Já fazia um mês que eu estava estudando no Colégio Cross. Havia conhecido o diretor Cross, que, por sinal, era um homem muito bondoso. A propósito, não me apresentei: Meu nome é Lih Smith. Tenho 17 anos e estudo no terceiro ano. Sou muito branca e meus cabelos são castanhos escuros até o meio das costas. Não sou alta, mas também não sou baixinha.

Estava eu tentando fazer o trabalho na ausência do Yagari-sensei, enquanto a turma fazia uma bagunça danada. Que droga! Eu não conseguia me concentrar com aquilo tudo acontecendo! Foi então, que eu resolvi fazer uma maluquice.

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Enquanto o professor estava na sala, aproveitava para recuperar minhas noites mal-durmidas. Eu não conseguia esquecer aquela cena: Yuuki, meu grande amor, indo embora do colégio com Kaname Kuran, seu irmão e noivo. E meu inimigo nº 1. Yuuki tentava me ligar, mas eu não atendia.

Eu estava tentando dormir, quando aconteceu uma coisa estranhamente fantástica.

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– Por favor, será que poderiam fazer um pouco de silêncio?! – Berrei com toda minha força –

Todos ficaram calados e me olhando. Inclusive o monitor, que ficava lá encima. Nesse momento, senti inveja das tartarugas: Iria colocar minha cabeça pra dentro do casco e nunca mais sairia!

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Alguém berrar exatamente como Yuuki, quando ficava nervosa. Achei que fosse imaginação minha, mas a procurei com o olhar mesmo assim, quando vi todos olhando para a novata. Smith estava muito envergonhada. Como seu jeito parecia com o de Yuuki! Foi quando eu lembrei que meu pai precisava de uma monitora.

Sim, me acostumei a chamá-lo de pai, pois percebia que sentia muito sozinho com a partida de Yuuki. A sua partida mexeu com todos.

Levantei-me e falei em voz alta:

– Smith, poderia me acompanhar até a sala do diretor?

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Meu Deus! O que eu fiz de tão grave? Zero Kiryuu, o monitor, queria me levar para a sala do diretor.

– Fiz algo de errado, monitor? – Perguntei, sem me conter –

Eu e minha boca enorme. Todos falavam do mau-humor de Zero, e eu estava com muito medo.

– Apenas me siga. – Respondeu, sem olhar para mim –

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Smith estava com medo de mim? Nunca vi um olhar cheio de medo. Parecia até o olhar de Yuuki quando ela foi presa por Rido e via Aidou, Ruka, Akatsuki e Seiren sofrendo. Ri mentalmente. Desci e quando passei pela fileira dela, veio atrás de mim. Ouvi cochichos baixinhos e lancei meu olhar mais assustador. Todos se calaram na hora.

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Era incrível como todos na sala tinham respeito por Zero. Respeito e medo. Saímos pela porta da sala e seguimos em silêncio pelo corredor.

– Peço desculpas se lhe assustei, Smith. – Pediu Zero, na minha frente –

– Tudo bem sempai. – Eu disse um pouco baixinho – É que todos falavam do mau-humor do monitor e confesso que fiquei com um pouco de medo.

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Ah, claro. Meu mau-humor.

– Sou mal-humorado com quem merece. – Falei um pouco incomodado – Você chegou há um mês, mas subiu no meu conceito.

 – C-como assim? – Ela gaguejou meio nervosa. Não agüentei e acabei rindo. – Não ri do meu nervosismo, sempai!

– Desculpa. – Eu falei, me recompondo – Seu jeito é parecido com o da antiga monitora. – Doía fala de Yuuki –

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Ao falar sobre a antiga monitora, percebi que ele fechara a cara. Ou ele não gostava dela, ou ela era uma pessoa muito especial para ele. Não nego que fiquei curiosa sobre essa história.

– Chegamos. – Avisou Zero, assim que chegamos em frente à porta do diretor –

Ele bateu à porta e Kaien Cross sussurrou:

– Entre.

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Abri a porta, dando espaço para Smith entrar e logo depois entrei.

