Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 142
O adeus.


Notas iniciais do capítulo

GENTE, mil desculpas pela demora. Essas duas semanas foi foda. Tive passeata, materias do jornal, uma muvuca. E como logo coeã semana de provas e trabalhos, terei que ausentar... mas sempre postarei, AGORA O CIRCO TÁ PEGANDO FOOOGO.
DESCULPEM SE HOUVER ERROS... E TO COM PUTA PRESSA ANTES QUE MINHA MAE ME EXPULSE DAQUI QQQ BEIJOS



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Música: Love and War - Drowning Pool

- Puta que pariu. – gritou Melissa, irritada com o atraso de Marietta. Okay, ambas haviam combinado de se encontrar no quarto da escritora, mas em uma mensagem de última hora, o compromisso foi cancelado.

Synyster e Zacky, tão unidos como sempre foram, sentavam no sofá da mansão. Olhavam apreensivos para Melissa, com medo de que a surpresa correria água abaixo. Matthew, isolado em outro canto, olhava a cada cinco minutos para o relógio. Podia ser coisa de sua cabeça incrivelmente neurótica... mas o estranho atraso da jovenzinha de cabeleira extensa não era cabível. Marietta sempre fora chata por horários, por qualquer motivo.

- Ela não atende o telefone... também.  – continuou Mel, dando um chute no ar. – Porra Marie, como você faz uma coisa com a gente, ein sua lazarenta?

- Está estranho isso.

Os três olharam para o Ogro Engibizado, que mantinha silêncio até então. Enfim sua boca emitira algum som. Um som que não agradou nenhum dos amigos.

- Estranho? – questionaram.

- Estranho. Marie não responde, está atrasada há mais de duas horas... não lhe parece...

- O que quer insinuar, Matthew?

O rapaz fechou os olhos, sem responder Melissa. Suspirou pesadamente, inúmeras vezes, como se tentasse manter a cabeça no lugar. Era necessário diante de uma ocasião daquelas. Pressentia o pior... mas esse negócio de pressentimento é balela. Tá que por causa de um sinal impedira a morta da jovem Marietta... mas... e se...

Ele não expôs o que pensava. Levantou-se de súbito e correu para a garagem. Os outros três não hesitaram em segui-lo,

- Que porra acha que está fazendo, cara? – gritou Syn, agarrando-o pela mão.

Matthew, vermelho e esbaforido, sussurrou:

- Marie foi sequestrada. Ela está em perigo.

**

O que antes era uma hipótese sem fundamento, aos poucos se tornava uma realidade. Fria. Cruel. Assustadora.

 Matthew foi dominado por um sentimento de remorso e pânico. Milhares (hipérbole? Talvez, o desespero faz isso com as pessoas)de cenas passaram pela sua cabeça em fração de segundos .  Um deles era do dia que conhecera Marietta, aquela linda menininha de olhos verdes, que possuía um dom magnífico da escrita. Lembrara o quanto brigaram pela primeira vez, e o quão idiota se sentiu de ter sido tão grosseiro. A jovem caipira de Barra Bonita saíra de sua cidade do interior... para conhecer a vida em Londres. E deparara-se com criatura tão suja como ele, que só lhe trouxe coisas ruins.

Essas, por acaso, dominaram sua mente. As cenas de vingança. Das discussões. A agressão e o acidente das escadarias. Talvez a Heagle não voltasse ser a mesma que antes. Seus sentimentos tão frágeis quebraram-se como seus ossos... e a confiança que talvez nunca tenha existido... se foi.

- Oh seu Ogro Engibizado! – era o que vivia dizendo para seu companheiro. E aquela voz, que o confortava em tantos momentos difíceis, estava cada vez mais longe. E mais lembranças, piores que as outras, voltaram a perturbá-lo.

Mas uma, em especial, tomara-lhe a atenção. Um trote. Uma mensagem. Uma ameaça. Um conjunto que fez questão de ignorar, julgando se tratar de uma brincadeira dos amigos. Aquele fato pesou em sua mente de tal forma, que em poucos minutos, sentira uma insuportável dor na cabeça. O mundo parecia cair pelos lados.

