Ela abriu os olhos, admirando novamente o teto azul celeste sobre sua cabeça. Sentia-se orgulhosa por finalmente convencer o pai a deixá-la pintar as paredes de seu quarto de branco e o teto de azul, o rosa que antes havia lá a irritava profundamente.

Julieta tinha uma beleza particular, a pele clara e seus cabelos loiros destacavam ainda mais a beleza de seus grandes olhos verdes. Os traços delicados de seu rosto contrastavam com as incríveis curvas de seu corpo. Quem a visse de longe, pensaria se tratar de uma garota frágil e indefesa. Doce engano. Julieta era marcada por uma personalidade peculiar, facilmente comparada com uma tigresa. O que mais a irritava, era ser subestimada por ser mulher. O único homem que ela obedecia sem contestar era seu pai, que para a sua infelicidade, ainda a tratava como uma garotinha, ou pior, como uma princesa. Eles moravam sozinhos em uma casa gigantesca nos arredores de Londres, sozinhos não, eles e mais uns 30 empregados. E essa super-proteção a deixava louca “Poxa, eu já tenho 18 anos, eu não preciso mais de seguranças atrás de mim, aliás, eu nunca precisei!”. Sr. Koda, pai de Julieta, era embaixador, e tratava de assuntos diplomáticos entre Inglaterra e Japão. Não havia sido nada fácil convencê-lo a deixá-la ir a uma escola tradicional de Londres, pois a vontade dele é que ela estudasse em casa com professores particulares. Por isso, cada dia que ela acordava cedo para ir para a escola, ela sentia-se vitoriosa e extremamente feliz. Aquele dia não foi diferente.

Após alguns minutos espreguiçando-se na cama e admirando as novas cores do quarto, Julieta levantou, sorrindo, abriu a cortina e a porta da sacada. Seu quarto ficava no terceiro andar da casa, e a sacada do quarto de Julieta tinha uma vista privilegiada. Ela suspirou profundamente, captando o máximo que podia daquele delicioso cheiro de orvalho que vinha da floresta que rodeava sua casa, os poucos raios de sol já iluminavam a grande Londres. Ela estava atrasada. Tomou banho, vestiu-se e resolveu não sentar-se para o café da manhã.

- Desculpe pai, eu como algo quando chegar lá.

Ela deu um beijo na testa do pai, que encontrava-se sentado à mesa, e saiu apressada, entrando no carro que já a esperava na porta. Ela mesma se surpreendeu com a velocidade com que desceu três lances de escada sem deixar cair nenhum dos vários itens que segurava. Já no carro, ela organizou todos os materiais em sua pasta e suspirou pesadamente. Seria um longo e gostoso dia, o primeiro dia de aula do segundo ano do ensino médio.

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- Acorde filho, você vai se atrasar. Romeu, acorde! ROMEU!

- Claro, claro.

Ele revirou-se algumas vezes na cama. Então, finalmente as aulas iriam começar. Problemático. Olhou preguiçosamente para a janela aberta, que era a fonte daqueles indesejáveis raios de sol que invadiam seu quarto. Sua mãe era realmente uma mulher problemática. Será que dormir mais 5 minutinhos fariam tanta diferença?!

Romeu odiava acordar cedo. Apesar de ser extremamente inteligente era também um rapaz muito preguiçoso. Essa segunda característica parecia transparecer em suas feições. Olhos estreitos e profundos, tão escuros quantos os cabelos, combinavam perfeitamente com sua pele clara levemente bronzeada. Ele era alto e apesar de ter ombros largos, era magro. Desde que ele nasceu, há 15 anos atrás, morava na mesma casa, uma casa simples em uma vila tranqüila, longe do centro da cidade. Ele morava com os pais, e eles eram uma família feliz, apesar de não desfrutar de muitos bens materiais. Romeu havia conseguido uma bolsa integral na melhor escola de Londres. Isso deixava seus pais radiantes, mas não era o suficiente para despertar interesse nele.

Jogou a coberta por cima de sua cabeça, na tentativa de tampar o sol, mas não adiantou. Então resolveu acabar logo com aquela tortura e levantou. Tomou banho, vestiu-se e tomou café da manhã com os pais. Esses não paravam de dar conselhos ao filho, que já estava cansado de tanto ouvir. Após despedir-se de dois pais cheios de orgulho, caminhou lentamente até a estação de trem mais próxima. Para sua sorte, o trem não demorou muito, ele embarcou e sentou-se, suspirando pesadamente. Seria um longo e tedioso dia, o primeiro dia de aula do segundo ano do ensino médio.