Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 18
Peregrino da Alvorada.


Notas iniciais do capítulo

Voltei, gente queria desejar um feliz natal atrasado ;D
Boa leitura!!



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POV. Caspian

         Voei escada acima, andei apressado pelos corredores com o coração na mão. Abri a porta de meu quarto. Havia um pouco de sangue no chão, próximo a cama onde Susana se encontrava.

         - Como ela está? – perguntei à Ranyelle, sentando ao lado de Susana.

         - Ferida... Não consigo fazê-la acordar, mas está respirando... – respondeu com a voz tremula.

         - E você, Rany? – perguntei. Ela segurou o choro.

         - Vou ficar... – Ela se levantou e foi até a varanda, onde permaneceu silenciosa. Voltei minha atenção para Susana. Ela tinha um corte superficial na lateral da testa e a face pálida estava sem expressão. Sua respiração estava fraca, sua pele meio gelada. Passei os olhos por seu corpo para me certificar onde estava ferida. Havia uma mancha enorme de sangue que subia pela barriga levemente visível. Meu coração gelou. Não, não pode ter acontecido nada com a minha menininha, eu não suportaria... Tentei fazer Susana acordar, mas nada. Eu sentia-me compactado, o coração prensado pelo peito. Pedro, Lucia e Edmundo chegaram. Ranyelle saiu da varanda veio para os braços de Pedro, mergulhando em um choro amargo e doloroso que ele tentava acalentar. Lucia veio até mim.

         - Ela deu sinais de que vai acordar? – perguntou com a voz fraca e baixa que fazia um contraste triste com sua face avermelhada e o olhar de perda.

         - Não. – eu respondi, olhando para Susana. – Tomara que esteja tudo bem com elas... – sussurrei.

         Logo em seguida, algumas empregadas foram chamadas para fazer o curativo de Susana. Elas pediram para que todos se retirassem do local. Pedro foi primeiro a sair levando Ranyelle que ainda chorava. Lucia os seguiu. Depositei um beijo na testa de Susana e, mesmo contra minha vontade, levantei para sair, foi quando vi alguém na varanda, vulnerável ao mundo ao seu redor, fitando o mar, quieto e perdido dentro de si mesmo.

         - Edmundo? – chamei, me aproximando e vendo o parapeito quebrado. – Está tudo bem?

         Ouvi-o suspirar. Um suspiro dolorido.

         - Por que as coisas são assim, Caspian? – perguntou ele.

         - Assim como?

         - Por que quando estamos felizes vem sempre um desgraçado e destrói tudo? – ele fitava o horizonte. Alguns minutos de silencio.

         - Nada acontece por acaso, Edmundo, tudo tem um propósito... – tentei.

         - Mas parece que o único propósito é o sofrimento.

         - Só se você enxergar assim.

         - O que há de bom em perder quem se ama? – virou para mim. Uni as sobrancelhas.

         - Majestades...? – uma empregada nos apressou (nessas circunstâncias quem comanda na ocasião são elas). Edmundo deu mais uma olhada para o mar e saiu. Fiz o mesmo logo em seguida.

         POV. Edmundo.

         Bati a porta do meu quarto antes que acontecesse na frente dos outros. Escorei as costas na porta e escorreguei até o chão. Então aconteceu. Senti algo gelado escorrer por meu rosto, minha vista embaçou e de minha garganta saíram soluços abafados. Só conseguia ver um rosto a minha frente, e ele sorria para mim.

         Passei tanto tempo para conhecê-la, depois passei por meses eternos até encontra-la novamente e quando a encontro para o que parecia um longo tempo... Eu a perco. E dessa vez para sempre. Dói demais saber que nunca mais vou vê-la, que nunca mais irei ouvir a sua voz ou tocá-la novamente.

         Eu devia ter entrado com ela no castelo. Devia tê-la protegido, eu... Arght!

         Por que ela teve que ir? Por que tirá-la de mim tão cedo? Eu sequer lembro o gosto de seu beijo simplesmente por que não deu tempo! Não consigo me conformar. Estava cedo demais! Isso dói... Dói muito...

         POV. Caspian.

         Os soluços de Ranyelle e a respiração áspera de Julian eram as únicas coisas que se ouvia ali. Edmundo saíra dali direto para o seu quarto, o silêncio era tão profundo que pude ouvi-lo bater a porta. Lucia me contara o que aconteceu com Jay e um sentimento de culpa me assolava. Mas mesmo com isso, só conseguia me concentrar em como Susana estava, ela e a minha pequena, claro. As empregadas estavam lá dentro pelo que parecia uma eternidade. Eu estava quase enfartando de preocupação ali fora, quando elas finalmente sairam. Sua expressão era séria.

