Estávamos todos reunidos na casa de Carlisle. Gabriel havia pedido para o aguardarmos na casa, sem a necessidade de irem buscá-lo no aeroporto, mesmo porque ele disse que a viagem seria feita de uma forma não convencional. Não consegui tirar nenhuma outra explicação dele neste sentido e já estava roendo as unhas de curiosidade quando Carlisle retirou o telefone de minhas mãos e informamos da melhor forma possível o caminho até a casa. Assim que Gabriel chegou em Seatle nós ligou informando que logo estaria em Forks.

Nesse meio tempo, Alice teve uma visão estranha que durou poucos segundos. Disse a todos que não viu nada nas imagens, mas sentiu-se muito desconfortável, enjoada.

-Alice, outra visão?

Edward estava com a mesma expressão de ânsia no rosto. As visões afetavam os dois de forma assustadora, eles pareciam querer vomitar.

-Alice – a chamei com um grande sorriso no rosto que ninguém entendeu – Me mostra! – toquei suas mãos e suguei um pouco de seu poder sem feri-la.

Senti a mesma náusea que antes a incomodou e comecei a dar pulinhos pela sala.

-Ele esta aqui. Eu não acredito. Ele voltou. – saltitava como Alice o fazia antes de ir ao shopping e dizia frases soltas enquanto ria –

-Minha cabeça vai explodir. PARE de pensar Nala. -Bella. – Edward implorava por sua ajuda, queria seu escudo entorno dele para não precisar me ouvir mais-

-Desculpe Edward. Eu não consegui me controlar. – neste mesmo momento ouvimos o som de um carro saído da estrada e entrando na trilha de terra em direção a casa.

-Eles chegaram – Luna e eu dissemos juntas e corremos para a porta.

Já no quintal, um  Audi TT coupé 2.0 TFSI S tronic cinza chumbo estacionou sem muito cuidado.

-Nossa, seu amigo sabe escolher um carro – Rose assobiou enquanto examinava com olhos de desejo o carro a sua frente.-

Apenas a porta do motorista se abriu e dela um homem alto e muito bem trajado sorria de forma sedutora. Seus cabelos negros estavam amarrados em um rabo curto atrás da cabeça e seus olhos foram enegrecidos por causa da lente de contato.

Corri a seu encontro me desvencilhando dos braços protetores de Seth.

-Gabriel! – pulei em seus braços e fui rodada no ar –

-Bruxinha! – ele me colocou no chão e passou os braços por minha cintura me conduzindo a frente da casa.-

-Família, este é Gabriel. Gabriel estes são Carlisle e Esme os chefes desta grande família.

-Prazer em conhecê-lo Gabriel. Seja bem vindo em nosso lar e já agradecemos por se dispor a ajudar nossa menina. – Gabriel fez um leve aceno de cabeça e continuei com as apresentações.-

-Bella e Edward, minha irmã e cunhado.

-Prazer em conhecê-la Bella, todos na ilha conhecem sua historia e devo dizer que a beleza é de família. – ele piscou e Edward rosnou, a convivência seria difícil entre os homens da casa –

-Esta é Alice, companheira de Jasper.

-E ai cara! – os dois bateram as mãos com os punhos fechados em um comprimento típico de homens – Alice, é um prazer conhecê-la. Devo dizer que tal companhia não desmerece em nada sua beleza – apontou a Jasper e sorriu –

-Deixe Ana saber de seus galanteios – Jasper cuspia ódio em suas palavras –

-Você sabe que ela não liga. – piscou para Alice que sorriu timidamente em resposta – Alem do mais, vim desacompanhado.

-Bom, Gabriel esta é Rosalie e Emmett. – conduzi seu corpo em direção a Emmett tentando apaziguar os ânimos -

-Se começar com gracinha para cima da minha mulher considere-se um vampiro morto. – Emmett estava serio e continha a fúria em um rosnado baixo –

-Tudo bem grandão. – Gabriel levantou aos mãos em sinal de rendição –

-Estes são Jacob, Renesmee e Caliel. Jacob é um transformado e Nessie uma meia vampira. O filho deles, Kali, e o que se pode dizer de um vampiro em corpo de lobo.

-Hum, isso é novidade para mim. Sua família é no mínimo diferente Carlisle.