- CARALHO! – berrou, jogando o carro para o acostamento.  Melissa, apavorada, agarrou o volante com rapidez, junto do freio de mão.

- MATTHEW, QUE VOCÊ TEM?

- MINHA MARIETTA VAI MORRER! – gritou, saindo do carro. Ignorava o perigo das estradas, inclusive o fato do automóvel nem ter encerrado o movimento. Queria fugir para algum lugar que não tivesse que conviver com a culpa de ter a jovem Mariettinha... morta. Por sua culpa.

- Não fica nervoso, cara, ela...

- SYNYSTER, EU RECEBI O TROTE. EU SABIA QUE ISSO IRIA ACONTECER, E NÃO FIZ POOOORRRA NENHUMA! AGORA ELA ESTÁ MORTA!

- SE ACALMA, VEIO! SE ACALMA!

- Oh Senhor, caralho, porque você faz isso comigo? Que eu te fiz?

Os olhos caíram para o chão, onde sentou minutos depois, arrasado. Acreditou ser tolice de sua parte agir de forma tão descontrolada. Não havia nenhuma evidência que suas suspeitas fossem cabíveis. Não havia provas que Marietta fora sequestrada e que corria riscos de morte.

- Talvez ela esteja em sua cama, debaixo do edredom, assistindo Sherlock e comendo batatas, não? – sorriu, abobalhado, com os olhos brilhantes. – E que decidiu dar um cano em Mel porque achou melhor ficar sozinha em seu aniversário. E que...  na verdade...  só não quer me ver. É isso. Isso. Ela... está bem. Me promete que ela está bem, Brian, pelo amor de Deus. – implorou, abaixando a cabeça.

- Se algo ocorreu com a nossa amiguinha, cara... eu, você e até o caralho vai ir até o inferno para trazê-la de volta. Considere isso uma promessa.

- Você prometeu isso quando Johnny morreu. E ele morreu. – suspirou.

Os minutos que se passaram pareciam demorados demais. O silencia tornava tudo pior, ninguém possuía coragem suficiente de iniciar um diálogo. Não era a melhor atitude a se tomar. A menos que fosse para...

- MATTHEW, MATTHEW, SEU TELEFONE! – berrou Melissa, correndo o celular em mãos. Um sorriso brotara em seu rosto. A esperança voltara a viver.  Por algum motivo que não sabia explicar, sentia que era a amiga. O número era restrito, talvez pelo fato de não querer se identificar. Talvez... talvez... Oh, talvez Marietta quisesse dar um basta naquela guerra particular e... OH DEUS,  que imensa alegria Melissa sentia ao pensar em tantas hipóteses boas. E Matthew, que recebera o aparelho com ansiedade, exibiu um sorriso doentio.  A necessidade de ouvir a voz daquela menina já era algo que melhorava todos os dias, cada vez mais tenebrosos. Desde que a escritora deixara a mansão... tudo era tão triste. Tão... estranho.

Já não era possível viver sem ela.

- MARIE, MARIE! – gritou. – Minha querida, onde você está, vou ir te buscar.

- Não, eu te proíbo de fazer isso, Matthew. – disseram do outro lado, de forma fria, porém trêmula. – Juro que estou tentando reunir todas as forças restantes da minha perna para pular essa janela e fugir, mas não é possível.

- Marie, do que está falando?

- Só me ouve, por favor. Dói mais em mim do que imagina, porém é inevitável. Lembra-se de Jonathan e Sophia, e a profecia que um não viveria com o outro? Pois bem, é um spoiler. É a verdade para nós dois. Estou trancada no banheiro de meu apartamento, não sei como consegui agilidade para que isso fosse possível, mas... senti a necessidade de partir deixando as coisas em pratos limpos. Não quero dívidas.

- Por favor...

