(Zero)

A casa dos Kuran seria a única saída, então fui até lá. Chegando lá, estava tudo um silêncio, escuro. Entrei pela porta da frente, nada escutava. De repente...

-ZERO!!! – ouvi um grito conhecido.

-“Y-Yuuki?” – pensei.

-YUUKI! – gritei. Ela estava em perigo, eu sentia e ouvia isso...

Eu subia as escadas arredondadas como um raio, procurando a voz dela novamente. Grite de novo Yuuki, por favor...

-AAAHH! – a ouvi de novo. O que estava acontecendo?! Esse maldito estiver machucando ela, eu não o perdoarei...

-YUUKI! ESPERA, EU ESTOU INDO! – gritei. Ela deveria estar no quarto dela, isso sim... Mas não, era lá embaixo... Desci as escadas novamente e segui para a estufa, sentia a forte presença dela embaixo de mim, então vi um túnel no final da estufa, entocado no meio das samambaias.

Era um lugar cheio de teias e era escuro, como um calabouço. Descia as escadas para ver o final e a presença de Yuuki ficava cada vez mais forte. Então, vi uma grande porta de mármore entre aberta, via uma luz avermelhada. Era lá que ela estava. Fui correndo, já apontando a Bloody Rose.

Quando empurrei a porta cautelosamente, via um emaranhado de fios pretos, encharcados com sangue e ao fundo via duas pessoas. Era Kuran e Yuuki, o que eles estavam fazendo aqui?

De repente, os fios se afastavam, como se quisessem me dar passagem, fui devagar, com a guarda alta, sem piscar. Mas eu vi a cena que nunca quis ver em minha vida. Yuuki desmaiada cheia de sangue e Kaname pareciam tê-la... Estuprado.

-Hum... – Yuuki grunhiu. – ah...! – ela me viu. – Z-Zero... – ela mexeu a mão tentando me alcançar. Yuuki...

-YUUKI! – gritei, tentando pegá-la, mas Kaname colocou novamente aqueles fios estranhos á minha frente.

-Kiryuu-kun? Já chegou para ver o espetáculo? – Kaname falou com uma voz... Transtornada.

-Espetáculo? – pensei. Ele olhou Yuuki que estava de bruços maliciosamente. Então ele...! – NÃO! Não faça isso! – tentei pegá-lo, mas os fios me machucavam. Ele riu.

-Huhuhu... – Kaname riu doido. – eu farei o que você... FEZ COM ELA BEM NA MINHA FRENTE! – ele gritou maluco.

-N-NÃO! Por favor! – gritei desesperado.

-Por que eu ouviria suas palavras falsas...? – Kaname retrucou. – eu não vou aceitar que Yuuki seja de mais uma pessoa a não ser EU! – como assim...?

-Z-Zero... – Yuuki falou baixinho. – eu tenho uma notícia boa para você... – ela sorriu. Que notícia? – você vai ter um filho. Hehe. – ela riu com olhos inundados em lágrimas. Fiquei por um instante emudecido. Filho...?

-Y-Yuuki... – falei já com meus olhos úmidos. Não queria chorar, mas... Filho, com Yuuki? Fui chegando mais perto para pegar em sua mão e quando vi...

-VOCÊ NÃO OS TERÁ! – Kaname gritou. De repente vejo a mão de Kaname virando uma lâmina ponte aguda e fincou onde se localiza o coração de Yuuki. Não reagia vendo aquela cena.

-Bluh. – Yuuki vomitou sangue. Só via ela com olhos desesperados me olhando, mas ela também estampava um sorriso tão belo, como se fosse o ultimo. Só depois de vê-la naquele estado, acordei novamente.

-Y-Yuuki? – perguntei a ela, que já parecia sem vida. – YUUKI! – gritei. Ela soprou em meu rosto, parecia tudo acalmar.

-Z-Zero... Eu... – eu gaguejava.

-Pare de falar! Por favor! – indaguei.

