[Narrador Mode-On]

Bill entra em casa e se depara com Tom sentado no sofá com uma cara de poucos amigos mexendo no celular.

– Oi, bom dia. – diz animado.

– Onde você estava? – pergunta, seco.

– Fui tomar café e fazer compras com a Alicia e a Gabriella... Trouxe torta para você. – tira o pacote da sacola e mostra para o irmão.

– Estou sem fome. – diz sem olhar para o irmão.

– Então tá bom. Vou colocar na geladeira. – Bill sai em direção à cozinha.

– Muito obrigado por me excluir mais uma vez. – Tom reclama.

Ele definitivamente não tinha gostado do irmão ter ido encontrar Alicia novamente sem chamá-lo para ir também. Bill sempre saía com ela para tomar café, fazer compras e conversar. Raras vezes chamava Tom e na maioria delas saía sem falar nada.

– Excluir do que? – pergunta, voltando para a sala. – Você voltou 5 da manhã e como odeia que te acordem, por isso nem chamei. Além do mais você odeia fazer compras! Então pare de reclamar. – sobe as escadas em direção ao quarto.

– Nem vem com essa, Bill! – vai atrás. - Não sei se você ainda lembra, mas eu também sou amigo da Alicia. – diz, bravo com a situação. – E essa não é a primeira vez que você faz isso.

– Sinceramente Tom, eu não estou entendendo qual é a sua! – entra em seu quarto.

– Sabe o que eu acho? – para na porta, cruzando os braços. - Que você está interessado nela e não me quer por perto para não atrapalhar seus planos. Você está gostando dela?

– O que?! Você está louco! - arregala os olhos - De onde tirou essa bobagem? – vira e encara o irmão, perplexo. – Eu gosto muito dela sim, mas apenas como amigo!

– Você não me engana!

– Acha mesmo que eu não te contaria uma coisa dessas? Até parece!

– Acho. Principalmente sendo ela. – encara o irmão. – E não é normal você fazer tanta questão de uma mulher assim.

– Não acredito nisso! Você tem noção do que está dizendo? – faz uma pausa, enquanto olha incrédulo. - Eu sempre te contei tudo, sempre confiei em você e ainda duvida de mim? – levanta a voz.

– Duvido mesmo. Você tem andado muito estranho esses tempos pra cá e...

–Não quero saber! Sai do meu quarto.

– Agora é assim?

– Sai do meu quarto agora! – grita.

– Com muito prazer. - sai da porta do quarto e segue até o corredor.

Tom estava convencido que Bill tinha se apaixonado por Alicia. De alguma forma isso o incomodava muito, ainda mais pelo fato do irmão não ter contado a ele. Não era justo. Só de pensar em ver os dois juntos, ele arrepiava. Não queria isso de jeito nenhum. Achava que ela era mulher demais para o irmão. E na verdade, para qualquer um. Tanto que até hoje não se conformava dela ter namorado tanto tempo o babaca do Bruno.

– Não acredito nisso cara, puta que pariu. – passa a mão na cabeça.

Ele vai até seu quarto e cai deitado na cama. Estava tão puto com a situação que a única coisa que vinha em sua mente naquele instante era sair daquela casa, daquele clima ruim que pairava no ar. Precisava esfriar a cabeça de algum modo. Pegou as chaves de seu carro e saiu sem rumo.

Era horário de almoço, a rua estava lotada de gente. Estacionou perto de um fast food que gostava, comprou um lanche e foi sentar na praia para comer. O clima estava bom, não fazia tanto calor e ventava muito. Ver as ondas quebrando na praia de alguma forma o deixava mais calmo. Mas ainda se sentia estranho pelo que acabara de acontecer. Era um sentimento estranho, que ele nunca havia sequer sentido nada parecido. Uma decepção misturada com dor e raiva ao mesmo tempo.

Tom não sabia o que fazer, para onde ir. Estava tão atordoado que nem viu as horas passarem. Depois de andar de caro por quase toda a cidade, decidiu voltar para casa. Ao parar num sinal, se deparou com um cara colando a foto de Alicia na parede lateral de um prédio. Isso despertou uma ideia nele.

Chegando em casa, Bill ainda estava trancado no quarto. Melhor assim, já que não queria vê-lo tão cedo. Entrou em seu quarto, escolheu uma roupa e foi em direção ao banheiro tomar banho.

***

Alicia estava em casa sozinha vendo TV, pois Gaby havia saído com o Brad. Ela se levanta do sofra e vai em direção à cozinha pegar água. Assim que entra nesse cômodo, ouve a campainha tocar.

– Será que a Gabriella esqueceu alguma coisa? – diz para Valentim e vai em direção à porta para atendê-la. Quando abre tem um surpresa. – Tom?

Alicia havia dado passe livre para Bill e Tom na portaria de seu prédio. Assim, o porteiro sempre liberava a entrada deles sem que fossem anunciados antes.

– Oi! – sorri ao vê-la. – Estava passando aqui por perto e decidi ver se você não queria comer uma pizza comigo. – mostra a caixa em suas mãos.

– Mas que surpresa boa! – diz, sorrindo para ele e em seguida cumprimentando-o com um abraço e um beijo no rosto - É claro que eu quero! Venha, entre. – abre caminho para ele passar.

– Estou te incomodando?

– Claro que não! Só não repare a bagunça e eu estar vestida que nem um trapo.

Alicia estava com uma roupa simples, short jeans rasgado, uma regata branca e cabelo preso em um coque no alto da cabeça.

