- Você e Lyu estão atrasados.... Todos os sucessores já estão na montanha só faltam vocês dois.

Lyu escutava tudo com muita atenção mesmo sem entender nada, ele tinha muitas perguntas para serem respondidas pelo irmão, muitas questões que só chegando à montanha é que teria suas respostas. O passado de Kai era mais obscuro do que se podia imaginar, e saber que seu irmão mais velho conhecia um cara estranho como aquele, não no modo de se vestir, mas estranho no modo de falar e agir, não era surpresa alguma para ele.

- Como assim todos já estão então à reunião será logo? – pergunta olhando para Lyu que os encarava curioso.

- Hoje a noite, por isso estou me apressando em vir buscá-los....Podemos ir?  

- Ainda não sei..... Não sei se Lyu está pronto.

E ouvindo a afirmação o jovem de cabelos castanho claro se aproximou do irmão com entusiasmo próprio dele.

- Seja o que for eu estou pronto!

Ele sorri passando certa confiança para Kai e Klin que se entreolham assustados.

- Gostei de você garoto! – fala Klin batendo no ombro do garoto. – Então vamos.

E novamente o vento voltou a soprar dessa vez mais forte, e uma luz branca envolveu o local.... Lyu fechou os olhos e quando voltou a abri-los novamente se deparou com uma cabana, não era muito grande nem muito jovem, e não havia ninguém em seu interior.

- Vocês podem ficar aqui a tarde toda. À noite eu volto no horário da reunião, podem comer o que quiserem. – depois de uma pausa Klin já ia saindo quando se voltou para Lyu. – Não se preocupe, a noite você terá repostas para todas suas perguntas então não pressione o Kai, ele está proibido de dizer a verdade a quem quer que seja.Até mesmo para você.

- Acho que eu entendo. – fala se se sentando à mesa de madeira.

- Que bom. – ele saiu da cabana fechando a porta atrás de si.

Lyu permaneceu em silencio por alguns minutos até que decidiu dormir um pouco sendo seguido por Kai. Afinal eles mereciam descansar.

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O vento trazido do litoral era frio e úmido, mas nada podia aliviar a tensão que se havia se instalado em todo país do ar. Por mais de 63 anos o país foi comandado pelas mãos nobres do rei Roy Natsume, que chegou ao poder com apenas 17 anos de idade, um adolescente, que soube como ninguém guiar o país a tempos de paz, mas depois de tantos anos, sua saúde muito debilitada cobrou pelos anos de batalhas e sofrimentos, com tuberculose ele não mais resistiu e morreu. Agora sua filha mais velha teria que assumir seu lugar como nova rainha, mas com uma condição, teria que e casar para poder assumir, como Roy fez. Mas o marido escolhido pelo pai da menina sofreu um atentado e a garota saiu a sua procura, por ordens de seu pai, que talvez já soubesse de sua eminente morte. Com o não retorno de Freya, Kotaru o conselheiro do rei assumiu o comando....

- Senhor Kotaru. – Guarda adentrou na sala calmamente.

- O que foi??? – o conselheiro, agora rei temporário levantou a cabeça, que estava baixa revelando olhos negos como a noite e feições rústicas e grosseiras.

- Tem uma mulher aqui, querendo vê-lo. – informa fazendo uma reverencia.

- Quer ver-me? – embora ele tenha achado estranho, vez menção para que a chamasse.

A moça adentrou no imenso salão decorado luxuosamente, digno de um rei. Vestida com uma roupa totalmente preta e uma capa também negra que esvoaçava à medida que ela andava, seus cabelos ruivos e logos estavam presos em um rabo de cavalo. Os olhos do conselheiro se abriram num sinal de espanto, e ele observou a linda e graciosa mulher se aproximar dele, com um olhar fatal e um sorriso de meia boca nos lábios.

- Senhor. – a moça fez uma reverencia e logo levantou o olhar de maneira ousada para ele. – Eu sou parenta do Rei e fui chamada pelo medico real Tines Hao a mando do rei, com um bilhete que pedia minha presença no palácio dia 14 desse mês, para que eu tome posse do trono..

- Como assim? Isso não pode ser! – ele se levantou rapidamente com o olhar perdido. – A princesa Freya é que é a herdeira.