-... Eu te amo... Para sempre... Hehe... – ela sorriu com olhos flamejando alegria e depois, num segundo, via sua cor ficar tão pálidas, e seus olhos ficarem sem aquele brilho. Coloquei minhas mãos nas suas, estavam tão gélidas, tão... Sem vida.

-Y-Yuuki... Yuuki, não faça isso comigo... YUUKI! – gritava sem motivo, só via as lágrimas que nunca deixei cair por anos cair naquele momento. Sentia o maior vazio da minha vida ali, naquele local ensangüentado e com o cheiro de Yuuki, emanando. – NÃO!!! YUUKI! MEU FILHO, NÃO! N-Não... – me ajoelhei já sem forças para viver.

-HUHUHUHUAAHAHAHA!!! – ouvia uma risada tão sinistra quão a morte. Era Kaname, com sua face retorcida, também com lágrimas. – minha Yuuki viverá dentro de mim... – ele mostrou suas presas, mas num piscar de olhos, meu corpo pareica agir sem mim.

-Maldito... – cochichei. Só sentia um ódio tão ávido que seria capaz de matar um milhão de vampiros. Só tinha uma hipótese, eu era um Level E... Depois disso, nada mais vi somente uma doce lembrança com Yuuki...

Yuuki...

 (Zero flash back)

-Zero, por que você nunca chora? – Yuuki falava ingênua e eu, olhava quieto. Ela tinha seus 13 anos e eu, meus 15 anos. – Zerooooo! Pare de me ignorar poxa! – ela bufou.

-Aff... – reclamei. Eu não queria aceitar naquela época, mas eu gostava da presença dela, me fazia me sentir mais... Humano. Nessa época já sabia que eu poderia me tornar a qualquer momento um Level E, mas não queria aceitar, eu não queria ser um deles! Meus ataques ficavam cada vez mais freqüentes e não queria que ela soubesse, não ainda...

-Sabe Zero, se você não sabe o porquê, eu sei e vou te explicar! – ela apontou o dedo para mim, convicto. Assustei-me um pouco com a animação dela. Ela sentou no chão e me puxou junto. – bem... Eu choro quando coisas muito boas ou muuuuito ruins acontecem comigo e ao meu redor. Exemplo... Eu ficaria tão feliz se você sorrisse para mim que eu choraria, ou eu ficaria tão triste se você não morasse mais comigo que eu choraria!

Nada falei, só fiquei com cara de... Espanto talvez? Não imaginava que ela se importava tanto comigo assim... Mas ela tinha aquele Kuran, o sangue-puro...

-S-Sério...? – uma palavra saiu falhando de minha boca. Fiquei realmente surpreso e ela também com minha pergunta idiota.

-S-Sim! – ela respondeu animada. Só via uma lágrima cair de seu olho esquerdo. Momentaneamente minha mão foi ao rosto dela e sorri.

-Não chore, você fica feia! Huhu. – eu ri envergonhado, mas via a face dela se iluminar no mesmo instante.

-Ai Zero! Baka! – ela reclamou e de repente, me abraçou forte, com um calor meio que viciante e seu aroma eram tão bom...

(fim Zero flash back)

-Fuh... Fuh...  – eu suspirava cansado, nada mais via, parecia ter voltado a meu corpo. Só via um corpo desconfigurado á minha frente e o corpo de Yuuki deitado acima do caixão. – hã? E-Eu que fiz... Isso? – me perguntava olhando mais de perto o cadáver. Era Kaname, sem seus olhos ou muito menos sua cabeça. Era meio que nojento, e o piro é que não me lembro de nada! Mas isso não importava.

Fui correndo para Yuuki, coloquei a mão em seu pescoço, procurando pulso, nada sentia.

-Yuu... Ki... – gaguejei. No silencio de minhas lágrimas, ouvia um choro baixo, mas percebível.

Fui até a ponta do caixão e do nada, via uma coisinha tão pequena e tão frágil chorando. Será que...! Tirei meu casaco no ato e cobri a pequena... Criança. Era tão miudinho e tão frágil que parecia que quando eu tocasse, ela quebraria como gelo. Mas fui delicado e peguei a criançinha que por acaso, era uma linda menininha... Era minha filhinha, minha e sua Yuuki.