Todos riram e então apresentei minha família.

-Gabriel, este é Seth meu marido.

-Então é com você que terei que lutar para ter o amor de minha bruxinha de volta.

-Quando quiser sanguessuga. – a frase saiu entre os dentes trincados de ódio de Seth e seus punhos já estavam firmes ao lado do corpo.-

-Gabriel! – o repreendi e ele logo desfez as feições serias levantando as mãos para um comprimento mais adequado. – Seth aceitou o comprimento sem muita vontade –

-E esta é minha menina, Luna.

-Olá criança. – Gabriel tentou cumprimentá-la, mas Luna recusou com medo de feri-lo –

-Não vai me ferir se me tocar. Já estou morto, você não pode tirar de mim o que não tenho.

Todos trocaram olhares tentando compreender toda a segurança que havia nas palavras de Gabriel. E então Luna aceitou o cumprimento e ficou feliz em poder tocá-lo sem medo.

-Gabriel, agora que já conhece a todos, onde ele esta?

-Do que esta falando Nala? – Seth me olhava com desconfiança –

-Fred. – As palavras foram sussurradas por Gabriel - 

Um homem jovem de grossos cabelos loiros e ondulados saiu de dentro do carro. Seu porte atlético e feições serias mudaram no momento em que encontrou meus olhos e um sorriso brilhante iluminou seu rosto.

-Nala! – sua voz forte mais parecia um sussurro de alivio –

Novamente eu corri para seus braços e neste momento senti toda minha família se afastar alguns passos, ao mesmo tempo, que demonstravam ânsia ao compartilhar um espaço tão próximo a Fred.

Fred me abraçou firme e amenizou a forca de seu poder em torno dos demais.

-Sinto muito por isso. – Fred caminhou segurando em minha mão em direção a Carlisle – Não desejo causar esta sensação nauseante a vocês, mas ainda não controlo totalmente meu poder.

-Ohhh. – Edward chamou a atenção de todos ao olhar serio em direção a Fred –

-Então você é o amigo que Bree comentou na clareira. O que fugiu da guarda?

-Sim. Aquele mesmo que não soube persuadir à jovem e lhe mandou para sua morte. – as palavras de Fred estavam repletas de dor –

-Ela não o via desta forma. Seus últimos pensamentos foram direcionados a você. Seu desejo era que você encontrasse um caminho e seguisse sua vida. Ela esta feliz por você não estar condenado ao mesmo destino que teria e também feliz por acabar com seu sofrimento. Ela não desejava aquela vida. – as palavras de Edward estavam tranqüilas e passam esta sensação de paz a Fred -

-Carreguei a dor daquele dia por muito tempo. – Fred estava de cabeça baixa -  Me amaldiçoava por ser quem sou, pelo propósito pelo qual fomos criados. Busquei minha morte, mas era fraco demais para desistir desta vida, ate que encontrei esta pequena. – ele sorriu me puxando mais de encontro a seu corpo –

-Antes que a historia se prolongue e fiquemos mais perdidos ainda, por que não entramos e vocês contam tudo do inicio? – Carlisle nos indicou a porta e todos seguimos. Edward e Fred riam um pouco da situação embaraçosa. Ate aquele momento ninguém sabia que Bree havia dito algo significativo a Edward na clareira –

A sala estava ficando pequena para tantas pessoas e havia um certo desconforto na presença de dois outros vampiros no local. Os olhos, agora vermelhos de ambos, lembravam a todos de suas preferências por sangue humano.

-Vou explicar a todos a conversa de antes – Edward estava em pé próximo a escada e começou a falar –

-Quando nos unimos na clareira, lobos e vampiros, para lutar com os recém-nascidos que queriam matar Bella, Carlisle e Esme protegeram uma garotinha de aproximadamente 15 anos. A garotinha, Bree Tanner, era amiga de Fred. Quando viu Jane e sua guarda sabia que sua vida tinha chegado ao fim e também sabia sobre mim. Não exatamente sobre mim, mas sabia que um de nós tinha o poder de ler mentes e que os Volturis só não tinham agido antes em relação aos novos vampiros por que também desejavam o fim desta família.