-Creio que não mais. O rei disse a meu pai pelo bilhete, que Freya seria mandada para o convento do país do ar se retornasse da missão de encontrar o noivo, voltando com ele ou não. Ela não seria capaz de comandar o reino. – com as mãos coladas abaixo dos seios, ela encarava o coelheiro.

- Não que eu queira duvidar da senhorita, mas eu tenho que averiguar tudo isso. Peço que me perdoe. – embora ele acreditasse na moça, ele tinha que averiguar isso do mesmo modo. Por obrigação.

- Como quiser. Só peço que aceite esse presente que meu pai enviou. Seria para o Rei Roy, meu parente, mais ele já se encontra falecido. Então nada mais justo do que ofertá-lo ao sucessor dele no momento. O senhor.

Ela subiu as escadas que separavam o trono do rei com aqueles que iam conversar com ele, e entregou o presente em suas próprias mãos. Visto que seria uma desfeita não aceitar o presente. Ele pegou abrindo-o logo em seguida. Era um anel com uma pedra ametista ao centro, cravado de diamantes nas laterais.

- O senhor poderia experimentar... Para ver se fica bom... Se não for muita ousadia minha lhe pedir isto senhor.

- Claro que não. – o conselheiro colocou o anel no dedo.... E embora ele não gostasse de tais jóias, se sentiu bem a colocando no dedo. Talvez fosse porque ele havia recebido tal presente de uma bela mulher como aquela.

- E se não for muita ousadia minha também posso saber o nome da parenta de nosso falecido rei? – pergunta cordialmente admirando-a de longe.

- Miwa meu senhor. - respondeu desviando seus olhos dos do homem e estranhamente ela sentiu a face corar.

- Então senhorita Miwa, vou pedir a meus criados que a acompanhem até seus aposentos. E a espero para um chá às duas horas da tarde no coreto.

- Claro senhor. – ela sorriu discretamente com as faces ainda rosadas.

- Pode me chamar de Eduin.

- É uma questão de respeito senhor... – ela respondeu sem olhá-lo nos olhos.

- Como quiser....

Ele fez um gesto com os braços e os guardas de trás do trono saíram, sendo substituídos por outros, para acompanha - lá ate a sala externa onde os empregados a levariam para seus aposentos.

Miwa irradiava beleza e mesmo os guardas que deviam respeito a ela não conseguiam parar de olhá-la.... Seu rosto parecia esculpido pelo mais habilidoso artesão, seus cabelos negros contrastavam com a pele alva e delicada da moça.

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Ray andava sem rumo, sairá de madrugada da cabana e não teve coragem de voltar. Afinal ele era o que?Um homem ou um rato? Naquele momento com o medo que ele tava de se encontrar frente e frente com Freya mais parecia um rato. Como ele poderia ter tais sentimentos por uma garota que ele só conhecia superficialmente... Mas os poucos momentos que eles estiveram juntos foi como se tudo fizesse sentido e tudo de ruim que ele havia passado tivesse desaparecido. Como uma mulher poderia ter esse poder? Estaria ele apaixonado? Impossível. Já estivera apaixonado sabia como era... Mas agora esse sentimento novo que ele nutria por Freya realmente ele não sabia o que era... Só sabia que era forte demais.

O dia já havia ido embora a noite chegará tão rápido que ele nem percebeu.... E logo as primeiras estrelas começavam a brilhar no céu ainda azul escuro. Foi quando ele se deu conta que havia passado o dia todo longe.. Havia deixado Freya sozinha na cabana desde a noite anterior. E se alguma coisa tivesse acontecido....

Ele se voltou rapidamente e começou a caminhar em direção a cabana. De longe já se podia ver as luzes acesas, como ela estaria?Será que ela se preocupou com ele? Sentiu sua falta?Provavelmente, depois de tudo que ele fez, ela estivesse agradecida por ele ter desaparecido.

Ray parou por alguns instantes olhando o céu e se deu conta que não saberia a respostas para as suas perguntas se não se arriscasse.... Então ele voltou a caminhar e logo chegou à porta, mas quando abriu se deparou com uma cena que realmente não o agradou....