-Como será possível? Tão pequena... Já nasceu...? – perguntei a mim mesmo. Então lembrei sobre uma palestra que houve na associação que na gravidez de vampiras, independente da realeza, era mais rápido o desenvolvimento... Então, Yuuki já estava grávida desde nossa primeira vez...? Não havia tempo, eu tinha que socorrer a criançinha, que parecia faminta, mas... De sangue?

Vi pequenas presas em sua boca, como eram rápidas o desenvolvimento! Ela deve estar com sede de sangue mesmo. Olhei Yuuki e percebi que seu sangue parecia fresco, então, fiz um pequeno corte no pulso dela e coloquei na boca da criancinha, e não é que a bebê gostou!

Então, a criança com sangue em seu corpo adormeceu e a coloquei em cima do caixão. Queria ver pela ultima vez aquele rosto sereno de Yuuki.

-Ah Yuuki, como te amo... Por quê? – perguntei. Beijei seus lábios gélidos gentilmente e ela de repente foi virando borboletas com asas carmim. Era tão... Incrível, sentia sua presença em cada canto daquele lugar, vi a criança sorrir enquanto dormia e uma borboleta pousou sobre sua cabecinha miúda. Era tão linda aquela cena e provavelmente Yuuki via por nós dois...

Segurei a criança e fui embora, junto a aquelas lindas borboletas voando ao nosso redor...

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5 anos depois...

-Otou-san! Veja, veja! – minha filha já com seus cinco anos falava, gritava, esperneava, cantava, andava, comia, corria e era uma vampira.

-Sim...? – perguntei. Eu já estava com os meus 24 anos. Pai solteiro, que só sustentava minha filha, Yuri com o salário dos caçadores. Ela já sabia o que éramos o que eu fazia e o que combatíamos. Ela vinha com um tipo de caixa que eu já conhecia, era onde Yuuki guardava suas lembranças quando ela tinha seus 15 anos, estava sujo de terra, era uma capsula do tempo?

-O que é isso? – Yuri perguntou. Peguei o caixa também curioso.

-Não sei muito bem, mas acho que era onde sua mãe, Yuuki, guardava fotos e coisas muito importantes para ela! – exclamei. Os olhos dela pareciam tão curiosos a ponto de querer roubar aquela caixa de minhas mãos. – vou abrir curiosa! Huhu. – eu ri, ela assentiu. Quando abri, sem muita dificuldade, via a primeira foto, ela e eu, quando iríamos começar o colegial, bons tempos...

-É você e a Okaa-san? – ela perguntou, eu assenti. Depois peguei uma foto dela com Kaname, queria vomitar, mas Yuri pegou a foto antes de eu perceber, ela era veloz.

-EI! – indaguei, ela riu sapeca.

-Quem é esse moço bonito ao lado da Okaa-san? – ela perguntou. Relutei para esquecer, mas não conseguia, não podia deixar ela sem resposta, Yuuki não gostaria disso.

-Era o irmão de sua mãe, Kaname. Ele morreu também. – falei discreto, ela assentiu. Depois vi outras fotos com a Sayori, que visitava ainda Yuri, do Diretor, que vivia na associação, mas depois ele passaria tudo para mim e do turno da noite, que desapareceu depois da morte do Kuran.

-Agora vãos tomar banho Yuri, você está imunda! – falei bravo, ela correu de mim, era tão tinhosa quando a mãe. Ao invés de correr atrás, só via seus cabelos marrons bem claros e meio cacheados esvoaçando pelo vento e seus olhos azuis brilharem, como o Sol.

Minha vida estava normal, eu estava feliz com minha filha, os vampiros pararam de atacar desde que eu matei Kuran, mas a ausência dela não consegue nunca preencher...

De repente, vi uma borboleta vermelha pousar sobre a janela, era ela...

Yuuki...

Saiba onde quer que você esteja que eu e Yuri estamos muito felizes, mesmo.

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FIM