POV Olívia

Eu acordei e fui tomar um longo banho, troquei de roupa e fui olhar o horário, constatei que o relógio marcava sete horas da manhã, ainda era muito cedo para acordar os meninos e para fazer qualquer coisa, decidi então caminhar pela praia, um pouco de ar puro me faria bem.

Comecei a andar pensando em várias coisas, a final do campeonato, que vai ser hoje no final da tarde, as finalistas foram Emma e a tal filha de Deméter. Eu esperava muito que a Emma ganhasse, ela se empenhou bastante nisso, foi uma das coisas que eu mais gostei nela, sua determinação. Conheci aquela menina um pouco mais, descobri que ela vinha de Ohio, morava com a avó, o pai era um bêbado que vinha pra casa semana sim, semana não. E, apesar de todo esse drama, ela era uma aluna aplicada, inteligente, esforçada. Eu fiquei admirada como uma menina que tinha todos os motivos para se deixar levar para um mal caminho, conseguiu ignorar tudo isso e ser como ela é.

Emma não gosta muito de falar sobre o pai, só sei que eles viviam brigando, ela conversa mais com o Jake. Eu achei isso ótimo, ele é sempre muito solitário por o mais novo no nosso grupo, agora, com Emma aqui, isso mudou.

- Não está muito cedo para uma caminhada? – Uma voz angelical disse atrás de mim, virei meu rosto e dei de encontro com a própria mãe de Emma e, nossa! Como elas são parecidas!

- Eu acordei muito cedo e decidi caminhar pra passar o tempo. – Eu disse logo depois de fazer uma leve reverência para a deusa.

- Eu sempre gostei de praias, e antes que você pense, nunca tive um caso com Poseidon. É só que, parece um bom lugar para deixar as idéias fluírem. – Ela disse e eu assenti me segurando para não rir sobre a explicação de Poseidon.

- De fato, estava pensando no campeonato de hoje à tarde. – Eu disse sem pensar, sabe, quando se tem DDA e hiperatividade, você acaba falando a primeira coisa que lhe vem à cabeça sem pensar.

- Acha que minha filha tem chances de ganhar? – Ela perguntou esperançosa. Eu assenti.

- Ela é uma ótima menina. – Eu disse. – Vai se dar bem.

- Ela é ótima sim. Pena que tenha que ter ficado com o pai por muito tempo. – Eu a olhei curiosa sem dizer nada. – Acho que ela não disse a ninguém, eu também não diria se fosse ela. O fato é que, o pai de Emma não é mais o homem que eu havia conhecido. Ele mudou tanto, ficou sem coração, maltratava todos que se preocupavam com ele, culpava Emma pelo meu desaparecimento. A menina passou por muitas coisas ruins. – A deusa Selene disse com lágrimas nos olhos. – Espero que ela não me culpe por isso.

- Sua filha te ama, senhora. – Eu disse, Emma havia me dito isso. – Ela tem um bom coração, é a menina mais doce e maravilhosa que eu já vi, ela só quer seu orgulho.

- E ela já tem. – Selene disse. – Preciso que a ajude naquela arena, ela vai precisar de todo o apoio que puder. – Eu assenti enquanto a deusa desaparecia em uma névoa prateada deixando uma última lágrima brilhante cair na areia. Eu caminhei de volta para o meu chalé e acordei os meninos, foi muito difícil porque eles amam ficar enrolando, arrumei Caio e chamei os outros para irmos tomar nossos cafés da manhã. Foi uma manhã bem tranqüila, treinamos esgrima, um pouco de arco e flecha e equitação, eu estava melhorando bastante nas aulas de arco e flecha com os filhos de Apolo.

Mais tarde, peguei Caio e meus irmãos irmos almoçar, fizemos as nossas oferendas e nos sentamos à mesa para comer nossa comida. Éramos como uma grande família feliz comendo e conversando uns com os outros, olhei para as outras mesas avistando meus amigos e Micke, meu namorado. Nós terminamos o almoço e fomos pegar lugares na arena para assistirmos à final do campeonato de duelos. Meus amigos se sentaram perto de mim e de meus irmãos, Caio estava sentado no meu colo, ele achava o campeonato muito divertido.

Depois que todos se instalaram na arena, eu vi Quíron e Perseu conversando com os deuses, eles falaram sobre algumas coisas e nós ficamos esperando. O ar de expectativa pairou sobre toda a arena, filha de Deméter versus filha de Selene. Perseu chamou as finalistas para entrarem na arena, as duas entraram e uma grande algazarra começou, campistas torcendo para as duas finalistas, olhei para os meus amigos, todos torciam por Emma, exceto por Jake que olhava tudo com uma expressão de agonia. Cheguei perto dele discretamente.

