Três por Quatro escrita por Nightnyu


Capítulo 2
Capítulo II - Ice Cream




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- QUE CALOR INSUPORTÁVEL! - O grito do australiano pode ser ouvido por todo o quartel-general. Era um típico dia de verão escaldante. Apesar de não aguentarem os gritos de raiva constantes do Número 4, ninguém ousou contrariá-lo, afinal, ele estava dizendo a verdade.

- Quando o Número 4 fala que está muito quente, parece que o calor apenas piora... - Comentou Horácio baixinho, sentado na frente de um ventilador de mesa. Ou pelo menos, uma máquina esquisita que tinha a função de um ventilador de mesa. O inventor ansiava pela chegada de Abigail e Nico, que haviam tido coragem o suficiente para enfrentar o sol em busca de muitos litros de sorvete.


Apesar da situação crítica, Número 3 era a única que não havia reclamado nenhuma vez por causa do calor. Estirado no chão, sem o seu habitual casaco de capuz, Wally notou o silêncio da japonesa. Ela não estava falando nem suas idiotices do tipo ''Meus Macacos Coloridos estão derretendo!''. O loiro não iria admitir nem se uma arma estivesse apontada para a sua cabeça, mas ele começou a ficar preocupado. Levantou-se preguiçosamente do chão, como se não quisesse nada, e começou a procurá-la discretamente.

Não demorou muito para que ele encontrasse a dona dos longos cabelos pretos. Ela estava sentada na parte de fora do quartel-general, observando a paisagem. Suas pernas finas, soltas no ar, se mexiam um pouco com um certo ritmo, como se ela estivesse sentada em um balanço. Dessa vez, assim como ele, Kuki havia retirado o casaco, ficando com uma larga camisa verde de mangas, que revelavam parte de seus braços e suas mãos, que quase nunca eram vistos. O australiano permaneceria observando-a da porta, se algo não chamasse sua atenção e o deixasse furioso. Naquele dia de calor, enquanto ele e Horácio rezavam para um bilhão de deuses para que começasse a chover sorvete, Kuki estava tranquilamente apreciando um... picolé de uva!


- Eu não acredito! - O loiro se aproximou dela, enquanto apontava para o doce gelado com o dedo indicador. - Eu aqui quase morrendo e você aí, numa boa, com um picolé?! - O sorriso habitual da japonesa não mudou nem um pouco. Ela sabia que se ele a encontrasse, começaria a fazer um escândalo. Adorável.

- Era o último, Wally. - A forma tranquila com que ela respondeu deixou o baixinho ainda mais puto. Segundos antes dele começar a gritar de novo, porém, ele sentiu o calor escaldante atacá-lo. Estava fazendo movimentos demais, contribuindo para que parecesse ainda mais quente. Ainda com raiva, sentou-se ao lado dela, com os braços cruzados. Kuki sentiu vontade de rir, mas se segurou, para que ele não fosse embora. A situação era extremamente desconfortável, mas ela ainda apreciava a companhia dele.

- Espero que a Abigail e o Nico cheguem logo... saco, que calor... - Ele resmungou novamente, dessa vez com a voz baixa. Olhar para a paisagem quase desértica só o deixava mais irritado, então o loiro voltou seu olhar para Kuki. Ela lambia distraidamente o picolé, e sua língua rosada começava a adquirir a mesma cor do doce. Ele devia ficar com raiva daquela cena novamente, mas olhando mais de perto, ao invés de ficar irritado, ele se sentiu envergonhado. Ao mesmo tempo, Kuki sentiu o olhar do loiro sobre ela, e parou de lamber o picolé.

- Quer dividir, Wally? - Ele arregalou os olhos, surpreso, mas nem teve tempo de responder. Kuki enfiou o picolé entre seus lábios, e como seus dentes não estavam impedindo, o sabor azedo e gelado do doce logo entrou em choque com a língua quente do loiro. Ele deu uma mordida, e virou o rosto na direção oposta, sentindo o doce derreter dentro de sua boca. Lembrou-se que a língua de Kuki percorria o picolé segundos antes, e suas bochechas adquiriram um tom rosado. Não importa de que ângulo aquilo fosse observado, era como um beijo indireto. - Gostoso, não? - Ela perguntou, enquanto voltava a lamber o picolé. Wally concordou com um aceno de cabeça, embora não estivesse se referindo exatamente ao sabor do picolé. Ele olhou de canto para o rosto dela. Pela expressão de sempre, era como se Kuki não tivesse percebido o que havia feito. Ela era ingênua demais.

- IÁ! Finalmente! Número 4, Número 3, o sorvete chegou! - Horácio falou como se estivesse se Deus estivesse entrando dentro do quartel-general.

- Ah, vamos, Wally! - Kuki se levantou rapidamente, deixando o picolé de uva preso entre os dedos do loiro. Ela já havia experimentado a parte que realmente havia a interessado: A parte que antes esteve próxima aos lábios do australiano. Agora o doce era apenas um picolé comum, pelo menos para ela. O loiro ficou alguns segundos fitando o doce antes de responder.

- Já estou indo... - Apesar de ter dito, ele não se levantou. Sorriu de canto e voltou a saborear o picolé, que de certa forma, tinha o sabor da japonesa. Naquele dia de calor, o aquele simples picolé pareceu ser muito mais interessante do que qualquer outro no mundo.

- Ué, cadê o Número 4? - Perguntou Nico, enquanto levava uma colherada de um dos potes de sorvete até a boca.

- Com o meu picolé de uva. - Respondeu Kuki com naturalidade, fazendo com que um olhar de estranhamento surgisse na cara de Nico e Horácio e uma alta risada escapasse pelos lábios de Abigail.


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