         - Então...? – Pedro perguntou antes de mim. Sim, eu iria perguntar isso, mas não encontrei minha voz. O médico suspirou.

         - Ela foi ferida na perna. Nada grave, mas foi o suficiente para fazê-la cair, graças a Aslam, o socorro chegou a tempo. Agora, a rainha precisa descansar, poderemos saber melhor o que aconteceu quando ela acordar. – Relatou uma delas. Agradeci e ela se retirou.

         [...]

         As consequências daquela batalha foram devastadoras. Perdemos nosso exercito quase inteiro, os sobreviventes estavam muito feridos e provavelmente não sobreviveríamos a um novo ataque daquelas proporções. Eu passei mais da metade da noite em claro, mesmo cansado, não conseguia dormir, não queria dormir. Queria ficar acordado, para fazer alguma coisa se Susana acordasse.

         Eu me sentia culpa por ela estar ferida. Sei, a culpa não é minha, mas não adianta saber, é isso que eu sinto. Eu sou o culpado. Permaneci sentado na poltrona, os cotovelos apoiados nos joelhos e os olhos fixos em Susana. Levantava penas de vez em quando para andar pelo quarto, mas sempre voltava para o mesmo lugar.

         O sol raiou e os raios entraram pela varanda, atingindo meu rosto e fazendo-me acordar num susto. Eu havia cochilado. Esfreguei os olhos e olhei para a cama. Susana continuava do mesmo jeito. Respirei fundo, fui tomar um banho e trocar de roupa.

         Já estava pronto, quando ela se moveu. Saltei para o seu lado. Ela levou a mão à testa, abrindo os olhos de vagar. Piscou algumas vezes, até que seus olhos focaram em mim.

         - Oi, Su... – falei mal me contendo por ela ter acordado.

         - Caspian... – a voz quase não saiu. Ela tentou se sentar, ajudei-a. Seus olhos estavam confusos e ela se esforçava para efetuar um movimento. – Ai... – sussurrou, parando abruptamente e arfando, com a mão sobre a mancha de sangue no vestido. – Ai... - Sussurrou mais uma vez quando finalmente conseguiu se sentar direito. Então olhou para mim.

         - Como você está? – perguntei.

         - Minha perna e minha cabeça estão doendo um pouco, fora isso é só... Eu acho... – Ela afagou a barriga dando um sorriso leve. – Estamos bem apesar de tudo...

         - Vou chamar um médico para examinar você.

         - Não, não precisa. – Ela falou.

         - Precisa sim, Su. Você está ferida. – argumentei.

         - Nós estamos bem, Caspian. – olhou-me com um leve sorriso, a mão sobre a barriga.

         - Como pode ter certeza?

         - Eu não sei... Apenas sinto que está tudo bem...

         - Su... – eu iria argumentar contra.

         - Verdade, Caspian. Estamos bem. – ela segurou minha mão. – Foi só um arranhão.

         - Não, Susana, não foi só um arranhão, foi um corte profundo de garras e uma queda. – suspirei – Eu acho melhor chamar um medico.

         - Mas não precisa, Caspian. – ela sorriu – Sua menininha está bem, eu garanto.

         POV. Lucia.

         Caminhava pelo jardim debaixo dos primeiros raios de sol, sentindo a brisa e o aroma suave que vinha do mar. Estava tudo tão calmo, o mar estava tão silencioso e inocente que parecia que nada havia acontecido. Suspirei, foi quando eu o vi sentado em um ponto do jardim, olhando para o céu. Resolvi me aproximar.

         - Atrapalho? – perguntei. Ele olhou para mim.

         - Não, nem um pouco. – sorriu de leve. Sentei ao seu lado.

         - Como você está? – perguntei depois de um tempo. Julian suspirou.

         - Não sei... Parece que não aconteceu... Por que tem que ser assim, Lucia? – ele fitava o nada.

         - Não sei... Mas, veja, ela se foi de uma forma nobre. – tentei, procurando as palavras certas. – Aposto como foi do jeito que ela queria. Pelo bem, pela causa certa.

         - Você tem razão. – ele olhou para o chão, com um leve sorriso. – Mesmo assim, dói muito... Ela era minha única irmã, minha única família... – sua voz começava a ficar embargada. – Primeiro foram meus pais, agora a Jay, e quem causou foi a mesma pessoa... Aquele desgraçado...