- Não vai torcer por ela? – Eu perguntei.

- O que? Ah, a Emma, sim. Eu estou torcendo.

- Não parece. – Eu disse dando uma risadinha.

- É só que...esquece. – Ele disse.

- Vamos Jake, admita. Você gostou dela, não é? – Ele me olhou incrédulo e depois olhou para Emma e suspirou.

- O que foi que me denunciou? – Ele perguntou.

- Sua agonia por vê-la lutando, mas relaxe. Eu fui a única que percebeu aqui, então, quando vai falar com ela? – Eu o cutuquei com o cotovelo.

- Liv, se liga. Olha pra ela, a Emma é maravilhosa e eu sou...nada. – Ele disse tristonho.

- Vamos Jake! Você é maravilhoso também, foi você que ensinou esgrima pra ela, você que salvou Emma, você é o mais calmo do grupo. Você é demais Jake. – Eu disse e ele sorriu.

- Eu vou pensar melhor nisso então. – Ele disse e eu voltei a me sentar ao lado de Micke e de Caio. A luta iria começar.

POV Jacob

Liv tinha razão, eu estava agoniado vendo tudo aquilo, toda aquela tensão que se formara estava me deixando louco e o fato de eu não poder estar lá ajudando Emma ajudava bastante a me tirar do sério. Emma. Essa menina com pele de porcelana, olhos prateados e boca avermelhada, ela era tão linda que não parecia ser de verdade, era como uma pintura de milhões de dólares.

A luta havia começado enquanto eu me perdia nos meus pensamentos, olhei para as duas que andavam num círculo invisível, Emma estudava a filha de Deméter exatamente como eu havia ensinado a ela, cada movimento conta, era o que eu dizia sempre. Os passos de Emma eram tão leves e delicados que eu tinha a impressão de que ela flutuava sobre a terra da arena. Olhei para onde os deuses estavam, Selene olhava preocupada para a filha e Deméter apenas observava sem demonstrar emoções.

Catarina, filha de Deméter, avançou em Emma que apenas se desviou do golpe com cuidado, seus olhos estudavam tudo o que a sua oponente fazia, o jeito que ela andava, como segurava a espada e o escudo, tudo. Foi quando Emma sorriu no meio da luta, eu sorri junto com ela, ela havia encontrado uma falha no jeito que Catarina se movia e começou a usar em seu favor, Emma a atacava como um puma de tão ágil e delicada, era um espetáculo para os olhos, as duas se esforçavam ao máximo, Emma continuava sorrindo e isso irritava Catarina. A filha de Deméter estava ficando cega com a irritação e não prestava a atenção na armadilha que Emma estava preparando para ela.

A filha de Selene conseguiu encurralar Catarina e jogar sua espada para longe com um único movimento rápido e delicado, Catarina a olhou supresa e com medo, ela tinha apenas seu escudo e Emma, duas espadas. Após um tempo de investidas de Emma em Catarina, ela conseguiu arrancar o escudo da filha de Deméter e os deuses declararam vitória à filha de Selene. Todos nós pulamos de alegria, Emma respirou fundo e olhou para a mãe com os olhos cheios de lágrimas, a mãe dela apenas assentiu sorrindo para a filha.

Eu só consegui me aproximar dela na fogueira enquanto todos estavam distraídos com a cantoria liderada pelos filhos de Apolo, seu rosto tinha uns cortes bem leves e seus braços um pouco ralados, ela usava um suéter cinza com um coração vermelho no meio, uma calça jeans escura e botas por cima da calça, tinha os cabelos meio escondidos pelo gorro que usava, realmente, essa noite estava bem fria.

- Boa luta, você foi incrível. – Eu disse me sentando ao seu lado, ela corou e eu sorri.

- Obrigada, você me ajudou muito. – Ela disse.

- É, mas foi você quem estava lutando lá e não eu. O crédito é todo seu. – Eu disse e ela sorriu. – Como se sente?

- Você riria se eu dissesse que não estou acreditando que ganhei? – Ela disse.

- Não se acha capaz? – Eu perguntei divertido.

