- Então você vai mesmo para Los Angeles... – comentava Renesmee fingindo-se distraída com uma mecha de seu cabelo.

Já era a terceira vez em um intervalo de uma hora que ela fazia o mesmo comentário, Jacob não conseguia entender a atitude de Renesmee.

- Com certeza você deve estar satisfeita. – retrucou Jacob enquanto bebericava um pouco de chocolate quente.

- Não sei o que quer dizer. – disse Renesmee despreocupada brincando com um pedaço de omelete do seu prato.

- Ora você me detesta... Não é? – Jacob agora olhava para ela que ainda mantinha os olhos sobre o prato.

Ela o detestava? Renesmee sabia que não era nada disso. Era algo, mas nada ligado ao detestável. A sensação que ela tinha era que o queria por perto para conversar ou apenas para apreciar o silêncio. Sua companhia era agradável. Ela só queria que talvez ele visse da mesma forma. Renesmee olhou-o sorrindo brincalhona.

- Talvez... Ou talvez não... Eu proponho um trato. – sugeriu Renesmee.

Jacob recuou. Trato?

- Como assim? – perguntou Jake confuso.

- Que tal um cessar fogo? – Renesmee perguntou.

- Continuo sem entender. – Jacob respondeu.

- Vamos, por hoje, esquecer nossos atritos. Eu apenas Renesmee e você Jacob. Veremos se o macarrão e a sua petulância foi o único problema entre nós. – Renesmee explicou.

- Além do macarrão, da minha petulância, veremos se a sua histeria também possa ter sido um problema. – acrescentou Jacob.

Renesmee revirou os olhos e ignorou o comentário anterior.

- Feito? – ela disse com sua mão estendida a ele.

- Feito. – Jacob disse retribuindo o gesto segurando sua mão estendida. Os dois soltaram suas mãos rapidamente, devido a uma corrente elétrica misteriosa que ocorrera ao toque de suas mãos. Se bem que essa não seria a primeira vez.

Ambos sorriam satisfeitos um para o outro e foram surpreendidos pelos aplausos de Dorotha que observava os dois a algum tempo.

- Muito bom crianças, vejo que estão crescendo. – Dorotha disse orgulhosa.

Renesmee e Jacob riram com seu comentário. Renesmee ria de Dorotha, mas agora tinha os olhos na janela, estava tudo branco lá fora, neve por todo lado. As lembranças de sua infância de quando vinha para Juneau para passar férias lhe tomou por completo dando-lhe uma idéia. Sem nada dizer dizer ela puxou Jacob da mesa e saiu arrastando-o pelo braço. Ou melhor, Jacob se deixou conduzir por Renesmee afinal ele com quase dois metros de altura contra um metro de meio dela, seria simples Jacob arrastá-la e não o contrário.

Ela levou-o para fora da casa.

- O que você quer? Me transformar em picolé? – brincou Jacob.

Renesmee fez uma careta.

- Você só pensa o pior de mim Jacob. Eu normalmente sou uma garota muito boazinha. – ela disse enquanto olhava o ambiente. – Eu sempre gostei muito de vir aqui sabia?

- Você não pareceu feliz quando soube que vinha para cá. – comentou Jacob.

Renesmee olhou-o por alguns instantes.

- É, mas aqui não é o melhor lugar do mundo para uma pessoa como eu, as pessoas não esperam isso de mim. – Renesmee comentou.

Jacob chegou a conclusão que Renesmee não vivia exatamente o que queria e sim algo que aprovassem que fosse conveniente.

- Ora e por que você não ignora eles e vem para cá? Que diferença faz? – Jacob perguntou.

Renesmee riu amarga.

- Porque eu não gosto da solidão. Meus pais me dão tudo menos a companhia deles e ninguém toparia vir para cá, seria como sumir de circulação...

Jacob sentiu uma vontade imensa e inexplicável de acalentá-la acalmá-la... Mas seria extremamente estúpido. Renesmee agora estava moldando uma enorme bola de neve, não seria para atirar em Jacob, até porque ela não aguentaria carregar aquele peso todo.

- Boneco de neve? – perguntou Jacob.

- É, eu adoro bonecos de neve! – dizia Renesmee alegre.

Jacob se conteve para não rir. Não de deboche, rir por nada... Era agradável estar ali com ela. Na verdade talvez a diferença de degraus entre as classes sociais de ambos além de incidente do destino os fizerem se retrair por um bom tempo. Mas fora isso o que os impedia de olhar ao outro com empatia?

