, alguns dias depois, acompanhado de Lillandil e todos os Reis foram reunir-se com ela para saber das novas. Na tenda, ela nos entregou as cartas, mas ficamos de lê-las depois, já que a mesma passou a nos dar notícias de Cair Parável. Quando terminou, foi levada para onde estavam os doente, descobrindo que trabalharia com Tirian, pois ele demonstrara ter certos conhecimentos e ervas medicinais durante os treinos, portanto seria de grande ajuda.

Levei a carta de Lúcia para ler lá fora, sentando ao pé de uma árvore, à luz do pôr-do-sol. Abri o envelope.

“Querido Rilian,

Não sabe o quanto lamento não ter tido tempo de conversar com você, principalmente por que, quero que saiba, eu o ouvia. Ouvia e sentia as doces palavras que você dizia e seu toque doce ao segurar minhas mãos. Perdoe-me por não ter-lhe dito nada, não sabe como sofri ao vê-lo tão magoado. Não posso negar meus sentimos por Julian, mas também não tenho dúvidas de meu apreço por você, com certeza será um prazer ter você próximo a mim, mesmo como um grande amigo. Desejo de todo o coração a sua felicidade.

Abraços,

Lúcia.”

Claro que ainda doía, mas teríamos que tomar a decisão mais sábia a ser tomada. Seguiríamos em frente, ela feliz com Julian e eu com a mulher que fosse capaz de me conquistar mais do que Lúcia foi.

Como que para responder esta interrogação, meus olhos pousaram sobre ela, duelando divertida e graciosa não muito longe dali.

POV. Pedro.

A resposta de Rany me fez ter um ânimo inesperado, junto com uma enorme alegria. Ela me amava. Da mesma forma que eu a amava. Agora, Caspian e eu estávamos conversando sobre a resposta dela e de Susana, todas as duas melosas, para variar, e eu apostava que Caspian falaria disso por semanas, mas eu não o culpava. Estávamos entretidos demais quando Edmundo chegou, chamando por nós quase em desespero.

POV. Edmundo.

Pouco depois que Lilliandil foi com os outros para a tenda em que estavam os doentes, eu aproveitei o momento sozinho para ler a carta de Jay. Rasguei o envelope às pressas, sentando-me à cama.

“Querido Ed,

Você me pegou de surpresa e, devo dizer, a melhor surpresa que eu poderia receber em toda a minha vida. Edmundo, eu o amo tanto, tanto, que não consigo dizer quanto. Desde que o vi pela primeira vez, senti algo especial e tenho certeza que você também sentiu. Tivemos pouco tempo juntos desde então, mas não foi suficiente para fazer-me esquecê-lo ou deixar de amá-lo com todas as minhas forças. Não vejo a hora de poder tocá-lo novamente, de olhar em seus olhos, e dizer pessoalmente o quanto o amo. Mas por enquanto, acho que não posso dizer mais nada para expressar esse sentimento senão que o que mais desejo é ser sua rainha, meu amor, o quanto antes.

Com saudades,

Jay.”

Por um átimo de segundo, tudo a minha volta girou vertiginosamente antes de eu saltar da cama, vibrando de felicidade, e correr para o lado de fora.

-Pedro! - chamei correndo até ele.

-Ed, o que houve? - perguntou.

-Ela aceitou! - falei, quase sem fôlego, sem conseguir falar direito. - Eu preciso voltar a Cair Parável!

-Acalme-se, Ed, do que você está falando? - perguntou meu irmão. Tentei respirar e falar mais devagar.

-Jay... Jay aceitou se casar comigo! - falei. Caspian ficou boquiaberto e Pedro arregalou os olhos. - Eu preciso voltar a Cair Parável!

POV. Rabadash.

-Então, alguma novidade? - perguntou Miraz.

-O gatinho permitiu o retorno da verdadeira Jay. - contou a Dama.

-O quê?! - enfureceu-se Jadis. - Como isso é possível?!

-Ainda não consegui entender – disse a Dama. -, Mas há algo do qual possamos nos aproveitar.

-Diga de uma vez! - ordenou o Macaco, fazendo-me rolar os olhos.

-Ela não pertence mais a Nárnia. - respondeu ela, contra vontade, olhando para Jadis. - Estando aqui, está mais vulnerável do que qualquer outro. - contou com um brilho doentio nos olhos.

-Por que estão perdendo tanto tempo com ela? - perguntei, repugnado. - Susana é nosso alvo principal, eu poderia resolver isso num piscar de olhos!

-Acalme-se, Rabadash. - Jadis me lançou um olhar tão frio quanto sua face. - Sua nova chance logo chegará. Susana é nosso alvo, claro, mas para chegarmos a ela devemos nos livrar dos que a protegem, os mais próximos. Atingir a general será uma ótima oportunidade de tirar Edmundo de cena. - senti um calafrio como sempre sentia ao ouvi-la falar. - Já estamos cuidando de Tirian e Rilian, logo todos cairão também, e, então, Susana será totalmente sua, depois que eu arrancar-lhe aquela coisa maldita.


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Notas finais do capítulo

Então?! Que tal reviews? Quanto mais reviews, mais eu posto. Fantasmas apareçam! Please!
Beijokas!!