O celular vibrava no criado mudo ao lado de minha cama. O rugido do tremor fez com que eu, espalhada no colchão, acordasse. Uma mensagem havia chegado. Era Bill, me convidando para tomar café da manhã com ele.

Olhei no relógio, que marcava exatamente 08h30min. Eu estava sozinha em casa, já que Gabriella foi conhecer os pais de Brad, que moravam perto de New York. Ela deciciu ir passar uns dias com ele para conhecer sua família e também porque na semana que vem, ele irá viajar em turnê com a Beyoncé durante dois meses.

Decidi ligar para Bill, que atendeu o celular muito animado, como sempre.

– Bom dia! Pelo visto você acordou bem disposto hoje!

– Bom dia, minha querida! Sim, eu acordei ótimo! – exclama ele. – E tenho vários planos para nós hoje, a começar pelo café da manhã!

– Hmm, ótimo! Vou me arrumar aqui então. Onde você quer que eu te encontre?

– Não se preocupe eu passo aí para te buscar daqui a meia hora, pode ser?

–Então está combinado. Até daqui a pouco, beijos! – me despeço, desligando o celular em e indo para o closet em seguida.

Como a manhã estava ensolarada, decidi me vestir mais casualmente, sem me esquecer do conforto, é claro. Coloquei uma blusa branca estampada com caveirinhas na cor preta, um short jeans também preto, sneakers, óculos escuros e uma bolsa vermelha!

E não é que meia hora depois o interfone tocou? Um das qualidades que aprecio em Bill é sua pontualidade. Ele quase nunca chega atrasado em seus compromissos. Como já estava pronta, desci imediatamente.

Ao chegar na portaria, o avistei parado de fora do caro, que estava estacionado em frente o prédio, olhando lá para dentro. Quando me viu, abriu um lindo sorriso. Ele estava ventindo uma roupa linda e muito bonita: calça jeans preta, blusa xadrez azul, alguns colares e o tênis preto.

– Bom dia novamente! – disse ele, me abraçando.

– Bom dia! E então, aonde vamos? – sorrio.

– Em um café magnífico que fica na cobertura de um prédio de frente para a praia!

– Que delícia! – digo, abrindo a porta do carro e entrando.

– Depois, o que você acha de fazermos compras? – diz ele, ligando o veículo e arrancando rumo ao café.

– Acho excelente! Eu estou precisando mesmo dar uma renovada no meu guarda-roupa. – faço uma pausa. – E Tom, por que não veio conosco?

– Ele foi a uma feira de instrumentos musicais com os G’s e o Andreas em outra cidade... Como só entendo de microfone, preferi ficar por aqui. – ele ri.

– Entendo. – rio também. – Não sabia que estava havendo essa feira.

– Não sei ao certo, mas parece que acontece todos os anos. Tanto que eles colocam em exposição instrumentos de artistas famosos.

– Que legal! Ano que vem não perderei essa feira por nada.

– O Tom foi uma anta, ele deveria ter te chamado. Mas eu também nem pensei nisso... Desculpe-me, Alicia! – ele me olha.

– Não tem que se desculpar de nada, seu bobo. Aposto que vamos nos divertir mais do que eles! – sorrio para ele.

– Também acho! E a Gaby, onde está?

– Ela viajou com o Brad pra conhecer a família dele e vai ficar lá até ele entrar em turnê.

– Ah sim... É aqui, chegamos!

Bill estacionou em frente um lindo edifício. Eu ainda não conhecia este lugar. Aqui em Los Angeles tem muitos cafés e restaurantes na cobertura de prédios. A maioria dos artistas preferem fazer suas refeições nesses locais para evitar paparazzis e qualquer outro tipo de incômodo.

Sentamos em uma mesa na sacada. Do lugar, dava pra ver a imensidão do mar. A brisa estava deliciosa e convidativa.

– O que você vai querer, Alicia? – Bill pergunta, abrindo o cardápio.

– Por enquanto um cappuccino, por favor. – digo ao garçom.

