Não consegui encontrar Brian nos corredores daquele andar. Passei a procurá-lo em outros, e conforme descia as escadas, meu coração disparava, na ansiedade de fazer o que tinha que fazer.

Uma vez na minha vida, teria que tomar a decisão certa e precisa. Isso... era a melhor solução, não tinha como negar o que era absurdamente óbvio: Brian amava Melissa, e era correspondido. Como não vi isso antes, hum?

Como meus melhores amigos conseguiram enganar meu faro de cupida? Deus... era tão... tão... visível o olhar que os dois trocavam, nas brincadeiras. A reação de Bryan, quando Mel desapareceu. E aquelas reações estranhas dela, como na noite que “alegou” estar apaixonada por Matt, logo depois de eu ter declarado meus sentimentos por Syn.

Tudo se encaixava agora, e a trama dos últimos meses desenrolara, deixando claro o que realmente havia acontecido.

Melissa NUNCA gostou de Matt. Armara com ele um esquema para... disfarçar. É... minha melhor amiga, desde que o conhecera, amava Brian! E não tinha coragem de furar meu olho... visto que eu estava tentando ajeitar minha vida tão conturbada. Por isso ela disse que eu ficava com frescura no cu, de escolher um ou outro.

Matt sempre soube desse sentimento, e a acobertou, pelo bem dela e nosso. E a tal separação... na noite que eu tive aquele sonho estranho... não existiu! ELES NUNCA FICARAM JUNTOS.

Então... Matthew nunca gostou de Melissa. E Syn sempre gostou dela. E nós nunca nos amamos. Que confusão deliciosa que estava me vendo, naquela situação. Deliciosa por estar se desfazendo, dando a chance de acertarmos tudo, de uma vez por todas.

- Brian! – berrei, ao vê-lo no último corredor do segundo andar, subindo para o quarto de Melissa. Junto dele, para variar, estava Zacky e Matt. Ignorei-os, em primeiro instante. – Meu Deus, como estou feliz. – e sem delongas, o abracei. – Muito feliz.

- Nós soubemos da novidade, estávamos justamente subindo para... vê-la. – sorriu, tentando disfarçar a alegria... e a curiosidade, por eu estar ali, grudada em seu pescoço, dando gargalhadas. – Eu sei o quanto ela...

- Chega Synyster, vai seguir sua vida, meu querido! – gritei com energia, afastando-me. – Vai lá, diga praquela mulher o quanto a ama. Tudo faz sentido agora!

- Tudo faz sentido? – questionou Matthew, arqueando uma das sobrancelhas. – Estou boiando.

- Matt, você é um idiota... como eu, como Melissa, como Synyster, como Zacky... que perdemos nossa vida com amores mal entendidos e relações que não servem pra nada, além de afastar pessoas que REALMENTE amamos! – tá, eu estava numa crise absurda de felicidade e sinceridade, mas foda-se. – Vai cara, vai...

- Então, isso quer dizer que...

- Você é meu irmão... a gente sempre soube disso. – ri, voltando a abraçá-lo. – Oh Brian... você é um cara perfeito. Em outro lugar, em outro tempo... eu me apaixonaria por você. Perdidamente. Mas nessa vida... somos destinados a sermos, apenas, grandes irmãos. E não reclamo disso... esse nosso amor é mais forte que qualquer coisa. Por isso eu te digo: vai lá com sua “Deusa”... e seja feliz.

Brian não disse nada, talvez porque a emoção tivesse comido suas palavras. Olhou-me com os olhos brilhantes, deu-me um último beijo nos lábios e voltou a sorrir, murmurando:

- Você é perfeita Marietta. Agradeço por ter você do meu lado. – e sem hesitar, enxugou os olhos com as mangas da camisa. – AHÁ, É HOJE QUE EU SAIO DA SECA!

- Ela tá na UTI ainda, seu demente. – avisou Zacky, dando-lhe um tapinha nas costas. – Mas foda-se, pra fuder hoje em dia, serve até o lixão.

- QUE-NOJO! – murmurei, dando um tapa na testa. – E você, Synyster Fuckin’ Gates, o que está esperando?

- Valeu gente... valeu mesmo. – e numa felicidade que dava inveja, saiu correndo pelos corredores, dando alguns pulinhos muito gays.

- O que você fez foi bem foda, Marie. – sorriu Zacky, abraçando minha cintura. – E agora, o que fará da vida? Tem algum homem a vista, hum, hum, hum? – completou, dando uma piscadela marota.

- Meu destino é ficar sozinha... embora meu coração seja burro demais para aceitar isso.

E, francamente... o que me sobra de inteligência intelectual... me falta na sentimental. Minha vida amorosa é uma constante loucura, e eu ao menos entendo porquê!

Terceira Pessoa.

Matthew ficou encabulado com o que Marie havia dito. Tantas atitudes repentinas... e sem motivo algum. Parecia transtornada, querendo ajudar a todos, porque não podia ajudar a si mesma.

E a questão do coração? É... devia estar apaixonada por alguém... mas não queria admitir isso. Mas, se não era Syn, quem seria?

“E se... Marietta... ainda ama o marido?”, pensou, contemplando-a numa conversa com Zacky. “Não, isso nunca, a ideia me aterroriza só de pensar. Mas, querendo ou não... eles possuem um laço de anos!”

Sem entender... começou a se martirizar, cogitando hipóteses cada vez mais malucas. Até Zacky foi alvo de uma delas, mesmo sendo descartada tempos depois.

Não repartiu a ideia com ninguém. Deu uma desculpa qualquer, e se afastou, correndo até o banheiro. Enxaguou a cara com água fria e murmurou, olhando para o espelho:

- Olha pra você, Matthew. Com insônia, pesadelos... e completamente perdido. Por que isso foi acontecer JUSTO comigo, por quê? Não cara, deixa de tolices... você é o M. Shadows. Não vai acontecer isso de novo. Você não vai... fazer de novo.

Completamente inútil. Acabou sentando no vaso sanitário, com as mãos na cabeça, pensando na noite anterior, que vira Marietta dormir, encolhida ao seu lado.

- Talvez não sejamos tão diferentes... meu destino também é ficar sozinho, mas sou burro demais... pra entender... isso.

E ficou.