Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 34
Rugido.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ;D



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POV. Lúcia.

Meu sangue gelou com as últimas palavras de Jadis e julguei que o som de meus batimentos frenéticos eram escutados em todo o ambiente, o único som em todo aquele silêncio pesadíssimo.

-Preparem o altar! - gritou Jadis.

-NÃO! - Jay gritou se debatendo para fugir do soldado, estava quase conseguindo, mas Rabadash se aproximou e acertou-lhe uma tapa, fazendo-a cair no chão. Edmundo permaneceu paralisado.

Tentei me soltar, mesmo sabendo que seria inútil por estarmos em desvantagem, mas me seguraram firmemente. Edmundo e Jay também tentavam furgir. Ignorando nossos gritos e esforços, a Feiticeira gritou de novo.

-ACENDAM O FOGO! - ordenou. A Dama pegou uma das tochas na parede e entregou a Jadis.

-Saiam daqui. - disse Miraz, se aproximando de nós, junto com Aller e Rabadash. Os soldados se retiraram da sala. Miraz segurou Edmundo, Aller agarrou Jay pelos cabelos e Rabadash segurou-me bruscamente pelo braço. Sinceramente, Rabadash não era feio, até que era bonitinho, mas infelizmente, sua beleza não compensava seu mau caráter (sem contar que Caspian era muito mais bonito...)

-Não é à toa que você nunca foi capaz de conquistar Susana. - resmunguei dando enfase a palavra “capaz”. Ele me puxou bruscamente pelo braço, fazendo-me chocar contra ele.

-Não diga o nome daquela cachorra senão posso descontar tudo o que sinto por ela em você. - falou em meu ouvido em tom ameaçadoramente calmo. Eu iria responder, mas a Feiticeira começou a falar. Era uma língua inteligível, com palavras esquisitas e sombrias.

Ela assumiu uma expressão doentia e sinistra, seus olhos escurecidos estavam arregalados enquanto ela movimentava a tocha em várias direções, falando aquela língua estranha e provavelmente muito, muito antiga. E então, as últimas palavras foram proferidas em voz elevada e num movimento ela lançou a tocha no monte de lenha queimada, sobre o altar.

Como se elas estivessem ensopadas de algum liquido altamente inflamável, o fogo se espalhou num segundo e as chamas altas chegaram até o teto com a forma de um monstro urrando, imponente. Minhas pernas fraquejaram e senti Rabadash recuar um passo, sem me soltar, claro. Todos ali, até os aliados da Feiticeira pareciam assustados com o monstro de fogo que surgira no altar, ela, entretanto, parecia deliciada.

O monstro correu os olhos flamejantes pelo lugar até parar os olhos na Feiticeira que abriu um sorriso. Houve um breve silêncio de terror e o único som que se ouvia era a respiração pesada do monstro. Meu coração martelava e minha respiração estava entrecortada, meus olhos assustados fitando o monstro.

-Tragam o sacrifício! - ordenou Jadis. Aller, Miraz e Rabadash nos arrastaram para frente, em direção ao altar.

-NÃO! - nós três lutávamos, tentando inutilmente seguir no sentido contrário. Mas eles nos levaram até lá sob o olhar do monstro.

Nos deitaram sobre os degraus que levavam ao altar, nossas cabeças próximas a base da fogueira. Miraz colocou Edmundo sobre a ponta esquerda, ficando de pé, imobilizando meu irmão. Aller obrigou Jay a pousar a cabeça na ponta direita e Rabadash me segurou no meio.

O calor tão próximo começou a fazer o suor descer por minha testa, meu coração estava a mil e o silêncio pesado ecoava em meus ouvidos. De um canto escuro da sala veio o som de tambores e abafei o grito ao ver vultos negros vagando pela sala escura. As tochas apagaram e acenderam sozinhas ao mesmo tempo, os vultos pareciam emitir sons amedrontadores. Até Aller, Miraz e Rabadash pareciam receosos com aquilo tudo.

-Rapazes – disse Jadis. - Preparem-se. - os três peões pegaram de suas bainhas adagas semelhantes as cimitarras calormanas. Senti a lamina fria ser pousada em meu pescoço. Engoli em seco, fechando os olhos com força. Meu coração quase chegou à boca no silêncio angustiante, até que Jadis falou.

-Tash, receba nosso sacrifício.

