Alvo entrou no trem receoso, ao lado de Rosa. Ambos ficaram olhando, pela janela, a plataforma, que ia se distanciando. Ao longe, Alvo pode ver um último aceno de seu pai, antes que ele desaparecesse na curva do trem.

  - Anda, Al - Rosa puxara o braço do menino. - Vamos procurar uma cabine.

  - Certo - Ele murmurou.

  Os dois começaram a andar pelo corredor do trem. Todas as cabines estavam cheias, inclusive a que Tiago ocupava, com outros três colegas. Os quatro riam e conversavam animadamente. Alvo agradeceu, intimamente, por ele não ter notado sua passagem. Tinha certeza que seu irmão o atormentaria novamente.

  - Acho que só sobrou essa... - Rosa indicou uma cabine que era ocupada por apenas um garoto loiro, de rosto pálido. Eles o reconheceram como o garoto que Rony denominara de Escórpio.

  - Com Licença... - Alvo abrira a porta da cabine e se dirigia ao único ocupante. - Será que poderíamos sentar aqui?

  O garoto permitiu, com um aceno. Alvo e Rosa sentaram no banco oposto ao garoto, e os três permaneceram em silêncio. Alvo, porém, continuava a encarar o garoto. Ele parecia triste e estava cabisbaixo.

  - Err... Meu nome é Rosa Weasley - Ela falou, fazendo com que Escórpio levantasse a cabeça para olhá-los. - E este é meu primo, Alvo Potter.

  - Sou Escórpio. Escópio Malfoy. Muito prazer. - Ele abriu um sorrisinho sem graça.

  - O prazer é todo nosso... - Dessa vez, fora Alvo quem falara - Então, você...

  Alvo não continuou sua fala. Fora interrompido pela chegada de mais três rapazes. Os três pareciam ser apenas um ano mais velhos do que eles, e eram um pouco maiores. Todos estavam trajados com o uniforme da Sonserina.

  - Vejam, rapazes!É Malfoy! - Exclamou o menor deles. - Bem que eu disse que tinha alguma fedendo nesse trem... Como vai seu desprezível paizinho?Soube que ele não anda tendo muitos encontros amistosos com o pessoal do Ministério...

  Escórpio se levantou e fez menção de ir para cima dos três, mas Alvo e Rosa se levantaram e o impediram, já que os visitantes eram maiores e tinham um ano a mais de experiência.

  - Quem são vocês? - Alvo perguntou, encarando o que parecia ser o líder. - O que querem aqui?Vão embora!

  - Oh... Isso não foi nada gentil, Potter... - Ele desdenhou e os outros dois riram. - Mas deixe-me apresentar... Eu sou Leonard Nott e estes são Gregory Goyle e Blásio Urquat... E nós não estamos com a mínima vontade de ir embora, estamos rapazes?

  Mais uma vez, Goyle e Urquat riram dementemente. Alvo e Escórpio fizeram cara feia para eles.

  - Nós viemos aqui porque soubemos que Malfoy estava aqui... E, bem, como o pai asqueroso dele, ele deve ser punido... - Nott pegou sua varinha e apontou para Malfoy, mas Rosa pôs-se na frente.

  - Deixe ele em paz!Volte para seu compartimento a menos que queira que algum monitor te veja fazendo isso e lhe dê uma detenção! - Rosa exclamou.

  Quando olhou para Rosa, Nott fez uma cara de quem estava olhando para uma coisa insignificante e nojenta.

  - Ninguém te meteu na conversa, sua Sangue-Ruim nojenta!

  Alvo, ao ouvir a ofensa que Nott tinha feito, se desvencilhou de Rosa e se preparou para golpear Nott, sem se importar com os dois que estavam atrás dele. E Escórpio fez o mesmo. Mas não foi preciso.

  - Furunculus! - Três ou quatro pessoas exclamaram. Alvo e Escórpio pararam. Agora Eles e Rosa observavam Nott e seus comparças cheios de feios furunculos em todo o rosto. Ao lado deles estava Tiago e seus três amigos, brandindo as varinhas e com sorrisos de satisfação estampados.

  - Você devia lavar essa boca suja, Nott... - Tiago disse, enquanto pisava no rosto de Nott, que parecia aterrorizado.

  - Tiago, o que você tá fazendo aqui?! - Alvo perguntou.

  - Eu meio que desconfiei. - Ele sorriu para o irmão mais novo. - Então resolvemos seguí-los. Mas acho melhor tirarmos eles daqui antes que algum monitor nos pegue. Vocês, Al e Escórpio, nos ajudem. Rosinha, fique vigiando e nos alerte caso algum monitor vier nessa direção.

    Com um intenso ar de desaprovação, Rosa ficou parada na porta da cabine, olhando de um lado a outro enquanto Tiago e seus amigos e Alvo e Escórpio removiam os três que estavam nocauteados. A partir desse ponto, a viagem prosseguiu sem mais transtornos. Alvo e Escórpio se descobriram bons amigos, enquanto conversavam (e irritavam Rosa, que lia, ou tentava ler um livro), trocavam informações e comiam doces. Quando a noite começou a surgir, os três enxergaram da janela do compartimento um castelo em cima de um penhasco. 

  - É. Aquela é Hogwarts. - Informou Rosa. - Estamos quase chegando. Vocês dois, é melhor se trocarem.

  - Então nos dê licença... - Escórpio indicou a porta da cabine, impaciente.

  - Humpf! - indignou-se Rosa, que saiu da cabine.

  Assim que terminaram de se trocar, eles sentiram um solavanco, que indicou a parada do trem. Então, resolveram sair da cabine para se juntar a Rosa. Quando o trem parou, houve uma ligeira aglomeração. Vários alunos saíam das cabines ao mesmo tempo e ocupavam o corredor, que se tornou muito apertado. Alvo, Rosa e Escórpio tiveram que se espremer para abrir caminho entre os alunos maiores. Mas quando saíram do trem, viram um homem gigante, que Alvo e Rosa reconheceram como Rúbeo Hagrid. Hagrid indicava que os alunos do primeiro ano deveriam seguí-lo. E, juntando-se aos outros novatos, os três foram rumando para um rio. Em sua margem, podia-se notar vários barcos.

  - Muito bem! - Hagrid parou na frente de todos. - Embarquem!Lembrem-se: São quatro pessoas em cada barco e não toquem na água a menos que queiram ser pegos pela Lula Gigante!

  Assim, os primeiranistas foram embarcado. Alvo, Rosa e Escórpio dividiram um barco com um garoto de rosto redondo, que se apresentou como sendo Frank Longbottom, filho de um dos professores de Hogwarts, Neville Longbottom.

  A travessia foi silenciosa. Nenhum dos estudantes e tampouco Hagrid falou. Quando chegaram próximos à outra margem, onde desembarcariam, Hagrid falou:

  - Tenham muito cuidado ao desembarcar e verifiquem se seus pertences de bolso estão com vocês...

  Após a verificação, todos desembarcaram e foram guiados por uma escada que parecia não ter fim. Essa escada levava à uma grande porta, que eles atravessaram e subiram mais escadas. Depois de subirem mais escadas, eles se viram parados, em frente à um velho, alto e magro, que usava vestes longas, azuis-celestes e um chapéu pontudo de mesma cor.

  - Primeiranistas, esté é o Professor Aberforth Dumbledore - anunciou Hagrid.