– Que isso, você está linda! – diz, entrando no apartamento e colocando a pizza em cima da mesa da sala

– Ahh, obrigada! Fique à vontade! – caminha até a cozinha. – Vou pegar os pratos. Me acompanha na cerveja?

– Claro!

Era a terceira vez que Tom ia até o apartamento de Alicia. Estava tudo exatamente igual da última vez que veio, exceto por um porta-retrato novo. Nele estava uma foto dela junto com ele e os caras da banda. Ao ver isso, se sentiu feliz. Ela realmente gostava muito deles e aquele era o melhor lugar que poderia estar naquele momento.

– E Bill, porque não veio com você? – pergunta ela, da cozinha.

A pergunta incomodou o guitarrista. Ela passou a manhã inteira com Bill e ainda sente falta dele?

– Ahh... Ele não sabe que estou aqui. – responde.

– Mas por que, o que houve?

Tom não queria envolvê-la na briga entre eles e preferiu dizer meias verdades para que ela não se preocupasse ou sentisse culpada com a situação.

– Nós tivemos uma discussão mais cedo e acabamos brigando. – diz, chateado. – Então eu decidi sair de casa para esfriar a cabeça.

– Entendo. – vem andando com dois pratos em uma das mãos e duas cervejas na outra.

– Deixa eu te ajudar. – pega as coisas e coloca na mesa. - Comprei pizza de frango com catupiry e siciliana!

– Como você sabe que eu gosto dessas? – volta, trazendo talheres e o abridor.

– Sério? Eu não sabia... – ri de nervosismo. – Comprei desses sabores porque eu gosto bastante e achei que você também iria gostar.

– Então você acertou em cheio! São meus preferidos! – senta-se na mesa.

– Que bom! Mas e você, como está?

– Ótima, graças à Deus! Só curtindo as férias e descansando muito. – corta seu pedaço de pizza. – Senti sua falta hoje de manhã. Bill me disse que você não foi porque chegou tarde ontem.

– Pois é, queria muito ter ido.

– E você, trabalhando muito no novo CD?

– Demos uma pausa nessas duas últimas semanas, mas voltaremos na próxima já que os G’s chegam amanhã.

– Eu sou uma que mal posso esperar para esse lançamento, né. Estou super ansiosa para ouvir o novo álbum de vocês!

– Mas isso eu posso resolver! Te levo no estúdio quando começarmos as gravações?

– Jura? – pergunta, animada. – Eu ia amar, mas vocês teriam que contratar paramédicos no caso de um infarto.

– Que nada! – ele ri. – Só você mesmo!

Depois da pizza, os dois sentam no sofá e ficam conversando sobre várias coisas. Enquanto estava com Alicia, Tom se sentia muito mais leve. Ela era sem dúvidas uma ótima companhia, sempre foi. Ele observava todos os seus trejeitos enquanto ela contava uma situação e inclinava a cabeça para trás rindo do que ele falava. Como uma pessoa poderia ser assim, perfeita.

– Você está muito pensativo hoje. – diz, percebendo que ele ficou sério de repente. – Eu estou aqui, sabe? Pra conversar, encher o saco, rir. – faz uma pausa. - Você não precisa me contar o que aconteceu ou porque está mal. Só me deixa tentar colocar um sorriso no seu rosto e te fazer desviar dos problemas um pouquinho. – sorri.

As palavras de Alicia fizeram Tom ficar sem jeito. Ele jamais imaginou ouvir isso dela, por mais que já tenha se mostrado sempre muito prestativa e confiável.

– E você já conseguiu... – sorri de volta. – Muito obrigado por tudo, Alicia. Não sabe como foi bom ouvir isso de você.

– Pode sempre contar comigo, eu vou estar aqui sempre para o que você precisar. Não quero te ver triste, não! Sou chata e faladeira mas presto para alguma coisa. – brinca. Ahh! E antes que eu me esqueça! Espere aí só um minuto. – levanta e vai até a cômoda da televisão, de onde abre uma gaveta e retira um bloquinho de papel e uma caneta. – Eu quero um autógrafo.

– O que? – ri, sem acreditar no que ela acaba de dizer.

– Isso mesmo que você ouviu, um autógrafo. – entrega o bloquinho e a caneta a ele.

– Você está falando sério?

– Seríssimo! Só não ofereço um meu porque a fã aqui sou eu. – ela olha para ele.

– Vai fazer o que com ele? – pergunta, autografando o papel. – Macumba?

– Não seu bobo, vou guardar de recordação junto com os CD’s, DVD’s e outras coisas que eu tenho de vocês. Não é todo dia que eu tenho Tom Kaulitz, o guitarrista tarado da minha banda preferida sentado na minha sala de estar. Por isso, vou aproveitar o momento.

– Guitarrista tarado? De onde a senhorita tirou isso? – a encara.

– Você acha que eu não notei a forma como você olha minhas pernas? Até parece. – ela brinca, rindo da cara dele.

– Aqui está! – entrega a ela a folha, pensando se ela falou isso sério ou não.

– Perfeito Tomzinho! Muito obrigada! – ela o agarra e dá um beijo em seu rosto. - Agora só falta do Bill e dos G’s!

– Você é doidinha da cabeça, menina!

– Se ser louca é ser fã do Tokio Hotel, então sim, eu sou!

– E eu não sou tarado, pode parar com isso!

Eles riem.

[Narrador Mode-Off]