- Você devia ser assim mais vezes... – comentou Jacob observando-a fazer o boneco de neve.

- Assim como? – perguntou Renesmee confusa, mais idiota? Mais sem graça? Ela sentia tudo isso, mas não se sentia incomodada por Jacob a vê-la dessa maneira.

- Ser você mesma. – Jacob disse sacudindo os ombros.

Renesmee sentiu as bochechas em chamas. Droga! Ele sempre a constrangia de maneira avassaladora.

- Jacob... – indagou Renesmee.

- O que? – perguntou Jacob um pouco alterado demais.

- É muito bom ter você aqui. – ela disse olhando-o atenta.

Jacob demorou um pouco para assimilar aquela frase em seu cérebro, teria ele ouvido corretamente? Talvez fosse pelo simples fato de ter alguém com quem conversar, só isso e apenas isso. Ele forçava sua mente a pensar dessa forma, porém seu corpo regia de outra maneira, ele se sentia mais agitado que o normal.

Esse dia pode ser descrito em uma única palavra: incrível. Renesmee e Jacob conviveram de um jeito que jamais ambos pensariam que fosse acontecer. Mas com a noite chegando, o vazio ia apossando cada um.

Os dois estavam rindo agradavelmente em frente à lareira, lembrando-se de quão engraçado foi o modo como se conheceram.

- E agora estamos aqui rindo disso quem diria... – comentou Renesmee ainda rindo.

- E quem diria que você fosse alguém tão legal... – Jacob disse.

- Então você me acha legal e bonita... – Renesmee disse satisfeita.

- Eu disse apenas legal... – justificou Jacob sem jeito, como ela podia ser tão envolvente?

- Você disse hoje de manhã... – retrucou Renesmee.

Os dois se olharam em silêncio. Jacob concluiu que seria prudente se retirar, o dia junto com ela fez com que o desejo de estar perto aumentar, venerá-la ao pensamento parecia estar se tornando insuficiente.

- Acho que já vou me deitar, amanhã terei que acordar cedo comprei minha passagem para o primeiro vôo. – Jacob disse levantando-se lentamente do sofá.

- Mas tão cedo? – Renesmee perguntou com a voz um pouco tristonha.

- Quero chegar logo e não há nada que me impeça de ir... Ou tem? – Jacob respondeu, era uma mentira deslavada, mas ela não precisava saber, acho que ela nem importaria de saber. A única verdade era sua pergunta, quem sabe ela diria que não queria que ele fosse, que ficasse com ela... Mas ele sabe melhor do que ninguém que isso não iria acontecer, a vida não é como os filmes de Hollywood com finais bonitos e felizes.

Renesmee hesitou um pouco, será que deveria dizer para que não fosse? Que ficasse? A troco do quê ele gastaria suas férias naquele fim de mundo com ela? Seria uma resposta óbvia.

- Não há, eu acho... – Renesmee disse baixinho. – Boa noite Jacob.

- Noite. – disse Jacob enquanto se dirigia às escadas.

***

Já se passava de uma hora da manhã. E os olhos simplesmente não cediam ao sono, os pensamentos eram demasiadamente rápidos e fortes impediam tanto a Renesmee quanto a Jacob que dormissem.

Ela gostaria de dizer: “não vá, fique comigo”.

Ele desejava em pensamento: “diga que me quer por perto, que quer ficar comigo”.

Ela: “mas eu serei sempre a fútil, a riquinha”...

Ele: “eu sempre serei o filho do empregado, um ninguém, por que alguém como ela olharia para alguém como eu”?

Ela: “mas não tem que ser assim... Não pode ser assim”...

E com uma decisão soldada Renesmee dirigiu-se em passos firmes pelo quarto afora. Bateu na porta de outro cômodo e aguardou.

Do outro lado havia alguém surpreso pela visita inesperada.

Wake up

(Acorde)

Look me in the eyes again

(Olhe nos meus olhos novamente)

I need to feel your hand upon my face

(Eu preciso sentir sua mão em meu rosto)

- Renesmee? – Jacob perguntou confuso.

Words can be like knives

(Palavras podem ser como facas)

They can cut you open

(Elas podem te abrir)

And then the silence surrounds you and haunts you

(E depois o silêncio te rodeia e te persegue)

Renesmee o olhava sem nada dizer, as palavras todos os argumentos bem delimitados se dissiparam.