– Diretor… – Comecei, fechando a porta –

– O que houve Kiryuu-kun? – Perguntou o diretor. Odiava quando ele me chamava desse jeito. – Por que trouxe sua nova colega de classe até aqui?

– Lembra que você falou sobre arranjar alguém para o lugar de Yuuki? – Perguntei. Ele assentiu com a cabeça – Eu indico Smith para monitora.

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Minha cabeça assimilou as palavras de Zero lentamente. Eu, como monitora? Não acreditei nas palavras de Zero.

– Se ela aceitar será muito bem-vinda. – Respondeu o diretor Cross, sorrindo para mim. Minha face ruborizou. Apesar de ser um homem de idade, o diretor tinha seu charme – E então?

– E-eu aceito com prazer diretor. – Gaguejei nervosa. Maldita gagueira! Já era a segunda vez que me atrapalhava.

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Ela aceitar ser monitora. Apesar de meu trabalho não estar tão difícil, eu precisava de ajuda. Vi o diretor pegar o bracelete que era de Yuuki e entregá-lo para Smith, que o colocou no braço.

– Assim que o sinal bater, Zero lhe explicará algumas coisas. – Falou o diretor, sério – Espero que a guie em seu novo dever, Zero.

– Claro. – Concordei –

O sinal bateu e quando íamos sair, ouvi um pedido de meu pai:

– Cuide dela.

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O diretor pediu para que Zero cuidasse de mim. O que isso significa?

– Onde podemos conversar? – Perguntei para mim mesma em um sussurro –

– Podemos ir para a quadra. – Respondeu Zero, sério –

– Tem um bom ouvido. – Comentei rindo –

– Espero que eu não tenha errado em indicá-la. – Desejou Zero, frio. Como alguém podia ser tão frio?

– Não vou decepcioná-lo, Zero. – Falei, sem pensar. Zero parou e eu acabei esbarrando nele – Desculpa, pensei que poderia chamá-lo pelo nome.

– Tudo bem, pode me chamar pelo nome. – Disse Zero, voltando a andar – Afinal, estamos juntos nessa. Irei lhe chamar de Lih, está bem?

– Claro. – Respondi, sorrindo –

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Entramos na quadra e indiquei com a cabeça uma parte da arquibancada vazia. Fomos em silêncio até lá e nos sentamos.

– Antes de você assumir sua tarefa de monitora, eu preciso lhe contar uma coisa importante. – Avisei – O diretor não disse para eu contar e nem para não contar sobre os alunos da night class.

– O que é Zero? – Perguntou Lih, assustada – Está me deixando assustada.

– Assim que souber se quiser desistir, tudo bem. – Respondi seco. Ela com certeza desistirá. – Os alunos da night class são vampiros.

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Quando Zero proferiu aquela palavra, fiquei muito assustada.

– O que você disse? – Perguntei com a voz alta – Você disse v…

Na hora que ia dizer “vampiro”, Zero tampou minha boca com sua mão. Seus pés se atrapalharam com os meus e acabamos caindo na arquibancada deitados, ele por cima de mim. Meu rosto ficou vermelho na hora. Era a primeira vez que ficava tão próxima de um homem. Zero olhava pra mim com uma expressão confusa. Meu coração batia muito acelerado.

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Quando senti que ia cair, botei minhas mãos no chão, mas fiquei muito próximo de Lih. Seu rosto estava muito vermelho, sua respiração ofegante, seus batimentos cardíacos acelerados. Sua expressão confusa. Senti meu rosto esquentar levemente. Vi seus lábios entreabertos e não nego que fiquei com vontade de prová-los. Mas meu desejo naquele exato momento, era de cravar minhas presas em seu pescoço. Antes que eu fizesse alguma besteira me levantei rapidamente, ajudando-a a se levantar.

– Peço desculpas pelo incidente. – Pedi, segurando sua mão –

***

Ao sentir Zero segurar minha mão, fiquei mais vermelha ainda.

– Tudo bem Zero. – Falei com o tom de voz baixo – Eu que peço desculpas. É óbvio que ninguém deve saber sobre isso.

– Você vai me ajudar? – Perguntou Zero me olhando – Ou vai desistir?