         - Imagino como se sente. – pus a mão em seu ombro de um jeito consolador. – Eu quase perdi a Su ontem...

         - Obrigada, Lucia. – Ele olhou em meus olhos pela primeira vez sorrindo, só então percebi seus olhos esverdeados. Sorri de volta.

         POV. Ranyelle.

         Sentei na beira de minha cama com os cabelos úmidos do banho que acabara de tomar. As lagrimas não saiam mais, acho que não há mais lagrimas em mim...

Eu entrara em um estado de torpor, um estado anestésico que me prendia em meu próprio corpo. Pedro estivera comigo o resto do dia de ontem, deixou-me apenas na hora de dormir, e agora com o nascer do sol, ainda não apareceu, deve estar dormindo ainda, devia estar exausto por causa da batalha ontem. Porcaria de batalha...

Eu tenho que falar com Julian, ele deve estar desolado, Jay era a única pessoa viva de sua família e era, para mim, mais irmã que a própria Renere. Falando nela confesso que me preocupo, ela pode ser arrogante, ter aquele ar de superioridade, seu jeito egoísta, mas mesmo assim ainda é minha irmã. Não duvido que Aller possa fazer algo contra ela, não duvido de mais nada depois dos últimos acontecimentos que me fizeram fugir de Anvard há alguns dias. Mais uma vez vi Jay em minha mente, ela estava em todas as lembranças... Será mais difícil me acostumar com a ausência dela do que eu poderia suportar. Fechei os olhos fazendo lagrimas escorrerem por meu rosto novamente, escorreguei, deitando-me na cama lentamente, abraçada a um travesseiro. Perdi a noção do tempo, mas aos poucos fui sentindo as lagrimas secarem em meus rosto. Uma batida na porta. Levantei e caminhei até ela. Ao abrir a porta, encontrei aqueles olhos azuis.

- Susana, acordou. – informou ele – Vamos?

Assenti e o acompanhei. Poucos minutos depois estávamos todos reunidos no quarto de Caspian e Susana, já que ela ainda não podia andar direito por causa do ferimento na perna, mas, fora isso, estava bem.

- O que vamos fazer agora? – perguntou Julian, de pé, próximo a varanda.

- Estamos aqui para decidir... Pedro? – Edmundo falou, jogado na poltrona.

- Nosso exercito não sobreviverá a mais um ataque. – constatou Pedro, que estava de pé, próximo a cama. – Começo a pensar que Narnia não é mais segura para nós...

- O que está sugerindo, exatamente? – perguntou Lucia que estava sentada na cama.

- Acho que devemos deixar Narnia. Ela não é mais segura para nós. – explicou ele.

- Está falando em fugir? – questionou Edmundo.

- Não estaremos fugindo, estaremos... Despistando. – concluiu Caspian. – O perigo vai atrás de nós, onde estivermos. Se sairmos de Narnia, os narnianos estarão a salvo.

Pedro concordou assentindo.

- Mas... Para onde iremos? – questionou Lucia.

- A Arquelândia com certeza não é uma opção. – lembrou Edmundo.

- É... Dessa vez não poderemos contar com eles... Mas, temos o apoio do Tisroc. – sugeriu Pedro.

- Se formos para a Calormânia, estaremos levando o perigo para as pessoas inocentes de Tashbaan. – Falei.

- Podíamos ir para as Ilhas Solitárias ou Galma... – Lucia deu de ombros.

- Galma não tem força militar suficiente para um ataque, Lucia, e muito menos as Ilhas Solitárias. – explicou Pedro.

- Nossa melhor opção é a Calormania. – concluiu Susana, falando pela primeira vez. Todos concordaram e no mesmo dia, à tarde, iniciamos a viagem para lá. Pedro e Caspian acharam melhor fazermos a viagem de navio, afinal seria mais difícil sofrermos um ataque pelo rio. E assim fomos, no navio chamado Peregrino da Alvorada.


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Notas finais do capítulo

Tive uma ideia ótima, para o futuro de nosso Edmundo! Gente, tenho tres perguntas, não tem nada a ver com a fic, mas enfim, vou fazê´las mesmo assim, vocês podem me ajudar a encontrar a resposta?
Lá vai:
1- O que é melhor do que comprar sapatos?
2- Como é que plantam aquelas uvas sem caroço?
3- por que dias nublados deixam a gente com preguiça?
Super sem sentido, né, mas não consigo achar respostas kkk'
Que tal alguma recomendação? E reviews? Vai gente, eu mereço ou não?
Beijokas!!