Abri os olhos aterrorizada. Vi Rabadash engolir me seco e pressionar com cada vez mais força a adaga em meu pescoço, começando a deslizá-la por ele, minha boca se abriu automaticamente ao sentir uma leve ardência. Mas então, um rugido feroz fez o chão tremer, derrubando todos os aliados da Feiticeira. Ao som do rugido, Tash urrou e desapareceu. O chão cedeu, rasgando a sala ao meio, colunas desmoronaram espalhando poeira e destroços por todo lugar, dificultando a visão.

Senti algo duro e pequeno bater contra minha testa, provavelmente um pedaço de uma coluna, causando um pequeno corte. As tochas dessas colunas vieram ao chão, caindo sobre as cortinas rasgadas e mobília velha, logo o fogo se espalhou por todo canto em meio a poeira causada pela queda das colunas. Pus-me de pé num salto, tentando de todo jeito tirar as cordas que prendiam meus pulsos, foi quando senti cobrirem minha boca com a mão.

-Não grite. - era Edmundo. Ele me soltou cortando as cordas com algo prateado que julguei ser a adaga calormana. - Temos que sair daqui agora.

Mas a poeira começava a baixar e pouco adiante vi Rabadash recobrando a consciência. Edmundo foi até Jay e eu me aproximei de Rabadash que tossia tentando se pôr de pé. Acertei um chute em seu rosto, fazendo-o cair de novo.

-Esse é pela Susana.

-Rápido! - chamou Jay puxando-me na direção em que ela e Edmundo corriam. Agora com a poeira baixando, pude ver que o lugar estava mais claro e não por causa das chamas altas que consumiam tudo, mas por estar ao ar livre. Não foram só as colunas que caíram, foi a estrutura toda .

Corríamos por cima dos escombros das paredes para sair do castelo.

-Ed! - chamou Jay. Nós viramos para ela que havia ficado presa, seu pé escorregara e seu tornozelo prendera num brecha entre os escombros, tendo as chamas altas por trás de si, queimando tudo. Emdundo voltou tentando ajudá-la, mas Miraz veio em nossa direção pegando Edmundo pelos ombros e jogando-o de volta a sala em ruínas, Edmundo rolou atravessando uma parede de chamas que queimaram partes de suas roupas, mas as chamas apagaram quando ele rolou pelo chão.

Edmundo se pôs de pé e Miraz avançou para ele, sacando a espada. Enquanto isso, tentei ajudar Jay a desprender o tornozelo, mas estava muito complicado por que ele estava ferido e cada movimento para tirá-lo de lá parecia machucá-lo mais.

-Ai... - reclamou ela.

-Calma, eu tiro você daí – falei, nervosa, tentando arredar a pedra. Com um pouco mais de esforço, consegui e ela ficou livre. Voltamos para ajudar Edmundo que tentava se esquivar dos golpes da espada de Miraz.

Num momento oportuno, Jay saltou nas costas dele, abraçando sua cintura e lhe aplicando um sossega-leão. Edmundo chutou a mão de Miraz fazendo-o soltar a espada, apanhou-a no ar e o telmarino começava a sufocar com o aperto de Jay. Quando ele estava quase desmaiando, ela o soltou e Miraz caiu, cercado pelos paredões de chamas cada vez maiores e prestes a nos alcançar.

Eu ficara tão concentrada na luta entre Edmundo, Jay e Miraz que não percebi o quanto estava perto das chamas. Senti um calor excessivo nos calcanhares e percebi que a parte de trás das minhas botas estava queimando; o mais rápido que pude, tirei-as, ficando descalça. O fogo havia nos cercado e não havia para onde ir. Edmundo e Jay correram até mim.

-Vamos agora! - Edmundo gritou ao mesmo tempo em que outra parte do castelo vinha abaixo.

Nós três corremos e eu só ouvi o som do meu coração a cada passo, com o som das paredes caindo ao fundo, até saltarmos pelas chamas , o que fez o fogo queimar um pouco nossas roupas, mas não nos preocupamos com as poucas fagulhas que estavam em nossas costas, continuamos correndo sem parar e sem olhar para trás. Até que pingos finos de água caíram do céu junto com trovoadas logo tornando-se pingos pesados e barulhentos.


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Notas finais do capítulo

Então, reviews? Recomendações? Tijoladas? Espero a manifestação de vocês!!!
Beijokas!!