-Bree, em seus últimos pensamentos, contou-me sobre o que ouvira da conversa entre os Volturis e Victoria. Também me contou sobre seu amigo e que ele havia percebido as reais intenções para aquela batalha e tinha fugido. Bree só não foi junto a Fred, para tentar encontrar um amigo entre os outros que já caminhavam para a batalha. Já sabemos o que ocorreu depois disso. - Edward voltou para o lado de sua esposa  e a abraçou.-

-Sinto muito Fred. Toda esta dor, suas perdas e o fato de ser quem é foi por minha causa. Sinto muito! – Os olhos de Bella estavam tristes, a dor de saber que tantos morreram por sua causa ainda pesava em sua alma e agora muito mais por saber que a jovem não desejava lutar e sabia das mentiras de Victoria.-

-Não se culpe Bella. Eu não a culpo. Hoje estou feliz com o que sou, encontrei bons amigos que me ensinaram como lidar com minhas limitações e me mostraram um mundo de possibilidades que antes eu não tinha. Eu apenas quis retribuir o favor.

-Como assim? –Questionou Jasper. –

Os olhos de Fred buscaram pelos de Gabriel que assentiu com a cabeça permitindo que ele contasse o restante da historia.

-Como perceberam eu consigo repelir as pessoas. Ninguém se aproxima de mim a não ser que eu abaixe a guarda e mesmo assim é complicado ficar a meu lado. A única que não sente isso é Anala, chegamos a conclusão de que ela não sente porque suga de mim meu poder e acabou se acostumando. – demos de ombro -

-Ela me encontrou em um ponto qualquer da Ásia, eu não sabia muito bem onde estava, não me alimentava a vários dias e buscava a morte pela sede. Descobri depois que não era possível morrer de sede e que o fato só aumentaria meu desconforto, mas antes disso eu ataquei Anala, senti seu cheiro e corri a seu encontro buscando esquecer que mataria mais um humano.

-Eu era muito jovem, tinha cerca de dois anos nesta vida e me deixei conduzir pelo instinto. –sua voz neste momento estava embargada de vergonha –

-Você quase me matou naquela noite. – eu falava rindo ao mesmo tempo em que me lembrava de toda a confusão que armei –

-Como se  um vampiro pudesse te matar! E olha que você não passava de uma garotinha de 16 anos, presa em sua maldição e nem podia usar toda a sua forca. – eu ri envergonhada –

-Foi a coisa mais bisará que vi na vida, eu corri ao encontro desta criatura, pulei em seu corpo e me vi flutuando. Estava a milímetros do corpo infantil que em minha mente nada mais era do que sangue e meus dentes não conseguiam  chegar a seu pescoço. Forcei meu poder ao Maximo para prosseguir com o ataque e a única coisa que me tirou do transe foi seu sorriso.

-Ela ria, ou melhor gargalhava de mim e seu rosto estava a milímetros do meu o que me enfureceu mais. Acredito que ela tenha percebido e mudou sua fisionomia no mesmo instante. Fui jogado para longe e assim que retornei ao ataque meus instintos protetores me fincaram no chão. O corpo desta maluca estava em chamas. Tentei fugir, mas meu corpo estava preso por uma forca desconhecida e me vi a mercê de suas vontades.

-Ta não precisa me mostrar como uma sádica. – interrompi o relato já pensando na imagem que minha filha estava fazendo de mim –

-Sádica não, mas louca com certeza. – o comentário veio de Jacob e todos começaram a rir –

-Bom resumindo a estória deste encontro todo – Gabriel nos cortou buscando chegar no assunto que realmente interessava – Nossa bruxinha recolheu esta alma perdida e a levou ate a ilha, nós lhe ensinamos nossa forma de vida e ele ficou conosco por uns 10 anos ate que resolveu partir a sua jornada sozinho. Devo dizer que muitos agradeceram, passar dias enjoado em mar aberto tudo bem, mas em terra firme, nossa, nunca me senti mais humano do que ao lado deste ai. – as alfinetadas eram comuns entre os dois e em nenhum momento trazia desconforto –

-É, resumindo é isso mesmo. Ela me ajudou a encontrar meu lugar neste mundo e vim retribuir o favor com a única coisa que posso fazer. Afastar qualquer pessoa indesejada do caminho de sua filha.