- Não, não é isso. É só que, parece que é tudo um sonho, sabe? Por tanto tempo eu tive que lidar com o mundo conspirando contra mim, sinto que estou conhecendo o verdadeiro mundo, aquele depois do muro que construíram pra mim. – Ela disse e suspirou. – Estou parecendo uma doida, não é?

- Claro que não Emma.

- Eu sempre vivi em meio ao sofrimento, tristeza e essas coisas horríveis, quando vim pra cá, eu me senti em casa. – Ela disse e uma lágrima caiu de seus olhos, eu a enxuguei delicadamente.

- Você está em casa. – Eu disse, estava ciente dos nossos rostos se aproximando lentamente, chegamos bem perto um do outro, eu podia sentir sua respiração em meu rosto, venci o resto da distância selando nossos lábios num beijo suave. Quando nos separamos, ela estava corada, mas não parecia brava, e sim feliz. Emma segurou minha mão e me beijou de novo. Foi como um choque o toque de sua pele macia na minha, eu fiquei muito feliz e ao mesmo tempo confuso. Emma pareceu perceber minha confusão e deu uma desculpa para ir embora, fiquei o resto da noite me martirizando por não ter dito a ela o que estava sentindo no momento, sabia que Liv tinha razão, eu tinha me apaixonado por aquela menina meiga e engraçada e agora empaquei.

- Jacob seu idiota! – Eu disse a mim mesmo antes de volta para o meu chalé com muita raiva mesmo. Tomei um banho demorado e fui deitar ainda me remoendo por ter deixado Emma ir sem falar nada, eu era um idiota mesmo!

Acordei de manhã me sentindo horrível, eu precisava falar com Emma, colocar todas as cartas na mesa, e se eu a tivesse magoado? Nunca me perdoaria se isso acontecesse. Tomei um banho rápido, me troquei e corri para a Casa Grande.

- Jacob! O que traz você aqui? – Quíron perguntou.

- Oi Quíron, eu preciso falar com algúem, com licença. – Eu disse e ele me deixou passar, subi para o quarto de Emma e Rachel e bati à porta, quando Emma atendeu, meu coração disparou.

- Jacob? – Ela perguntou confusa, mas também pude notar um pouco de tristeza em sua voz. Eu dei alguns passos entrando no quarto, olhei para tudo, ela segurava um retrato dela e as amigas e um pacote de papéis estava em cima da cama. Emma havia chorado, então eu fiz o que achei certo e peguei seu rosto entre minhas mãos.

- Emma, eu não sei o que você fez comigo. Mas eu me apaixonei por você e não posso mais mentir pra mim mesmo, me desculpe se eu agi errado ontem com você, a última coisa que eu iria querer é te magoar. – Venci o espaço entre nossos lábios selando um beijo terno e apaixonado, procurei mostrar tudo o que sentia naquele beijo, Emma cedeu à passagem de minha língua que explorava cada canto de sua boca doce e macia, ela passou seus braços em volta do meu pescoço e eu a trouxe para perto de mim envolvendo meus braços em sua cintura. Quando nos separamos ofegantes, ela olhou para mim e acariciou meu rosto.

- Jake, eu... – Então ela corou. – Eu sinto o mesmo.

Eu sorri com aquilo e voltamos a nos beijar, depois ficamos conversando um pouco sentados na cama dela até que Rachel voltasse e fôssemos o três juntos para o refeitório, Quíron fez questão de pedir palmas para Emma que fez um ótimo duelo com Catarina, ela ganhou um presente dos deuses que ainda não sabíamos o que era. Todos estavam na expectativa desse dia. E, com certeza, esse era um novo dia pra mim, o primeiro dos meus muito com Emma ao meu lado rindo, treinando e me ajudando com o grego, que ainda não era o meu forte.

- Jake! Nós já estamos indo! – Minha mãe veio me abraçar e eu cumprimentei meu pai com um aperto de mãos e um abraço.

- Bom trabalho com a filha de Selene. – Meu pai disse piscando pra mim e acabou levando um tapa de minha mãe. – Jess!

- Nico Di Ângelo, nós vamos ter uma conversa séria em casa mais tarde! – Ela cantarolou indo na direção de Ally, meu pai fechou a cara quando a viu se despedindo de Apolo. Eu não tinha nada contra o namoro deles, mas se Apolo a magoasse novamente, eu mesmo o mataria. – Um dia eu vou matá-lo.

- Calminha aê pai. – Eu disse rindo e fui andando para a arena onde Emma me esperava com roupa para treino, passamos a tarde inteira treinando esgrima com bonecos e duelando.