- Eles estão batendo, está ouvindo? Infelizmente eles querem me pegar. E vou permitir. Se não for isso, eles te matam, a vingança é contra você. E não, não vale a pena sua vida pela minha. Há tantas pessoas que te amam, e eu... bem, sou apenas mais uma caipira que tentou acertar a vida e até que conseguiu. – a escritora fez uma pausa forçada, como se lhe faltasse o ar – ou simplesmente estivesse tentando segurar o choro. Teria que ser o mais frio possível. O momento pedia por isso. - Essas vão ser as últimas palavras, talvez, que ouça de mim. Não sei quanto vão pedir do meu resgate, viva ou morta, mas peço que me esqueça. Finja que nunca existi, afinal, era isso que você queria. E pensando mais friamente, é o melhor para todos.

- CALA A BOCA MARIETTA!

- Os rascunhos de meus livros estão no meu notebook. Peço que as deixe com Melissa, por favor. Mande um abraço para Syn e Zacky, e lamento realmente não poder dizer o quanto me fizeram bem nesses tempos. Aos meus fãs, peço que superem, logo mais surgirá uma escritora bem melhor que eu. E você Matthew... só lamento ter que terminar assim. Não tive chance de falar coisas, de fazer coisas, mas... já disse, vai ser o melhor. Você está feliz, não? Eu só queria isso: te ver sorrir, pela última vez. Você não sabe o quanto isso me motivou, por muito tempo, a seguir? Mas, nos últimos tempos, as coisas perderam o controle. Talvez você volte a ser o Ogro Engibizado que conheci.

- Marie, não faça isso comigo. Não sabe...

- Não. Não precisa. Só quero que... se caso consigam me encontrar morta... que você cante minha música, a Warmness On The Soul. Lamento nunca ter ouvido de sua própria boca, ao vivo, essa canção. Nada faz sentido agora, nem mesmo o que eu digo. Acredito que nunca tenha sido nada para você. Hum... sabe Matthew, passamos por bons e maus momentos, mas mesmo assim, eu quero permanecer com o único laço que nos une: a pulseira do Jimmy. Hum... Eles estão arrombando a porta. Acho que chegou a hora do...

PÁ! Um barulho de tiro, alto e bem nítido, pode ser ouvido até mesmo por Mel e Zacky, não tão próximos ao celular. Era oco, como se estivesse bem próximo do alvo. Ainda se esse alvo fosse...

- Adeus.  – completou Marietta num sussurro. A ligação caiu.

Os olhos de Matthew ficaram fixos em um ponto qualquer. Não esboçava reação. Sentia cada parte do seu corpo gelar. As mãos não respondiam suas ordens. Nem a mão, nem qualquer parte do corpo.

- Matthew, o que houve! – gritou Melissa, chacoalhando o cantor com agressividade. Diferente dele, a moça já chorava, pressentindo o pior. Ele só pode sussurrar, grudando as mãos nas faces:

- Eu matei a Marietta.

**

(Primeira Pessoa - Marietta)

Não me recordo do que aconteceu. Só sei que... mesmo com a barriga ensanguentada, fui obrigada a me levantar e a sair do apartamento. No hall, pelo que lembro, aconteceu um tiroteio. Não sei entre quem, e nem se alguém morreu.

Parecia que minha alma já não estava mais no corpo. Tive sucessivas crises de desmaio que me impediram de compreender o que estava acontecendo.

Pode parecer confuso. Para mim também era.

Só sabia que... estava valendo a pena tudo aquilo. Para muitos, é tolice, mas Matthew ficaria bem. Além de realizar um desejo antigo, de me ver longe, poderia se sentir protegido. Os sequestradores já não queriam mais seu corpo, e sim o meu.

É, foi a atitude mais tola e digna que tomei até hoje. Só lamento por todos que esperam que um dia eu volte... porque não vou mais voltar.

Não precisarão comprar tantos sacos de batata por mês. Nem aceitar assistir MMA no sábado de noite, invés de ir à balada. E o melhor de tudo, talvez, é que Matthew não precisará fingir que é uma coisa para me agradar. Não precisará fingir que gosta de mim.


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