- Ah... – Renesmee balbuciou numa tentativa frustrada de se expressar. Sempre fora uma garota que sabia o queria e agora queria, mas não sabia como dizer. Mas aquele par de olhos negros a faziam se perder mais e mais.

I think I might've inhaled you

(Eu acho que poderia ter te inalado)

I could feel you behind my eyes

(Eu podia te sentir por trás dos meus olhos)

You've gotten into my bloodstream

(Você está na minha corrente sanguínea)

I could feel you floating in me

(Eu podia te sentir flutuando em mim)

Renesmee desviou seu olhar de Jacob e reorganizou seus pensamentos novamente.

- Eu tenho um motivo para impedi-lo de ir... – Renesmee disse com a voz vacilante, um pouco insegura, talvez tenha sido um erro...

Words can be like knives

(Palavras podem ser como facas)

They can cut you open

(Elas podem te abrir)

And then the silence surrounds you and haunts you

(E depois o silêncio te rodeia e te persegue)

- E qual seria? – perguntou Jacob um pouco asioso demais.

I think I might've inhaled you

(Eu acho que poderia ter te inalado)

I could feel you behind my eyes

(Eu podia te sentir por trás dos meus olhos)

You've gotten into my bloodstream

(Você está na minha corrente sanguínea)

I could feel you floating in me

(Eu podia te sentir flutuando em mim)

Os gestos, em muitos casos, valem mais do que mil palavras... Talvez dizer não fosse o suficiente, ela precisava sentir... E foi assim que de maneira lenta e serena Renesmee aproximou-se de Jacob, ele não hesitou tampouco se afastou, foi diminuindo as distâncias. Seus rostos se tocaram ternamente, Renesmee selou seus lábios sobre os lábios de Jacob suavemente, abriu os olhos e olhou-o.

- Não é óbvio? O que eu sinto por você não basta? Jacob... Talvez eu tenha sido estúpida demais para perceber... Só você me deixa assim, me sentindo boba, com o coração que parece sair pela boca a qualquer momento... – Renesmee disse aos sussurros atropelando as palavras desajeitadas.

The spaces in between

(Os espaços entre)

Two minds and all the places they have been

(Duas mentes e todos os lugares que estiveram)

The spaces in between

(Os espaços entre)

I tried to put my finger on it

(Eu tentei colocar o meu dedo sobre isso)

I tried to put my finger on it

(Eu tentei colocar o meu dedo sobre isso)

I think I might've inhaled you

(Eu acho que poderia ter te inalado)

Era tudo o que Jacob precisava ouvir, tudo o que ele queria ouvir, ele simplesmente colocou o dedos sob os lábios da garota.

- Se não basta o que sente? – perguntou Jacob sério. – Era só o que eu precisava ouvir... – Jacob tocou de Renesmee observando cada traço com cuidado, ela era perfeita em cada mínimo detalhe, surreal. Como ela era linda e aquela situação parecia um sonho ou até mais que Jacob pode imaginar.

Jacob beijava o pescoço de Renesmee lentamente deixando-se tomar por aquele perfume viciante e envolvente, e aos poucos os beijos iam em direção ao queixo até alcançar os lábios de Renesmee. A garota sentiu uma onda elétrica por seu corpo, ela suspirou. Era o melhor dos beijos anteriores trocados entre ambos, havia o desejo, mas, sobretudo, a serenidade, a doçura. Não sabiam como, mas quando se deram conta já estavam sob a cama do quarto de Jacob, as carícias e o beijo adquiriam um caráter intenso, as mãos de um percorriam o corpo do outro e assim iam se descobrindo, sentindo novas sensações. 

I could feel you behind my eyes

(Eu podia te sentir por trás dos meus olhos)

You've gotten into my bloodstream

(Você está na minha corrente sanguínea)

I could feel you floating in me

(Eu podia te sentir flutuando em mim)

I think I might've inhaled you

(Eu acho que poderia ter te inalado)

I could feel you behind my eyes

(Eu podia te sentir por trás dos meus olhos)

You've gotten into my bloodstream

(Você está na minha corrente sanguínea)

I could feel you floating in me

(Eu podia te sentir flutuando em mim)

Apesar de ambos já terem beijado outras pessoas, nada era como Jacob e Renesmee, eles pareciam ter nascido um ao outro. Pertenciam-se e se completavam de maneira inexplicável aos olhos de um leigo. Ia além do entendimento... O universo era pouco para eles...