– Já falei que não vou decepcioná-lo. – Respondi firme – Não vou desistir.

– Cuidarei de você. – Sussurrou Zero –

Eu sorri levemente.

– Zero o que aconteceu com Yuuki? – Arrisquei com um pouco de medo – A antiga monitora?

Silêncio.

– Desculpa, mas não consigo falar sobre isso. – Pediu Zero. Ele ficou triste. – Está no quarto de Yori, não?

– Sim. – Respondi – Yori-chan foi a primeira pessoa que conheci depois do diretor.

– Ela e Yuuki eram melhores amigas. – Disse Zero – Pergunte a ela.

Nossa então a história devia ser longa. E triste, pelo menos para Zero. Aquele homem tão frio tinha uma marca triste em sua vida. Queria ajudá-lo de alguma forma.

Iria perguntar a Yori-chan o que tinha acontecido.

***

Levantei-me e sussurrei:

– Irei te buscar no quarto para monitorarmos a passagem da Night Class. – Avisei, olhando para ela – Até mais.

– Até Zero. – Ela disse sorrindo –

Desci a arquibancada e quando cheguei à porta para ir embora, acenei de costas e fui embora.

***

Vi-o acenar e acenei de volta. Estava sozinha na arquibancada. Fiquei observando um grupo de alunos que jogavam vôlei.

Será que Yori-chan estava no quarto? Levantei-me e desci a arquibancada, indo embora.

Fui para o prédio, pensando em qual seria a relação de Zero e a tal de Yuuki. De repente me vi com a raiva: aquela garota estava fazendo Zero sofrer e eu não gostava de vê-lo triste.

Cheguei à porta e a bati:

– Entre. – Sussurrou Yori-chan baixinho –

Dei um suspiro e entrei.

– Lih! – Ela sorriu. Logo depois me olhou com um ar de preocupação – Por que o Zero levou você para a diretoria?

– Não se preocupe. – Pedi, sorrindo – O diretor me nomeou como a nova monitora.

– Parabéns! – Disse Yori-chan, me abraçando – Seu jeito parece com o jeito da Yuuki.

– Mais um me comparando a ela. – Lamentei, me sentando – Essa garota está fazendo Zero sofrer!

Yori-chan ficou surpresa ao me ver com raiva e deu um sorriso triste.

– Então Zero já te contou? – Perguntou –

– Não quis me contar, mas falou que você sabia. – Respondi, engolindo seco – Qual era a relação deles?

Fiquei com medo da resposta dela.

– Eles eram irmãos adotivos. O diretor os adotou. – Ela falou pensativa – Zero era apaixonado por Yuuki.

Fiquei um pouco incomodada. Zero gostava de alguém. Será que eu estava com ciúmes?

– E ela? – Perguntei. Já sabia a resposta. Se ela gostasse de Zero, provavelmente estaria aqui ainda e eu seria uma qualquer –

– Yuuki era apaixonada por um dos alunos da Night Class. – Respondeu-me. Ao ver minha cara de espanto, ela riu – Sim, por um dos vampiros. Esse vampiro, Kaname, também era louco por ela. Só que foi descoberto que eles eram irmãos.

– I-irmãos? – Gaguejei nervosa – Eles praticaram incesto?

Fiquei chocada com aquilo. Yuuki não dera uma chance a Zero, para ficar com o seu irmão?

– Entre vampiros isso é normal. – Tranqüilizou Yori-chan – Yuuki era comprometida com Kaname desde que nasceu. Quando o 2º ano foi concluído, Yuuki foi embora com Kaname e os súditos dele.

– Então é por isso que Zero fica triste quando fala dela. – Comentei triste –

– Lih peço que não julgue Yuuki mal. Ela ficou muito triste quando partiu. – Pediu Yori-chan – Você por acaso está gostando de Zero?

– C-claro que não! – Gaguejei vermelha. Sim, eu estava gostando de Zero, e acabei dando bandeira para Yori-chan – Eu só estou preocupada com ele.

Yori-chan ficou rindo e eu joguei um travesseiro nela. Mal sabia como seria minha primeira noite de patrulha.