– E para mim um café bem forte. – sorri para o moço, que anota os pedidos e sai. – Mas me conte, como vai sua vida? A adrenalina da turnê já abaixou?

– Um pouco, mas não completamente. Já estou morrendo de saudades! Não vejo a hora do DVD ficar pronto para poder rever tudo!

– Dá saudade mesmo. Eu não vejo a hora de voltar a me apresentar, mas pelo visto ainda vamos demorar um pouquinho. Ainda preciso gravar a música inédita e outras para o próximo álbum.

– Eu não tenho previsão de quando voltaremos ao estúdio, mas acho que não deve demorar.

– Aqui estão os cafés de vocês. – diz o garçom, colocando-os na mesa. – Qualquer coisa é só chamar! Com licença.

– E o Bruno, nunca mais deu as caras? – pergunta sem rodeios, me deixando um pouco envergonhada.

Não achei que ele tocaria nesse assunto a não ser que eu falasse sobre. Tenho que me acostumar com o fato de que agora, ele e Tom são meus amigos e fazem parte da minha vida. Então é claro que vão se preocupar comigo, em como estou. Afinal, amizade é isso.

– Não. – umedeço os lábios. – Achei que ele aparecesse em um dos shows do Brasil para me procurar, mas não. – tomo um gole do meu cappuccino, ainda nervosa.

– Também pensei que ele faria isso. Mas nem te ligou, nem nada?

– Nada. - faço uma pausa. - E sabe, Bill? Acho melhor assim. Eu e ele queremos coisas diferentes. Além do mais, quase não vou ao Brasil direito por conta do trabalho. Isso também dificulta as coisas, porque sei o que eu faço aqui, mas e ele? Você sabe como é, também vive sempre rodeado de fãs. Sempre tem uma mais atirada que passa dos limites.

– Sei bem como é isso, sempre tem mesmo. – ele ri. – Mas você tem toda razão, desse jeito fica difícil mesmo manter um relacionamento. – toma um gole do café.

– Vai saber se nenhuma se trancou no camarim e abusou dele. Sei lá, eu penso em todas as possibilidades. E outra, ficar sempre com essa dúvida na cabeça não é nada legal.

– Mas você anda com a imaginação muito fértil – ele gargalha. – O que eu não entendo, é o fato dele ter jogado tudo para o alto só porque você não quis casar.

Mas eu entendo, perfeitamente. E parte desse motivo foi Bill, mas eu nunca podia contar isso a ele. Imagina só como iria ficar sabendo que por causa dele brigamos feio naquele dia no apartamento de Bruno?

– Ele não pensou que na nossa condição atual não caberia um casamento. Além de sermos novos e nossa rotina ser completamente diferente, como iríamos manter uma casa? Não havia a menor condição.

– Também acho. Antes de tudo é preciso ter uma base sólida para isso dar certo.

– Pois é. Sabe, o Bruno é uma pessoa muito boa. Gosto muito dele, mas na situação que vivíamos não tinha como dar certo.

De certa forma, falar desse assunto estava me deixando completamente desconfortável. Pensar que eu não estava sendo completamente sincera com o Bill me matava por dentro.

– Não se preocupe, minha querida. – Bill pega em minha mão. - Você ainda vai achar uma pessoa perfeita. O Bruno pode ser legal e tudo mais, mas creio que ele não era bom pra você, pelas coisas que me contou.

– Por um bom tempo, não quero ter que me preocupar com relacionamentos. Só volto a namorar alguém novamente, se eu realmente sentir que devo. Caso contrário, prefiro ficar solteira.

– Bom, então enquanto nós dois não encontramos o amor de nossas vidas, vamos nos divertir e festejar por aí!

– É disso que eu preciso! – sorrio. – Vamos pedir o que para comer? Esse papo me deu fome!

– Esse pão aqui é digno dos deuses! – aponta para o cardápio.

– Pela foto parece mesmo! Vamos pedir essa delícia então.